quinta-feira, 22 de maio de 2025

Demissão de Wajngarten do PL foi vingança de Michelle e expõe racha na direita para a eleição de 2026

A demissão de Fábio Wajngarten – advogado e marqueteiro de Jair Bolsonaro (PL) – do Partido Liberal (PL) foi um pedido expresso da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e é um efeito colateral das divisões na direita sobre a disputa de 2026.

O pedido foi feito após a divulgação de conversa de WhatsApp em que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ironiza a possibilidade de Michelle ser candidata em 2026.

Wajngarten respondeu a Cid dizendo que não apoiava Michelle e que achava que os filhos do ex-presidente também não aprovavam o nome dela para uma disputa presidencial.

As mensagens foram reveladas pelo UOL.

O episódio mostra que o racha na direita sobre quem herdará os votos de Jair Bolsonaro (PL) em 2026 e a tentativa de construção de Michelle como um nome viável como candidata a qualquer cargo eletivo vêm desde antes do ex-presidente ser tornado inelegível.

As conversas em questão ocorreram em janeiro de 2023. Bolsonaro foi tornado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho daquele ano.

Esse racha opõe

•        de um lado, a família Bolsonaro, que quer alguém do grupo na cabeça da chapa que disputará a Presidência em 2026, o que é visto como garantia de que o ex-presidente será indultado caso condenado por golpe de Estado. E, neste cenário, Michelle é vista como um nome potencial, ainda que com ressalvas (leia mais abaixo);

•        e de outro, uma ala da direita que entende que esse cenário tem se tornado cada vez mais inviável politicamente diante do avanço da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado. Wajngarten e Cid estão nesse grupo, que vê Michelle como um bom nome para disputar o Senado.

Há, ainda, a divisão na própria família do ex-presidente. No começo de 2025, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o mais pragmático dos filhos, indicou nos bastidores que prefere Michelle a alguém de fora na disputa pela presidência, caso ela se mostre viável. Mas essa hipótese não é cogitada por outros filhos do ex-presidente.

•        "Prefiro o Lula" foi álibi de Michelle Bolsonaro para se vingar e pedir a cabeça de Wajngarten

A chacota entre o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-Secretário de Comunicação da Presidência (Secom) Fabio Wajngarten em torno das especulações sobre a suposta candidatura à Presidência de Michelle Bolsonaro (PL), ocorrida em janeiro de 2023 mas divulgada somente na última sexta-feira (16), caiu como uma luva para os planos da ex-primeira-dama, que busca fortalecer seu nome como sucessora do marido, Jair Bolsonaro (PL), na disputa contra Lula em 2026.

Na troca de mensagens datada de 27 de janeiro, um dia após a ex-primeira-dama voltar de Orlando, para onde fugiu com o marido no dia 30 de dezembro de 2022, Wajngarten envia a Cid uma notícia de que Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, estaria cogitando lançar Michelle candidata à Presidência em 2026.

Em tom de chacota, Cid responde: "Prefiro o Lula", com uma "hahahahahahaha", de gargalhadas, em seguida. Wajngarten reage: "idem".

O ex-Secom, homem de confiança de Bolsonaro, passa a detonar a ex-primeira-dama, compartilhando uma mensagem que dizia que o "PL vai pagar 39k por mês para a Michele (SIC) 'porque ele carrega o bolsonarismo sem a rejeição do Bolsonaro". Em seguida, outra mensagem encaminhada por Wajngarten indaga: "em que mundo o Valdemar está vivendo?".

Cid, então, manda um áudio, transcrito na troca de mensagens, revelando o que pensa da ex-primeira-dama. "Cara, se a dona Michelle tentar entrar pra política num cargo alto, ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja... não suja, mas ela né, a personalidade dela, eles vão usar tudo contra pra acabar com ela".

<><> Álibi para a vingança

Embora a troca de mensagens tenha ocorrido em janeiro de 2023, a chacota serviu como álibi para Michelle Bolsonaro se vingar de Wajngarten, com quem não mantinha relações há meses.

A ex-primeira-dama teria determinado ao marido e ao presidente do PL, Costa Neto, com quem mantém ótimas relações, a demissão sumária do ex-Secom.

Embora a candidatura à Presidência esteja sendo assumida apenas agora por Bolsonaro, Michelle já teria se rendido há meses aos flertes de Costa Neto que, como mostra a troca de mensagens, nutria esperanças de lançar a candidatura da ex-primeira-dama antes mesmo do ex-presidente ficar inelegível.

A rusga entre os dois tem como pano de fundo justamente as eleições de 2026. Michelle chegou a ser cogitada como candidata ao Senado pelo Distrito Federal em 2026. No entanto, com o nome fortalecido para a Presidência, ela iniciou articulações para lançar um candidato de confiança para fazer dupla com Damares Alves (Republicanos-DF), que já é parte da bancada da ex-primeira-dama na casa.

Michelle então atuou para costurar a candidatura do irmão, o fotógrafo Eduardo Torres, para o Senado na vaga reservada a ela. Ele articula a candidatura junto ao movimento Direita na Capital, que tem como slogan Make Brasília Great, uma cópia do que é usado por Donald Trump - make América Great Again.

Em fevereiro, Torres chegou a ir à casa do ex-ministro Anderson Torres, que é monitorado por tornozeleira eletrônica como membro da organização golpista, para dizer que ele não deveria cogitar a candidatura ao Senado.

Entre pessoas próximas, Eduardo Torres teria dito, a mando de Michelle, que ela apoiaria a candidatura de Celina Leão ao governo do DF e para que o ex-ministro não cogitasse o Senado, se afastando da política partidária do DF.

A visita causou indignação dentro do PL, mas apenas Wajngarten se solidarizou com o ex-ministro, o que causou a ira em Michelle Bolsonaro que, desde então buscava um motivo para derrubar Wajngarten. A chacota com Cid foi o álibi que a ex-primeira-dama precisava para pedir a cabeça do ex-Secom.

<><> Desdobramentos

Embora revoltado com a situação, Wajngarten deve orbitar em um núcleo paralelo do bolsonarismo aguardando um desfecho da história. Ele sabe que tem a confiança de Bolsonaro, que estaria menos irritado do que Michelle com a história.

Bolsonaro também depende - e muito - do ex-Secom, de quem já tentou se livrar uma vez, mas voltou atrás. Wajngarten faz a ponte com a cúpula sionista de São Paulo, tem bom trânsito na burguesia paulista e, principalmente, interlocução com a mídia liberal - algo raro no clã.

Além disso, há o risco de Wajngarten formar um novo núcleo da direita em São Paulo, se juntando com o ex-ministro Ricardo Salles, que voltou para o Novo após ser alijado da disputa à prefeitura de São Paulo diante do apoio de Bolsonaro e Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) a Ricardo Nunes.

Wajngarten ainda tem como trunfo na relação com Bolsonaro as costuras feitas com equipes médicas e hospitais paulistas, que salvaram por mais de uma vez o ex-presidente diante das recorrentes internações por causa dos problemas no intestino.

Em meio à mágoa, o ex-Secom deve ficar em silêncio por um tempo, aguardando uma possível "anistia" do clã. Mas, não se sabe até quando ele vai se manter a fidelidade canina ao ex-presidente diante dos achaques da ex-primeira-dama.

ENTENDA O CASO:

O Partido Liberal (PL) demitiu nesta terça-feira (20) o ex-secretário de Comunicação do ex-presidente Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten. A decisão se deu após o vazamento de áudios onde, em conversa com Mauro Cid, ambos debocham da possibilidade de Michelle Bolsonaro ser candidata à presidência da República em 2026.

A cúpula do PL entendeu que a atitude de Fábio Wajngarten nas conversas com Mauro Cid demonstra uma "postura desleal".

O ex-presidente Jair Bolsonaro, em entrevista ao Metrópoles, classificou a conversa de Wajngarten e Cid como "besteira". "Diferentemente da atual primeira-dama [Janja Lula da Silva], Michelle botava ordem na casa. Ela é quem botava ordem na casa, e o pessoal não gostava. Mas não justifica essa troca de mensagens, ainda mais em janeiro de 2023, quando eu estava elegível. Um falou besteira; o outro concordou", disse.

>>> Wajngarten, o "porta-voz" do bolsonarismo

Antes de cair em desgraça com a divulgação dos áudios, Fábio Wajngarten atuava nas redes como um verdadeiro porta-voz do ex-presidente e se colocava, muitas vezes, como um oráculo e ditava como as figuras próximas do presidente, mas também para toda a militância, como deveriam agir.

Para tanto, Fábio Wajngarten utilizava as suas redes sociais e, muitas vezes, escrevia declarações em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por conta dessa postura, Wajngarten era apontado como o "grande estrategista" do pétit comité em torno de Jair Bolsonaro.

A queda de Fábio Wajngarten reforça algumas questões: que o ex-presidente Jair Bolsonaro abandona os seus pelo caminho; que o bolsonarismo não admite um milímetro sequer de deslealdade; e que o nome de Michelle Bolsonaro para o pleito presidencial de 2026 esteja, talvez, um passo adiante da mera especulação.

•        Entenda falas de Wajngarten e Cid sobre Michelle que derrubaram advogado do PL

Após conversas entre Fabio Wajngarten e Mauro Cid em 2023 terem vindo à tona, o PL decidiu demitir o advogado e assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o blog de Andreia Sadi, o pedido de demissão partiu do presidente do partido, Valdemar Costa Neto.

As trocas de mensagens, divulgadas pelo UOL, mostram que Cid ironizou a possibilidade de Michelle Bolsonaro ser a escolha da direita: "Prefiro Lula". Cid ainda diz que a ex-primeira-dama "tem muita coisa suja", o que a atrapalharia em caso de uma candidatura.

“Cara, se dona Michelle tentar entrar para a política no cargo alto [presidência] ela vai ser destruída, porque eu acho que ela tem muita coisa suja, né? Mas ela é cheia de personalidade e vão usar tudo contra para acabar com ela”, disse Cid em um áudio enviado a Wajngarten.

A defesa de Wajngarten chegou a responder ao UOL que as respostas dele se tratavam de uma análise das notícias que saíam na imprensa. Também disseram que, na época, ainda não se falava sobre Michelle como herdeira política de Bolsonaro.

Além da opinião sobre a ex-primeira-dama, os dois discutiram outras possibilidades para ser o nome da direita nas próximas eleições presidenciais. Wajngarten prevê que Bolsonaro ficará inelegível (a conversa aconteceu antes do julgamento) e fala em lançar um outsider evangélico, como Silas Malafaia, para disputar eleições futuras.

"Para derrotar o PT / Lula / Esquerda / precisaremos de um grande nome e de fora", afirma Wajngarten.

Procurado, Wajngarten não foi encontrado para comentar a demissão do partido. Valdemar Costa Neto também não retornou às tentativas de contato.

São 158 mil mensagens no WhatsApp que fazem parte de um aglomerado de mais de 20 mil arquivos obtidos em investigações que envolviam Jair Bolsonaro. As conversas foram reveladas pelo UOL.

Wajngarten respondeu a Cid dizendo que não apoiava Michelle e que achava que os filhos do ex-presidente também não aprovavam o nome dela para uma disputa presidencial.

Nas conversas entre Cid e Wanjgarten, os dois ainda compartilham diversas notícias relacionadas a Bolsonaro e fazem comentários sobre o início do governo Lula, em 2023.

Entre os temas discutidos obtidos pela investigação, as conversas de 2023 mostram Cid e Wanjgarten falando sobre acusações sobre uso de cartões corporativos, joias que Bolsonaro recebeu de presente, comprovante de vacinação de Bolsonaro, preocupação com Alexandre de Moraes e outros assuntos.

•        Pivô da briga com Wajngarten, irmão de Michelle lança "Direita na Capital" e deve ser candidato

Pivô da briga que resultou na demissão de Fabio Wajngarten do PL por ordem de Michelle Bolsonaro (PL), o ex-fotógrafo Eduardo Torres, irmão da ex-primeira-dama, foi a grande estrela do lançamento do "Direita na Capital", movimento em com o influenciador Victor Jansen, que reúne figuras da ultradireita do Distrito Federal sob o slogan Make Brasília Great, surrupiado do Make América Great Again, de Donald Trump.

Ex-fotógrafo, que atuou como terceirizado na Caixa Econômica Federal (CEF) para acompanhar o então presidente do banco, Pedro Guimarães, Torres chegou a receber auxílio emergencial do governo Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia. Mas largou tudo para se tornar articulador político no movimento capitaneado pela irmã na capital federal.

Eduardo Torres foi quem motivou a briga que afastou Michelle e Wajngarten, que foi demitido do PL após divulgação de mensagens com Mauro Cid, em janeiro de 2023, fazendo chacota ao dizer que prefere Lula a ex-primeira-dama na Presidência.

O ataque foi apenas o álibi que Michelle precisava para pedir a cabeça de Wajngarten. Os dois não se falavam há meses, desde que o irmão da ex-primeira-dama esteve na casa de Anderson Torres achacando o ex-ministro a não se lançar na política partidária do Distrito Federal. O ato causou indignação no PL, mas apenas Wajngarten se solidarizou com o ex-ministro da Justiça, despertando a ira de Michelle.

<><> Make Brasília Great

Em meio à articulação da irmã para derrubar o ex-Secom, Eduardo Torres discursou e foi a grande estrela do lançamento do Direita na capital, ocorrido na última sexta-feira (16) em Brasília.

"Primeiro parabenizar por esse evento aqui", disse Torres em seu discurso. "E por quê? Porque política não era para pobre. Era esse o discurso lá dentro da minha casa. Se não fosse a figura do deputado federal Jair Bolsonaro, do nosso presidente Bolsonaro, talvez a gente não estaria discutindo direita e esquerda tão frequentemente como nós falamos hoje em dia. É por propósito que estamos no meio disso aqui, não é por outro motivo", emendou, ao melhor estilo "storytelling" e com nuances do coachismo, em vídeo divulgado em suas redes sociais.

Torres ainda descolou uma ligação de Jair Bolsonaro, que saudou o novo movimento, enquanto se ocupava de responder aos ataques de Wajngarten à esposa. Estavam presentes ainda o senador Izalci Lucas (PL-DF) - que confessou que o ex-presidente prevaricou nas fraudes do INSS -, a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e os coachs Pedro Rehn e Erasmo Cirqueira, que são "mentores" do grupo e usam técnicas semelhantes a de Pablo Marçal (PRTB), de quem são próximos.

Eduardo, que foi apresentado como "líder político", tem intensificado a agenda pública, a publicação de fotos do cunhado nas redes e as aparições com a irmã após ser derrotado na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa do DF.

Apesar de se preparar para tentar uma nova empreitada, dessa vez na Câmara Federal, Eduardo pode herdar a vaga ao Senado, que estava sendo segurada para a irmã.

A mudança se dá após Bolsonaro sentir a traição de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), cortejado para candidato da Terceira Via, e sinalizar que pode lançar Michelle à Presidência.

Com a irmã na disputa direta contra Lula, Eduardo vê chances de sair candidato ao Senado pelo DF, fazendo dobradinha a partir de 2027 com Damares Alves (Republicanos), que faz parte da bancada de Michelle.

•        Wajngarten se desespera após demissão do PL

O Partido Liberal (PL) demitiu nesta terça-feira (20) Fábio Wajngarten, que cuidava da comunicação da legenda. A motivação foi a conversa de Wajngarten com Mauro Cid, onde ambos debocham da possibilidade de Michelle Bolsonaro ser candidata à presidência da República.

De acordo com informações d'O Globo, a ordem para demitir Fábio Wajngarten partiu de Michelle Bolsonaro, que teria ficado enfurecida ao tomar conhecimento do teor das mensagens.

Com isso, a demissão de Fábio Wajngarten se tornou um dos principais assuntos das redes sociais e, pelo visto, o agora ex-porta-voz do ex-presidente Jair Bolsonaro não digeriu bem a sua demissão, visto que partiu pra cima do jornalista Guga Noblat.

Em seu perfil no X, Guga Noblat lançou uma questão para Fábio Wajngarten: "E agora, Fábio Wajngarten? Onde você arrumará emprego após ser demitido por ordem do Valdemar Costa Neto? O advogado/porta-voz do Bolsonaro teve mensagens vazadas pelo UOL em que dizia preferir Lula à Michelle Bolsonaro. Agora, está no olho da rua. Mais um abandonado pelo Bolsonaro."

Wajngarten não gostou do questionamento de Guga Noblat e perdeu a linha: "Vou tentar virar pseudo-humorista para tentar algum engajamento e remuneração com piadas idiotas... e com objetivo contínuo de que alguma emissora de TV lembre do meu telefone."

A reação de Wajngarten virou motivo de chacota nas redes.

<><> Malafaia contraria Michelle e Bolsonaro e se solidariza com Wajngarten

O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, contrariou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle, e correu em defesa de Fábio Wajngarten.

Wajngarten foi demitido do cargo de assessor de imprensa de Bolsonaro pelo presidente do PL, Valdemar Costa Netto, que afirmou estar seguindo ordens da ex-primeira-dama.

Em mensagem postada em suas redes sociais na manhã desta quarta-feira (21), Malafaia escreveu:

“FABIO WAJGARTEN você tem minha solidariedade. Não gosto de ver covardia e gente que não tem memória de coisas boas. Estão sempre prontas para apontar falhas, nunca acertos.”

 

Fonte: g1/Fórum

 

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