segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Potências mundiais debatem segurança na era Trump

Os laços tradicionalmente estreitos entre os Estados Unidos e a Europa marcam há décadas a Conferência de Segurança de Munique (MSC, na sigla em inglês), principal fórum mundial para políticas de segurança. Apesar de algumas diferenças, a cooperação entre os americanos e europeus era bem azeitada e a apreciação, mútua. Mas desde que Donald Trump assumiu a Casa Branca, essa certeza vem se desfazendo. O evento é, portanto, também um termômetro do estado das relações transatlânticas.

·        Novas tensões entre os EUA e seus aliados?

Uma coisa é certa: um vento diferente sopra de Washington, ainda que essas sejam só as primeiras semanas do segundo mandato de Trump como presidente dos EUA. "Os EUA em primeiro lugar" é o lema incondicional de Trump, mesmo que suas políticas sejam à custa de seus aliados. Essas tensões provavelmente moldarão alguns dos debates na tradicional sede da MSC, o hotel Bayerischer Hof. Encerrada neste domingo, cerca de 60 chefes de Estado e de governo se reuniram com outros políticos, líderes militares e especialistas.

·        "Explorado" pela Europa

A Conferência de Segurança de Munique é uma reunião informal; não há tomada de decisões. É exatamente por isso que o evento tradicionalmente cultiva uma troca aberta, e os conflitos não são varridos para debaixo do tapete. O novo tom nas relações transatlânticas, mais áspero, já foi dado pelo próprio Trump. "Fomos explorados pelas nações europeias tanto no comércio quanto na Otan", disse o americano durante a campanha eleitoral. "Se eles não pagarem, não os protegeremos", prometeu, dirigindo-se aos europeus. As duas frases foram incluídas no Munich Security Report, publicado anualmente por ocasião da conferência.

Os investimentos militares de alguns membros europeus da Otan são considerados insuficientes pelo republicano. Ele também criticou repetidamente a Alemanha por causa disso. Washington tem assumido a maior parte dos custos da Otan e oferece à Europa uma proteção militar confiável. Agora isso está vinculado a condições: Trump exige que os aliados gastem 5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa. A Alemanha consegue, com muito esforço, atingir os 2% que agora são considerados o padrão mínimo na Otan.

Trump já provou que pode cortar os fundos americanos de organizações ativas internacionalmente. De acordo com o Munich Security Report, o grupo em torno do presidente dos EUA também justifica isso argumentando que até mesmo a potência global tem recursos limitados e deve usá-los para o bem de seu próprio país. "De fato, o conceito de 'escassez de recursos' tornou-se uma premissa central do pensamento republicano sobre política externa", afirma o relatório. Isso também pode ter um impacto negativo na ajuda à Ucrânia, na qual os EUA têm um papel de líder até o momento. Trump confirmou nesta quarta-feira a reunião de seu vice com Zelenski na Alemanha, após telefonar com o governante ucraniano e o presidente russo, Vladimir Putin. Nas ligações, os líderes se comprometeram a iniciar negociações para um acordo de paz. Kiev teme que Trump possa cortar o apoio financeiro e militar, conforme anunciado com frequência durante a campanha eleitoral. Recentemente, falou-se de um possível acordo: ajuda dos EUA em troca de matérias-primas ucranianas, como terras raras. É possível que essas propostas ganhem contornos mais concretos.

Nos dias que antecederam a conferência, circularam rumores de que Vance e sua comitiva poderiam apresentar em Munique o plano do governo Trump para acabar com a guerra na Ucrânia. O presidente da conferência, Christoph Heusgen, expressou a esperança de que um plano de paz possa tomar forma em Munique. O diplomata enfatizou que a integridade territorial e a soberania da Ucrânia devem ser preservadas – isso, apesar de Trump ter dito nesta quarta-feira considerar "não ser realista" que a Ucrânia possa retornar às suas fronteiras anteriores a 2014, quando a Rússia começou a ocupar seus territórios, nem que o país possa se juntar à Otan como resultado de um acordo de paz. Representantes do governo russo não foram convidados para a MSC. Já representantes da oposição russa e de organizações não governamentais são bem-vindos em Munique.

<><> A reivindicação de Trump sobre a Groenlândia

As ameaças de Trump de anexar territórios pela força, se necessário, incluindo a Groenlândia, que pertence à Dinamarca, causaram agitação e horror na Europa. O vice de Trump, J.D. Vance, está por trás dos planos de expansão de Trump. Caso ele reafirme esses planos em Munique, é provável que encontre uma oposição feroz, principalmente dos representantes da UE e dos estados europeus. Os europeus reagiram à ameaça de Trump com a advertência de que os EUA devem obedecer às leis internacionais. "A inviolabilidade das fronteiras é um princípio fundamental do direito internacional. Esse princípio deve se aplicar a todos", comentou o chanceler federal alemão, Olaf Scholz. Não foi sem razão que o presidente da conferência, Heusgen, enfatizou a importância do direito internacional várias vezes antes da conferência. "Na minha opinião, não há alternativa melhor do que a ordem refletida na Carta das Nações Unidas."

<><> Eleições alemãs

A política interna alemã desempenhou um papel especial na conferência deste ano, já que a reunião foi realizada a apenas uma semana das eleições federais antecipadas de 23 de fevereiro e, portanto, no meio da reta final da campanha. Vários candidatos confirmaram presença na MSC, incluindo o líder do partido conservador CDU e aspirante a chanceler Friedrich Merz – que, segundo as pesquisas, é o favorito para vencer as eleições. Os candidatos se veem confrontados com questões como quanto dinheiro a Alemanha investirá em suas Forças Armadas e de onde ele deve vir, tendo em vista os orçamentos apertados. A questão não é se, mas como a Alemanha e a Europa podem fazer mais por sua própria segurança. Agora que Trump voltou à Casa Branca, é provável que esse tópico seja discutido na Conferência de Segurança de Munique com mais urgência do que nunca. 

¨      J.D. Vance, vice de Trump, causa espanto entre aliados europeus

Nesta semana, uma decisão de Donald Trump abalou as relações dos Estados Unidos com parceiros europeus. Ele optou por dialogar sozinho com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre o fim da guerra na Ucrânia. Na sexta-feira (14), em uma conferência internacional, o vice de Trump causou ainda mais espanto entre os aliados históricos. O objetivo do encontro foi discutir desafios à segurança do planeta. Todo ano tem. Mas, desta vez, as cartas estão bastante embaralhadas. Os Estados Unidos enviaram o vice-presidente. J.D. Vance chocou o público com o tom nada diplomático das críticas que fez aos próprios aliados. Ele declarou que tem um novo xerife na cidade - se referindo ao chefe dele, o presidente Donald Trump. Disse que os europeus são aliados importantes, mas cobrou que eles aumentem os investimentos na área de defesa e assumam um papel maior na segurança do próprio continente.

O auditório em Munique esperava alguma palavra sobre a proposta americana para acabar com a guerra na Ucrânia - que é o grande elefante na sala desde que Trump telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, para negociar o fim do conflito. Na sexta-feira (14), o vice-presidente preferiu tratar de liberdade de expressão. Disse que a ameaça à Europa não é a Rússia ou a China, mas uma ameaça que vem de dentro. Acusou os governos europeus de não defenderem os valores democráticos o suficiente. J.D. Vance manifestou apoio a políticos anti-imigração e criticou a estratégia de outros partidos de isolar a extrema direita. Autoridades da Alemanha interpretaram como uma referência direta à campanha eleitoral em curso no país. O ministro da Defesa alemão colocou os pingos nos “Is” e rebateu o vice-presidente. Boris Pistorius declarou: "Ele questionou a democracia na Alemanha e em toda a Europa. Ele falou em fim da democracia. Se eu o entendi bem, ele comparou a situação em partes da Europa com a de regimes autoritários. Isto não é aceitável”.

O ministro afirmou que a visão de Vance não corresponde ao que ele vive no continente e destacou que, no país dele, todas as opiniões têm voz e que partidos de extrema direita fazem campanha como qualquer outro. J.D. Vance também rompeu com o tom sóbrio da conferência ao usar ironia para falar sobre a relação da Europa com o bilionário Elon Musk - que é contra as regulações do continente para as redes sociais e que tem declarado apoio à extrema direita. Vance disse: "Se a democracia americana sobreviveu a dez anos de críticas da ativista ambiental Greta Thunberg, vocês conseguem sobreviver a alguns meses de Elon Musk”.

No discurso, o vice-presidente driblou a questão ucraniana, mas nos bastidores se reuniu com Volodymyr Zelensky. Logo antes da reunião, o presidente da Ucrânia disse que não acredita que os Estados Unidos tenham um plano pronto para acabar com a guerra. Ele afirmou: "Só vou me encontrar com um único russo, Putin, e só depois de chegar a um plano comum com a Europa e Trump”.

Depois do encontro com Vance, Zelensky disse que a reunião foi boa, mas que é preciso conversar mais. Donald Trump tem demonstrado impaciência com o conflito na Ucrânia. O governo dele sinalizou que os ucranianos talvez precise ceder território aos russos. A posição preocupa os europeus, que querem participar das negociações de paz, e não querem que o conflito se encerre de qualquer jeito. Eles exigem um acordo justo, que garanta a segurança dos ucranianos. A presidente da Comissão Europeia deu, na sexta-feira (14) um aviso: "Um fracasso na Ucrânia enfraqueceria a Europa, mas também enfraqueceria os Estados Unidos”.

¨      Scholz rebate discurso de Vance e acusa "interferência"

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, lançou neste sábado (15/02) duras críticas aos comentários feitos pelo vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, na Conferência de Segurança de Munique, em meio a preocupações com a nova diplomacia adotada pelos Estados Unidos sob a Presidência de Donald Trump. Nesta sexta-feira, Vance utilizou seu discurso em Munique para questionar os valores democráticos europeus, ao invés de tratar do tema da segurança externa da Europa ou das tensões geradas pela guerra na Ucrânia. O republicano acusou as autoridades europeias de limitar a liberdade de expressão e excluir partidos que expressam fortes preocupações sobre a imigração. De maneira velada, Vance declarou apoio à plataforma do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), o que gerou fortes reações da cúpula do governo alemão.

No mesmo palco onde Vance discursou no dia anterior, Scholz lembrou que os membros da AfD banalizam o passado nazista da Alemanha e os crimes monstruosos cometidos durante o regime, e insistiu que não deve haver interferências externas na campanha eleitoral alemã, a poucos dias das eleições gerais no país. "Não aceitaremos que pessoas de fora interfiram a favor desse partido em nossa democracia, em nossas eleições e no processo de formação de opinião democrática", disse Scholz. "Isso é impróprio, especialmente entre amigos e aliados, e rejeitamos veementemente isso. Como nossa democracia prosseguirá é algo que nós decidiremos por nós mesmos", prosseguiu.

O chanceler também rebateu as críticas de Vance ao chamado "cordão sanitário" – o consenso entre os principais partidos da Alemanha que visa isolar a extrema direita das decisões políticas. "Estamos absolutamente certos de que a extrema direita deve ficar de fora do processo de tomada de decisão política e que não haverá cooperação com eles", disse. Scholz mencionou a visita do vice de Trump ao campo de concentração de Dachau, próximo a Munique, e o compromisso assumido por ele de "nunca mais" permitir que tais atrocidades sejam cometidas. Os crimes do Holocausto foram a razão pela qual "a ampla maioria dos alemães se opõe firmemente àqueles que glorificam ou justificam" os nazistas, disse o social-democrata, destacando que foi exatamente isso que membros da AfD fizeram ao banalizar os crimes cometidos pelo regime. "Um compromisso de 'nunca mais' não pode ser conciliado com o apoio à AfD", reiterou.

<><> "Distorção do que consideramos ser democracia"

No dia anterior, o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, acusou Vance de distorcer a realidade em sua interpretação sobre os valores democráticos europeus. "O vice-presidente dos EUA questionou a democracia em toda a Europa. E se eu o entendi corretamente, ele está comparando as condições em partes da Europa com as de regiões autoritárias" Isso não é aceitável. Essa não é a Europa e não é a democracia na qual eu vivo e na qual estou fazendo campanha atualmente", afirmou.

Cathryn Clüver-Ashbrook, cientista política da Fundação Bertelsmann e ex-diretora do Conselho Alemão de Relações Exteriores (DGAP), disse à DW que o discurso de Vance revelou "quais estratégias podemos esperar na distorção do que consideramos ser democracia em seu entendimento factual, fundamental e também baseado em normas". "O primeiro terço do discurso foi salpicado de teorias da conspiração, desinformação e um convite para levar essas distorções a sério", comentou.

 

¨      Estaria a aliança transatlântica com os dias contados?

O silêncio se espalhou pelo salão, a tensão era quase palpável quando o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, subiu ao púlpito da Conferência de Segurança de Munique nesta sexta-feira (14/02).

Apenas dois dias antes, o mundo parecia ser um lugar diferente. É claro que os europeus já haviam percebido que seria difícil lidar com o presidente americano Donald Trump e que seu segundo mandato na Casa Branca seria um teste para as relações entre os Estados Unidos e a Europa.

No entanto, um telefonema entre Trump e o presidente russo Vladimir Putin, na noite de quarta-feira, provocou ondas de choque na União Europeia e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os europeus temem ser completamente marginalizados nas conversas sobre a Ucrânia – talvez até mesmo na reorganização da ordem internacional. 

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, soou quase suplicante quando se dirigiu diretamente a Vance em seu discurso de abertura na Conferência de Segurança de Munique: "O que quer que vocês planejem, discutam conosco!" 

Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostrou-se autoconfiante ao defender que a Europa deve e vai gastar muito mais dinheiro com defesa, expandirá suas capacidades de armamento. Mas ressaltou que a Europa já fez muito, e que vê-la forte é de interesse dos EUA. "Uma Ucrânia derrotada enfraqueceria a Europa, mas também enfraqueceria os Estados Unidos. Os regimes autoritários de todo o mundo estão observando atentamente para ver se é possível sair impune invadindo vizinhos e violando fronteiras internacionais ou se há um verdadeiro limite", disse. 

<><> "O que estamos realmente defendendo?"

Já J.D. Vance falou por 18 minutos, mas evitou mencionar a segurança externa da Europa ou a Ucrânia. Em vez disso, deu uma espécie de palestra sobre o que o governo Trump considera ser a democracia. 

Segundo Vance, a Europa sempre enfatiza os valores comuns, mas nos EUA as pessoas estão "preocupadas com o que são esses valores". A maior ameaça ao continente europeu não seria a Rússia nem a China, mas viria de dentro, com a Europa abandonando alguns de seus valores mais fundamentais.

Um sinal disso, no raciocínio de Vance, seria a anulação das eleições presidenciais na Romênia, que ele considera legítimas – a Suprema Corte do país cita evidências de influência russa. Os eleitores europeus estariam preocupados com a imigração, e a liberdade de expressão na Europa estaria "em retrocesso", apontou ao condenar a existência de "cordões sanitários" na política.

Vance não citou explicitamente o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), que até agora é mantido afastado do poder pelos demais partidos alemães no parlamento, mas é o segundo colocado nas intenções de voto. 

Momentos depois de discursar, Vance esteve com a líder e principal candidata da sigla, Alice Weidel, segundo um porta-voz da AfD. Outro emissário do governo americano, o bilionário Elon Musk, tem trabalhado para eleger o partido anti-imigração e eurocético.

"Não sabemos nem mesmo o que estamos realmente defendendo neste mundo. O que vocês estão defendendo?", indagou à plateia de aliados europeus, em sua maioria perplexos.

<><> Críticas contundentes ao discurso de Vance

"O vice-presidente dos EUA questionou a democracia em toda a Europa. E se eu o entendi corretamente, ele está comparando as condições em partes da Europa com as de regiões autoritárias", reagiu o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius. "Isso não é aceitável. Essa não é a Europa e não é a democracia na qual eu vivo e na qual estou fazendo campanha atualmente."

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, também criticou a fala de Vance. "O que foi dito aqui é irritante e não pode ser simplesmente descartado e minimizado", disse à rádio Deutschlandfunk. "Precisamos de um cordão sanitário", insistiu, aludindo à experiência traumática da Alemanha com o nazismo.

Para Cathryn Clüver-Ashbrook, cientista política da Fundação Bertelsmann e ex-diretora do Conselho Alemão de Relações Exteriores (DGAP), o discurso de Vance rompeu com o protocolo. "Mas de uma forma diferente do que se poderia esperar", afirma à DW.  Normalmente, não se comenta sobre questões políticas internas com aliados em um contexto como esse – uma conferência destinada a discutir majoritariamente questões de segurança.  

Para Clüver-Ashbrook, o discurso revela "quais estratégias podemos esperar na distorção do que consideramos ser democracia em seu entendimento factual, fundamental e também baseado em normas". "O primeiro terço do discurso foi salpicado de teorias da conspiração, desinformação e um convite para levar essas distorções a sério", comenta.

<><> Normas deformadas

Ao longo do discurso de Vance, ficou claro que a discordância transatlântica não é mais "apenas" sobre os pontos problemáticos do mundo, a Ucrânia, o Oriente Médio ou a divisão justa de fardos. A ruptura no relacionamento entre os EUA e seus parceiros europeus é muito mais fundamental. 

Durante décadas, a tão aclamada "comunidade de valores" foi a cola ideológica que manteve o mundo ocidental unido. Os aliados da Otan e da UE sempre podiam invocar a defesa da democracia, da liberdade de opinião e do Estado de Direito. Mas agora esses conceitos estão sendo sequestrados, reinterpretados e reformulados por partes da elite política, e não apenas nos EUA. E essa divisão agora atravessa a aliança entre estes países. 

Mas como os europeus devem lidar com a nova situação? Clüver-Ashbrook diz que a capacidade europeia de exercer influência deve agora ser "completamente repensada". O primeiro passo será se colocar na nova perspectiva dos EUA e definir o que eles podem oferecer a Washington para enfatizar novamente os pontos em comum. 

Isso foi muito mais fácil durante o primeiro mandato de Trump, porque ainda havia interesses semelhantes. "O presidente [dos EUA] está muito mais isolado agora. Elon Musk poderia ter escrito o discurso de Vance", argumenta Clüver-Ashbrook. Por isso, diz, é ainda mais importante a Europa se apresentar em uma frente unida.

China acena com simpatia

Na conferência, o apoio aos europeus veio de um lugar muito mais inesperado. O discurso polêmico de Vance foi imediatamente seguido por uma aparição do Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, que adotou um tom muito mais conciliatório em relação ao velho continente. 

Ele vê a Europa e a China como "parceiros, não rivais". Para Pequim, a UE "sempre foi um polo importante no mundo multipolar". "Devemos preservar o sistema internacional liderado pela ONU", disse Wang. Para ele, a Europa desempenha um "papel importante" no processo de paz na Ucrânia.

Após esse memorável primeiro dia da Conferência de Segurança de Munique, uma coisa está clara: a estrutura de poder global está diante de uma enorme reviravolta. E o resultado está mais incerto do que nunca.

 

Fonte: DW Brasil/g1

 

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