quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Plano europeu de guerra contra a Rússia é devaneio de elite política fora da realidade, diz analista

À Sputnik Brasil, especialista diz que os preparativos da Europa para um confronto com a Rússia refletem a busca por alguma relevância no cenário global, após a constatação de subordinação por décadas aos EUA, e alerta que o embate causaria uma guerra talvez nunca antes vista no continente.

O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, alertou ontem (1º) que a Europa está se preparando para uma guerra contra a Rússia e que a aposta agora é se será possível evitar a completa destruição do continente.

A fala de Szijjarto está alinhada a de analistas internacionais que apontam que países europeus elevaram significativamente os gastos militares de modo a estarem prontos, já em 2029, para um conflito contra a Rússia a ser travado em 2030.

As análises apontam que, entre as ações contra a Rússia cogitadas pelos europeus, estão operações cibernéticas, ofensivas conjuntas e exercícios militares surpresa liderados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O pretexto seria uma retaliação a supostas provocações russas com drones no espaço aéreo de países europeus.

As notícias sobre os preparativos para o combate vêm à tona no momento em que os EUA se engajam em sua proposta de paz para o conflito ucraniano, considerada com boas chances de sucesso.

À Sputnik Brasil, o mestre em relações internacionais pela Universidade Estatal de São Petersburgo, escritor e analista político Valdir Bezerra afirma que a Europa age dessa forma pelo receio de manter-se irrelevante do ponto de vista geoestratégico global e pela constatação de sua subordinação de décadas aos EUA no âmbito de defesa.

"Seja como for, alimentar a ideia de um confronto direto com a Rússia é algo absurdo. A história já demonstrou que quando determinadas potências europeias, apoiadas por diversos países do continente, tentaram subjugar a Rússia militarmente, o resultado não foi lá muito positivo para os europeus, para dizer o mínimo", afirma.

Ele avalia que o confronto cogitado pelos europeus pode ser mais uma forma de sabotar as negociações do fim do conflito ucraniano, e lembra que a Europa já tem sabotado as iniciativas de paz por meio de declarações de seus líderes principais, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que defendem o envio de tropas franco-britânicas para a Ucrânia, ou mesmo por seu apoio à continuidade da ajuda financeiro-militar a Kiev.

"O grande problema da Europa, na verdade, foi ter acreditado na falsa suposição de que a Rússia pretende atacar o continente no futuro, algo que somente a russofobia entranhada em sua elite política pode explicar."

O analista alerta que um confronto entre países europeus e a Rússia causaria uma guerra talvez nunca antes vista no continente, já em crise por conta do conflito ucraniano, com impactos diretos – e negativos – na economia e no ânimo das populações envolvidas.

"Todavia, a verdade é que os cidadãos europeus não têm a menor intenção de embarcar numa aventura dessas. Esse tipo de devaneio, ou seja, de entrar em conflito com a Rússia, é algo típico de uma elite política completamente dissociada da realidade e que não é capaz de medir as consequências de seus atos irresponsáveis", aponta.

Para Bezerra, os europeus se opõem a uma negociação com a Rússia para a paz na Ucrânia porque entendem a sua pouca relevância no processo decisório global.

"Até por isso que as principais tentativas de retomada das negociações acerca da Ucrânia têm se dado entre os atores principais desse enredo, EUA e Rússia, que, cada um a seu modo, podem ser considerados países verdadeiramente soberanos nas relações internacionais. O mesmo não se pode dizer da Europa, razão pela qual sua liderança tem tentado atrapalhar o processo de paz", conclui o analista.

¨      Líderes da União Europeia prolongam conflito na Ucrânia para criar aliança militar, diz eurodeputado

O eurodeputado de Luxemburgo Fernand Kartheiser declarou à Sputnik que alguns líderes da União Europeia estão tentando prolongar o conflito na Ucrânia para transformar o bloco em uma aliança militar e fazer com que a Comissão Europeia pareça o governo de um Estado federal europeu unificado.

Kartheiser destaca que a União Europeia pretende bloquear qualquer acordo de paz, enquanto cede às "demandas mais radicais do governo ucraniano" e segue princípios que desconsidera em outras situações.

"Na verdade, a União Europeia está fazendo de tudo para bloquear o acordo de paz, não para promovê-lo. Prefere ignorar a realidade no terreno e apoia as demandas mais radicais do governo ucraniano. Em questões territoriais, defende princípios que desconsidera em outras situações. Por exemplo, a integridade territorial da Sérvia ou da República de Chipre aparentemente é menos importante para ela do que a integridade da Ucrânia."

Na opinião dele, alguns líderes europeus buscam prolongar o conflito para transformar a União Europeia em uma aliança militar.

"Alguns líderes europeus estão tentando prolongar o conflito para transformar a UE em uma aliança militar e converter a Comissão em algo semelhante ao governo de um Estado federal europeu unificado, sem o consentimento dos Estados-membros. O conflito na Ucrânia está sendo deliberadamente prolongado, em detrimento da Ucrânia, para completar a integração europeia sem alterar os tratados."

<><> Europa é incapaz de resolver o conflito ucraniano, diz secretário de Estado dos EUA

Os países europeus são incapazes de conseguir uma resolução do conflito ucraniano, disse o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

"Estamos envolvidos [na resolução] apenas porque somos os únicos capazes de fazer isso. Países europeus? Ninguém no mundo pode fazer isso", disse ele em uma entrevista à Fox News.

"Está não é nossa guerra. Nós não estamos lutando nela, nem soldados americanos. Ela [está] em outro continente", acrescentou Rubio.

De acordo com o secretário de Estado dos EUA, Washington fará todo o possível para alcançar uma solução do conflito na Ucrânia.

"Faremos todo o possível para que funcione", disse ele na entrevista comentando os esforços de Washington para resolver o conflito na Ucrânia.

Segundo Rubio, as autoridades dos EUA pretendem estudar as possibilidades de um acordo tendo em conta as posições da Rússia e da Ucrânia, a fim de entender quais propostas podem ser aceites por ambos os lados.

¨      A OTAN está considerando um ataque híbrido preventivo contra a Rússia"

"Ser mais agressivo ou proativo em vez de reativo é algo que estamos considerando." Os comentários de Giuseppe Cavo Dragone, presidente da Comissão Militar da Aliança Atlântica, em entrevista ao Financial Times, estão gerando controvérsia. Embora o almirante italiano nunca tenha mencionado um ataque militar contra a Rússia ou outros países, a resposta mais dura veio do próprio Kremlin, que aproveitou a oportunidade para aumentar as tensões.

"Acreditamos", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, "que a declaração de Giuseppe Cavo Dragone sobre possíveis ataques preventivos contra a Rússia é uma medida extremamente irresponsável, demonstrando a determinação da aliança em continuar caminhando para uma escalada". Ela considerou, portanto, uma "tentativa deliberada de minar os esforços para encontrar uma saída para a crise ucraniana".

Na realidade, Moscou pretendia interpretar as palavras do oficial da OTAN como uma ameaça que, na verdade, não foi feita. "Um ataque preventivo", argumentou Cavo Dragone, "poderia ser considerado uma ação defensiva". Portanto, adotar uma postura mais agressiva poderia ser uma opção. Isso também se deve ao fato de que os limites legais e éticos que a Aliança impôs a si mesma nos colocam em "uma posição mais difícil do que nossos homólogos". Mas a referência é especificamente a ataques híbridos e guerra cibernética, não à guerra tradicional. "Desde o início da Operação Sentinela do Báltico (a operação para defender as fronteiras orientais), nada aconteceu. Portanto", observou ele, "isso significa que essa dissuasão está funcionando".

A posição defendida por Cavo Dragone foi efetivamente endossada pela Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Externa, Kaja Kallas, durante os trabalhos do Conselho de Ministros da Defesa da UE. "O ministro lituano", relatou ela, "levantou a questão dos ataques híbridos também em relação à Bielorrússia e, especificamente, a balões originários desse território. Portanto, estamos discutindo o que podemos fazer a respeito."

Além disso, de acordo com Kallas, esta semana poderá ser "crucial" para a Ucrânia, tanto para as negociações de paz quanto para a proposta sobre o uso de ativos russos congelados, sobre a qual, conforme confirmado por Ursula von der Leyen, o texto da Comissão Europeia será divulgado nos próximos dias.

<><> OTAN recorre à intimidação após fracasso em sabotar negociações sobre Ucrânia, diz Zakharova

Em entrevista à rádio Sputnik, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que as declarações do almirante Giuseppe Cavo Dragone, chefe do Comitê Militar da OTAN, sobre "ataques preventivos" contra Moscou coincidiram com as negociações sobre a Ucrânia.

"Isso foi feito justamente nos dias em que os contatos voltados para a resolução da situação na Ucrânia se intensificaram", declarou Zakharova.

A diplomata chamou a atenção para o fato de que, antes disso, foi lançada uma onda de publicações contra a Rússia.

"Ao que parece, não alcançaram o resultado desejado, os contatos continuaram, ninguém reagiu da forma como, do ponto de vista dos provocadores, deveria ter reagido – então passaram às intimidações e ameaças, direcionadas especificamente para sabotar os acordos", observou Zakharova.

¨      Diferentemente de Rússia e EUA, UE 'promove guerra até o último ucraniano', diz Medvedev

A Europa incentiva a continuação do conflito na Ucrânia, mesmo quando a Rússia e os Estados Unidos mantêm negociações para tentar encerrar as hostilidades, acusou o vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev.

Em mensagem publicada em seu canal no Telegram, Medvedev criticou duramente a postura europeia e citou diretamente as principais líderes das instituições da União Europeia.

"Enquanto a Rússia e os EUA conduzem negociações para pôr fim ao conflito, a Europa frígida, liderada pelas semimalucas velhas Ursula [von der Leyen, presidente da Comissão Europeia] e Kaja [Kallas, chefe da diplomacia da União Europeia], promove intensamente a guerra até o último ucraniano", escreveu.

Washington confirmou que trabalha em um plano para o processo de paz, mas evita divulgar detalhes. O Kremlin, por sua vez, afirma manter abertura total ao diálogo e continua disposto a negociar na plataforma de Anchorage.

O presidente russo Vladimir Putin disse, em 21 de novembro, que o plano norte-americano pode servir de base para um acordo final, embora nenhum debate substancial sobre o conteúdo tenha ocorrido ainda com Moscou.

Segundo Putin, isso ocorre porque os EUA não conseguem convencer Kiev, já que a Ucrânia e seus aliados europeus ainda vivem na ilusão de conseguir impor à Rússia uma "derrota estratégica" no campo de batalha. Ele afirmou que os recentes acontecimentos em Kupyansk podem se repetir em outros trechos da linha de frente se Kiev continuar rejeitando as propostas de paz.

<><> Premiê belga chama de 'ilusão' a ideia de derrota russa e promete bloquear plano de confiscar ativos

Ninguém no Ocidente acredita seriamente na derrota da Rússia no conflito na Ucrânia, afirmou o primeiro-ministro da Bélgica, Bart De Wever.

Em entrevista ao jornal belga Libre, em meio ao debate europeu sobre o uso de ativos russos congelados, ele classificou a visão do continente como surreal.

"Mas quem realmente acredita que a Rússia vai perder na Ucrânia? Isso é uma fábula, uma ilusão completa", disse De Wever ao comentar o plano da Comissão Europeia para confiscar ativos soberanos russos congelados na Bélgica para transferi-los para a Ucrânia.

Segundo o premiê, Moscou já enviou um aviso direto a Bruxelas.

"Moscou deixou claro que, em caso de confiscação, a Bélgica — e eu pessoalmente — sentiremos as consequências para sempre", afirmou.

De Wever também revelou que apenas a Alemanha aceitou dividir os riscos com a Bélgica caso os ativos sejam confiscados.

"Por isso, farei tudo para bloquear esse dossiê", reforçou.

Comissão Europeia deve apresentar na quarta-feira sua proposta formal para utilizar parte dos ativos congelados da Rússia como garantia de crédito para Kiev. No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Bélgica já havia anunciado que o país é categoricamente contra esse plano, já que grande parte dos fundos do Banco Central da Rússia está depositada em território belga.

Moscou, por sua vez, tem repetido que a decisão ocidental de congelar ativos russos equivale a roubo.

¨      Resistência à política da Comissão Europeia sobre a Ucrânia está crescendo na UE, diz eurodeputado

A resistência dos países da União Europeia (UE) à política da Comissão Europeia para a Ucrânia está crescendo, afirmou o eurodeputado luxemburguês Fernand Kartheiser.

"A unidade da União [Europeia] provavelmente seria impossível de manter se a UE tivesse aderido ao verdadeiro processo de negociação. 'A diplomacia das reclamações' é, portanto, uma forma de manter a disciplina dentro dos 27 países da União. Já vemos que alguns países-membros se recusam a segui-la, como a Hungria ou a Eslováquia, e a resistência em outros países está crescendo", disse ele.

Kartheiser acrescentou que no Parlamento Europeu ainda existe uma minoria de deputados que são a favor da manutenção do diálogo com a Rússia.

A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse em 23 de novembro que a União Europeia é contra qualquer mudança nas fronteiras da Ucrânia e não apoia as restrições que possam enfraquecer o Exército ucraniano. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Aleksandr Grushko afirmou em 27 de novembro que a posição da UE impede o alcance da paz na Ucrânia, bem como a participação dos países europeus na mesa de negociações.

¨      'Sinal de alerta para Kiev': analista avalia conversas Putin-Witkoff sobre paz na Ucrânia

O presidente dos EUA, Donald Trump, fez da visita do seu enviado especial, Steve Witkoff, um sinal de alerta para Kiev, opinou o ex-assessor do Pentágono e coronel aposentado Douglas Macgregor no YouTube.

Macgregor destacou que, na verdade, Trump não se importa com a Ucrânia e que isso deve gerar preocupação para a atual liderança ucraniana.

"Trump, como sempre, está do lado do vencedor, por isso, na sua opinião, a Ucrânia não tem nada a ver com ele. Ele já não se importa", ressaltou.

Conforme especificou o analista, o líder estadunidense enviou seu genro Jared Kushner e Witkoff por um motivo específico e isso é um sinal de alerta para Kiev.

Além disso, o especialista apontou que a União Europeia (UE) e a Ucrânia não entendem o que está acontecendo na realidade.

E que, se a UE e Kiev querem lidar com a realidade, devem parar de sabotar o plano de paz dos EUA e reconhecer a situação objetiva.

Na terça-feira (2), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o enviado especial norte-americano, Steve Witkoff, tiveram uma conversa que durou cerca de cinco horas. O objetivo da reunião foi avançar nas negociações de paz na Ucrânia.

Cabe enfatizar que, além de Witkoff, o genro do presidente dos EUA, Donald Trump, Jared Kushner, fundador da empresa de investimentos Affinity Partners, também participou do encontro.

Do lado russo, estiveram presentes Putin, o assessor Yuri Ushakov e o enviado especial Kirill Dmitriev, diretor-geral do Fundo Russo de Investimentos Diretos.

De acordo com Ushakov, as conversas foram "muito produtivas". Apesar do clima agradável, Putin disse à delegação norte-americana que a Rússia poderia concordar com algumas partes do plano dos EUA, mas que outras partes geraram críticas, declarou Ushakov. Ele afirmou que os dois lados declararam estar prontos para continuar trabalhando juntos para alcançar um acordo sobre a Ucrânia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

Nenhum comentário: