quinta-feira, 1 de maio de 2025

Governo exige remoção de anúncios de vapes no Mercado Livre e redes sociais

O governo brasileiro, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), acaba de intensificar a luta contra a disseminação e comercialização de cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como “vapes“.

A Senacon notificou gigantes da internet como Instagram, YouTube, TikTok, Mercado Livre e Enjoei, determinando a remoção imediata de todos os anúncios e conteúdos que promovam ou vendam esses dispositivos, bem como outros produtos derivados do tabaco cuja venda é proibida em território nacional.

O prazo estabelecido para que as plataformas cumpram a exigência é de 48 horas, um indicativo da urgência com que o governo federal trata a questão.

•        Notificação não se limita à proibição de anúncios

As plataformas deverão realizar uma varredura completa em seus sistemas para identificar e remover qualquer conteúdo que promova ou facilite a venda de cigarros eletrônicos e outros derivados do tabaco proibidos.

Essa ação busca cortar o fluxo de informações que podem induzir, principalmente jovens e adolescentes, ao consumo desses produtos, contrariando as diretrizes de proteção à saúde e os esforços de prevenção ao tabagismo.

•        Venda e propaganda de “vapes” é proibida no Brasil

Essa medida surge após um levantamento preocupante que identificou cerca de 1,8 mil páginas ou anúncios relacionados a “vapes” circulando nessas plataformas digitais. A presença massiva desses conteúdos online representa um desafio para as políticas de saúde pública e para a legislação brasileira, que proíbe a venda, * importação e propaganda de cigarros eletrônicos desde 2009, conforme uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A decisão da Senacon reflete as preocupações crescentes da comunidade médica e científica sobre os malefícios dos cigarros eletrônicos à saúde. Estudos recentes demonstram que, apesar de serem frequentemente comercializados como alternativas mais seguras ao cigarro convencional, os “vapes” também liberam substâncias tóxicas e cancerígenas, além de apresentarem riscos como dependência de nicotina, problemas respiratórios e cardiovasculares.

A expectativa é que a adesão das empresas notificadas à determinação da Senacon contribua para a redução da exposição da população aos riscos associados aos cigarros eletrônicos e produtos proibidos derivados do tabaco. A fiscalização do cumprimento dessa medida, no entanto, será importante para garantir sua efetividade.

•        Existe um problema oculto nos vapes vendidos no Brasil

O líquido de seus vapes pode estar contaminado com metais tóxicos. São elementos que se desprendem do circuito elétrico das versões descartáveis dos cigarros eletrônicos. E a contaminação ocorre antes mesmo de o dispositivo ser usado pela primeira vez.

É o que sugere um estudo do Laboratório de Química Atmosférica (LQA) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), obtido pela BBC.

Os pesquisadores analisaram 15 vapes descartáveis e identificaram diferentes concentrações de cobre, estanho, níquel e zinco em níveis “muito acima do esperado para qualquer tipo de material que vai ser inalado”, segundo a reportagem.

A equipe também analisou 14 líquidos de vapes recarregáveis, mas não identificou elementos em níveis quantificáveis. Isso ocorre possivelmente pelo fato de o líquido ser vendido separadamente, sem entrar em contato com o circuito elétrico previamente.

Os cientistas alertam que tanto o “juice” quanto o “e-líquido” usados na recarga apresentaram “toxicidade significativa” que podem desencadear processos associados a doenças crônicas, incluindo doenças cardiovasculares e respiratórias.

A venda de cigarros eletrônicos é proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil desde 2009. Mas isso não tem impedido a distribuição de lotes contrabandeados, com formatos que mudaram ao longo dos anos, desde caneta, pen-drive a uma espécie de pequeno tanque.

No ano passado, um estudo preliminar em dez amostras apreendidas também encontrou octodrina, substância com estrutura similar à anfetamina. A análise foi feita pelo Laboratório de Pesquisas Toxicológicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

<><> Vape: doce nada inocente

•        De acordo com a reportagem, mais de 20 substâncias foram detectadas nas amostras do estudo da PUC-Rio, das quais dez foram identificadas;

•        A maioria tem a função de conferir sabor e aroma ao cigarro eletrônico;

•        Os líquidos usam compostos extraídos de óleos essenciais que, em determinadas temperaturas, podem formar acroleína, presente nos escapamentos de carros e em frituras;

•        Se inalado de forma contínua, pode trazer prejuízos à saúde;

•        Diversas substâncias usadas pela indústria de alimentos também estavam presentes, como o mentol, que pode irritar as vias aéreas, além de um composto tradicionalmente usado pela indústria como aromatizante de vela.

 

Fonte: Olhar Digital

 

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