terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Washington Araújo: A Libertadores confirmou o Flamengo como a maior força de atenção do Brasil

A vitória por 1 x 0 sobre o Palmeiras, na final da Libertadores disputada em Lima na noite deste sábado, 29 de novembro, não foi apenas um resultado: foi a confirmação de que o Flamengo atravessou a fronteira entre clube esportivo e potência cultural. O único gol, marcado por Danilo, selou uma noite em que o time não precisou de espetáculo — bastou maturidade, controle emocional e a sensação de que, mesmo nos jogos apertados, existe uma máquina silenciosa sustentando tudo. A partida foi tensa, truncada, marcada por nervos expostos. E talvez seja justamente aí que se vê o tamanho do Flamengo: mesmo sem brilho, vence.

Torço pelo Flamengo desde meados dos anos 1970 — devoção afetiva, não militante. Não me arrisco em debates de tática, não acompanho contratações, não sei a escalação de cor. Minha memória é outra: Zico aproximando-se da bola como quem conversa com ela; Carpegiani lendo o adversário como quem decifra um segredo; Nunes rompendo defesas com grande precisão; Bebeto abrindo caminhos onde não havia espaço; Júnior conduzindo a bola como quem leva uma taça de cristal por um corredor estreito. Essa era a magia daqueles tempos.

Hoje, sei de cor apenas dois ou três nomes do time campeão — Bruno, Arrascaeta, Cebolinha — e isso não me diminui como torcedor. Ao contrário: me permite observar outra dimensão do clube. Porque o Flamengo do presente não depende da lista de titulares que consigo recitar, mas da estrutura invisível que sustenta o espetáculo.

Em 2013, o Flamengo devia R$ 750 milhões. Mudava presidente como quem troca lâmpada. Era emoção sem estrutura: inflamava a torcida no domingo, desmoronava na segunda. Onze anos depois, o clube fatura R$ 1,4 bilhão por ano. A virada não foi milagre: foi método. O Flamengo entendeu algo que Fluminense, Botafogo e Corinthians — cada um atolado em seus ciclos particulares de instabilidade — ainda buscam com lanternas fracas: futebol virou indústria da atenção.

O Flamengo não vende apenas um jogo; vende o acesso emocional diário de quarenta milhões de pessoas. Uma comunidade maior que muitos países. O patrocinador não compra espaço na camisa — compra prioridade num território sagrado onde milhões depositam devoção cotidiana. Cada vídeo, cada postagem, cada camisa é um canal. Futebol é o enredo; a atenção é o produto.

E há o fundamento silencioso por trás do brilho: profissionalização. Centro de treinamento que permanece, base que amadurece, dados que reduzem improviso, método que dá consistência, gestão que atua de segunda a sexta e não apenas na adrenalina do dia do jogo. Jogador deixou de ser gasto que evapora e virou ativo que retorna investimento.

Nesse percurso, o Flamengo provou o essencial: paixão move, mas processo multiplica. Torço pelo Flamengo por memória, por afeto, por ecos de infância. Mas hoje, na noite dessa Libertadores, compreendo que o clube se tornou algo maior que resultado — tornou-se uma lição prática de gestão.

No apito final, o título coroou o Flamengo — e algo maior se afirmou: quando um método se une a uma nação de torcedores, nasce um tetracampeão destinado a ir além.

•        Herói do Flamengo, Danilo é o primeiro bi da Libertadores e da Champions

Danilo foi o herói da conquista do tetracampeonato da Libertadores pelo Flamengo. Afinal, foi dele o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras no Estádio Monumental de Lima, no Peru, neste sábado (29/11). Além disso, impediu o empate do Palmeiras ao desviar uma bola aos 88? de jogo.

O zagueiro, que chegou neste ano vindo da Juventus de Turim, na Itália, também defende a Seleção Brasileira. Porém, passou o ano de 2025 na reserva da dupla Léo Pereira-Léo Ortiz no time rubro-negro. Agora, ele se torna o único jogador, além de Zico e Gabigol, a marcar para o Flamengo na maior competição da América do Sul.

Além disso, conseguiu outro feito especial. É o primeiro jogador da história a ser bicampeão da Libertadores e bicampeão da Champions League. O outro título na competição da América do Sul foi pelo Santos em 2011. Com um detalhe, foi dele o gol do título. Já as duas taças da Liga dos Campeões foram com a camisa do Real Madrid, da Espanha, em 2015/16 e 2016/17.

<><> Danilo, um supercampeão

Nascido em 15 de julho de 1991 em Bicas, Minas Gerais, Danilo começou a carreira em 2009 no América-MG. Passou pelos Santos e foi para a Europa em 2011. Defendeu o Porto, em Portugal; Real Madrid, na Espanha; Manchester City, na Inglaterra; e Juventus, na Itália. Além de duas Copas pela Seleção Brasileira. Retornou ao Brasil em janeiro deste ano de 2025 com uma alegria especial: finalmente, vestiria a camisa do clube do coração. Afinal, Danilo nunca escondeu que é flamenguista.

Ele declarou que tinha o sonho de conquistar um título com a camisa rubro-negra. E agora consegue, não apenas a taça, mas o reconhecimento de ser o herói do tetra.

•        Arrascaeta ainda não fala em dobradinha do Fla: "Só penso em comemorar"

A Nação está em festa! Afinal, o Flamengo é tetracampeão da Copa Libertadores e o maior clube brasileiro na competição. Neste sábado (29), o Rubro-Negro atingiu esta condição ao bater o Palmeiras por 1 a 0, no Monumental, em Lima (PER), na final desta edição do torneio. E quarta é dia de decidir outro caneco. O Mais Querido colocará um ponto final no Brasileirão se vencer o Ceará, no Maracanã, pela rodada 37. Eleito o craque do torneio internacional pela Conmebol, Arrascaeta, porém, nem lembrou este detalhe.

O Flamengo, aliás, pode igualar o próprio feito, agora, com o treinador Filipe Luis. Em 2019, com o técnico Jorge Jesus no banco, o time carioca sagrou-se campeão continental, curiosamente, também no Monumental de Lima. Um dia depois, o Rubro-Negro levou a taça do Brasileirão. Na época, inclusive, nem precisou entrar em campo, pois o Palmeiras, seu concorrente pela taça, tropeçou.

"Voltar aqui e ser campeão de novo. Não tenho palavras. Difícil expressar esse sentimento. São jogos difíceis e pegados", completou o astro charrúa do Mais Querido.

•        De 1960 a 2025: confira todos os campeões da Copa Libertadores da América

A Taça Libertadores foi criada no início dos anos 60 e fechou, neste 29/11, a sua 60ª edição. Histórica para o futebol brasileiro, pois alcançou, em número de títulos, a Argentina — ambos com 25 conquistas. Foi uma estilingada e tanto, pois até 2018 estava 25 a 17. Mas nos últimos oito anos só deu Brasil. Confira agora a lista dos campeões desde a edição 1, vencida pelo Peñarol. E neste 2025 deu Flamengo, pela quarta vez.

>>> Campeões da Libertadores (1960/79)

1960 – Peñarol/URU (vice: Oimpia/PAR).

1961  – Peñarol/URU (vice Palmeiras).

1962 – Santos (vice: Peñarol/URU).

1963 – Santos (vice: Boca Juniors/ARG)

1964 – Independiente/ARG (vice: Nacional/URU).

1965 – Independiente/ARG (vice: Peñarol/URU).

1966 – Peñarol/URU (vice: River Plate/ARG).

1967 – Racing/ARG (vice: Nacional/URU).

1968 – Estudiantes/ARG (vice: Palmeiras).

1969 – Estudiantes/ARG (vice: Nacional/URU).

1970 – Estudiantes/ARG (vice: Peñarol/URU).

1971 – Nacional/URU (vice: Estudiantes/ARG).

1972 – Independiente/ARG (vice: Universitario/PER).

1973 – Independiente/ARG (vice: Colo-Colo/CHI).

1974 – Independiente/ARG (vice: São Paulo).

1975 – Independiente/ARG (vice: Unión Española/CHI).

1976 – Cruzeiro (vice: River Plate/ARG).

1977 – Boca Juniors/ARG (vice: Cruzeiro).

1978 – Boca Juniors/ARG (vice: Deportivo Cali/COL).

1979 – Olimpia/PAR (vice: Boca Juniors/ARG).

1980 – Nacional/URU (vice: Internacional).

<><> Campeões 1980/1999

1981 – Flamengo (vice: Cobreloa/CHI).

1982 – Peñarol/URU (vice: Cobreloa/CHI).

1983 – Grêmio (vice: Peñarol/URU).

1984 – Independiente/ARG (vice: Grêmio/BRA).

1985 – Argentinos Juniors/ARG (vice: América de Cali/COL).

1986 – River Plate/ARG (vice: América de Cali/COL).

1987 – Peñarol/URU (vice: América de Cali/COL).

1988 – Nacional/URU (vice: Newell’s Old Boys/ARG).

1989 – Atlético Nacional/COL (vice: Olimpia/PAR).

1990 – Olimpia/PAR (vice: Barcelona/EQU).

1991 – Colo-Colo/CHI (vice: Olimpia/PAR).

1992 – São Paulo (vice: Newell’s Old Boys/ARG).

1993 – São Paulo (vice: Universidad Católica/CHI).

1994 – Vélez Sarsfield/ARG (vice: São Paulo/BRA).

1995 – Grêmio (vice: Atlético Nacional/COL).

1996 – River Plate/ARG (vice: América de Cali/COL).

1997 – Cruzeiro (vice: Sporting Cristal/PER).

1998 – Vasco da Gama (vice: Barcelona/EQU).

1999 – Palmeiras (vice: Deportivo Cali/COL).

<><> Campeões (2000 a 2018)

2000 – Boca Juniors/ARG (vice: Palmeiras).

2001 – Boca Juniors/ARG (vice: Cruz Azul/MEX).

2002 – Olimpia/PAR (vice: São Caetano).

2003 – Boca Juniors/ARG (vice: Santos).

2004 – Once Caldas/COL (vice: Boca Juniors/ARG).

2005 – São Paulo (vice: Atlético Paranaense).

2006 – Internacional (vice: São Paulo).

2007 – Boca Juniors/ARG (vice: Grêmio).

2008 – LDU Quito/EQU (vice: Fluminense).

2009 – Estudiantes/ARG (vice: Cruzeiro).

2010 – Internacional (vice: Chivas/MEX).

2011 – Santos (vice: Peñarol/URU).

2012 – Corinthians (vice: Boca Juniors/ARG).

2013 – Atlético Mineiro (vice: Olimpia/PAR).

2014 – San Lorenzo/ARG (vice: Nacional/URU).

2015 – River Plate/ARG (vice: Tigres/MEX).

2016 – Atlético Nacional/COL (vice: Independiente del Valle/EQU).

2017 – Grêmio (vice: Lanús/ARG).

2018 – River Plate/ARG (vice: Boca Juniors/ARG).

Campeões 2018 em diante

2018 – River Plate/ARG (vice: Boca Juniors).

2019 – Flamengo (vice: River Plate/ARG).

2020 – Palmeiras (vice: Santos).

2021 – Palmeiras (vice: Flamengo).

2022 – Flamengo (vice: Athletico Paranaense).

2023 – Fluminense (vice: Boca Juniors/ARG).

2024 – Botafogo (vice: Atlético Mineiro).

2025 –  Flamengo/Palmeiras (Vice:Flamengo/Palmeiras).

 

Fonte: Brasil 247/Correio Braziliense

 

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