sexta-feira, 1 de março de 2024

Rússia 'tem sido bem-sucedida' no combate à hegemonia dos EUA na América Latina, diz analista

O poder brando da Rússia no combate à hegemonia dos EUA na América Latina "é bem-sucedido", disse o historiador e analista internacional Daniel Trujillo Sanz à Sputnik ao comentar a mensagem anual do presidente russo Vladimir Putin.

Na sua mensagem anual à Assembleia Federal nesta quinta-feira (29), Putin defendeu o fortalecimento das relações com os países latino-americanos. Ele acrescentou que é importante que a Rússia procure novos pontos de convergência e aprofunde todo o leque de parcerias, especialmente com os colegas árabes e sul-americanos.

Quanto ao discurso do presidente, Sanz indicou que "assistimos um discurso sóbrio, conciso e direto do presidente Putin, como sempre, claramente estruturado". O analista fez um paralelo entre as palavras do chefe de Estado russo e líderes ocidentais, "cujos critérios parecem mudar todos os dias".

"Podemos nos referir ao [presidente francês Emmanuel] Macron como exemplo. Um dia ele lidera uma rebelião contra a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], outro dia propõe enviar forças francesas para a Ucrânia e praticamente desencadear uma guerra", enfatizou.

O analista deu ainda outros exemplos do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, com a entrada da Finlândia e da Suécia na OTAN. Além disso, chamou a atenção para a atitude da Alemanha "em relação à terrível e gravíssima sabotagem que sofreu no seu interesse nacional com a explosão do Nord Stream".

Ainda sobre a América Latina, Sanz acrescentou que é necessário admitir que os Estados Unidos "continuam a ter hegemonia ou pelo menos primazia nesse aspecto".

"A cultura, a música, o estilo de vida e o vestuário foram claramente estabelecidos durante a era da globalização e, nesse aspecto, a Rússia tem que superar décadas de influência, especialmente no continente latino-americano e em outras partes do mundo. Considero absolutamente necessário para a Rússia começar a entrar nessa luta, apesar das dificuldades que enfrentarão", finalizou.

Neste dia 29 de fevereiro, Vladimir Putin comunicou a sua mensagem anual à Assembleia Federal. O presidente fez um balanço da situação do país e traçou as principais linhas de ação na política interna e externa para os próximos seis anos.

·        OTAN versus Rússia: possibilidade ou devaneio?

Recentemente, o presidente francês, Emmanuel Macron, discutiu numa coletiva de imprensa a ideia de enviar tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para a Ucrânia, provocando confusão e irritação entre os aliados ocidentais.

Mas afinal, um confronto — desta vez direto — entre OTAN e Rússia seria uma possibilidade ou um devaneio? Os comentários de Macron no final da noite de segunda (26) enquadram-se bem na sua reputação de político que gosta de quebrar tabus e desafiar o pensamento convencional. Entretanto, poderia ser esse um desejo real de alguma outra liderança da OTAN ou apenas um caso isolado?

Para que um outro país concorde com a proposta de Macron, ele precisa estar ciente dos riscos de se ver diante de uma catástrofe humanitária e militar de inimagináveis proporções. Fora os Estados Unidos, as capacidades de defesa dos países europeus (talvez com a exceção da França e do Reino Unido) estão bem aquém do ideal.

No mais, o envio de tropas à Ucrânia por parte da OTAN demonstraria de forma cabal que os próprios ucranianos não foram capazes de lidar com a Rússia sozinhos, comprometendo a própria reputação de Zelensky e da elite governante em Kiev. Se os demais países europeus pertencentes à OTAN decidirem renunciar ao bom senso e embarcar em tal aventura, há de se ter em conta também que a própria sobrevivência de suas entidades políticas estará em risco, dada a possibilidade de que o conflito escale para uma conflagração nuclear.

É dever dos estadistas europeus preocupar-se, em primeiro lugar, com as nações cujos destinos foram confiados a eles, e não com uma guerra por procuração que, apesar de acontecer em solo europeu, tem como principal financiador os Estados Unidos da América.

Entrar em guerra direta com a Rússia também dará o direito a Putin de, para garantir a segurança do povo russo, utilizar-se de quaisquer meios disponíveis para manter a integridade territorial do país e salvaguardar a sobrevivência do Estado.

Seja como for, parece improvável que essa sugestão de Macron seja seguida na prática. Sabe-se que há milhares de mercenários internacionais lutando a favor da Ucrânia desde o começo do conflito, mas até aí eles não operam na qualidade de representantes oficiais de seus respectivos Estados. São apenas pessoas que, por razões absolutamente fora da compreensão, optaram por buscar uma morte rápida.

No mais, apesar de toda a polêmica envolvendo a proposta do líder francês, continua sendo verdade que a segurança internacional depende de todos os Estados se sentirem seguros no sistema. Esse conceito chama-se "indivisibilidade da segurança" e foi justamente o que a Rússia defendeu antes da eclosão do conflito na Ucrânia em fevereiro de 2022.

Em termos práticos, isso se reflete no reconhecimento de que as grandes potências — como é o caso da Rússia — têm um interesse comum, por exemplo, em evitar um confronto nuclear direto, o que justifica todos os esforços para aumentar a confiança e a previsibilidade de suas relações.

Não há garantias de que um confronto entre a OTAN e a Rússia não escale para uma hecatombe nuclear, e caso tal hipótese se confirme, verdadeiramente não haverá vencedores de nenhum dos lados. Moscou, por sua vez, já mostrou que não pode sofrer coação de nenhuma coalizão de Estados, nem mesmo pela utilização de sanções econômicas draconianas, como as que foram aplicadas à Rússia em tempos recentes.

Aliás, essas mesmas sanções tiveram custos altíssimos para os próprios países ocidentais, na forma de inflação e do aumento geral de preços na economia, prejudicando diversas indústrias e sobretudo as populações mais pobres.

Em caso de um hipotético "confronto global" provocado pela entrada direta de tropas da OTAN na Ucrânia, todas as grandes potências europeias perigam ver suas economias colapsarem de vez, dado o esperado aumento de preços das commodities energéticas, como petróleo e gás, além do pânico nas bolsas de valores e na própria população. Na ausência de prognósticos mais felizes com relação às capacidades do Exército ucraniano, parece que a sugestão de Macron vem no sentido de dizer que "Olha, já percebemos que a Ucrânia sozinha não conseguirá derrotar a Rússia no campo de batalha".

A contraofensiva tão alardeada por Zelensky em meados de 2023 não deu resultados concretos, e muitos começam a se questionar sobre os rumos do dinheiro que vem sendo enviado a Kiev desde o início do conflito. Ainda assim, poderíamos dizer que o mundo se encontra hoje mais próximo de uma catástrofe do que esteve no período da Guerra Fria?

O que se pode dizer é que: apesar da "corrida armamentista" e da tensão constante entre a União Soviética e o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos após o final da Segunda Guerra Mundial, ao contrário do que muitos imaginavam, nenhum tipo de confronto direto acabou acontecendo entre Moscou e a OTAN.

O mundo testemunhou, na verdade, um cenário de certa "estabilidade" entre as superpotências, dado que ambas sabiam serem capazes de destruir uma à outra em caso de confronto nuclear direto. Em resumo, ambas tinham a certeza de que ao saírem de uma guerra fria para a guerra quente, estariam fadadas a uma "destruição mútua assegurada". Hoje parece que algumas lideranças europeias se esqueceram das lições da história.

Parecem não mais temer a possibilidade de uma escalada nuclear entre grandes potências que, no limite, implicaria numa tragédia de proporções globais. Esquecem-se também que Moscou conta atualmente com mísseis nucleares de velocidade hipersônica, capazes de transpor qualquer elemento de defesa antimísseis existente em solo europeu e mesmo nos Estados Unidos. Tais armas, compete lembrar, não foram criadas para utilização, mas sim como uma resposta russa ao abandono unilateral dos tratados de controle de armas por parte de Washington desde o começo dos anos 2000.

Será que o Ocidente não tomou nota disso? Parece que não.

E parece também que, dia após dia, o bom senso vem sendo cada vez mais deixado de lado. Prova disso é justamente a sugestão de Macron de enviar tropas da OTAN para a Ucrânia. Esperemos que tudo isso não passe de um desvairado devaneio francês.

 

Ø  No G20, Yellen diz a ministro de Milei que Argentina terá 'difícil tarefa de estabilização'

 

Em um encontro às margens da Cúpula do G20, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, teve uma reunião com o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, nesta quinta-feira (29).

Yellen disse que a economia argentina deve continuar a passar por "um período de transição difícil" e lembrou da importância de proteção aos "mais vulneráveis" na reunião com Caputo, relata o jornal O Globo.

"Não há dúvida de que este tem sido, e continuará a ser, um difícil período de transição econômica para o povo argentino. Proteger os mais vulneráveis durante esta transição será um desafio, mas é de vital importância."

A secretária acrescentou que vê pontos de convergência entre a economia argentina e norte-americana nos "tópicos discutidos na pista financeira do G20 deste ano" e falou de uma "árdua tarefa de estabilização" do país.

As declarações à imprensa dos dois duraram menos de dois minutos. Caputo respondeu que a economia argentina reforçou a confiança de que a economia do país chegará a "um ponto de inflexão", apesar dos desafios da implementação das reformas propostas do presidente Javier Milei.

 

Ø  Avião confiscado da Venezuela é destruído por autoridades norte-americanas, diz ministro

 

A aeronave venezuelana foi confiscada após a Empresa de Transporte Aéreocargo del Sur (Emtrasur) ser impedida de abastecer em Buenos Aires, na Argentina, por conta de sanções norte-americanas contra o país. E nesta quinta-feira (29), o ministro dos Transportes da Venezuela, Ramón Velázquez, disse que o modelo foi destruído pelas autoridades.

No início do mês, o governo argentino autorizou o envio da aeronave aos Estados Unidos. "No deserto do Arizona, o governo dos EUA mantém um cemitério com mais de 5 mil aviões, o que prejudica o meio ambiente do planeta. Ontem eles destruíram o avião da Emtrasur para desmoralizar o povo venezuelano e demonstrar sua natureza imperial", declarou o ministro.

Antes da denúncia das autoridades venezuelanas, o Departamento de Justiça dos EUA informou que havia confiscado um avião Boeing 747 da companhia aérea venezuelana, que, segundo Washington, pertencia anteriormente à empresa iraniana Mahan Air, ligada ao Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).

Conforme o órgão norte-americano, a empresa adquiriu a aeronave em violação às sanções e, apesar da mudança de proprietário, o capitão continuou sendo um ex-comandante do IRGC e membro do conselho da companhia aérea iraniana Qeshm Fars Ai.

Entre fevereiro e maio de 2022, o avião teria realizado voos entre Caracas, Moscou e Teerã, em violação às restrições impostas por Washington. Já em junho do mesmo ano, a aeronave foi apreendida no aeroporto de Ezeiza, na Argentina, após pedido das autoridades dos EUA.

·        Disfarçado de voo militar

Segundo a mídia argentina, a decisão do tribunal argentino de entregar o avião foi tomada no início de janeiro e imediatamente contestada pelo advogado representante da Venezuela. Em fevereiro, a mídia venezuelana relatou que a aeronave foi levada para a Flórida, nos EUA, disfarçada como voo militar, o que permitiu evitar a falta de permissão de voo da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO, na sigla em inglês) em diferentes espaços aéreos.

·        'Isso é genocídio e lembra o Holocausto', diz Colômbia ao suspender compra de armas de Israel

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou a suspensão dos contratos de armas com Israel em resposta à tragédia ocorrida durante a distribuição de ajuda em Gaza.

Suplicando por comida, mais de 100 palestinos foram assassinados por [Benjamin] Netanyahu [primeiro-ministro de Israel]. Isso é considerado genocídio e evoca lembranças do Holocausto, mesmo que as potências mundiais relutem em reconhecê-lo. // O mundo precisa condenar Netanyahu. A Colômbia suspende todas as compras de armas de Israel.

As relações entre Colômbia e Israel já estavam tensas devido à posição de Bogotá em relação à situação na Faixa de Gaza. Em dezembro de 2023, Petro juntou-se a líderes internacionais pedindo uma mudança no governo israelense para abrir caminho para a paz no Oriente Médio. Além disso, Bogotá foi um dos países que apoiaram o processo da África do Sul perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), acusando o Estado israelense de "genocídio" devido à situação no enclave palestino.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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