Washington
Araújo: A Libertadores confirmou o Flamengo como a maior força de atenção do
Brasil
A
vitória por 1 x 0 sobre o Palmeiras, na final da Libertadores disputada em Lima
na noite deste sábado, 29 de novembro, não foi apenas um resultado: foi a
confirmação de que o Flamengo atravessou a fronteira entre clube esportivo e
potência cultural. O único gol, marcado por Danilo, selou uma noite em que o
time não precisou de espetáculo — bastou maturidade, controle emocional e a
sensação de que, mesmo nos jogos apertados, existe uma máquina silenciosa
sustentando tudo. A partida foi tensa, truncada, marcada por nervos expostos. E
talvez seja justamente aí que se vê o tamanho do Flamengo: mesmo sem brilho,
vence.
Torço
pelo Flamengo desde meados dos anos 1970 — devoção afetiva, não militante. Não
me arrisco em debates de tática, não acompanho contratações, não sei a
escalação de cor. Minha memória é outra: Zico aproximando-se da bola como quem
conversa com ela; Carpegiani lendo o adversário como quem decifra um segredo;
Nunes rompendo defesas com grande precisão; Bebeto abrindo caminhos onde não
havia espaço; Júnior conduzindo a bola como quem leva uma taça de cristal por
um corredor estreito. Essa era a magia daqueles tempos.
Hoje,
sei de cor apenas dois ou três nomes do time campeão — Bruno, Arrascaeta,
Cebolinha — e isso não me diminui como torcedor. Ao contrário: me permite
observar outra dimensão do clube. Porque o Flamengo do presente não depende da
lista de titulares que consigo recitar, mas da estrutura invisível que sustenta
o espetáculo.
Em
2013, o Flamengo devia R$ 750 milhões. Mudava presidente como quem troca
lâmpada. Era emoção sem estrutura: inflamava a torcida no domingo, desmoronava
na segunda. Onze anos depois, o clube fatura R$ 1,4 bilhão por ano. A virada
não foi milagre: foi método. O Flamengo entendeu algo que Fluminense, Botafogo
e Corinthians — cada um atolado em seus ciclos particulares de instabilidade —
ainda buscam com lanternas fracas: futebol virou indústria da atenção.
O
Flamengo não vende apenas um jogo; vende o acesso emocional diário de quarenta
milhões de pessoas. Uma comunidade maior que muitos países. O patrocinador não
compra espaço na camisa — compra prioridade num território sagrado onde milhões
depositam devoção cotidiana. Cada vídeo, cada postagem, cada camisa é um canal.
Futebol é o enredo; a atenção é o produto.
E há o
fundamento silencioso por trás do brilho: profissionalização. Centro de
treinamento que permanece, base que amadurece, dados que reduzem improviso,
método que dá consistência, gestão que atua de segunda a sexta e não apenas na
adrenalina do dia do jogo. Jogador deixou de ser gasto que evapora e virou
ativo que retorna investimento.
Nesse
percurso, o Flamengo provou o essencial: paixão move, mas processo multiplica.
Torço pelo Flamengo por memória, por afeto, por ecos de infância. Mas hoje, na
noite dessa Libertadores, compreendo que o clube se tornou algo maior que
resultado — tornou-se uma lição prática de gestão.
No
apito final, o título coroou o Flamengo — e algo maior se afirmou: quando um
método se une a uma nação de torcedores, nasce um tetracampeão destinado a ir
além.
• Herói do Flamengo, Danilo é o primeiro
bi da Libertadores e da Champions
Danilo
foi o herói da conquista do tetracampeonato da Libertadores pelo Flamengo.
Afinal, foi dele o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras no Estádio
Monumental de Lima, no Peru, neste sábado (29/11). Além disso, impediu o empate
do Palmeiras ao desviar uma bola aos 88? de jogo.
O
zagueiro, que chegou neste ano vindo da Juventus de Turim, na Itália, também
defende a Seleção Brasileira. Porém, passou o ano de 2025 na reserva da dupla
Léo Pereira-Léo Ortiz no time rubro-negro. Agora, ele se torna o único jogador,
além de Zico e Gabigol, a marcar para o Flamengo na maior competição da América
do Sul.
Além
disso, conseguiu outro feito especial. É o primeiro jogador da história a ser
bicampeão da Libertadores e bicampeão da Champions League. O outro título na
competição da América do Sul foi pelo Santos em 2011. Com um detalhe, foi dele
o gol do título. Já as duas taças da Liga dos Campeões foram com a camisa do
Real Madrid, da Espanha, em 2015/16 e 2016/17.
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Danilo, um supercampeão
Nascido
em 15 de julho de 1991 em Bicas, Minas Gerais, Danilo começou a carreira em
2009 no América-MG. Passou pelos Santos e foi para a Europa em 2011. Defendeu o
Porto, em Portugal; Real Madrid, na Espanha; Manchester City, na Inglaterra; e
Juventus, na Itália. Além de duas Copas pela Seleção Brasileira. Retornou ao
Brasil em janeiro deste ano de 2025 com uma alegria especial: finalmente,
vestiria a camisa do clube do coração. Afinal, Danilo nunca escondeu que é
flamenguista.
Ele
declarou que tinha o sonho de conquistar um título com a camisa rubro-negra. E
agora consegue, não apenas a taça, mas o reconhecimento de ser o herói do
tetra.
• Arrascaeta ainda não fala em dobradinha
do Fla: "Só penso em comemorar"
A Nação
está em festa! Afinal, o Flamengo é tetracampeão da Copa Libertadores e o maior
clube brasileiro na competição. Neste sábado (29), o Rubro-Negro atingiu esta
condição ao bater o Palmeiras por 1 a 0, no Monumental, em Lima (PER), na final
desta edição do torneio. E quarta é dia de decidir outro caneco. O Mais Querido
colocará um ponto final no Brasileirão se vencer o Ceará, no Maracanã, pela
rodada 37. Eleito o craque do torneio internacional pela Conmebol, Arrascaeta,
porém, nem lembrou este detalhe.
O
Flamengo, aliás, pode igualar o próprio feito, agora, com o treinador Filipe
Luis. Em 2019, com o técnico Jorge Jesus no banco, o time carioca sagrou-se
campeão continental, curiosamente, também no Monumental de Lima. Um dia depois,
o Rubro-Negro levou a taça do Brasileirão. Na época, inclusive, nem precisou
entrar em campo, pois o Palmeiras, seu concorrente pela taça, tropeçou.
"Voltar
aqui e ser campeão de novo. Não tenho palavras. Difícil expressar esse
sentimento. São jogos difíceis e pegados", completou o astro charrúa do
Mais Querido.
• De 1960 a 2025: confira todos os
campeões da Copa Libertadores da América
A Taça
Libertadores foi criada no início dos anos 60 e fechou, neste 29/11, a sua 60ª
edição. Histórica para o futebol brasileiro, pois alcançou, em número de
títulos, a Argentina — ambos com 25 conquistas. Foi uma estilingada e tanto,
pois até 2018 estava 25 a 17. Mas nos últimos oito anos só deu Brasil. Confira
agora a lista dos campeões desde a edição 1, vencida pelo Peñarol. E neste 2025
deu Flamengo, pela quarta vez.
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Campeões da Libertadores (1960/79)
1960 –
Peñarol/URU (vice: Oimpia/PAR).
1961 – Peñarol/URU (vice Palmeiras).
1962 –
Santos (vice: Peñarol/URU).
1963 –
Santos (vice: Boca Juniors/ARG)
1964 –
Independiente/ARG (vice: Nacional/URU).
1965 –
Independiente/ARG (vice: Peñarol/URU).
1966 –
Peñarol/URU (vice: River Plate/ARG).
1967 –
Racing/ARG (vice: Nacional/URU).
1968 –
Estudiantes/ARG (vice: Palmeiras).
1969 –
Estudiantes/ARG (vice: Nacional/URU).
1970 –
Estudiantes/ARG (vice: Peñarol/URU).
1971 –
Nacional/URU (vice: Estudiantes/ARG).
1972 –
Independiente/ARG (vice: Universitario/PER).
1973 –
Independiente/ARG (vice: Colo-Colo/CHI).
1974 –
Independiente/ARG (vice: São Paulo).
1975 – Independiente/ARG (vice: Unión Española/CHI).
1976 –
Cruzeiro (vice: River Plate/ARG).
1977 –
Boca Juniors/ARG (vice: Cruzeiro).
1978 –
Boca Juniors/ARG (vice: Deportivo Cali/COL).
1979 –
Olimpia/PAR (vice: Boca Juniors/ARG).
1980 –
Nacional/URU (vice: Internacional).
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Campeões 1980/1999
1981 –
Flamengo (vice: Cobreloa/CHI).
1982 –
Peñarol/URU (vice: Cobreloa/CHI).
1983 –
Grêmio (vice: Peñarol/URU).
1984 –
Independiente/ARG (vice: Grêmio/BRA).
1985 –
Argentinos Juniors/ARG (vice: América de Cali/COL).
1986 –
River Plate/ARG (vice: América de Cali/COL).
1987 –
Peñarol/URU (vice: América de Cali/COL).
1988 – Nacional/URU (vice: Newell’s Old Boys/ARG).
1989 –
Atlético Nacional/COL (vice: Olimpia/PAR).
1990 –
Olimpia/PAR (vice: Barcelona/EQU).
1991 –
Colo-Colo/CHI (vice: Olimpia/PAR).
1992 – São Paulo (vice: Newell’s Old Boys/ARG).
1993 –
São Paulo (vice: Universidad Católica/CHI).
1994 –
Vélez Sarsfield/ARG (vice: São Paulo/BRA).
1995 –
Grêmio (vice: Atlético Nacional/COL).
1996 –
River Plate/ARG (vice: América de Cali/COL).
1997 –
Cruzeiro (vice: Sporting Cristal/PER).
1998 –
Vasco da Gama (vice: Barcelona/EQU).
1999 –
Palmeiras (vice: Deportivo Cali/COL).
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Campeões (2000 a 2018)
2000 –
Boca Juniors/ARG (vice: Palmeiras).
2001 –
Boca Juniors/ARG (vice: Cruz Azul/MEX).
2002 –
Olimpia/PAR (vice: São Caetano).
2003 –
Boca Juniors/ARG (vice: Santos).
2004 –
Once Caldas/COL (vice: Boca Juniors/ARG).
2005 –
São Paulo (vice: Atlético Paranaense).
2006 –
Internacional (vice: São Paulo).
2007 –
Boca Juniors/ARG (vice: Grêmio).
2008 –
LDU Quito/EQU (vice: Fluminense).
2009 –
Estudiantes/ARG (vice: Cruzeiro).
2010 –
Internacional (vice: Chivas/MEX).
2011 –
Santos (vice: Peñarol/URU).
2012 –
Corinthians (vice: Boca Juniors/ARG).
2013 –
Atlético Mineiro (vice: Olimpia/PAR).
2014 –
San Lorenzo/ARG (vice: Nacional/URU).
2015 –
River Plate/ARG (vice: Tigres/MEX).
2016 –
Atlético Nacional/COL (vice: Independiente del Valle/EQU).
2017 –
Grêmio (vice: Lanús/ARG).
2018 –
River Plate/ARG (vice: Boca Juniors/ARG).
Campeões
2018 em diante
2018 – River Plate/ARG (vice: Boca Juniors).
2019 –
Flamengo (vice: River Plate/ARG).
2020 –
Palmeiras (vice: Santos).
2021 –
Palmeiras (vice: Flamengo).
2022 –
Flamengo (vice: Athletico Paranaense).
2023 –
Fluminense (vice: Boca Juniors/ARG).
2024 –
Botafogo (vice: Atlético Mineiro).
2025
– Flamengo/Palmeiras
(Vice:Flamengo/Palmeiras).
Fonte:
Brasil 247/Correio Braziliense

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