sexta-feira, 16 de maio de 2025

Quase metade dos casos de infertilidade envolve a saúde dos homens: entenda

Atualmente são frequentes as notícias, reportagens e declarações na mídia falando da infertilidade, pois é um assunto que vem preocupando o mundo e, felizmente, está aos poucos deixando de ser um tabu. Porém, quando se fala em dificuldade para engravidar, em exames e em tratamentos, o que muita gente ainda imagina é que os problemas são, na maioria das vezes, da mulher.

Essa ideia pode estar associada ao fato de elas serem as primeiras a procurar ajuda quando não conseguem engravidar, mas existe uma realidade que precisa ser trazida à tona: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade afeta cerca de 1 a cada 6 casais no mundo, e em aproximadamente 40% dos casos o fator masculino está envolvido. No Brasil, os dados seguem o mesmo padrão. Ou seja, a dificuldade para ter filhos não é — e nunca foi — uma responsabilidade exclusiva das mulheres.

<><> O peso do preconceito e da desinformação

O assunto ainda é cercado de mitos e preconceitos e tratado pelos homens em silêncio. Existe uma cobrança cultural para que o homem seja sempre “viril”, “potente”, “capaz de gerar filhos”. E descobrir que há um problema gera vergonha e até negação.

A possibilidade de uma infertilidade masculina sempre existe, mas se os exames e investigações forem adiados, as chances de gravidez são reduzidas e o sucesso nos tratamentos pode ser prejudicado.

Ainda assim, a ideia de que o homem “sempre pode ter filhos” persiste. Isso faz com que muitos casais demorem a buscar ajuda e, quando o fazem, o foco inicial quase sempre recai sobre a mulher — mesmo quando ela já passou por todos os exames sem alterações. É como se admitir uma possível infertilidade de um homem fosse um golpe na masculinidade.

<><> E o espermograma?

O espermograma é uma excelente ferramenta diagnóstica que, em geral, é o primeiro — e pode ser o único — exame a ser solicitado ao homem em uma pesquisa de um casal infértil. Um exame simples, que pode identificar o problema e conduzir a uma pesquisa mais ampliada com outros exames ou, em alguns casos, já indicar o tratamento.

As alterações podem ser pequenas e corrigidas com mudanças de hábitos, suspensão ou trocas de medicamentos que estão sendo usados ou suplementação. Em situações mais complexas, pode haver indicação de um tratamento cirúrgico ou da reprodução assistida.

Por isso, o primeiro passo precisa ser dado: quebrar o silêncio, enfrentar o exame e procurar ajuda para o tratamento. Infertilidade masculina não é fraqueza e não se relaciona com a virilidade ou a sexualidade.

<><> Todos devem falar de infertilidade

A infertilidade é um problema de saúde que interfere na qualidade de vida, nos sonhos e no planejamento das pessoas, por isso é um assunto que deve sempre ser abordado por todos. Os homens também podem avaliar sua fertilidade antes mesmo do desejo de ter filhos, podem e devem cuidar da saúde geral visando ao bem-estar físico, emocional e ao desejo de formar família no futuro.

•        Dificuldade em engravidar: entenda melhor o que pode causar esse problema

Com a evolução da internet e, mais recentemente, a introdução da inteligência artificial, nos acostumamos rapidamente a ter soluções cada vez mais ágeis para os mais variados problemas. Entretanto, quando um casal decide ter um bebê, a resposta pode não ser tão rápida. Isso pode gerar, no início, frustração e tristeza, mas, em alguns casos, pode evoluir para ansiedade e depressão em homens e mulheres.

A espécie humana tem uma taxa de gravidez inferior à de várias outras, e a chance mensal de gravidez em um casal sem problemas de fertilidade, em que a mulher tem idade inferior a 35 anos, é em torno de 20%. Em um ano, a chance acumulada chega a cerca de 90%. Essa situação pode se tornar mais complexa se o casal passa a ter abortamentos espontâneos.

Com o aumento da idade no momento do casamento, tanto para homens quanto para mulheres, observa-se uma redução da fecundidade e um aumento das taxas de abortamento. O risco, que varia entre 10% e 15% para mulheres com menos de 35 anos, pode atingir 50% para aquelas com mais de 40 anos. Outros fatores, como relações sexuais desprotegidas na juventude, obesidade, tabagismo e infecções vaginais, também aumentam o risco de uma gestação terminar em abortamento.

A partir de duas perdas gestacionais consecutivas, é fundamental que o casal seja avaliado por um especialista em fertilização para investigar possíveis alterações genéticas nos pais, infecções, problemas nos espermatozoides, malformações uterinas e condições que aumentem o risco de trombose, seja de forma hereditária ou adquirida ao longo da vida, como após uma infecção por Covid-19. A análise genética do material de abortamento também pode auxiliar no esclarecimento das causas de abortamentos de repetição.

O uso das técnicas mais modernas de reprodução assistida, agora também auxiliadas pela inteligência artificial, pode contribuir para a seleção de embriões sem alterações no número de cromossomos, reduzindo o risco de abortamento, principalmente quando a mulher tem mais de 38 anos ou quando um dos pais apresenta alguma alteração genética.

A decisão do casal de não adiar as tentativas de engravidar, aliada à interrupção do tabagismo, à adoção de uma alimentação saudável, ao controle do peso e à redução do consumo de álcool, pode tornar o sonho de ter filhos cada vez mais próximo. Nos casos de abortamento de repetição, buscar auxílio médico sem demora é essencial.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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