Quase
metade dos casos de infertilidade envolve a saúde dos homens: entenda
Atualmente
são frequentes as notícias, reportagens e declarações na mídia falando da
infertilidade, pois é um assunto que vem preocupando o mundo e, felizmente,
está aos poucos deixando de ser um tabu. Porém, quando se fala em dificuldade
para engravidar, em exames e em tratamentos, o que muita gente ainda imagina é
que os problemas são, na maioria das vezes, da mulher.
Essa
ideia pode estar associada ao fato de elas serem as primeiras a procurar ajuda
quando não conseguem engravidar, mas existe uma realidade que precisa ser
trazida à tona: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade
afeta cerca de 1 a cada 6 casais no mundo, e em aproximadamente 40% dos casos o
fator masculino está envolvido. No Brasil, os dados seguem o mesmo padrão. Ou
seja, a dificuldade para ter filhos não é — e nunca foi — uma responsabilidade
exclusiva das mulheres.
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O peso do preconceito e da desinformação
O
assunto ainda é cercado de mitos e preconceitos e tratado pelos homens em
silêncio. Existe uma cobrança cultural para que o homem seja sempre “viril”,
“potente”, “capaz de gerar filhos”. E descobrir que há um problema gera
vergonha e até negação.
A
possibilidade de uma infertilidade masculina sempre existe, mas se os exames e
investigações forem adiados, as chances de gravidez são reduzidas e o sucesso
nos tratamentos pode ser prejudicado.
Ainda
assim, a ideia de que o homem “sempre pode ter filhos” persiste. Isso faz com
que muitos casais demorem a buscar ajuda e, quando o fazem, o foco inicial
quase sempre recai sobre a mulher — mesmo quando ela já passou por todos os
exames sem alterações. É como se admitir uma possível infertilidade de um homem
fosse um golpe na masculinidade.
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E o espermograma?
O
espermograma é uma excelente ferramenta diagnóstica que, em geral, é o primeiro
— e pode ser o único — exame a ser solicitado ao homem em uma pesquisa de um
casal infértil. Um exame simples, que pode identificar o problema e conduzir a
uma pesquisa mais ampliada com outros exames ou, em alguns casos, já indicar o
tratamento.
As
alterações podem ser pequenas e corrigidas com mudanças de hábitos, suspensão
ou trocas de medicamentos que estão sendo usados ou suplementação. Em situações
mais complexas, pode haver indicação de um tratamento cirúrgico ou da
reprodução assistida.
Por
isso, o primeiro passo precisa ser dado: quebrar o silêncio, enfrentar o exame
e procurar ajuda para o tratamento. Infertilidade masculina não é fraqueza e
não se relaciona com a virilidade ou a sexualidade.
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Todos devem falar de infertilidade
A infertilidade
é um problema de saúde que interfere na qualidade de vida, nos sonhos e no
planejamento das pessoas, por isso é um assunto que deve sempre ser abordado
por todos. Os homens também podem avaliar sua fertilidade antes mesmo do desejo
de ter filhos, podem e devem cuidar da saúde geral visando ao bem-estar físico,
emocional e ao desejo de formar família no futuro.
• Dificuldade em engravidar: entenda
melhor o que pode causar esse problema
Com a
evolução da internet e, mais recentemente, a introdução da inteligência
artificial, nos acostumamos rapidamente a ter soluções cada vez mais ágeis para
os mais variados problemas. Entretanto, quando um casal decide ter um bebê, a
resposta pode não ser tão rápida. Isso pode gerar, no início, frustração e
tristeza, mas, em alguns casos, pode evoluir para ansiedade e depressão em
homens e mulheres.
A
espécie humana tem uma taxa de gravidez inferior à de várias outras, e a chance
mensal de gravidez em um casal sem problemas de fertilidade, em que a mulher
tem idade inferior a 35 anos, é em torno de 20%. Em um ano, a chance acumulada
chega a cerca de 90%. Essa situação pode se tornar mais complexa se o casal
passa a ter abortamentos espontâneos.
Com o
aumento da idade no momento do casamento, tanto para homens quanto para
mulheres, observa-se uma redução da fecundidade e um aumento das taxas de
abortamento. O risco, que varia entre 10% e 15% para mulheres com menos de 35
anos, pode atingir 50% para aquelas com mais de 40 anos. Outros fatores, como
relações sexuais desprotegidas na juventude, obesidade, tabagismo e infecções
vaginais, também aumentam o risco de uma gestação terminar em abortamento.
A
partir de duas perdas gestacionais consecutivas, é fundamental que o casal seja
avaliado por um especialista em fertilização para investigar possíveis
alterações genéticas nos pais, infecções, problemas nos espermatozoides,
malformações uterinas e condições que aumentem o risco de trombose, seja de
forma hereditária ou adquirida ao longo da vida, como após uma infecção por
Covid-19. A análise genética do material de abortamento também pode auxiliar no
esclarecimento das causas de abortamentos de repetição.
O uso
das técnicas mais modernas de reprodução assistida, agora também auxiliadas
pela inteligência artificial, pode contribuir para a seleção de embriões sem
alterações no número de cromossomos, reduzindo o risco de abortamento,
principalmente quando a mulher tem mais de 38 anos ou quando um dos pais
apresenta alguma alteração genética.
A
decisão do casal de não adiar as tentativas de engravidar, aliada à interrupção
do tabagismo, à adoção de uma alimentação saudável, ao controle do peso e à
redução do consumo de álcool, pode tornar o sonho de ter filhos cada vez mais
próximo. Nos casos de abortamento de repetição, buscar auxílio médico sem
demora é essencial.
Fonte:
CNN Brasil

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