quinta-feira, 1 de agosto de 2024

A síndrome do intestino permeável que começa com gases e inchaço, mas pode evoluir para doenças graves

Recentemente, tem se falado muito sobre o conceito de “intestino permeável”.  Mas poucos sabem do que realmente se trata. A síndrome do intestino permeável pode estar ligada a doenças como esclerose múltipla, artrite reumatoide, depressão, diabetes tipo 1 e síndrome da fadiga crônica, além de inflamações intestinais como a doença celíaca e a doença de Crohn.

Para entender a síndrome do intestino permeável, precisamos primeiro compreender o conceito de permeabilidade. Algo permeável permite a passagem de substâncias de um lado para o outro. Imagine a impermeabilização de um sofá: o produto químico aplicado impede que líquidos penetrem no estofado. No intestino, o mesmo conceito se aplica: um intestino permeável permite que substâncias passem para a circulação sanguínea.

Nosso intestino possui um revestimento mucoso projetado para absorver água e nutrientes dos alimentos que consumimos. Quando essa barreira é comprometida, ela permite que toxinas, bactérias e partículas de alimentos não digeridos passem para a corrente sanguínea, o que pode desencadear uma resposta imunológica exagerada e crônica, causando inflamação sistêmica e potencialmente contribuindo para o desenvolvimento de diversas doenças autoimunes e inflamatórias.

•        Quais fatores podem danificar esse revestimento do intestino?

Fatores como dieta pobre, estresse, uso excessivo de medicamentos como antibióticos e anti-inflamatórios, infecções e toxinas ambientais podem danificar essas junções, levando ao aumento da permeabilidade intestinal.

•        Quais são os sintomas?

A permeabilidade intestinal pode causar um aumento na produção de gases e sensação de inchaço abdominal. Além disso, a alteração na absorção de nutrientes e a presença de toxinas podem levar a irregularidades intestinais, como diarreia ou constipação, desconforto e dores abdominais são comuns devido à inflamação e irritação das paredes intestinais.

A inflamação constante pode levar a um cansaço persistente e falta de energia, resultando em fadiga crônica. Toxinas e partículas alimentares que entram na corrente sanguínea podem causar enxaquecas e dores de cabeça frequentes.

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•        Mas é possível evitar o intestino permeável? Sim!

Para evitar o intestino permeável, é importante a adoção de um estilo de vida mais saudável que priorize uma dieta equilibrada no dia a dia. Isso inclui uma alimentação rica em fibras, através do consumo de frutas, vegetais, legumes e grãos integrais. Alimentos fermentados, como iogurte e chucrute, também são benéficos por conterem probióticos que ajudam a equilibrar a microbiota intestinal.

É importante evitar alimentos inflamatórios, como glúten e laticínios para aqueles com sensibilidade, além de óleos refinados e açúcares processados, que podem prejudicar o intestino. O uso de antibióticos e anti-inflamatórios não esteroides é recomendado somente com indicação médica, pois o uso excessivo desses medicamentos pode danificar a mucosa intestinal.

Além da alimentação, o gerenciamento do estresse é superimportante. Práticas relaxantes, como meditação, ioga e exercícios de respiração podem reduzir o estresse, que é um fator contribuinte para problemas intestinais, mas lembre-se: não a causa. A hidratação adequada e o exercício físico regular também desempenham um papel importante na manutenção da saúde digestiva.

Ao adotar essas práticas, é possível manter a integridade da barreira intestinal e prevenir o intestino permeável.

 

•        Doenças do intestino estão aumentando, principalmente no Sul e Sudeste: entenda por quê

Um estudo brasileiro publicado na revista The Lancet Regional Health Americas, apontou que a prevalência das chamadas Doenças Inflamatórias Intestinais aumentou 15% ao ano, sendo o sul e o sudeste do Brasil as regiões com maior número de casos. A análise foi feita com base nos dados do DataSUS no período de 2012 a 2020.

As DIIs correspondem a um conjunto de condições caracterizadas pela inflamação do trato gastrointestinal, podendo ocorrer da boca até o ânus. Mas porque as regiões Sul e Sudeste apresentam maior incidência da doença? Entenda!

<><> Por que o sul e o sudeste do Brasil têm mais casos de DIIs?

De acordo com Thiago Viana, médico do esporte e nutrólogo, a incidência dos casos de DIIs nas regiões sudeste e sul do Brasil podem ser atribuídas a diferentes fatores como um estilo de vida “ocidentalizado”, dieta e o perfil genético.

“Outro motivo que deve ser levado em consideração é o ambiental, devido a poluição, o estresse, a alimentação inadequada e o sedentarismo. A predisposição genética também é um ponto importante, levando em conta que regiões com maior diversidade genética podem ter um número elevado de doenças inflamatórias intestinais”, esclarece.

Entre outros fatores de risco que podem ser associados ao aumento dos casos estão:

•        Viver em áreas urbanizadas

•        Tabagismo

•        Alimentação pobre em fibras

•        Idade de 15 a 40 anos

•        Alteração da flora intestinal

•        Estresse

•        Infecções bacterianas e virais

<><> Quais são as doenças inflamatórias intestinais?

O especialista informa que as doenças inflamatórias mais comuns são:

•        Doença de Crohn: pode afetar qualquer parte do trato digestivo, sendo a boca até o ânus. Entre os principais sintomas estão episódios de diarreia, cólica abdominal, febre, dor nas articulações, perda de peso e de apetite

•        Retocolite ulcerativa: afeta o cólon e o reto, provocando sintomas como dor abdominal, diarreia, fezes com sangue, fadiga, anemia e prisão de ventre

<><> É possível prevenir as doenças inflamatórias intestinais?

Casos como os que apresentam predisposição genética não podem ser prevenidos. “Isso porque, a alimentação e a nutrição podem ultrapassar os fatores genéticos e ambientais na determinação dos resultados de saúde para doenças crônicas”, elucida o nutrólogo.

No entanto, Thiago Viana aconselha a adoção de algumas medidas que podem reduzir o risco de desenvolver as doenças inflamatórias intestinais. São elas:

•        Adotar uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras

•        Não fumar

•        Gerenciar o estresse com técnicas de relaxamento, como yoga ou terapia cognitivo-comportamental

•        Realizar acompanhamento médico regular, principalmente pessoas com histórico familiar ou que apresentam sintomas persistentes

 

•        Cérebro e intestino: descubra a incrível conexão entre essas partes do corpo

Eles se comunicam de uma forma bastante dinâmica e complexa. Isso porque, para quem não sabe, o intestino tem neurônios e aloja inúmeras bactérias que participam de processos importantíssimos ao organismo.

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Quando falamos em neurônios, são sim os mesmos que constituem o cérebro, e eles também ficam alojados no abdômen e têm uma alta produção de serotonina, a molécula que nos leva ao estado de bem-estar.

E eles não estão sozinhos: a flora intestinal, conhecida como microbiota, também interfere na comunicação entre o cérebro e o intestino. Hoje, evidências científicas mostram que problemas psicológicos e psiquiátricos podem não ter apenas a sua origem no cérebro, como acreditava-se antes, mas sim sofrer grande influência da microbiota.

A microbiota, por sua vez, tem imensa importância. Uma microbiota intestinal equilibrada com o bem-estar do nosso sistema digestivo, reduz, por exemplo, os casos de constipação e flatulência. E não é só isso. O ecossistema presente no intestino, e habitado por inúmeras bactérias, contribui com a regulação de várias funções fisiológicas, inclusive, com a produção de imunidade contra os agentes patogênicos (possíveis causadores de doenças), conforme apontou um estudo da Faculdade de Medicina do Imperial College London, na Inglaterra.

Portanto, uma rotina que inclui a prática de exercícios físicos regulares e uma alimentação balanceada ajuda a manter o bom funcionamento da microbiota intestinal. E, se ela vai bem, o intestino também fica bem. E o cérebro acaba se beneficiando desse bem-estar, assim como a saúde do corpo em geral. O caminho é um só, procure ter sempre um estilo de vida saudável!

 

Fonte: Minha Vida

 

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