Mundo tem 1 bilhão de obesos, indica estudo
Mais de um bilhão de
pessoas vivem com obesidade em todo o mundo, mostram estimativas globais
publicadas pela revista científica The Lancet.
Isso inclui cerca de
880 milhões de adultos e 159 milhões de crianças, segundo dados de 2022.
As taxas mais elevadas
foram registradas em Tonga e na Samoa Americana para as mulheres e na Samoa
Americana e Nauru para os homens, com cerca de 70 a 80% dos adultos com
obesidade.
A equipe internacional
de cientistas afirma que há uma necessidade urgente de grandes mudanças na
forma como a obesidade é combatida.
A obesidade pode
aumentar o risco de desenvolver muitos problemas de saúde graves, incluindo
doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer.
"Em muitas dessas
nações insulares, tudo se resume à disponibilidade de alimentos saudáveis
versus alimentos não saudáveis", disse à BBC o pesquisador sênior Majid
Ezzati, professor da Imperial College London.
"Em alguns casos,
houve campanhas de marketing agressivas promovendo alimentos não saudáveis,
enquanto o custo e a disponibilidade de alimentos mais saudáveis podem ser mais
problemáticos."
O professor Ezzati,
que analisa dados globais há anos, diz estar surpreso com a velocidade com que
o quadro mudou, com muitos mais países enfrentando agora uma crise de
obesidade, enquanto diminuiu o número de lugares onde pessoas estão abaixo do
peso é considerado uma preocupação.
O relatório, analisa
evolução de 1990 a 2022, constatou que a taxa de obesidade quadruplicou entre
crianças e adolescentes. Entretanto, para os adultos, a taxa mais do que
duplicou nas mulheres e quase triplicou nos homens.
Ao mesmo tempo, a
proporção de adultos classificados como com baixo peso caiu 50%, mas os
pesquisadores destacam que continua a ser um problema, especialmente entre as
comunidades mais pobres.
"Este novo estudo
destaca a importância de prevenir e controlar a obesidade desde o início da
vida até a idade adulta, por meio de dieta, atividade física e cuidados
adequados", afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS),
Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Ele acrescentou que
isso exige trabalho dos governos e das comunidades e "requer de forma
importante a cooperação do setor privado, que deve ser responsável pelos
impactos dos seus produtos na saúde".
Um dos autores do
estudo, o dr. Guha Pradeepa, da Madras Diabetes Research Foundation, afirma que
os principais problemas globais correm o risco de agravar a desnutrição causada
pela obesidade e pelo baixo peso.
"O impacto de
questões como as mudanças climáticas, as perturbações causadas pela pandemia de
covid-19 e a guerra na Ucrânia correm o risco de agravar as taxas de obesidade
e de baixo peso, aumentando a pobreza e o custo dos alimentos ricos em nutrientes",
disse.
"Os efeitos em
cadeia disto são a alimentação insuficiente em alguns países e famílias, e a
mudança para alimentos menos saudáveis noutros."
A rede de mais de
1.500 pesquisadores, em colaboração com a OMS, analisou medidas de altura e
peso de cerca de 220 milhões de pessoas com cinco anos ou mais. Eles usaram uma
medida chamada índice de massa corporal, o IMC.
Embora reconheçam que
esta é uma medida imperfeita da extensão da gordura corporal e afirmem que
alguns países têm dados melhores do que outros, argumentam que é a mais
amplamente utilizada, tornando possível a análise global.
• Brasil
Outra pesquisa mostrou
que, numa análise do impacto econômico da obesidade em 161 países, mantidas as
tendências atuais, em 2060 o Brasil será a sétima economia do mundo com maiores
gastos relacionados à condição.
Segundo as projeções,
divulgadas em um estudo publicado na revista científica BMJ Global Health, o
percentual de pessoas obesas ou com sobrepeso no Brasil deverá chegar a 88,1%
em 2060, resultando em um impacto econômico de US$ 218,2 bilhões (cerca de R$
1,3 trilhão).
O cálculo leva em
conta tanto gastos médicos diretos quanto os resultantes do processo de buscar
cuidados de saúde, como o custo de viagens para pacientes e acompanhantes.
Também inclui perdas econômicas resultantes de mortes prematuras, dias de
trabalho perdidos e queda de produtividade devido a problemas de saúde relacionados
ao excesso de peso.
De acordo com o
estudo, em 2019 a prevalência de sobrepeso e obesidade no Brasil era de 53,8%
da população e gerava impacto econômico de US$ 37,1 bilhões (cerca de R$ 190,5
bilhões), o décimo maior entre os 161 países.
Fonte: Por Smitha
Mundasad, repórter de saúde da BBC
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