Rússia 'tem sido bem-sucedida' no combate à
hegemonia dos EUA na América Latina, diz analista
O poder brando da
Rússia no combate à hegemonia dos EUA na América Latina "é
bem-sucedido", disse o historiador e analista internacional Daniel
Trujillo Sanz à Sputnik ao comentar a mensagem anual do presidente russo
Vladimir Putin.
Na sua mensagem anual
à Assembleia Federal nesta quinta-feira (29), Putin defendeu o fortalecimento
das relações com os países latino-americanos. Ele acrescentou que é importante
que a Rússia procure novos pontos de convergência e aprofunde todo o leque de
parcerias, especialmente com os colegas árabes e sul-americanos.
Quanto ao discurso do
presidente, Sanz indicou que "assistimos um discurso sóbrio, conciso e
direto do presidente Putin, como sempre, claramente estruturado". O
analista fez um paralelo entre as palavras do chefe de Estado russo e líderes
ocidentais, "cujos critérios parecem mudar todos os dias".
"Podemos nos
referir ao [presidente francês Emmanuel] Macron como exemplo. Um dia ele lidera
uma rebelião contra a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], outro
dia propõe enviar forças francesas para a Ucrânia e praticamente desencadear uma
guerra", enfatizou.
O analista deu ainda
outros exemplos do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e do presidente
turco, Recep Tayyip Erdogan, com a entrada da Finlândia e da Suécia na OTAN.
Além disso, chamou a atenção para a atitude da Alemanha "em relação à
terrível e gravíssima sabotagem que sofreu no seu interesse nacional com a
explosão do Nord Stream".
Ainda sobre a América
Latina, Sanz acrescentou que é necessário admitir que os Estados Unidos
"continuam a ter hegemonia ou pelo menos primazia nesse aspecto".
"A cultura, a
música, o estilo de vida e o vestuário foram claramente estabelecidos durante a
era da globalização e, nesse aspecto, a Rússia tem que superar décadas de
influência, especialmente no continente latino-americano e em outras partes do
mundo. Considero absolutamente necessário para a Rússia começar a entrar nessa
luta, apesar das dificuldades que enfrentarão", finalizou.
Neste dia 29 de
fevereiro, Vladimir Putin comunicou a sua mensagem anual à Assembleia Federal.
O presidente fez um balanço da situação do país e traçou as principais linhas
de ação na política interna e externa para os próximos seis anos.
·
OTAN versus Rússia: possibilidade ou
devaneio?
Recentemente, o
presidente francês, Emmanuel Macron, discutiu numa coletiva de imprensa a ideia
de enviar tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para a
Ucrânia, provocando confusão e irritação entre os aliados ocidentais.
Mas afinal, um
confronto — desta vez direto — entre OTAN e Rússia seria uma possibilidade ou
um devaneio? Os comentários de Macron no final da noite de segunda (26)
enquadram-se bem na sua reputação de político que gosta de quebrar tabus e
desafiar o pensamento convencional. Entretanto, poderia ser esse um desejo real
de alguma outra liderança da OTAN ou apenas um caso isolado?
Para que um outro país
concorde com a proposta de Macron, ele precisa estar ciente dos riscos de se
ver diante de uma catástrofe humanitária e militar de inimagináveis proporções.
Fora os Estados Unidos, as capacidades de defesa dos países europeus (talvez
com a exceção da França e do Reino Unido) estão bem aquém do ideal.
No mais, o envio de
tropas à Ucrânia por parte da OTAN demonstraria de forma cabal que os próprios
ucranianos não foram capazes de lidar com a Rússia sozinhos, comprometendo a
própria reputação de Zelensky e da elite governante em Kiev. Se os demais países
europeus pertencentes à OTAN decidirem renunciar ao bom senso e embarcar em tal
aventura, há de se ter em conta também que a própria sobrevivência de suas
entidades políticas estará em risco, dada a possibilidade de que o conflito
escale para uma conflagração nuclear.
É dever dos estadistas
europeus preocupar-se, em primeiro lugar, com as nações cujos destinos foram
confiados a eles, e não com uma guerra por procuração que, apesar de acontecer
em solo europeu, tem como principal financiador os Estados Unidos da América.
Entrar em guerra
direta com a Rússia também dará o direito a Putin de, para garantir a segurança
do povo russo, utilizar-se de quaisquer meios disponíveis para manter a
integridade territorial do país e salvaguardar a sobrevivência do Estado.
Seja como for, parece
improvável que essa sugestão de Macron seja seguida na prática. Sabe-se que há
milhares de mercenários internacionais lutando a favor da Ucrânia desde o
começo do conflito, mas até aí eles não operam na qualidade de representantes oficiais
de seus respectivos Estados. São apenas pessoas que, por razões absolutamente
fora da compreensão, optaram por buscar uma morte rápida.
No mais, apesar de
toda a polêmica envolvendo a proposta do líder francês, continua sendo verdade
que a segurança internacional depende de todos os Estados se sentirem seguros
no sistema. Esse conceito chama-se "indivisibilidade da segurança" e
foi justamente o que a Rússia defendeu antes da eclosão do conflito na Ucrânia
em fevereiro de 2022.
Em termos práticos,
isso se reflete no reconhecimento de que as grandes potências — como é o caso
da Rússia — têm um interesse comum, por exemplo, em evitar um confronto nuclear
direto, o que justifica todos os esforços para aumentar a confiança e a previsibilidade
de suas relações.
Não há garantias de
que um confronto entre a OTAN e a Rússia não escale para uma hecatombe nuclear,
e caso tal hipótese se confirme, verdadeiramente não haverá vencedores de
nenhum dos lados. Moscou, por sua vez, já mostrou que não pode sofrer coação de
nenhuma coalizão de Estados, nem mesmo pela utilização de sanções econômicas
draconianas, como as que foram aplicadas à Rússia em tempos recentes.
Aliás, essas mesmas
sanções tiveram custos altíssimos para os próprios países ocidentais, na forma
de inflação e do aumento geral de preços na economia, prejudicando diversas
indústrias e sobretudo as populações mais pobres.
Em caso de um
hipotético "confronto global" provocado pela entrada direta de tropas
da OTAN na Ucrânia, todas as grandes potências europeias perigam ver suas
economias colapsarem de vez, dado o esperado aumento de preços das commodities
energéticas, como petróleo e gás, além do pânico nas bolsas de valores e na
própria população. Na ausência de prognósticos mais felizes com relação às
capacidades do Exército ucraniano, parece que a sugestão de Macron vem no
sentido de dizer que "Olha, já percebemos que a Ucrânia sozinha não
conseguirá derrotar a Rússia no campo de batalha".
A contraofensiva tão
alardeada por Zelensky em meados de 2023 não deu resultados concretos, e muitos
começam a se questionar sobre os rumos do dinheiro que vem sendo enviado a Kiev
desde o início do conflito. Ainda assim, poderíamos dizer que o mundo se encontra
hoje mais próximo de uma catástrofe do que esteve no período da Guerra Fria?
O que se pode dizer é
que: apesar da "corrida armamentista" e da tensão constante entre a
União Soviética e o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos após o
final da Segunda Guerra Mundial, ao contrário do que muitos imaginavam, nenhum tipo
de confronto direto acabou acontecendo entre Moscou e a OTAN.
O mundo testemunhou,
na verdade, um cenário de certa "estabilidade" entre as
superpotências, dado que ambas sabiam serem capazes de destruir uma à outra em
caso de confronto nuclear direto. Em resumo, ambas tinham a certeza de que ao
saírem de uma guerra fria para a guerra quente, estariam fadadas a uma
"destruição mútua assegurada". Hoje parece que algumas lideranças
europeias se esqueceram das lições da história.
Parecem não mais temer
a possibilidade de uma escalada nuclear entre grandes potências que, no limite,
implicaria numa tragédia de proporções globais. Esquecem-se também que Moscou
conta atualmente com mísseis nucleares de velocidade hipersônica, capazes de
transpor qualquer elemento de defesa antimísseis existente em solo europeu e
mesmo nos Estados Unidos. Tais armas, compete lembrar, não foram criadas para
utilização, mas sim como uma resposta russa ao abandono unilateral dos tratados
de controle de armas por parte de Washington desde o começo dos anos 2000.
Será que o Ocidente
não tomou nota disso? Parece que não.
E parece também que,
dia após dia, o bom senso vem sendo cada vez mais deixado de lado. Prova disso
é justamente a sugestão de Macron de enviar tropas da OTAN para a Ucrânia.
Esperemos que tudo isso não passe de um desvairado devaneio francês.
Ø
No G20, Yellen diz a ministro de Milei que
Argentina terá 'difícil tarefa de estabilização'
Em um encontro às
margens da Cúpula do G20, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet
Yellen, teve uma reunião com o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo,
nesta quinta-feira (29).
Yellen disse que a
economia argentina deve continuar a passar por "um período de transição
difícil" e lembrou da importância de proteção aos "mais
vulneráveis" na reunião com Caputo, relata o jornal O Globo.
"Não há dúvida de
que este tem sido, e continuará a ser, um difícil período de transição
econômica para o povo argentino. Proteger os mais vulneráveis durante esta
transição será um desafio, mas é de vital importância."
A secretária
acrescentou que vê pontos de convergência entre a economia argentina e
norte-americana nos "tópicos discutidos na pista financeira do G20 deste
ano" e falou de uma "árdua tarefa de estabilização" do país.
As declarações à
imprensa dos dois duraram menos de dois minutos. Caputo respondeu que a
economia argentina reforçou a confiança de que a economia do país chegará a
"um ponto de inflexão", apesar dos desafios da implementação das
reformas propostas do presidente Javier Milei.
Ø
Avião confiscado da Venezuela é destruído
por autoridades norte-americanas, diz ministro
A aeronave venezuelana
foi confiscada após a Empresa de Transporte Aéreocargo del Sur (Emtrasur) ser
impedida de abastecer em Buenos Aires, na Argentina, por conta de sanções
norte-americanas contra o país. E nesta quinta-feira (29), o ministro dos
Transportes da Venezuela, Ramón Velázquez, disse que o modelo foi destruído
pelas autoridades.
No início do mês, o
governo argentino autorizou o envio da aeronave aos Estados Unidos. "No
deserto do Arizona, o governo dos EUA mantém um cemitério com mais de 5 mil
aviões, o que prejudica o meio ambiente do planeta. Ontem eles destruíram o
avião da Emtrasur para desmoralizar o povo venezuelano e demonstrar sua
natureza imperial", declarou o ministro.
Antes da denúncia das
autoridades venezuelanas, o Departamento de Justiça dos EUA informou que havia
confiscado um avião Boeing 747 da companhia aérea venezuelana, que, segundo
Washington, pertencia anteriormente à empresa iraniana Mahan Air, ligada ao Corpo
de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).
Conforme o órgão
norte-americano, a empresa adquiriu a aeronave em violação às sanções e, apesar
da mudança de proprietário, o capitão continuou sendo um ex-comandante do IRGC
e membro do conselho da companhia aérea iraniana Qeshm Fars Ai.
Entre fevereiro e maio
de 2022, o avião teria realizado voos entre Caracas, Moscou e Teerã, em
violação às restrições impostas por Washington. Já em junho do mesmo ano, a
aeronave foi apreendida no aeroporto de Ezeiza, na Argentina, após pedido das
autoridades dos EUA.
·
Disfarçado de voo militar
Segundo a mídia
argentina, a decisão do tribunal argentino de entregar o avião foi tomada no
início de janeiro e imediatamente contestada pelo advogado representante da
Venezuela. Em fevereiro, a mídia venezuelana relatou que a aeronave foi levada
para a Flórida, nos EUA, disfarçada como voo militar, o que permitiu evitar a
falta de permissão de voo da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO,
na sigla em inglês) em diferentes espaços aéreos.
·
'Isso é genocídio e lembra o Holocausto',
diz Colômbia ao suspender compra de armas de Israel
O presidente da
Colômbia, Gustavo Petro, anunciou a suspensão dos contratos de armas com Israel
em resposta à tragédia ocorrida durante a distribuição de ajuda em Gaza.
Suplicando por comida,
mais de 100 palestinos foram assassinados por [Benjamin] Netanyahu
[primeiro-ministro de Israel]. Isso é considerado genocídio e evoca lembranças
do Holocausto, mesmo que as potências mundiais relutem em reconhecê-lo. // O
mundo precisa condenar Netanyahu. A Colômbia suspende todas as compras de armas
de Israel.
As relações entre
Colômbia e Israel já estavam tensas devido à posição de Bogotá em relação à
situação na Faixa de Gaza. Em dezembro de 2023, Petro juntou-se a líderes
internacionais pedindo uma mudança no governo israelense para abrir caminho
para a paz no Oriente Médio. Além disso, Bogotá foi um dos países que apoiaram
o processo da África do Sul perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ),
acusando o Estado israelense de "genocídio" devido à situação no
enclave palestino.
Fonte: Sputnik Brasil
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