EUA 'não têm mais estômago' para continuar financiando a Ucrânia, diz
ex-funcionário do Pentágono
A busca de Kiev pela obtenção de cada vez mais
apoio de seus doadores ocidentais está enfrentando um desafio cada vez mais
assombroso. A contraofensiva fracassada da Ucrânia, as lutas políticas internas
e a corrupção têm alimentado a redução de apoio ao regime, tanto nos EUA, onde
a alocação de ajuda financeira enfrenta obstáculos, como na UE.
A realidade é que o Ocidente "não tem mais
estômago" para financiar a Ucrânia e o conflito por procuração em
andamento contra a Rússia, disse à Sputnik Michael Maloof, ex-funcionário do
Pentágono.
O regime de Kiev vai ter que considerar seriamente
alguma forma de negociação e olhar para a realidade, enfatizou ele.
"Os Estados Unidos têm suas dotações
suspensas. O governo dos EUA pode ficar paralisado até 17 de janeiro se a
administração e o Congresso não puderem negociar e elaborar um arranjo para
financiar a Ucrânia e Israel, mas ao mesmo tempo reforçar a fronteira. […] Mas
não há mais estômago para financiar os ucranianos. Francamente, o povo vê que a
guerra acabou. Basicamente a contraofensiva [ucraniana] falhou, e não há
nenhuma maneira para que eles possam dar a volta e mudar as coisas, porque eles
entraram em modo defensivo total. A chamada contraofensiva simplesmente não
existe", observou o ex-membro do Pentágono.
Recentemente, o líder democrata do Senado dos EUA,
Chuck Schumer, admitiu que os senadores não chegaram a um acordo para ajudar a
Ucrânia, já que a questão se mostrou ser difícil e o trabalho continuará em
janeiro.
Os legisladores republicanos insistiram na inclusão
de medidas de segurança de fronteira mais rigorosas na solicitação de
financiamento suplementar de 106 bilhões de dólares (R$ 514 bilhões) do governo
de Biden, que inclui mais de 60 bilhões de dólares (cerca de R$ 219 bilhões) em
ajuda à Ucrânia.
Olhando para o futuro próximo, Michael Maloof
previu que haverá um início bastante "tumultuoso" de 2024 nos Estados
Unidos.
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Ocidente teme falta de defesa aérea ucraniana no inverno; pode ser
insuficiente, diz mídia britânica
Na semana passada, o Exército russo lançou seus
maiores ataques com drones, mísseis balísticos e de cruzeiro na Ucrânia desde
2022, mirando infraestruturas energéticas, bases aéreas militares, portos,
quartéis-generais, depósitos de combustíveis e munições, com o ataque
sobrecarregando as defesas aéreas locais.
Kiev respondeu com ataques terroristas contra as
cidades russas de Belgorod e Donetsk.
As defesas aéreas da Ucrânia não estarão em
condições de repelir ataques russos com drones e mísseis neste inverno devido à
escassez de mísseis interceptores para suas defesas aéreas fornecidas pela
OTAN. Essa é a conclusão alcançada por observadores militares citados pela
mídia britânica.
Apontando para a esperada falta de apoio militar
dos EUA a Kiev em meio à batalha em curso no Congresso sobre o pacote de ajuda
proposto pelo presidente Biden de US$ 61 bilhões, analistas alertaram que as
defesas aéreas da Ucrânia podem ter que recorrer ao racionamento.
"Haverá alguns sistemas nos quais eles terão
que racionar ainda mais suas munições do que estão fazendo no momento",
disse o analista de defesa baseado em Kiev Jimmy Rushton. "Pode ser o caso
de eles simplesmente não engajarem alguns alvos, porque não têm interceptores
suficientes para distribuir".
"Essa é obviamente uma decisão terrível de ter
que tomar, mas se você realmente acredita que está ficando sem mísseis para
enfrentar alvos entrantes, você terá que racioná-los para proteger os alvos que
considera mais importantes", disse o observador.
Diz-se que as preocupações são particularmente
prementes em relação ao Patriot, o sistema de defesa aérea e antimíssil de US$
1 bilhão fabricado pela Raytheon, que os EUA enviaram a Kiev na primavera
passada, mas que teve dificuldades para interceptar projéteis russos e também
foi alvo.
Após o ataque massivo de mísseis e drones do
exército russo na sexta-feira passada, um conselheiro do Comando da Força Aérea
das Forças Armadas da Ucrânia admitiu que as defesas aéreas da Ucrânia,
provenientes da OTAN, nunca conseguiram interceptar nem mesmo um dos cerca de
300 mísseis da série Kh-22 lançados por aviões russos na Ucrânia desde 2022.
Diante da indecisão em Washington, Londres prometeu
fazer o melhor para fortalecer as defesas aéreas da Ucrânia na semana passada,
fornecendo 200 Mísseis Avançados Ar-Ar de Curto Alcance (AMRAAMs).
Essas armas, feitas pela Raytheon e avaliadas em
US$ 1 milhão cada, são normalmente instaladas em aeronaves para combates
aéreos, mas também podem ser disparadas pelo Sistema de Mísseis Superfície-Ar
Avançado Norueguês (NASAMS), fabricado na Noruega, e vários análogos dos EUA.
Eles têm um alcance entre 105 e 160 km. Os
apoiadores da OTAN de Kiev são conhecidos por terem fornecido ao país vários
lançadores NASAMS e alguns mísseis ao longo do último ano e meio.
Ø Lavrov
revela qual será o destino das autoridades ucranianas acusadas de crimes de
guerra
O ministro das Relações Exteriores da Rússia
conversou com a Sputnik na véspera do Ano Novo para discutir os problemas mais
agudos enfrentados por Moscou e pelo mundo, desde os conflitos no Leste Europeu
e no Oriente Médio até questões da segurança estratégica global.
As autoridades ucranianas acusadas de crimes de
guerra serão julgadas e punidas de acordo com a lei, garantiu o ministro das
Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
"Uma investigação sobre os crimes do regime de
Kiev já está em andamento", disse Lavrov, ao ser perguntado sobre o
destino do regime depois que a Rússia alcançar os objetivos de sua operação
militar especial. "Os órgãos de aplicação da lei russos estão registrando
e documentando cuidadosamente as atrocidades cometidas pelos neonazistas
ucranianos, e não estão se limitando ao período da operação militar especial. O
sofrimento da população civil do Donbass começou muito antes, em 2014. Os responsáveis
serão levados à justiça."
O chanceler russo especificou o trabalho do Comitê
de Investigação da Rússia, que está investigando mais de 4.000 processos
criminais contra cerca de 900 indivíduos, incluindo líderes neonazistas,
pessoal do serviço de segurança ucraniano e mercenários, além de
"representantes da liderança militar e política da Ucrânia", alguns
deles acusados à revelia e colocados em uma lista de procurados internacionais.
O mesmo destino aguarda todos os outros criminosos.
Cada um deles receberá uma punição justa, disse Lavrov.
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Crise em Gaza
Em relação à crise na Faixa de Gaza, que começou em
7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel e se transformou em uma
grande crise humanitária no território palestino referido, Lavrov reiterou o
apoio da Rússia às conversações de paz israelo-palestinas e apontou para os
problemas que estão no caminho.
"Um dos obstáculos que existem no seu caminho
continua sendo a falta de unidade palestina", disse ele, referindo-se ao
conflito entre o Hamas e a Organização para a Libertação da Palestina na
Cisjordânia.
"Apoiamos as ações de nossos parceiros, em
particular o Egito e a Argélia, com o objetivo de resolver esse problema. Pela
nossa parte, também estamos ajudando nossos amigos palestinos a encontrar
soluções, fornecendo-lhes uma plataforma na Rússia para reuniões. Estamos
incentivando a Organização para a Libertação da Palestina a se unir em uma
plataforma política, e estamos explicando o perigo de divisão para as
perspectivas de criação de um Estado palestino", observou Lavrov.
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Controle de armamentos
Por fim, perguntado sobre a questão do controle de
armas estratégicas, incluindo a possibilidade de a Rússia reconsiderar sua
moratória unilateral sobre a implantação de mísseis nucleares terrestres no
alcance de 500 a 5.500 km, Lavrov ressaltou que um "sinal inequívoco"
a esse respeito estava embutido na linguagem da própria moratória.
O Tratado de Forças Nucleares de Alcance
Intermediário, conhecido como Tratado INF, foi cancelado em agosto de 2019,
depois que os EUA e a Rússia se retiraram dele. Ao mesmo tempo, Moscou tem
cumprido unilateralmente uma moratória sobre a implantação dos mísseis do
referido tratado.
"Gostaria de lembrar que nosso compromisso com
essa moratória está estritamente ligado ao potencial aparecimento de mísseis de
alcance intermediário de baseamento terrestre dos EUA nas regiões
relevantes" perto da Rússia, disse Lavrov.
"Tendo em conta as características e
peculiaridades do uso de armas dessa classe, a questão de sua implantação por
países hostis é uma questão muito sensível do ponto de vista da segurança
nacional russa. No caso dos Estados Unidos, este aspecto assume especial
importância, dada a sua relação direta com outros fatores que influenciam a
estabilidade estratégica. É óbvio que a criação de riscos adicionais
relacionados a mísseis por Washington exigirá que tomemos sérias medidas de
retaliação", explicou ele.
Ao mesmo tempo, Lavrov enfatizou que, "na
ausência de medidas extraordinárias por parte dos Estados Unidos para aumentar
a pressão exercida sobre nós por outros meios, a Rússia não será a primeira a
implantar armas de mísseis que foram previamente proibidos sob o Tratado
INF", concluiu ele.
Ø Ex-oficial
da CIA: autoridades ucranianas são 'ratos fugindo do Titanic' ante crise de
recrutamento
Os meios de comunicação independentes e russos têm
noticiado as duras táticas de recrutamento da Ucrânia desde o início de 2022,
quando o presidente Vladimir Zelensky anunciou a mobilização geral. Centenas de
milhares de vítimas ucranianas mais tarde, os meios de comunicação tradicionais
estão finalmente começando a recuperar o atraso.
O analista de inteligência aposentado da CIA e
ex-funcionário do Departamento de Estado Larry Johnson comparou a Ucrânia ao
Titanic, enquanto autoridades ucranianas tentam escapar do país para evitar a
morte certa na campanha militar do regime de Zelensky contra a Rússia.
"O fato de o The New York Times estar agora
relatando isto mostra o quão ruim é a situação. Eles perceberam que esta festa
acabou", disse Johnson ao apresentador do Redacted, Clayton Morris, no
sábado (30), se referindo a uma exposição franca do jornal, caracterizando os
recrutadores da Ucrânia como "ladrões de pessoas" e detalhando as
suas práticas duras, corruptas e ilegais, desde o confisco de passaportes de
homens com idade para o combate até as tentativas de recrutar pessoas com
deficiência intelectual.
"Isso faz parte de outra história que saiu na
semana passada sobre membros da Rada — o Legislativo. Eles estão tentando sair
da Ucrânia. Então, para sair da Ucrânia pela fronteira, você precisa mostrar um
passaporte. Portanto, sem passaporte não há saída", disse Johnson. "O
fato de os legisladores ucranianos reconhecerem que o fim está próximo, e é por
isso que estão tentando sair, é como aquela cena do filme 'Titanic'. Os
passageiros estão se movendo em uma direção, os ratos estão se movendo na
direção oposta. É isso que está acontecendo na Ucrânia neste momento. Os ratos
estão indo em direção aos botes salva-vidas."
O gabinete do presidente ucraniano foi forçado a
tomar medidas no início deste ano para impedir que funcionários e legisladores
fizessem "viagens de negócios" ao exterior, após uma série de
escândalos envolvendo férias em resorts de luxo, enquanto os ucranianos comuns
estão atolados no conflito e tentam sobreviver. No início deste ano, o
ex-presidente ucraniano Pyotr Poroshenko se queixou de que ele também tinha
sido impedido de deixar o país para realizar "trabalhos diplomáticos"
importantes e classificou a decisão de o impedir de ser "um desvio
antiucraniano" que serviria como um "golpe para as capacidades de
defesa da Ucrânia".
O presidente Vladimir Zelensky assinou leis que
alargam a lei marcial e a mobilização geral no mês passado e, no início de
dezembro, reconheceu a necessidade de mudanças no sistema de mobilização para
recrutar ainda mais soldados. Na semana passada, a liderança militar da Ucrânia
propôs a mobilização de mais 450.000-500.000 pessoas, uma tarefa que alguns
observadores dos EUA disseram que pode se revelar impossível, uma vez que o
país já esgotou os homens em idade de lutar.
Larry Johnson ecoou esses sentimentos. "Muitos
desses caras que eles estão agarrando têm a minha idade, você sabe, 68, 58
anos, eles não estão exatamente no auge da vida e são capazes de carregar um
peso de 80 libras [35 quilos] nas costas e correr de 5 a 10 quilômetros",
disse ele. Além disso, "muitas dessas pessoas não têm experiência
militar".
Apontando para a recente admissão, mesmo pelo
notório chefe da inteligência militar da Ucrânia, Kirill Budanov, de que a
atual estratégia de mobilização está fadada ao fracasso, Johnson sugeriu que
"isto nos permite saber que esta coisa não deve se arrastar por dois ou
três anos, como alguns previram. O fim está próximo. Acho que eles terão sorte
se chegarem ao verão [no Hemisfério Norte]. Porque você tem a agitação
política, a intriga que está acontecendo. Como [o comandante-em-chefe das
Forças Armadas ucranianas, Valery] Zaluzhny, dizendo 'meu escritório estava
grampeado'. É como uma boneca russa inteira ali", disse ele. "A
história é outro indicador do caos crescente dentro do governo ucraniano e da
capacidade decrescente dos Estados Unidos para controlar esses
acontecimentos", resumiu o observador.
Fonte: Sputnik Brasil
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