Ivo
Pugnaloni: Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço!
As
palavras do Secretário de Estado dos Estados Unidos da América, Marco Rubio,
ontem na comissão de inteligência artificial do Congresso Americano ficarão na
história do Brasil e do Paraguai. Elas mostram a quem ainda tiver um mínimo de
patriotismo e quiser aprender mais sobre energia do que anda rodando pela
internet, que as nossas hidrelétricas são a única fonte que é renovável, mas ao
mesmo tempo, confiável e segura.
Ele
disse ainda que, se os grandes “Data Centers” quiserem operar com energia
barata, confiável e renovável, as gigantes americanas deveriam mudar-se para o
Paraguai, e disputar os 50% da parte paraguaia de Itaipu com o Brasil.
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• Marco Rubio sabe do que está falando
Rubio
sabe que os Estados Unidos produzem 25% da sua energia elétrica com carvão, 40%
com gás metano, 20% com urânio, 2% com diesel, e 1% com óleo pesado, o que
prova que os EUA têm uma matriz elétrica muito suja e poluente, pois a soma de
tudo isso dá 88% de energia fóssil e apenas 12% de hidrelétrica solar, eólica e
biomassa.
No
Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, 70% da energia efetivamente consumida
provém de hidrelétricas grandes, como Itaipu, e das pequenas, mini e micro
usinas hidrelétricas. E isso poderia ser uma grande vantagem competitiva para
nossa agropecuária, nossa indústria e nossas famílias.
Os
brasileiros precisam orgulhar-se de termos o maior índice mundial de uso da
água corrente para gerar energia elétrica. É um verdadeiro absurdo termos
vergonha disso com se tivéssemos “medo do que vão dizer as ONGs estrangeiras”,
como muitos de nossos políticos parecem que sentem de uns tempos para cá.
E
deveríamos ter muito orgulho destas usinas e dos que tiveram a iniciativa e a
coragem de construir essas obras de engenharia ambientalmente primorosas.
• Os americanos têm só 8% de energia
produzida por
Pelo
que diz o Secretário Marco Rubio, os EUA queriam ter hoje muito mais
hidrelétricas para tocar os Data Centers, que têm na energia firme e confiável
o seu gargalo.
A tal
ponto de que agora querem que empresas americanas comprem a metade de Itaipu do
Paraguai, pelo que diz a notícia sobre essa audiência no Congresso. Rubio
escolhe uma hidrelétrica, a segunda maior do mundo, ao falar de Data Centers.
Vocês repararam nisso?
Por que
não fala de solares nem de eólicas? Ora, porque “Data Centers” precisam de
muita energia barata, firme, confiável e segura.
E não
de usinas “pisca-pisca”.
No
Brasil, felizmente, tivemos a sorte de já nas décadas de 50 e 60 começarmos a
construir grandes hidrelétricas. Senão hoje estaríamos muito piores em termos
de indústria que hoje produz apenas 10% do PIB, quando essa marca já foi 21% em
1976.
Rubio
sabe que nos Estados Unidos, 88% da eletricidade pode ser suja e cara, mas é
firme. Segura. Confiável.
A
energia dos EUA pode não ser “limpinha”, mas serve muito bem à sua indústria. A
nossa poderia ser também, muito firme, mas se construíssemos mais
hidrelétricas, e não usássemos cada vez mais e mais termelétricas como agora se
arrependem os EUA.
A ponto
do Secretário de Estado dizer para os Data Centers saírem de lá dos EUA e virem
para o Paraguai, inserindo-se sem ser convidado, nas negociações entre os dois
vizinhos.
Quase
com certeza, sem autorização do seu chefe, que não quer encrencas no quintal.
Muito menos com o Brasil, como foi no caso das tarifas de comércio.
Rubio
sabe muito bem que as usinas solares e eólicas não são confiáveis. Por isso
elas são classificadas por lei e pela literatura mundial como “intermitentes”.
Ou seja, são “usinas-vagalume”, que acendem e apagam conforme a quantidade de
nuvens que estiver no céu ou de vento que esteja soprando.
• O Brasil é uma civilização hidráulica
mais nova, como Roma
No
nosso Brasil, por dependermos em grande parte da chuva e não do petróleo para
gerar energia elétrica, fomos obrigados, felizmente, a construir reservatórios
e aprender a melhor conviver com eles.
Em
Roma, em apenas 300 anos, nos três primeiros séculos depois de Cristo, Augusto,
Adriano, Trajano e Marco Aurélio construíram mais de 500 grandes reservatórios
de água, para conter enchentes e prover de alimento seguro. Não só para as
populações que cresciam em mais de 20 países onde se situaram estes
reservatórios, mas para alimentar os legionários, da Espanha à Síria. Da
Inglaterra ao Egito.
Foi
isso, água abundante e controlada, movendo moinhos, que fizeram florescer as
antigas civilizações hidráulicas do Nilo, da Mesopotâmia, dos Vales do Hindu e
do Ganges e do Rio Amarelo na China e da própria Roma. Todos esses, povos que
muito devem do seu progresso e de sua cultura ao trabalho que empregaram para
domar os seus rios, minimizar os estragos das enchentes e aplacar a secura das
longas estiagens.
Reservatórios
não são apenas acumuladores naturais e geradores de energia, mas verdadeiras
obras primas de engenharia, inteligência e racionalidade. Ainda mais num mundo
onde todos dizem que vai faltar água, e que precisamos proteger os rios e as
águas.
• “Eu sou contra as hidrelétricas. E
pai/mãe de um bebê reborn”
De uns
anos para cá, para entrar na moda, passou a ser chique dizer-se sem pensar
muito que se é “contra construir novas hidrelétricas”. Mas não dizer nada sobre
o crescimento de 664% na capacidade das termelétricas e de 400% nas emissões de
gases de efeito estufa emitidos pelo sistema elétrico brasileiro como denunciou
o INEA, entre 1995 e 2021. Nem dizer nada que devido a esse absurdo crescimento
da geração termelétrica, as tarifas para a indústria no Brasil subiram 174%
acima da inflação no mesmo período.
Assim
como já há uma nova moda, de querer tratar como “filho” um boneco de 2 quilos
de silicone, igual ao que se usa no “bico de pato”.
Alguns
dizem mentiras por ser esse seu “ganha pão”, pelas gorjetas que ganham das
indústrias americanas e inglesas que fabricam termelétricas para escrever. Ou
das empresas que importam e vendem combustíveis fósseis para gerar energia
elétrica no Brasil, seis a sete vezes mais cara do que a energia das
hidrelétricas.
Mas há
muitos que fazem isso absolutamente de graça, sem saber que repetem o que falam
os que ganham para falsificar os fatos, que ao contrário dos que não conhecem o
assunto, o conhecem perfeitamente, mas como ganham para mentir, não estão nem
um pouco preocupados com a falta de água no futuro. Nem muito menos com as
comunidades na região dos reservatórios.
Senão
eles não seriam contra a construção de hidrelétricas e de reservatórios, algo
que foi feito no Brasil, quase sempre com todo cuidado e respeito com essas
pessoas que precisaram ser transferidas. Algo que tem elevado o IDH dessas
regiões em média em 129% acima das regiões similares, mas distantes das
hidrelétricas.
Salvo,
é claro, as tristes e vergonhosas exceções em Itaipu e Balbina durante a
ditadura militar, que são tomadas, no entanto, sem levar em conta que vivíamos
num regime de exceção, no tempo em que nem havia leis ambientais e os tribunais
não julgavam crimes cometidos por algumas pessoas, apenas porque eram ou algum
dia foram fardadas.
Eles
são contra a construção desses lindos lagos, que favorecem a recarga dos nossos
aquíferos e reservas subterrâneas. Eles esquecem ou nunca souberam que esses
lagos artificiais têm inúmeros outros usos como a piscicultura, o turismo, o
lazer, a educação ambiental, as hidrovias, a irrigação por gotejamento com água
superficial. E até mesmo, como no caso de Brasília, para melhorar o clima e
diminuir a secura do ar do Planalto Brasileiro na nossa capital.
Sem
falar na enorme segurança com que os reservatórios nos protegem contra os
efeitos das enchentes, que a cada 11 anos, coincidindo com os ciclos das
manchas solares, afetam todos os países da Terra. Com menor intensidade, claro,
aqueles que se prepararam para isso, construindo essas contenções de grandes
afluxos que são os reservatórios.
E sem
falar que no Brasil existem ainda mais de 135 GW de potenciais hidrelétricos a
serem aproveitados, a maioria de pequeno porte espalhados por todos os estados
e municípios do Brasil, principalmente, nos três estados do Sul, em Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Tocantins e Mato Grosso,
• “Faça o que eu digo, mas não faça o que
eu faço”
Das
pessoas comuns, que são leigas e dependem de uma mídia que mente para se
informar, não podemos exigir muito conhecimento. Mas chega a ser ridícula a
forma como alguns especialistas conseguem falar de energia renovável sem
mencionar, nenhuma vez, as hidrelétricas em seus inúmeros e vastos artigos. Já
que não tem argumentos para atacá-las, preferem nem falar delas!
As
palavras do Secretário Rúbio são uma autêntica prova de como é válido o antigo
provérbio do “faça como eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Pois
enquanto através de suas ONGs “ambientalistas” os americanos nos dizem que as
nossas hidrelétricas são más e demoníacas, o seu Secretário de Estado, o mais
importante dentre todos, intromete-se nas negociações entre dois vizinhos,
Brasil e Paraguai, para sugerir que empresários americanos de Inteligência
Artificial venham, passem a perna no Brasil e comprem logo os 50% da energia
excedente de Itaipu, uma obra prima de engenharia e diplomacia que o Brasil
construiu e pagou, garantindo ainda o empréstimo contraído pelo Paraguai para
pagar sua parte.
Elas,
as palavras de Rubio, mostram como são tolas ou mal-intencionadas, aquelas
palavras dos pretensos “defensores” do ambiente, pagos por ONGs e empresas
estrangeiras de petróleo, que exigem que o nosso governo “cancele” as
hidrelétricas projetadas.
Alguns
destes senhores e senhoras já estão a propor o cancelamento do leilão de
energia de pequenas hidrelétricas marcado para julho de 2025, pelo ministro
Alexandre Silveira, o primeiro dos ministros em mais de 10 anos a defender
abertamente a fonte hidrelétrica de pequeno porte, que junto com a de grande
porte produzem 70% de nossa energia. E por isso hostilizado e quase
defenestrado pelo lobby do fumacê.
Eles
querem abertamente que de agora em diante implantemos apenas usinas “vaga lume”
ou “pisca-pisca” para que à noite e de madrugada, nos dias nublados, sem vento,
as suas termelétricas funcionem cada vez por mais tempo. E tome mais bandeira
vermelha na conta de luz.
• Florestan Fernandes Jr.: Consórcio entre
as big techs e a extrema-direita é o desafio da democracia
O
Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou na última
quarta-feira, 21, que existe uma grande possibilidade de o ministro do STF,
Alexandre de Moraes sofrer sanções do governo dos Estados Unidos. Para isso,
Donald Trump pretende utilizar uma lei aprovada em 2012, que autoriza sanções
contra indivíduos acusados de corrupção ou graves violações de direitos
humanos. A lei prevê medidas como bloqueio de bens e contas em território
estadunidense, bem como a proibição da entrada do sancionado no país. Está
claro que nenhum desses crimes apontados na lei se enquadra nas atuações do
magistrado brasileiro. Os argumentos apresentados pelo deputado republicano
Cory Mills, íntimo de Eduardo Bolsonaro, para o uso dessa lei chega a ser
bisonho: “temos observado uma censura generalizada e perseguição política
contra toda a oposição, incluindo jornalistas e cidadãos comuns. O que está
acontecendo agora (no Brasil) é uma iminente prisão politicamente motivada
contra o ex-presidente Bolsonaro. Essa repressão se estende além das fronteiras
do Brasil, impactando indivíduos em solo americano”.
Está
claro que as ameaças de sanções ao ministro Alexandre de Moraes têm como
finalidade pressionar o julgamento em curso no STF, dos envolvidos na tentativa
de golpe de Estado, planejado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Não
acredito, nesse caso, que Trump irá levar adiante essa agressão à nossa
soberania. Mas só o fato de fazer as ameaças é, por si só, um sinal de que a
internacional fascista instalada em Washington opera ativamente para retomar o
poder no Brasil nas eleições do ano que vem.
As big
techs vêm atuando em total harmonia com o governo Donald Trump. Lá, como cá, as
empresas estão integradas e profundamente envolvidas num processo de
aproximação política com a extrema-direita. Na semana passada, o Partido
Liberal organizou seu 2º Seminário Nacional de Comunicação em Fortaleza, com a
participação de Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro. O evento teve o apoio
técnico das "big techs" Google e Meta.
A falta
da regulamentação das redes sociais abriu uma avenida para o fortalecimento da
extrema-direita mundo afora. A manipulação dos algoritmos e o uso
indiscriminado e sem punição de fake news, do discurso de ódio e da criação de
narrativas inverídicas deu à extrema-direita mundial um handicap de proporções
avassaladoras. No caso brasileiro, enfraqueceu a propaganda eleitoral gratuita
nos veículos analógicos, que de maneira democrática distribui o tempo entre os
partidos nas emissoras de rádio e televisão.
No ano
passado, pela primeira vez, quando o assunto é comportamento do consumidor, o
YouTube ultrapassou as cinco maiores emissoras de TV aberta do país.
O dado
faz parte do Target Group Index, produto da Kantar IBOPE Media, e foi feita de
forma própria para análise de mercado.
Esse
avanço da plataforma estadunidense está ligado principalmente à reprodução de
músicas e grandes eventos esportivos, que utilizam o YouTube como plataforma
exclusiva de transmissão.
Nas
redes sociais como Facebook, Instagram, TikTok e X, os conteúdos políticos e
ideológicos postados são utilizados à exaustão através de compartilhamento nos
aplicativos de mensagens. É exatamente aí que as democracias começam a morrer e
os estados autocráticos vão sedimentando o controle de mentes e corações.
Como
reverter isso a tempo de impedir a continuação do avanço fascista, não é fácil.
Talvez um caminho seria atrair plataformas de outros países, ampliando
concorrência com as big tech dos EUA que operam no Brasil.
O
crescimento da extrema-direita nos últimos meses em países como Portugal,
Romênia, Polônia e Argentina é desalentador. Se em 2022, apesar de dominar as
redes sociais, a extrema-direita não conseguiu a reeleição de Bolsonaro, teve
sucesso na eleição de uma bancada de peso no Congresso e nos principais Estados
do País.
Com
Trump de volta ao poder nos Estados Unidos, a eleição do ano que vem se reveste
de uma importância crucial para a preservação do Estado Democrático de Direito.
Democratas de todo o país, uni-vos!
Fonte:
Brasil 247

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