sábado, 17 de maio de 2025

Áudios de agente da PF enfraquecem discurso pró-anistia para Bolsonaro e aliados no Congresso

Os áudios revelados pela Polícia Federal (PF) com declarações do agente Wladimir Soares, investigado por participação na tentativa de golpe de estado, são uma síntese de tudo o que a investigação descobriu até o momento e têm o potencial de desidratar a principal aposta política do entorno de Jair Bolsonaro: a anistia.

O áudio chega como uma bomba no Congresso Nacional, pois corrobora os relatos e provas já reunidos, tornando mais difícil encontrar apoio político para a anistia de investigados ligados aos atos golpistas de 2022 e ao 8 de janeiro de 2023. Com isso, enfraquece ainda mais a chance de se encontrar parlamentares simpáticos a essa proposta.

O conteúdo das mensagens reforça o caráter estruturado da tentativa de golpe. Esse tipo de evidência desmonta a narrativa de que os atos foram espontâneos ou motivados apenas por indignação popular, minando o discurso de que podem ser perdoados

De acordo com a perícia da PF, os áudios foram encontrados em aparelhos eletrônicos do policial Wladimir Soares, preso preventivamente durante as investigações. Nas gravações, ele afirma que estava pronto para participar de uma ação para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles Alexandre de Moraes, e revela que aguardava apenas um "ok" do ex-presidente Bolsonaro. "O presidente deu para trás", disse o agente no áudio.

Wladimir também admite que sua equipe tinha "poder de fogo elevado" e estava disposta a "matar meio mundo de gente" se necessário. Em outro trecho, ele critica generais do Exército por supostamente terem abandonado Bolsonaro após negociações com o governo eleito. "O PT pagou para eles, comprou esses generais", afirmou.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Wladimir por participação na organização criminosa que tentou abolir o Estado Democrático de Direito. A PF aponta que o policial não só integrou o grupo, como também manteve interlocução com outros agentes da corporação.

•        Policial registrava conversas com teor golpista em computador da PF, diz relatório

A Polícia Federal acrescentou novos elementos de prova ao relatório sobre a trama golpista e esclareceu como conseguiu ter acesso a essas informações.

São os áudios revelados pela TV Globo sobre como o policial federal Wladimir Soares planejava "matar meio mundo" para atentar contra a democracia, viabilizar um golpe de Estado e eliminar pessoas consideradas obstáculos ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em um dos relatórios enviados nesta quarta-feira (14) ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF relata que o policial registrava boa parte das conversas de teor criminoso num computador funcional da instituição. Os investigadores, por meio do backup desse notebook, conseguiram resgatar essas conversas.

“A Polícia Federal logrou êxito em recuperar o arquivo de backup do aplicativo WhatsApp, que estava armazenado, em sua maioria, no notebook funcional do indiciado, identificando registro de conversas relevantes para o contexto investigativo”, diz o o documento.

Segundo a PF, os áudios e mensagens são “novos elementos de prova, que ratificam o contexto fático criminoso descrito no relatório final da investigação”.

Em se tratando de novos dados, as informações só podem ser incluídas no julgamento em curso no STF sobre a tentativa de golpe caso os advogados já tenham tido acesso e tenham conseguido enviar suas defesas sobre os elementos ao STF.

O ministro Alexandre de Moraes nesta quinta-feira (15) encaminhou as novas informações para conhecimento das defesas de todos os denunciados na trama golpista.

<><> ‘Matar meio mundo’, diz policial em áudio

Áudios revelam que policial fazia parte de plano para prender ou matar autoridades

A perícia da Polícia Federal em aparelhos do agente Wladimir Soares revelou áudios em que ele menciona um grupo armado preparado para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele também admite que a equipe estava disposta a usar força letal, acrescentando que iriam "matar meio mundo" se necessário.

Além disso, o policial critica o ex-presidente Jair Bolsonaro, dizendo que ele "deu para trás" ao não autorizar ações mais drásticas para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Wladimir foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Inicialmente investigado por enviar mensagens com informações sobre a segurança de Lula para servidores ligados a Bolsonaro, o policial federal teve celulares e aparelhos eletrônicos apreendidos pela PF no mesmo dia em que foi preso preventivamente.

Ainda segundo os investigadores, o policial federal "admitiu, em mensagem de áudio, que integrava uma equipe de operações especiais, que estava pronta para defender o então presidente Jair Bolsonaro, com um poder de fogo elevado para, em suas próprias palavras, 'empurrar quem viesse à frente'".

<><> Planos para prender ministros

Novos áudios da trama golpista detalham tentativa de ataques a autoridades

Em um dos áudios, Wladimir revela que ele e sua equipe estavam prontos para prender o ministro Alexandre de Moraes e outros membros do STF, caso Bolsonaro tivesse autorizado.

"A gente tava preparado para isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre de Moraes. Eu ia estar na equipe, ia botar para f** nesse f**, mas não é assim", disse o policial na gravação.

Ele também menciona que a operação só não aconteceu porque Bolsonaro não deu a ordem esperada.

¨      Perícia revela áudios do agente Wladimir Soares

Novos áudios obtidos e periciados pela Polícia Federal (PF), divulgados nesta quarta-feira (14) pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, expõem detalhes chocantes da trama golpista que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 para manter Jair Bolsonaro no poder. O agente da PF Wladimir Matos Soares, de 53 anos, revelou em gravações que integrava um grupo armado e preparado para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com autorização para uso de força letal.

As gravações, que foram anexadas ao inquérito e deram base à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), expõem a disposição do grupo para ações violentas e o descontentamento de Wladimir com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teria "dado para trás" de última hora. 

“A gente tava preparado para isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre de Moraes”, diz o agente em um dos áudios periciados pela PF. 

Em outra gravação, Wladimir afirma com clareza que ele e sua equipe estavam prontos para agir contra ministros do STF, especialmente contra Alexandre de Moraes:

"A gente tava preparado para isso, inclusive. Para ir prender o Alexandre de Moraes. Eu ia estar na equipe, ia botar para f** nesse f***, mas não é assim."

O policial detalha que o grupo aguardava apenas a autorização de Bolsonaro para executar a operação:

"A gente tava pronto, só que aí o presidente... Esperávamos só o ok do presidente, uma canetada para a gente agir. Só que o presidente deu para trás."

<><> Disposição para violência extrema: “Matar meio mundo de gente”

As gravações mostram que a equipe não apenas planejava prisões, mas estava disposta a usar violência letal contra quem estivesse na frente:

"A gente ia com muita vontade, ia empurrar meio mundo de gente, pô, matar meio mundo de gente. Não ia estar nem aí."

Wladimir também expressou revolta com o Exército, afirmando que os generais "se venderam" ao governo Lula, o que teria comprometido o apoio militar esperado para a operação:

"Os generais foram lá e deram a última forma e disseram que não iam mais apoiar ele. Ou seja, foram... Na realidade, o PT pagou para eles, comprou esses generais."

<><> Críticas a Bolsonaro: “Faltou um pulso para dizer ‘vamos com os coronéis’”

Em diversos áudios, o policial faz críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que ele perdeu a oportunidade de tomar uma atitude firme e derrubar a posse de Lula:

"Bolsonaro faltou um pulso para dizer: não tenho general, tenho coronel, vamos com os coronéis que a tropa toda queria. Só os generais que não deixaram."

Segundo Wladimir, Bolsonaro foi traído internamente e acabou recuando no momento decisivo:

"O presidente deu para trás... Esperávamos só o ok, mas não veio."

<><> Comunicação e articulação interna na Polícia Federal

Os áudios também revelam conversas entre Wladimir e outros agentes da PF sobre a operação. Em um diálogo com um delegado, ele comenta o plano de prisão contra membros do STF e sugere a inclusão do interlocutor na equipe:

– Wladimir: "Se algum ministro do STF for preso, tu vai estar junto com a gente."

– Delegado (por escrito): "Grande Wladimir! Estaremos eu e você."

Além disso, há registros do clima de desespero e arrependimento no grupo após a posse de Lula, com Wladimir confessando:

"Minha vontade era chorar, meu estômago todo embrulhado. A vontade era chorar só."

<><> Desmobilização do movimento golpista

Em áudios finais, o agente relata que o Exército começou a desmobilizar os acampamentos pró-Bolsonaro em Brasília, recomendando que as famílias deixassem o local para evitar confrontos:

"O Exército já está começando a tomar medidas, bloquear as vias, e não é porque querem que acabe, não. É porque a manifestação já legitimou."

<><> Denúncia e investigação

Wladimir Matos Soares foi preso preventivamente e denunciado pela PGR pela participação na organização criminosa que tentou violentar o Estado Democrático de Direito em 2022. Ele também foi investigado por divulgar informações sigilosas sobre a segurança do presidente Lula a servidores ligados a Bolsonaro.

Até o momento, a defesa do agente não se manifestou sobre os áudios que vieram à tona. 

<><> Plano para matar Lula

Em novembro de 2024, a Polícia Federal (PF) obteve áudios que comprovam a articulação de militares de alta patente e membros do governo Bolsonaro para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

São mais de 50 gravações de conversas em aplicativos de mensagens, enviadas em novembro de 2022, ou seja, após a vitória de Lula na eleição de outubro, em que os golpistas discutem a "operação Punhal Verde e Amarelo", que consistiria no assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, instalação de um "gabinete de crise" e manutenção de Jair Bolsonaro na presidência da República, em detrimento da derrota eleitoral do ex-presidente. 

Segundo os investigadores, o general da reserva e ex-número 2 da Secretária-Geral da Presidência, Mario Fernandes, foi um dos principais articuladores do plano golpista, que teria sido impresso no Palácio do Planalto, levado ao Palácio da Alvorada e discutido na casa do ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice de Bolsonaro na eleição de 2022, general Walter Souza Braga Netto. A PF afirma, ainda, que os militares envolvidos no plano de golpe estavam em contato direto com "manifestantes" que acampavam em Brasília contra o resultado das urnas e que protagonizaram os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. 

“Qualquer solução, caveira, tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, sem quebrar cristais”, diz Mario Fernandes a um "kid preto", militar membro das Forças Especiais do Exército, em um dos áudios obtidos pela PF e divulgados pelo programa "Fantástico", da TV Globo, na noite desta domingo (25). “Tá na cara que houve fraude. Tá na cara. Não dá mais pra gente aguardar essa porra", dispara então o general. 

Um militar não identificado no mesmo grupo de aplicativo de mensagens em que os áudios estavam sendo enviados, então, respondeu: 

“Eu tô pedindo a Deus pra que o presidente tome uma ação enérgica e vamos, sim, pro vale tudo. E eu tô pronto a morrer por isso”. 

“O presidente tem que fazer uma reunião com o petit comité. Esse pessoal acima da linha da ética não pode estar nessa reunião. Tem que ser a rataria. Tem que debater o que vai ser feito”, emenda outro. 

Em dado momento, o general Mario Fernandes chega a dizer que pretende dar um golpe de Estado no Brasil como o deflagrado por militares em 1964, que deu início a uma ditadura de mais de 20 anos. 

“Talvez seja isso que o alto comando, que a defesa quer. O clamor popular, como foi em 64. Nem que seja pra inflamar a massa. Para que ela se mantenha nas ruas". 

•        Agente da PF espionou delegado que coordenou posse de Lula

O agente da Polícia Federal Wladimir Soares, investigado pela trama golpista, espionou o delegado Cleyber Malta Lopes, que atuava como Coordenador de Execução da operação da Polícia Federal na segurança da cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

A informação está no relatório da Polícia Federal enviado para o ministro Alexandre de Moraes. Ele teria encaminhado uma foto do delegado da PF Cleyber Malta para Sérgio Rocha Cordeiro, assessor especial da Presidência no governo Bolsonaro.

De acordo com o relatório, Cordeiro era o contato de Wladimir com o núcleo palaciano do golpe. Ele ainda teria repassado para o assessor dados e localização do sargento reformado Misael Melo da Silva, que também fazia parte da equipe de segurança de Lula. Wladimir obtinha as informações com policiais de força tática na equipe, segundo a PF.

O agente foi denunciado por fornecer informações sigilosas sobre a segurança de Lula, o que era parte do planejamento operacional “Punhal verde amarelo”. O plano envolvia a possibilidade de assassinar o presidente eleito.

Uma perícia da PF no aplicativo WhatsApp, em aparelhos apreendidos do agente, revelou áudios em que ele menciona um grupo armado preparado para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele também afirma que iriam "matar meio mundo" se necessário. Além disso, o policial critica o ex-presidente Jair Bolsonaro, dizendo que ele "deu para trás" ao não autorizar ações mais drásticas para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

A análise dos arquivos do WhatsApp revelaram também trocas de mensagens entre Wladimir e o delegado de Polícia Federal Flávio Rodrigues Calil Daher, lotado na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal.

Em 22 de dezembro, Wladimir disse, em áudio, segundo a PF:

"Professor Calil, meu irmão, boa noite. Meu filho, se as coisas mudarem lá para frente e por um acaso um desses ministros do STF forem ser presos, principalmente Alexandre de Moraes, pode saber que o senhor vai ser convocado para estar numa equipe desta, caso a Polícia Federal venha a fazer isso, certo? E o senhor estando numa equipe dessa, eu gostaria muito de estar na sua equipe, viu? Para fazer sua segurança".

O delegado Calil, então, responde. “Grande Wladmir! Estaremos eu e você!”

De acordo com o relatório, o agente investigado confirmou que foi escalado para trabalhar na posse presidencial nas eleições de 2022, sendo um dos coordenadores da segurança fixa dos hotéis. No mesmo ano, segundo ele, também foi convidado para compor uma equipe que faria a segurança do Palácio do Planalto e do então presidente Jair Bolsonaro, caso ele “não entregasse a faixa presidencial”.

 

Fonte: g1/Fórum

 

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