Chapada Diamantina ganha destaque como
destino enoturístico
Com sua natureza
exclusiva e produção diversificada de queijos, óleos essenciais, embutidos,
morangos, flores e frutas, a Chapada Diamantina vem se consolidando como um
destino enoturístico e gastronômico de alta qualidade. O cenário tem atraído
investimentos diversos, principalmente nos setores hoteleiros e de
restaurantes. O Enoturismo na região tem despertado o interesse de produtores
locais de vinho. “Além da geração de empregos locais, a atividade vitivinícola
tem projetado alguns municípios da Chapada no seleto mundo do vinho,
trazendo-lhe um crescimento turístico exponencial, com reflexos altamente
positivos para o desenvolvimento econômico e social”, avalia Jairo Vaz, dono da
Vinícola Vaz, pioneira na implantação da vitivinicultura na área.
Tendo o Enoturismo
como sua principal fonte de renda, registrando um fluxo de cerca de 1.200
visitantes por mês na sua vinícola, Jairo Vaz conta que sua propriedade tem
entrada livre e oferece visitas guiadas com degustação de vinhos e espumantes.
Ele também inseriu no calendário da região a Festa da Vindima, que acontece na
colheita de verão, no sábado de Carnaval, e na colheita de inverno, no primeiro
sábado do mês de agosto.
A possibilidade de
duas safras é uma característica importante da Chapada Diamantina, que oferece
condições climáticas excepcionais para a colheita das uvas. “Unimos as técnicas
de produção do sul do Brasil com as da região do Vale do São Francisco, em função
do clima tropical, mas temperado pela altitude. Morro do Chapéu é uma das
cidades mais frias do Nordeste, registrando temperaturas mínimas de até 7 graus
no inverno e máximas de 30 graus no verão, com uma temperatura média anual de
19 graus, ou seja, é um paraíso no Planeta Terra”.
·
História e trajetória
Outra experiência
enoturística que se destaca na Chapada Diamantina é representada pela Vinícola
UVVA, localizada em Mucugê. “As nossas instalações estão abertas à visitação. O
turista pode conhecer o processo produtivo, sempre apresentado por um enólogo.
Além disso, a paisagem no entorno da UVVA é de tirar o fôlego, mesmo para as
pessoas acostumadas à grandiosidade da Chapada”, ressalta o CEO da empresa,
Fabiano Borré. Ele explica que os vinhos que produzem no município são
diferentes dos produzidos por outras vinícolas. “Não temos dúvida de que Mucugê
está se posicionando, a partir da excelência do que produzimos na UVVA, como um
terroir capaz de se traduzir em uma experiência marcante para quem experimenta
nossos vinhos. Trabalhamos com afinco para continuar engarrafando o que de
melhor a empresa e seu terroir oferecerem para estabelecer a cidade no cenário
mundial de vinhos de alta gama”, pontua Borré
Embora já existiam
pequenas plantações de uvas de mesa no Vale do São Francisco desde o início do
século 20, o vinho fino (elaborado com uvas da variedade Vitis Vinifera) só
começou a ser fabricado em solo baiano no começo dos anos de 1980, por meio do
nissei Mamoru Yamamoto, que trocou São Paulo pelo sertão do Vale do São
Francisco, na década de 1970. Baseado na irrigação que aprendeu em viagens à
Califórnia e Israel, ele implantou uma nova tecnologia para o cultivo da uva e
contribuiu para a criação do título de “Capital da Irrigação”, ostentado pela
região. Assim, há quatro décadas, nascia a Fazenda Ouro Verde II, hoje
pertencente ao Grupo Miolo e onde fica a Vinícola Terranova.
A produção de vinhos
na Bahia, portanto, passou a se concentrar no Vale do São Francisco,
especificamente no município de Casa Nova, com o Grupo Miolo, que tem lá uma de
suas unidades (a Vinícola Terranova), com uma produção anual de 3,5 milhões de
garrafas, sendo que 80% deste volume se concentra em espumantes e frisantes.
“Isto faz com que o estado da Bahia se destaque no cenário nacional com uma
produção significativa”, aponta o empresário Jairo Vaz.
Desde então, a
produção baiana de vinhos se fortaleceu e expandiu por outras regiões. “A
Chapada Diamantina surgiu como uma opção para produção de vinhos finos de alta
qualidade e vem crescendo ano a ano, principalmente nos municípios de Morro do
Chapéu e Mucugê e, dentro de pouco tempo alcançará a marca de meio milhão de
garrafas produzidas, conquistando o mercado brasileiro e internacional. Prova
disso é que já se encontra os nossos vinhos nas principais adegas do Sul do
país, principalmente Rio de Janeiro, São Paulo e até no Rio Grande do Sul”,
pontua o proprietário da Vinícola Vaz, frisando que a Bahia “tem avançado
bastante na produção de vinhos e espumantes, seja pela aplicação de técnicas
vitivinícolas mais modernas, como também pelo incremento da área plantada”.
Ø
Consumo de espumantes e vinhos cresce de
20% a 30%
A Bahia tem mostrado
um potencial crescente na produção de vinho e no Enoturismo, tendo a Chapada
Diamantina como palco de expansão e visitação. Com uma altitude superior a mil
metros e temperaturas amenas, a região que já foi famosa pela mineração de diamantes
é um dos mais promissores polos brasileiros de fabricação de vinhos finos, com
qualidade em textura, acidez e aromas. O cenário atrai visitantes interessados
na combinação entre natureza exuberante e a arte de produzir a “bebida dos
deuses”. Na Semana Santa, os sommeliers consideram o vinho a opção ideal para
realçar os sabores dessa culinária. Tanto que, na Páscoa, o consumo de vinho
costuma aumentar de 20% a 30%.
A vitivinicultura
(atividade baseada no cultivo de uva e fabricação da bebida alcoólica produzida
com a fermentação do sumo do fruto da videira) já é uma realidade no Vale do
São Francisco e se expande na Chapada Diamantina. Com a ampliação da produção de
vinho e sendo um destino turístico consolidado, esta região vem sendo
reconhecida nacionalmente por fabricar vinhos de qualidade e com identidade, a
partir de uvas como a Syrah, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Sauvignon Blanc,
Malbec e Merlot.
O empresário Jairo
Vaz, proprietário da vinícola que leva o seu nome, localizada em Morro do Chapéu,
confirma que a atividade vem crescendo progressivamente e despertando a atenção
e o interesse dos amantes da bebida no Brasil e no exterior, surpreendendo
enólogos e sommeliers pela qualidade de aromas e sabores exclusivos de um novo
terroir.
“Nesta Páscoa, a
expectativa é dobrarmos as vendas em relação ao mesmo período do ano passado,
tanto pelo aumento da produção, como pelo aumento do fluxo de turistas em Morro
do Chapéu e em outras cidades turísticas da Chapada, como Lençóis e Mucugê, e no
Vale do Capão, onde já se encontra os nossos vinhos nos principais hotéis,
restaurantes e empórios”.
Morro do Chapéu – que
agora tem o título de “Capital do Vinho da Chapada Diamantina”, por projeto do
deputado Pedro Tavares, aprovado na Assembleia Legislativa da Bahia – tem tido
sua produção de vinho impulsionada pelas suas características climáticas e por
um projeto experimental iniciado em 2011, encabeçado por órgãos governamentais,
associações de criadores e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa). A atividade no município conta, hoje, com quatro vinícolas em
operação – Vaz, Reconvexo, Santa Maria e Vinhas do Morro – e três em fase de
implantação: Sertânia, Passagem Velha e Saluth.
·
Capital do vinho
A prefeita de Morro do
Chapéu, Juliana Araújo, destaca que, na comparação entre 2022 e 2023, houve um
aumento de mais de 100% na produção local de vinho, saindo de 30 mil para mais
de 60 mil garrafas. Segundo ela, a tendência é que este número cresça ainda
mais a partir da implantação das outras três vinícolas no município. “Também
estamos em diálogo com outras prefeituras da região para que possamos fazer um
trabalho conjunto. Morro está se tornando um grande polo de vitivinicultura e
hoje é a maior cidade em Enoturismo da região da Chapada Diamantina. Vamos
fazer o roteiro enogastronômico e estimular ainda mais o turismo de nossa
cidade, bem como estamos participando de diversos eventos pelo país para
conversar com investidores e apresentar o potencial do nosso município para o
investimento no setor”, relata.
No ano passado, Morro
do Chapéu participou do maior evento de vinhos da América do Sul, a Wine South
America, em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Na oportunidade, conta Juliana
Araújo, a prefeitura iniciou um acordo de cooperação técnica com o prefeito de
Flores da Cunha (RS), César Ulian, com o objetivo de proporcionar a troca de
experiências no setor de vitivinícola e turismo do vinho. “Queremos, cada vez
mais, incluir Morro do Chapéu nos roteiros de enogastronomia do Brasil”,
afirma.
Em Mucugê, a Vinícola
UVVA é uma das que contribuem para a Bahia se destacar e ganhar notoriedade na
produção de vinhos. A primeira safra comercial da UVVA se deu em 2019, chegando
ao mercado apenas em 2022, com 55 mil garrafas. Já a previsão para 2025 é de
260 mil garrafas. “O Vale do São Francisco se notabilizou já há algum tempo
pela produção de vinhos e espumantes. Mais recentemente, a Chapada Diamantina
também se tornou protagonista, trazendo à tona um novo e distinto terroir.
Outras regiões do estado também possuem iniciativas em curso, demonstrando
existir um leque de opções e oportunidades distintas”, pontua o CEO da empresa,
Fabiano Borré.
Borré ressalta que, na
Chapada, as condições de altitude (1.150 m) e a amplitude térmica são os
grandes diferenciais, em especial em Mucugê, que permitiram que a junção com a
alta tecnologia originasse vinhos finos já reconhecidos nacional e internacionalmente.
“No mundo do vinho é como se estivéssemos bem no início de nossa trajetória.
Nesse pouco tempo, porém, a UVVA já lançou 12 rótulos, entre brancos, tintos e
espumantes”.
Fonte: A Tarde
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