IA usa selfie para prever sobrevivência ao
câncer, mostra estudo
Pesquisadores desenvolveram um algoritmo que
usa a foto de uma pessoa para prever a idade biológica e a sobrevivência em
pacientes com câncer. Os resultados da tecnologia, chamada FaceAge, foram
publicados na quinta-feira (8) na revista The Lancet Digital Health.
Do ponto de vista dos pesquisadores, o
trabalho demonstra que uma foto, como uma simples selfie, contém informações
importantes que podem ajudar na tomada de decisões clínicas e planos de
tratamentos para pacientes e médicos.
A idade biológica é aquela que reflete a
condição funcional do corpo humano, e não necessariamente está alinhada à idade
cronológica de uma pessoa. Por exemplo, um indivíduo sedentário, que é
tabagista e bebe álcool pode ter uma idade biológica mais avançada, devido ao
estilo de vida pouco saudável, do que sua idade em relação à data de
nascimento.
Segundo o estudo, previsões do FaceAge que
indicavam uma idade biológica mais avançada estavam associadas a piores
resultados gerais de sobrevivência em vários tipos de câncer. Eles também
descobriram que o algoritmo superou os médicos na previsão de expectativas de
vida de curto prazo de pacientes que receberam radioterapia paliativa.
“Podemos usar inteligência artificial (IA)
para estimar a idade biológica de uma pessoa a partir de fotos de rosto, e
nosso estudo mostra que a informação pode ser clinicamente significativa”,
disse o coautor sênior e correspondente do estudo Hugo Aerts, diretor do
programa de Inteligência Artificial em Medicina (AIM) no Mass General Brigham,
em comunicado.
• Como
a IA foi desenvolvida?
Os pesquisadores do Mass General Brigham,
empresa de pesquisa hospitalar dos Estados Unidos, utilizaram tecnologias de
aprendizado profundo e reconhecimento facial para treinar o FaceAge. A
ferramenta foi treinada com 58.851 fotos de indivíduos supostamente saudáveis
de conjuntos de dados públicos.
A equipe testou o algoritmo em uma coorte de
6.196 pacientes com câncer de dois centros, usando fotografias tiradas
rotineiramente no início do tratamento de radioterapia.
Os resultados mostraram que pacientes com
câncer aparentam ser significativamente mais velhos do que aqueles sem câncer,
e sua FaceAge, em média, era cerca de cinco anos mais velha do que sua idade
cronológica.
Entre os pacientes com câncer, uma FaceAge
mais avançada foi associada a piores desfechos de sobrevivência, especialmente
em indivíduos que aparentavam ter mais de 85 anos, mesmo após ajustes para
idade cronológica, sexo e tipo de câncer.
• Próximos
passos
Mais pesquisas são necessárias antes que esta
tecnologia possa ser considerada para uso em um ambiente clínico real. A equipe
está testando o algoritmo para prever doenças, estado geral de saúde e
expectativa de vida.
Estudos de acompanhamento incluem a expansão
deste trabalho para diferentes hospitais, a análise de pacientes em diferentes
estágios do câncer, o acompanhamento das estimativas do FaceAge ao longo do
tempo e o teste de sua precisão em conjuntos de dados de cirurgia plástica e
maquiagem.
“Isso abre as portas para um novo campo de
descoberta de biomarcadores a partir de fotografias, e seu potencial vai muito
além do tratamento do câncer ou da previsão da idade”, afirma o coautor sênior
do estudo Ray Mak, membro do corpo docente do programa AIM no Mass General
Brigham, em comunicado.
“À medida que cada vez mais consideramos
diferentes doenças crônicas como doenças do envelhecimento, torna-se ainda mais
importante conseguir prever com precisão a trajetória de envelhecimento de um
indivíduo. Espero que possamos, em última análise, usar essa tecnologia como um
sistema de detecção precoce em diversas aplicações, em uma estrutura
regulatória e ética sólida, para ajudar a salvar vidas”, completa.
Fonte: CNN Brasil

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