Banco Mundial vai triplicar fundos de
garantias para investimentos em energia renovável
O Banco Mundial deve
triplicar seus fundos de garantias de investimento e atingir US$ 20 bilhões até
2030 para projetos de energia renovável em países emergentes, anunciou nesta
quarta-feira (28) o presidente da instituição, Ajay Banga, em evento em São Paulo.
A ideia é reformar a
estrutura interna da instituição e formar uma única plataforma para facilitar o
acesso a garantias de investimentos do banco.
Hoje, o banco tem
garantias na casa dos US$ 6,7 bilhões, afirmou Banga, que oferece por meio da
Agência Multilateral de Garantias de Investimentos -essas garantias incluem
seguros para riscos políticos e quebra de contrato, entre outros.
A necessidade de
ampliar investimentos para mitigar a crise do clima foi discutida por Banga e
pelos presidentes de instituições multilaterais em uma agenda paralela ao
encontro de ministros das finanças do G20, que acontece nesta semana na capital
paulista.
Além de Banga, no
evento estiveram a diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional),
Kristalina Georgieva, e o presidente do BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento), Ilan Goldfajn -o encontro paralelo foi organizado pelo BID.
Ilan destacou que, se
todo o financiamento multilateral disponível na América Latina e Caribe fosse
destinado a ações climáticas, o montante cobriria apenas 3% do investimento
necessário.
A região teria que
investir US$ 1,3 trilhão por ano, o equivalente a 12% do PIB total, para
atender às necessidades de mitigação e adaptação climática.
Goldfajn afirmou que o
BID está comprometido a triplicar o financiamento para ações climáticas para
US$ 150 bilhões nos próximos 10 anos.
Na segunda-feira (26),
o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou um programa para tentar atrair
capital estrangeiro e financiar projetos ligados à transição energética. A
iniciativa movimenta US$ 5,4 bilhões (R$ 27 bilhões) do BID.
Para Georgieva, do
FMI, "mobilizar financiamento para mitigação, adaptação e transição é uma
prioridade primordial, porque, se não, choques climáticos vão afetar a
performance das nossas economias e o bem estar das pessoas que fazem
negócios".
Segundo ela, só os
países emergentes precisariam gastar US$ 2 trilhões em ações de mitigação por
ano, com economistas prevendo US$ 3 trilhões, "e nós não temos esse
dinheiro."
Georgieva criticou
ainda a manutenção de subsídios para atividades que pioram a crise climática,
como combustíveis fósseis, setor que no ano passado recebeu subsídios de US$
1,3 trilhões. Considerando o impacto na saúde da poluição dos combustíveis
fósseis, os governos gastam US$ 7 trilhões por ano, segundo o FMI. "Temos
que encontrar políticas para redirecionar esse dinheiro."
·
Banco Mundial simplificará garantias de
empréstimos e investimentos com meta anual de US$20 bi
O Banco Mundial disse
nesta quarta-feira que consolidará a estrutura de garantias de empréstimos e
investimentos como parte de sua meta de triplicar suas garantias anuais para 20
bilhões de dólares até 2030 para impulsionar os investimentos privados em
energia renovável nos países em desenvolvimento.
As reformas,
anunciadas durante reunião de líderes financeiros do G20 em São Paulo,
transferirão todos os especialistas em garantias das unidades de negócios do
Banco Mundial para uma única plataforma.
O banco disse que as
mudanças, que começarão em 1º de julho, proporcionarão "uma experiência
integrada para os clientes e um acesso mais fácil ao conjunto completo de
garantias".
O Banco Mundial
atualmente garante cerca de 6,8 bilhões de dólares em empréstimos e contratos
de investimento anualmente em suas unidades de negócios, incluindo a Agência
Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA, na sigla em inglês), o
International Finance Corp do setor privado e seu braço de empréstimos Banco
Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento.
As garantias incluem
seguro para riscos de crédito, riscos políticos, quebra de contrato, restrições
monetárias e outros impedimentos ao investimento privado em países em
desenvolvimento. A expansão dessas garantias é um componente essencial dos
esforços do banco para ampliar seu balanço patrimonial e aumentar os
empréstimos em mais de 150 bilhões de dólares em 10 anos para ajudar a combater
as mudanças climáticas e outras crises globais.
As mudanças anunciadas
nesta quarta-feira marcam os primeiros resultados tangíveis de um grupo de
executivos de investimento do setor privado reunidos no ano passado pelo
presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, chamado de Laboratório de Investimento
do Setor Privado, para desenvolver ideias para atrair mais capital privado para
energia limpa e outros investimentos em países em desenvolvimento.
O Banco Mundial disse
que o plano pede a simplificação dos produtos de garantia em um único menu
abrangente que permitiria aos clientes identificar e selecionar facilmente o
instrumento mais adequado às suas necessidades. Uma nova abordagem comum
padroniza as revisões de garantia, substituindo uma colcha de retalhos de
diferentes processos, regras e padrões que agora "retêm seu potencial e
impede o acesso do cliente", disse o banco.
"Precisamos dos
recursos e da engenhosidade do setor privado para enfrentar os principais
desafios globais", disse Banga em um comunicado. "Ao consolidar
nossas ofertas, simplificar os processos e aumentar o acesso, estamos
proporcionando às empresas um acesso mais rápido e fácil às garantias."
Ø Temos sido um pouco lentos no enfrentamento da crise climática,
avalia diretora do FMI
A diretora-geral do
Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, destacou hoje a
necessidade de criação de instrumentos adequados para financiar a transição
climática, dada a falta de recursos destinados atualmente a este objetivo.
Ao falar sobre
inovação financeira para clima em evento promovido pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), em paralelo à reunião ministerial do G20 em São Paulo,
Georgieva avaliou que o mundo tem avançado devagar nas ações contra a crise
climática. Hoje, os investimentos somados dos países permitem uma redução de
apenas 11% nas emissões de carbono, quando o objetivo é cortá-las entre 25% e
50%.
Conforme a
representante do FMI, ações de mitigação do aquecimento global e transição
climática devem ser tratadas pelos países como prioritárias, uma vez que
choques das adversidades no clima prejudicam negócios e as economias. O
problema, emendou, é que os recursos necessários nessa frente são da ordem de
US$ 2 trilhões por ano, ou US$ 3 trilhões, a depender da conta. “Ainda não
temos este valor”, disse Georgieva.
Para chegar lá, a
diretora do FMI pontuou que o primeiro ponto a ser considerado é que os países
ainda investem em iniciativas que geram problemas. Georgieva também associou a
agenda climática à saúde fiscal dos países, uma vez que os investimentos públicos
dependem da capacidade dos governos de arrecadar e da qualidade dos gastos.
Ao concluir sua fala,
a diretora do FMI disse que a mobilização de recursos é difícil, mas não
impossível. Nesse momento, ela lembrou uma fala de Pelé, rei do futebol, que
faleceu em dezembro de 2022. “Pelé disse: ‘quanto mais difícil for a vitória,
maior será a felicidade de vencer. Então, vamos vencer nessa mobilização”,
concluiu.
Ø
ONG denuncia crimes ambientais cometidos
por mineradoras chinesas
Em Moçambique, a ONG
Centro de Integridade Pública (CIP) realizou uma pesquisa de campo nas
comunidades hospedeiras de projetos de mineração, implementados por três
companhias mineiras, nomeadamente, Dingsheng Minerals (Gaza), África Great Wall
Mining Development Company Ltd (Zambézia), e Haiyu (Mozambique) Mining Co. Lda
(Nampula).
De acordo com a
pesquisa- hoje (28,02) divulgada, "esta indústria tem sido responsável por
causar danos sociais, económicos e ambientais para as comunidades hospedeiras.
Por esta razão, estas comunidades têm reportado potenciais casos de crimes ambientais,
com efeitos nefasto ao clima, à saúde e segurança humana e dos ecossistemas
associados". O trabalho constanta ainda que "esta situação agrava as
desigualdades sociais, a pobreza, a desconfiança em relação às instituições
governamentais, pelas comunidades locais, entre outras consequências".
O membros das
comunidades próximas dos projetos estão descontentes com os danos causados
pelas empresas chinesas.
"Cortaram rios
para montar fábricas”, lamenta Domingos Jamal, 39 anos, natural de Coropa, que
vê, pela primeira vez, os rios da sua aldeia a secarem na sequência das ações
da empressa Haiyu.
Domingas Macedo, de
Mponha, também se queixa da mesma empresa: "A poeira entra até dentro das
casas, ao ponto de sujar nossas roupas, tudo lá dentro. Já não digo de nós
próprios cá fora, que sujamos todo o momento. Costumamos ter doenças aqui”.
O estudo intitulado
"Extrativismo que destrói o ambiente: Desvendando crimes ambientais
cometidos por empresas chinesas de exploração mineira em Moçambique"
pretendia, segundo a ONG, "avaliar o impacto da ação destas empresas para
o meio ambiente e para a vida das comunidades locais e confrontá-lo com as
denúncias reportadas em diversas plataformas sociais".
Conclusões e
recomedações
A investigação
concluiu que "a proteção do ambiente em Moçambique não tem se mostrado ser
prioritária para as autoridades governamentais. Pelo contrário, os casos aqui
documentados [no estudo] demonstram que, pelo país adentro, tem estado a
ocorrer das mais trágicasatrocidades contra o ambiente".
Também concluem que
"o nível dos desmandos cometidos pelas empresas, à luz do dia e sob olhar
impávido das autoridades, convoca-nos a questionar o papel do Estado na
proteção deste que se tornou num dos direitos fundamentais para a
humanidade".
Nesse sentido, a ONG,
através do estudo, deixa recomendações a diversos setores. Ao Governo pede, por
exemplo, que "privilegie a preservação do ambiente e a defesa dos direitos
das comunidades e não se limitar, apenas, ao lucro" bem como o reforço da
luta contra a corrupção e a criação de condições necessárias para uma efetiva
fiscalização e penalização dos infratores.
Às empresas
envolvidas, pede o respeito pela legislação nacional e internacional e pelas
boas práticas na exploração de recursos, preservando sempre o ambiente.
O CIP, através do seu
estudo, lembra que "a indústria extrativa em Moçambique tem gerado
receitas para o Estado e constitui, atualmente, uma das principais áreas
responsáveis pelo crescimento económico do país". No primeiro trimestre de
2023 apresentou um nível de crescimento de 38,02% contra uma previsão de 23,1%,
acrescenta ainda.
Fonte: FolhaPress/IstoÉ/Deutsche
Welle
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