terça-feira, 5 de março de 2024

Marconi Moura de Lima Burum: Número de assassinados-dia por Israel em Gaza já é maior que na Alemanha nazista

Antes que comecem a me injuriar pelo título deste artigo, vamos de imediato aos cálculos e detalhamento da base de dados. Trata-se, este texto, de se centrar em proporcionalidade e na semiótica da moral de humanidade, que vale para alguns, mas para outros não.

A 2ª Guerra Mundial (sua duração) tem data estabelecida entre 01/09/1939 e 02/09/1945. Portanto, chegamos a um cálculo de 2.556 dias de conflitos, digamos, oficiais. O último ataque de Israel à Faixa de Gaza inicia em 07/10/2023, em resposta ao Hamas. Como os números de uma guerra e outra são trabalhados por aproximação, especialmente, porque este último conflito ainda está em curso, logo, não se pode ter precisão exata da quantidade de vidas perdidas na Faixa de Gaza, vamos operar algo mais perto de uma estimativa, ainda que a maior parte dos dados já se realizem no concreto.

No dia 29/02/2024, último dado que conseguimos acessar do Ministério da Saúde da Palestina, estavam contabilizadas 30.035 mortes no território pelas Forças Israelenses. Portanto, nesta data teremos 145 dias totalizados de ataques diários de Israel sobre a Palestina. Dividamos o número de pessoas assassinadas pela quantidade de dias, chegamos à trágica informação de 207,1 pessoas mortas/dia. Lembrando: não são soldados; são civis palestinos, em sua esmagadora maioria, CRIANÇAS e MULHERES.

Antes de fazermos as contas sobre quantos judeus inocentes Hitler assassinou dentro do território alemão, é fundamental trazermos uma informação. Embora os historiadores e demógrafos não tenham chegado a uma cifra exata, pacificou-se que foram mortos no holocausto 6 milhões de vidas humanas, em sua imensa maioria, judeus.

Ocorre que nem todo mundo sabe, mas a maioria destas pessoas não eram alemães. Cerca de 4,5 milhões de judeus assassinados pelo imperialismo nazista, viviam no Leste Europeu (Polônia, Rússia e outros países), os demais eram cidadãos de várias partes da Europa ocidental. Na Alemanha – sem que queiramos de modo algum diminuir a dor e a importância da vida humana, assim como não podemos fazer isso com as vidas humanas palestinas, que têm igual importância – residiam “apenas” 214.000 judeus[1]. Destes, os historiadores estimam terem sido assassinados aproximadamente 192.600 alemães, portanto, 3,2% dos judeus mortos em outros países que a Alemanha invadira durante a Guerra.

Aplicando o mesmo cálculo. Dividamos 192.600 humanos por 2.556 dias de guerra. Chegamos à média – tão dolorosa quanto na palestina, mas em menor número – de 75,3 vidas assassinadas diariamente na Alemanha.

Ou seja: se Israel, por seu Governo Genocida, continuar a guerra pelo mesmo tempo que Hitler (7 anos de escalada), Benjamin Netanyahu terá assassinado 529.348 inocentes, igualzinho (ou pior) à crueza do holocausto, pois o nazismo não matava (somente) soldados, mas em sua maioria homens, mulheres e crianças civis; trabalhadores/as que nada tinham que ver com esta mentalidade psicopata, colonial e imperialista.

Considerando que na Faixa de Gaza habitam 2,2 milhões de pessoas, em 7 anos, perto de 30% de sua população estará varrida do mapa. E se Israel tivesse o mesmo poder da Alemanha nazista; se os palestinos estivessem espalhados na mesma proporção que os judeus da 2ª Guerra Mundial, isto é, distribuídos nos países fronteiriços ao conflito, aplicando a mesma proporção do ódio de um Chefe de Estado como foi o “Führer”, ao que Netanyahu está fazendo, o número de palestinos assassinados ao final de 2.556 dias do tal “Direito de Defesa” de Israel seria: 9.819.000 vidas inocentes. Repetimos: quase 10 milhões de palestinos seriam dizimados da face da Terra!

Para chegarmos a essa cruel conta (embora improvável realização no mundo fático, porém, muito forte, no sentido de uma moral voltada para a morte de pessoas inocentes; para refletirmos acerca da essência do que dizem que nos constituímos, a saber, como humanidade), basta trabalharmos com as proporções dos assassinatos. Ora, se Israel mata 207,1 pessoa por dia; se a Alemanha matava seus compatriotas judeus na ordem de 73,3 ao dia, temos que o governo sionista assassina 63,65% a mais que o governo nazista[2]. É só aplicarmos esta proporção para a escala do número de inocentes mortes por Hitler em toda a Europa.

A pergunta que fica é: em que o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, errou ao comparar o sofrimento do povo inocente de Gaza ao sofrimento do povo inocente dos guetos impostos pelos alemães? Se o nome disso não for genocídio; e se holocausto servir apenas para categorizar a dor dos judeus, inventem outro nome, mas neste momento, os palestinos estão sendo dizimados em proporção muito maior que os judeus na Segunda Guerra Mundial.

Como disse a Lula o Primeiro-Ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh: “Israel não tem o monopólio da dor. Eles sofreram no passado. Mas Israel está nos fazendo sofrer agora”. Logo, é fundamental rediscutirmos o conceito de humanidade – para todos os humanos; ou sucumbiremos, a começar por nossa natureza...

………………..

[1] Segundo o portal “Enciclopédia do Holocausto”, 6 anos antes de estourar a Guerra, especificamente quando o nazismo ascende ao poder, “em 1933, a população judaica da Alemanha era de cerca de 525 mil pessoas. Na época, este número representava menos de 1% da população alemã total.”

Face à perseguição do regime de Adolf Hitler, mais da metade da população judaica-alemã – ainda antes do conflito – foge do país, particularmente, para a Polônia, onde já viviam cerca de 3 milhões de judeus. Alguns historiadores aproximam a conta de pouco mais de 200 mil judeus que habitavam o solo alemão quando estourou a 2ª Guerra Mundial.

[2] Por honestidade discursiva, é fundamental afirmar que essa proporção de mortes/dia por Hitler se refere aos judeus em seu território (alemão). É evidente que os judeus mortos pelos fascistas nos outros países chega ao repugnante número de 2.347,4 assassinatos/dia.

Mas também é verdade que o nazismo somente tornará o genocídio um mecanismo de forma industrial, ou seja, usadas as câmaras de gás, após quase 3 anos de guerra. Logo, nada impede que Netanyahu, em mais alguns anos, faça desse conflito (ou crie outros conflitos) em Gaza, a sua escalada industrial da morte.

 

Ø  Jair de Souza: Para agradar ao sionismo, mentira pouca é bobagem

 

A humanidade acaba de tomar conhecimento de um dos mais abomináveis crimes já perpetrados desde os tempos da Alemanha hitlerista. Numa ação de imensa covardia e total falta de sensibilidade humana, as forças militares do sionista Estado de Israel não hesitaram em disparar sobre uma multidão de pessoas em estado famélico que estavam desesperadas por conseguir algo da ajuda humanitária das Nações Unidas para tentar sobreviver. Fuzilaram e assassinaram impiedosamente 112 seres humanos em situação de desespero e deixaram feridos de gravidade a várias centenas de outros.

Sim, foi um crime que provavelmente deixaria acanhado o próprio Hitler, de tão sórdido e monstruoso. No entanto, ao constatar como os principais meios de comunicação corporativos fizeram referência a essa atrocidade, não foi possível conter a ira e a indignação. Foi então que me vieram à mente os ensinamentos do tempo em que me dedicava ao estudo dos trabalhos de Análise Crítica do Discurso do grande linguista holandês Teun Van Dijk.

Graças aos ensinamentos então adquiridos, pude entender que nada que se divulga através dos meios de comunicação é fortuito ou isento. Por trás de cada palavra utilizada, estarão presentes os interesses de classe dos responsáveis pela divulgação. Portanto, os termos e as construções empregados para fazer referência a um acontecimento, qualquer que seja ele, sempre estão carregados de significados que vão muito além da simples escolha das palavras.

É por isso que, ao referir-se a uma das mais abomináveis atrocidades já cometidas, a maneira como os órgãos da rede Globo o abordaram serve para evidenciar o nível de cumplicidade existente entre esse grupo empresarial de comunicação e os militares sionistas executores diretos deste massacre que ceifou a vida de tanta gente. A depender do relato feito pelo portal G1, por exemplo, as milhares de pessoas que se aproximavam dos caminhões que traziam os mantimentos tão necessitados foram vítimas de uma casualidade, uma espécie de calamidade natural, e não pelo disparos assassinos dos militares do exército do sionista Estado de Israel.

Porém, a abordagem feita pela mídia corporativa no caso deste monstruoso massacre recém cometido está longe de representar uma exceção. Na verdade, ela é tão somente a confirmação de uma regra que sempre é obedecida quando os sionistas israelenses se confrontam com o povo palestino.

Conforme nos ensinava Teun Van Dijk, o maior poder de formação ideológica dos meios de comunicação não aparece quando tomam deliberadamente algum posicionamento. O que de fato tem mais efetividade é quando a introjeção dos conceitos é feita de modo velado, de maneira subliminar. Por isso, os palestinos simplesmente “morrem”, e nunca são “assassinados”. Já, por sua vez, qualquer morte de israelense nesses enfrentamentos será reportada como tendo sido um “brutal assassinato”.

Além do mais, a desumanização dos palestinos é uma constante. Quando a mídia corporativa faz menção ao “assassinato” de um israelense, quase sempre vamos receber informações adicionais sobre o sofrimento de sua família (seu pai, sua mãe, seu filho, etc.). Já os palestinos que “morrem” não tem sequer seus nomes divulgados. Sendo assim, para os que recebem as notícias através dessa mídia corporativa, as mortes palestinas tenderão a ser tomadas apenas como números contábeis eliminados, nada que possa induzi-los a sentir alguma empatia com os mesmos.

Entretanto, é preciso ressaltar que esta maneira de abordar o conflito do sionista Estado de Israel com o povo palestino não é nenhuma exclusividade da mídia corporativa brasileira. Esta prática se estende ao resto do mundo, ou seja, em todas as partes onde o sionismo exerça forte influência sobre os meios de comunicação, o que quer dizer, mais ou menos, em quase todos os países capitalistas do planeta.

Mas, apesar de toda esta descarada tendenciosidade midiática em favor das posições do sionismo israelense, a imagem do Estado de Israel perante os povos do mundo é a de uma imensa e impiedosa máquina de matar. Isto se deve a que as imagens que chegam até nós dos crimes sionistas contra os palestinos são tão monstruosas que nem a flagrante tendenciosidade dos meios capitalistas consegue resolver.

Por isso, os lobbies sionistas espalhados pelos diversos países (CONIB, presente!) se empenham a fundo para que a já descarada tendenciosidade em favor do sionismo israelense avance ainda mais. O sionismo não consegue sobreviver junto com a verdade, ou melhor, o sionismo não consegue se manter sem que haja uma total deturpação da realidade, pois sua malignidade é tão imensa que mentira pouca não pode dar jeito.

No vídeo que apresentamos nos links dados a seguir, vamos encontrar exemplos de como essa manipulação ocorre até mesmo na BBC britânica, uma corporação que costuma se apresentar como modelo de equilíbrio jornalístico. Como vamos poder constatar, isso é só coisa para inglês ver. O vídeo foi postado em várias plataformas em razão dos boicotes que vêm sendo aplicados a tudo o que não se enquadre nos interesses do sionismo.

 

Fonte: Brasil 247

 

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