quinta-feira, 1 de maio de 2025

Como as cidades mais ricas do Brasil combatem as enchentes

Perto de completar um ano das enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, outras regiões do país ainda enfrentam impactos de chuvas intensas. Em abril, capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte registraram alagamentos e prejuízos. O cenário reacende o debate sobre os planos e ações de prevenção das cidades mais ricas do Brasil diante de um problema que se repete a cada temporada de chuvas.

Em São Paulo, os dados do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura indicam que choveu 134,8 milímetros neste mês até agora, o que representa um volume 115,7% acima da média esperada para abril. A cidade afirma ter investido em piscinões, limpeza de córregos e obras estruturais, mas parte dessas medidas ainda está em execução ou depende de parcerias com outros órgãos.

No Rio, as chuvas também causaram transtornos em vias expressas e áreas de encosta. O município tem um plano de contingência que inclui sirenes em comunidades com risco geológico e centros de monitoramento, mas especialistas ouvidos pela reportagem da DW apontam limitações na prevenção, principalmente em regiões mais vulneráveis.

Já Belo Horizonte sofreu com alagamentos e deslizamentos, mesmo após a adoção de medidas como o reforço do sistema de alerta e intervenções em bacias hidrográficas.

O levantamento nas capitais mostra que, apesar dos investimentos pontuais, ainda há desafios na coordenação entre os diferentes níveis de governo e na implementação de políticas de longo prazo para conter os impactos das enchentes.

Mas como essas cidades estão se preparando para lidar com as chuvas e o que a tragédia no Sul do país pôde "ensinar"?

•        São Paulo

Para reduzir os impactos das chuvas de verão, a Prefeitura de São Paulo colocou em prática o novo ciclo do Plano Preventivo de Chuvas de Verão (PPCV), que funcionou até março deste ano. A estratégia reunia 13 órgãos municipais e incluía ações como limpeza de bueiros, poda de árvores, construção de reservatórios e monitoramento de encostas com sensores, drones e câmeras.

"Hoje temos um sistema de alerta muito mais eficaz. Usamos imagens de satélite, radares meteorológicos e câmeras em pontos críticos para antecipar problemas", afirma Renato Nalini, secretário executivo de Mudanças Climáticas. Desde 2021, foram entregues cinco novos piscinões e outros oito estão em obras, segundo a prefeitura.

Outra frente de atuação é o Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR), lançado em junho do ano passado, que prevê obras em áreas vulneráveis e o monitoramento contínuo de encostas com apoio da Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com Nalini, a cidade também investe em ações de assistência direta às famílias afetadas por enchentes. "O Cartão Emergencial, por exemplo, é um auxílio financeiro de R$ 1.000 para famílias atingidas por desastres naturais. Desde a sua criação, mais de 13 mil famílias já foram beneficiadas", explica. O programa está previsto em lei municipal e foi regulamentado em 2022.

A fiscalização ambiental também foi reforçada com o uso de drones e satélites para identificar ocupações irregulares. Segundo a pasta, a cidade também aposta em planejamento técnico para evitar emergências no futuro. "A mudança climática exige respostas articuladas e integradas. Não basta limpar bueiro ou construir piscinão. É preciso monitorar, planejar e agir rápido em áreas de risco", conclui Nalini.

•        Rio de Janeiro

Segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, a cidade se preparou para o verão de 2024/2025 com um investimento de R$ 3,3 bilhões em ações para enfrentar os desafios climáticos, como chuvas fortes e calor extremo. Esse valor foi aplicado ao longo dos últimos quatro anos em iniciativas de prevenção, manutenção e monitoramento, abrangendo 36 órgãos e secretarias municipais. As medidas incluem obras de drenagem, contenção de encostas e a modernização da infraestrutura urbana.

Marcus Belchior, chefe-executivo do Centro de Operações e Resiliência (COR-Rio), ressalta a importância da tecnologia no planejamento para enfrentar esses desafios. 'O uso de radares meteorológicos e sistemas de monitoramento permite uma resposta mais rápida e eficaz em casos de eventos climáticos extremos", diz Belchior. Recentemente, a Prefeitura instalou um novo radar na Serra do Mendanha, na zona oeste da capital,que vai complementar a rede já existente de satélites e radares para previsões de médio prazo.

A cidade também conta com um sistema de alerta que, por meio de 164 sirenes em 103 comunidades, avisa a população sobre riscos relacionados a chuvas intensas e calor excessivo. Além disso, algoritmos desenvolvidos pelo COR-Rio ajudam a prever tempestades e condições climáticas extremas, proporcionando dados mais precisos para a tomada de decisões e orientações à população, ainda de acordo com a prefeitura.

Entre as ações mais relevantes, está o programa Bairro Maravilha, que desde 2021, segundo a prefeitura, tem transformado a infraestrutura de diversas comunidades com drenagem, saneamento básico e pavimentação. Essas obras visam reduzir o risco de alagamentos e melhorar a qualidade de vida dos moradores.

Além das ações preventivas, a Prefeitura do Rio também contribui com a criação de um manual técnico, em parceria com a ABNT, sobre como implantar centros de operações semelhantes ao COR-Rio em outras cidades brasileiras.

•        Belo Horizonte

De acordo com o secretário de Obras e Infraestrutura, Leandro César Pereira, a abordagem da Prefeitura de Belo Horizonte é estruturada em três vertentes: prevenção, mitigação e resposta aos eventos climáticos. A prevenção inclui, entre outras medidas, o trabalho realizado pela Defesa Civil para aproximar as comunidades localizadas em áreas de risco e capacitá-las para identificar potenciais perigos. O secretário também destacou podas de árvores, a limpeza de galerias pluviais e a vigilância constante sobre bueiros e córregos.

Além disso, Belo Horizonte tem investido em obras de macrodrenagem e microdrenagem, que visam ampliar as redes pluviais e implantar novas bacias de detenção. "Essas intervenções são fundamentais, considerando que Belo Horizonte possui mais de 700 quilômetros de rios e um relevo acidentado, com morros que aumentam o risco durante períodos de chuvas intensas", diz o secretário.

O Plano de Contingência, por sua vez, envolve a articulação entre diversos órgãos municipais, como a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, PM e Guarda Municipal, com o objetivo de garantir agilidade.

O município também tem adotado tecnologias de monitoramento, como sensores distribuídos pela cidade que acompanham em tempo real as condições meteorológicas, os níveis dos rios e outras variáveis climáticas. Esses dados são usados para emitir alertas preventivos à população por meio de canais como SMS, WhatsApp e aplicativos como Waze. Recentemente, foi implementada a tecnologia "Cell Broadcast”, que permite o envio de mensagens diretamente aos celulares nas áreas afetadas.

Pereira destacou ainda a importância do Plano Diretor, que estabelece diretrizes para o uso do solo e a ocupação responsável das áreas urbanas.

•        Ações práticas para combater enchentes

Com o crescimento das cidades e a intensificação das chuvas, especialmente durante o verão, os sistemas de drenagem urbanos têm se mostrado cada vez mais inadequados para lidar com os volumes extremos de água, segundo especialistas ouvidos pela DW.

Pedro Cortes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, explica que as cidades brasileiras foram construídas com base em modelos de drenagem pensados para climas temperados, enquanto a realidade local, marcada por um clima tropical, exige soluções mais robustas. "Os sistemas de drenagem nas cidades mais antigas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, foram feitos com padrões de clima temperado, que não comportam as chuvas intensas e concentradas do verão tropical", explica o professor.

Segundo Valter Caldana, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, as grandes cidades até possuem planos relevantes para lidar com as chuvas, mas eles costumam se concentrar na chamada macrodrenagem, intervenções de grande escala que muitas vezes não chegam à escala local, onde os impactos das enchentes são mais visíveis e sentidos diretamente no dia a dia da população.

A urbanização acelerada também contribuiu para agravar a situação. "À medida que as cidades cresceram e se impermeabilizaram, o volume de água que não é absorvido pelo solo aumentou consideravelmente", afirma. O professor alerta ainda que a previsão de chuvas mais intensas devido às mudanças climáticas também representa um desafio.

"Eventos climáticos como o de São Paulo, em que em poucas horas choveu 80 ou 90 milímetros, são exemplos de como os sistemas de drenagem existentes não são mais suficientes", pontua. Esses eventos, em que o volume de chuva pode equivaler ao total previsto para o mês, exigem a adaptação dos sistemas urbanos.

•        Abordagem

Uma solução para os problemas de drenagem envolve a combinação de infraestrutura tradicional e alternativas mais sustentáveis. "É preciso adotar uma abordagem mista, que inclua obras como piscinões e melhorias nas galerias pluviais, mas também medidas de infraestrutura verde, como o aumento das áreas verdes e o plantio de árvores", sugere Luciano Zasso, coordenador do curso de Geografia da PUC-RS.

Segundo ele, as árvores ajudam a reter parte da água da chuva, retardando o escoamento e reduzindo o impacto das enchentes. Zasso também destaca a importância de resgatar a permeabilidade do solo, por meio de soluções como jardins lineares e pisos permeáveis. "Esses elementos permitem que a água seja absorvida pelo subsolo, minimizando a carga sobre os sistemas de drenagem", completa.

A construção de piscinões e outras infraestruturas de drenagem tem sido uma das soluções adotadas em cidades como São Paulo. Contudo, Zasso alerta que essas soluções têm limites. "Embora ajudem a armazenar a água da chuva, em eventos de precipitação extrema, a capacidade de armazenamento pode ser superada", diz. Além disso, o descarte inadequado de lixo sólido, que obstrui bueiros e canais de drenagem, também contribui para a intensificação das enchentes.

O especialista ressalta ainda a importância de uma defesa civil bem treinada e de alertas meteorológicos mais precisos. "A antecipação e a qualificação da defesa civil são essenciais para a segurança da população. Além disso, o monitoramento de áreas de risco geológico é fundamental, especialmente em cidades como São Paulo e Belo Horizonte", diz.

Além disso, as cidades precisam melhorar a comunicação com a população sobre riscos de alagamentos. Cortes menciona a utilização de sistemas de alerta, como o que foi implementado em São Paulo, onde as pessoas são informadas sobre chuvas intensas por meio de mensagens em seus celulares. No entanto, ele ressalta que ainda é necessário aprimorar a precisão desses alertas.

"Hoje, os avisos de chuvas intensas cobrem áreas muito grandes, como zonas inteiras de uma cidade. O ideal seria segmentar melhor essas áreas para que as pessoas saibam, com mais precisão, onde estão ocorrendo os maiores riscos de alagamento", reforça.

•        Desconfiança ainda ronda sistema anticheias em Porto Alegre

Faz dois dias que Jéssica de Mello, 34 anos, está sem água no barraco onde mora. Ela corre atrás de caminhões pipa que passam pela ocupação Farroupilha, em Porto Alegre, para cuidar dos três filhos desalojados desde 3 de maio de 2024, quando a enchente histórica que alagou Porto Alegre expulsou todos de casa.

"Saímos com a ajuda de amigos carregando uma TV e a roupa do corpo. Perdemos documentos, perdemos tudo", diz Mello à DW.

Quando a água ainda estava na altura dos joelhos, Mello diz ter ligado para a Defesa Civil pedindo resgate. Por causa de um câncer, ela só tem um pulmão e não pode carregar peso. A resposta foi que deveria aguardar sete dias.

Teoricamente, a antiga casa da família estava numa área "à prova" de grandes enchentes. O dique Sarandi, avistado da janela, barraria a água em excesso como parte do sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre, projetado para suportar inundações de até 6 metros de altura causadas por cheias do rio Jacuí e Guaíba.

"Está sendo muito difícil. Depois da enchente, teve um grande incêndio na ocupação e minha casa só não pegou fogo porque a igreja de concreto segurou as chamas", diz Mello, que aguarda a liberação de um apartamento de um programa de moradia popular.

<><> Sistema de proteção vulnerável

A construção do sistema de proteção contra cheias começou na década de 1970 como resposta a uma outra grande inundação que, até então, era considerada a mais destrutiva da história. Em 1941, a água chegou a 4,76 metros de altura e desabrigou mais de 70 mil habitantes, cerca de 25% da população de Porto Alegre à época, apontam informações da prefeitura.

A fortaleza construída para poupar a capital do Rio Grande do Sul de uma nova calamidade tinha 68 quilômetros de diques, 14 comportas de vedação e 19 casas de bombas. O chamado muro da Mauá, de quase três quilômetros de extensão e seis de altura - três abaixo da terra - fechava o anel de proteção.

Em maio de 2024, em seu teste mais importante, o sistema sucumbiu diante dos 5,3 metros de inundação - abaixo da cota máxima de 6 metros. O centro histórico e diversos bairros ficaram submersos, inclusive onde Mello residia. À época, especialistas ouvidos pela DW apontaram a falta de manutenção e o descaso público como principais causas para a falha.

"Até hoje, algumas comportas estão sem as chapas que bloqueiam a água", afirma Fernando Dornelles, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Um estudo de revisão, contratado pela prefeitura, está em andamento para apontar o que deu errado e como o sistema deve ser reconstruído. Mas alguns resultados prévios já são conhecidos entre os especialistas da área.

"Já foram descobertas várias ligações de drenagem para fora do sistema, o que não pode", afirma Dornelles. A drenagem de água da chuva de dentro da área protegida tem que sair via casas de bomba. Se houver conexão direta, como o que foi encontrado, basta o rio do lado de fora do sistema de proteção subir para que o refluxo inunde o que está do lado de dentro, explica o engenheiro civil.

<><> Estudo para reconstrução

Vicente Perrone, diretor do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), afirma que o estudo contratado foi dividido em nove etapas e ficará pronto em meados de 2026. Ele revê os novos parâmetros de volume de chuvas e sua frequência para propor um novo sistema de proteção contra cheias.

"Ele vai nos ajudar a bolar alternativas mais modernas para o sistema, sugerir áreas prioritárias e métodos construtivos para regiões que não estão cobertas pelo sistema", explica Perrone, citando soluções como diques e casas de bombeamento.

Questionado pela DW sobre a falta de manutenção adequada no anel de proteção projetado na década de 1970, o diretor do DMAE diz que não havia clareza se o conjunto das estruturas tinha capacidade de receber o volume de chuva registrado na ocasião.

"Não tem que buscar culpados ou achar motivos políticos para isso. A gente precisa entender as razões de tudo e o que aconteceu para tomar atitudes de formas orquestradas para que qualquer chuva não cause os problemas que a gente teve", responde.

Acima de Perrone no comando de Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB) defendia a derrubada do muro da Mauá, parte do sistema de proteção, desde 2019. Em outubro de 2024, depois das enchentes, ele foi reeleito.

Depois da inundação, órgãos como a Defesa Civil, secretarias e Câmara de Vereadores passaram a trabalhar de forma mais coordenada, diz Perrone. O diretor reconhece que o sistema ainda tem fragilidades, mas afirma que está perto de alcançar uma tranquilidade na sua operação.

"A gente tem pressa. Temos uma inquietude em organizar as licitações, fazer da forma mais rápida e buscar recursos porque estamos falando de bilhões de investimento, e hoje o Dmae não conta com esse caixa", afirma.

<><> Ajuda da natureza

Diante da urgência da reconstrução em pontos da cidade após as enchentes, Heverton Lacerda, presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), diz não entender como prefeitura e Assembleia Legislativa liberaram 27 milhões para um evento privado em Porto Alegre, o South Summit, que cobrava ingressos de até 5 mil reais.

"Como é que estão dando dinheiro público para investir em um evento privado e os projetos da reconstrução não estão andando como a gente imagina?", questiona Lacerda, que protocolou junto a outras entidades da sociedade civil uma ação no Ministério Público e Tribunal de Contas do estado para investigar o evento que ocorreu em meados de abril.

Outro problema apontado pela Agapan é a exclusão da natureza no projeto de reestruturação após a tragédia. A regeneração de sistemas de proteção de natural, como a recomposição das matas nas encostas de morros e margens dos rios, seria fundamental para evitar novas enchentes.

"São estratégias para firmar a terra, evitar que a água corra com grande velocidade, evitar a erosão das lavouras para dentro dos rios fazendo com que fiquem assoreados", detalha Lacerda, expondo os altos gastos em andamento para o desassoreamento de rios.

Para a Agapan, mesmo depois dos impactos vividos em Porto Alegre com as chuvas de 2024, a visão sobre governar o estado não mudou. "No conjunto das coisas, parece que o governo está encaminhando bonito. Mas o governo e sua base parlamentar não mudaram nada a pressão que fazem sobre o meio ambiente", afirma.

<><> Falta de transparência

Fernando Dornelles, professor da UFRGS, diz que é incerto o que pode acontecer na capital gaúcha se muita chuva cair. O estudo de revisão do atual sistema de proteção vai demorar para ser concluído e, quando a prefeitura souber o que fazer, as obras de engenharia devem levar anos.

Já se sabe que o dique do Sarandi, por exemplo, que protegia a região onde Jéssica morava, vai precisar de um alteamento de 1,5 metro. Segundo a prefeitura, a primeira fase da obra foi concluída e será retomada após a remoção das famílias em situação irregular.

"Visto que estamos com vários pontos abertos no sistema, se o Guaíba subir hoje, Porto Alegre vai inundar. Qual é o plano da cidade para se proteger emergencialmente? Uma cheia de 3,5 metros já vai causar um grande problema", diz Dornelles em entrevista à DW.

A população precisa conhecer o plano, caso ele exista, argumenta o professor. Construir barreiras físicas de emergência não é apenas fazer uma pilha de sacos de areia. "Existe uma técnica para isso. As pessoas precisam estar preparadas, saber quanto de material será necessário, quantas pessoas serão necessárias e em quanto tempo precisam fazer tudo”, complementa.

Heverton Lacerda, da Agapan, concorda. "A gente não sabe se diques, comportas, sistemas de bombas estão funcionando. E se a prefeitura treinou o pessoal para utilizar. Tem pouca informação e não é confiável", afirma.

<><> À espera de um recomeço

É no barraco improvisado de dois cômodos que Jéssica de Mello cuida do filho de nove anos que sofre de esquizofrenia. Por causa das sequelas deixadas pelo câncer, ela tem dificuldades para trabalhar. O marido dela às vezes faz alguns bicos em reformas de casas. Basicamente, a família sobrevive com doações.

Logo após a enchente, Mello e outras pessoas desabrigadas tiveram uma reunião com o prefeito e ouviram a promessa de que seriam retiradas da vila alagada em no máximo quatro meses. Em dezembro passado, ela foi sorteada num programa de moradia popular, mas o apartamento ainda não foi entregue à família.

"Eu queria sair daqui logo. Meu plano é vender salgados, bolo, trabalhar em algo que eu não precise fazer muito esforço porque só tenho um pulmão. Lá vai ser bom também porque fica bem perto do hospital psiquiátrico onde meu filho faz tratamento e numa parte alta da cidade, acho que não vai ter enchente", diz Mello à DW.

 

Fonte: DW Brasil

 

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