terça-feira, 2 de janeiro de 2024

EUA 'não têm mais estômago' para continuar financiando a Ucrânia, diz ex-funcionário do Pentágono

A busca de Kiev pela obtenção de cada vez mais apoio de seus doadores ocidentais está enfrentando um desafio cada vez mais assombroso. A contraofensiva fracassada da Ucrânia, as lutas políticas internas e a corrupção têm alimentado a redução de apoio ao regime, tanto nos EUA, onde a alocação de ajuda financeira enfrenta obstáculos, como na UE.

A realidade é que o Ocidente "não tem mais estômago" para financiar a Ucrânia e o conflito por procuração em andamento contra a Rússia, disse à Sputnik Michael Maloof, ex-funcionário do Pentágono.

O regime de Kiev vai ter que considerar seriamente alguma forma de negociação e olhar para a realidade, enfatizou ele.

"Os Estados Unidos têm suas dotações suspensas. O governo dos EUA pode ficar paralisado até 17 de janeiro se a administração e o Congresso não puderem negociar e elaborar um arranjo para financiar a Ucrânia e Israel, mas ao mesmo tempo reforçar a fronteira. […] Mas não há mais estômago para financiar os ucranianos. Francamente, o povo vê que a guerra acabou. Basicamente a contraofensiva [ucraniana] falhou, e não há nenhuma maneira para que eles possam dar a volta e mudar as coisas, porque eles entraram em modo defensivo total. A chamada contraofensiva simplesmente não existe", observou o ex-membro do Pentágono.

Recentemente, o líder democrata do Senado dos EUA, Chuck Schumer, admitiu que os senadores não chegaram a um acordo para ajudar a Ucrânia, já que a questão se mostrou ser difícil e o trabalho continuará em janeiro.

Os legisladores republicanos insistiram na inclusão de medidas de segurança de fronteira mais rigorosas na solicitação de financiamento suplementar de 106 bilhões de dólares (R$ 514 bilhões) do governo de Biden, que inclui mais de 60 bilhões de dólares (cerca de R$ 219 bilhões) em ajuda à Ucrânia.

Olhando para o futuro próximo, Michael Maloof previu que haverá um início bastante "tumultuoso" de 2024 nos Estados Unidos.

·        Ocidente teme falta de defesa aérea ucraniana no inverno; pode ser insuficiente, diz mídia britânica

Na semana passada, o Exército russo lançou seus maiores ataques com drones, mísseis balísticos e de cruzeiro na Ucrânia desde 2022, mirando infraestruturas energéticas, bases aéreas militares, portos, quartéis-generais, depósitos de combustíveis e munições, com o ataque sobrecarregando as defesas aéreas locais.

Kiev respondeu com ataques terroristas contra as cidades russas de Belgorod e Donetsk.

As defesas aéreas da Ucrânia não estarão em condições de repelir ataques russos com drones e mísseis neste inverno devido à escassez de mísseis interceptores para suas defesas aéreas fornecidas pela OTAN. Essa é a conclusão alcançada por observadores militares citados pela mídia britânica.

Apontando para a esperada falta de apoio militar dos EUA a Kiev em meio à batalha em curso no Congresso sobre o pacote de ajuda proposto pelo presidente Biden de US$ 61 bilhões, analistas alertaram que as defesas aéreas da Ucrânia podem ter que recorrer ao racionamento.

"Haverá alguns sistemas nos quais eles terão que racionar ainda mais suas munições do que estão fazendo no momento", disse o analista de defesa baseado em Kiev Jimmy Rushton. "Pode ser o caso de eles simplesmente não engajarem alguns alvos, porque não têm interceptores suficientes para distribuir".

"Essa é obviamente uma decisão terrível de ter que tomar, mas se você realmente acredita que está ficando sem mísseis para enfrentar alvos entrantes, você terá que racioná-los para proteger os alvos que considera mais importantes", disse o observador.

Diz-se que as preocupações são particularmente prementes em relação ao Patriot, o sistema de defesa aérea e antimíssil de US$ 1 bilhão fabricado pela Raytheon, que os EUA enviaram a Kiev na primavera passada, mas que teve dificuldades para interceptar projéteis russos e também foi alvo.

Após o ataque massivo de mísseis e drones do exército russo na sexta-feira passada, um conselheiro do Comando da Força Aérea das Forças Armadas da Ucrânia admitiu que as defesas aéreas da Ucrânia, provenientes da OTAN, nunca conseguiram interceptar nem mesmo um dos cerca de 300 mísseis da série Kh-22 lançados por aviões russos na Ucrânia desde 2022.

Diante da indecisão em Washington, Londres prometeu fazer o melhor para fortalecer as defesas aéreas da Ucrânia na semana passada, fornecendo 200 Mísseis Avançados Ar-Ar de Curto Alcance (AMRAAMs).

Essas armas, feitas pela Raytheon e avaliadas em US$ 1 milhão cada, são normalmente instaladas em aeronaves para combates aéreos, mas também podem ser disparadas pelo Sistema de Mísseis Superfície-Ar Avançado Norueguês (NASAMS), fabricado na Noruega, e vários análogos dos EUA.

Eles têm um alcance entre 105 e 160 km. Os apoiadores da OTAN de Kiev são conhecidos por terem fornecido ao país vários lançadores NASAMS e alguns mísseis ao longo do último ano e meio.

 

Ø  Lavrov revela qual será o destino das autoridades ucranianas acusadas de crimes de guerra

 

O ministro das Relações Exteriores da Rússia conversou com a Sputnik na véspera do Ano Novo para discutir os problemas mais agudos enfrentados por Moscou e pelo mundo, desde os conflitos no Leste Europeu e no Oriente Médio até questões da segurança estratégica global.

As autoridades ucranianas acusadas de crimes de guerra serão julgadas e punidas de acordo com a lei, garantiu o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

"Uma investigação sobre os crimes do regime de Kiev já está em andamento", disse Lavrov, ao ser perguntado sobre o destino do regime depois que a Rússia alcançar os objetivos de sua operação militar especial. "Os órgãos de aplicação da lei russos estão registrando e documentando cuidadosamente as atrocidades cometidas pelos neonazistas ucranianos, e não estão se limitando ao período da operação militar especial. O sofrimento da população civil do Donbass começou muito antes, em 2014. Os responsáveis serão levados à justiça."

O chanceler russo especificou o trabalho do Comitê de Investigação da Rússia, que está investigando mais de 4.000 processos criminais contra cerca de 900 indivíduos, incluindo líderes neonazistas, pessoal do serviço de segurança ucraniano e mercenários, além de "representantes da liderança militar e política da Ucrânia", alguns deles acusados à revelia e colocados em uma lista de procurados internacionais.

O mesmo destino aguarda todos os outros criminosos. Cada um deles receberá uma punição justa, disse Lavrov.

·        Crise em Gaza

Em relação à crise na Faixa de Gaza, que começou em 7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel e se transformou em uma grande crise humanitária no território palestino referido, Lavrov reiterou o apoio da Rússia às conversações de paz israelo-palestinas e apontou para os problemas que estão no caminho.

"Um dos obstáculos que existem no seu caminho continua sendo a falta de unidade palestina", disse ele, referindo-se ao conflito entre o Hamas e a Organização para a Libertação da Palestina na Cisjordânia.

"Apoiamos as ações de nossos parceiros, em particular o Egito e a Argélia, com o objetivo de resolver esse problema. Pela nossa parte, também estamos ajudando nossos amigos palestinos a encontrar soluções, fornecendo-lhes uma plataforma na Rússia para reuniões. Estamos incentivando a Organização para a Libertação da Palestina a se unir em uma plataforma política, e estamos explicando o perigo de divisão para as perspectivas de criação de um Estado palestino", observou Lavrov.

·        Controle de armamentos

Por fim, perguntado sobre a questão do controle de armas estratégicas, incluindo a possibilidade de a Rússia reconsiderar sua moratória unilateral sobre a implantação de mísseis nucleares terrestres no alcance de 500 a 5.500 km, Lavrov ressaltou que um "sinal inequívoco" a esse respeito estava embutido na linguagem da própria moratória.

O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, conhecido como Tratado INF, foi cancelado em agosto de 2019, depois que os EUA e a Rússia se retiraram dele. Ao mesmo tempo, Moscou tem cumprido unilateralmente uma moratória sobre a implantação dos mísseis do referido tratado.

"Gostaria de lembrar que nosso compromisso com essa moratória está estritamente ligado ao potencial aparecimento de mísseis de alcance intermediário de baseamento terrestre dos EUA nas regiões relevantes" perto da Rússia, disse Lavrov.

"Tendo em conta as características e peculiaridades do uso de armas dessa classe, a questão de sua implantação por países hostis é uma questão muito sensível do ponto de vista da segurança nacional russa. No caso dos Estados Unidos, este aspecto assume especial importância, dada a sua relação direta com outros fatores que influenciam a estabilidade estratégica. É óbvio que a criação de riscos adicionais relacionados a mísseis por Washington exigirá que tomemos sérias medidas de retaliação", explicou ele.

Ao mesmo tempo, Lavrov enfatizou que, "na ausência de medidas extraordinárias por parte dos Estados Unidos para aumentar a pressão exercida sobre nós por outros meios, a Rússia não será a primeira a implantar armas de mísseis que foram previamente proibidos sob o Tratado INF", concluiu ele.

 

Ø  Ex-oficial da CIA: autoridades ucranianas são 'ratos fugindo do Titanic' ante crise de recrutamento

 

Os meios de comunicação independentes e russos têm noticiado as duras táticas de recrutamento da Ucrânia desde o início de 2022, quando o presidente Vladimir Zelensky anunciou a mobilização geral. Centenas de milhares de vítimas ucranianas mais tarde, os meios de comunicação tradicionais estão finalmente começando a recuperar o atraso.

O analista de inteligência aposentado da CIA e ex-funcionário do Departamento de Estado Larry Johnson comparou a Ucrânia ao Titanic, enquanto autoridades ucranianas tentam escapar do país para evitar a morte certa na campanha militar do regime de Zelensky contra a Rússia.

"O fato de o The New York Times estar agora relatando isto mostra o quão ruim é a situação. Eles perceberam que esta festa acabou", disse Johnson ao apresentador do Redacted, Clayton Morris, no sábado (30), se referindo a uma exposição franca do jornal, caracterizando os recrutadores da Ucrânia como "ladrões de pessoas" e detalhando as suas práticas duras, corruptas e ilegais, desde o confisco de passaportes de homens com idade para o combate até as tentativas de recrutar pessoas com deficiência intelectual.

"Isso faz parte de outra história que saiu na semana passada sobre membros da Rada — o Legislativo. Eles estão tentando sair da Ucrânia. Então, para sair da Ucrânia pela fronteira, você precisa mostrar um passaporte. Portanto, sem passaporte não há saída", disse Johnson. "O fato de os legisladores ucranianos reconhecerem que o fim está próximo, e é por isso que estão tentando sair, é como aquela cena do filme 'Titanic'. Os passageiros estão se movendo em uma direção, os ratos estão se movendo na direção oposta. É isso que está acontecendo na Ucrânia neste momento. Os ratos estão indo em direção aos botes salva-vidas."

O gabinete do presidente ucraniano foi forçado a tomar medidas no início deste ano para impedir que funcionários e legisladores fizessem "viagens de negócios" ao exterior, após uma série de escândalos envolvendo férias em resorts de luxo, enquanto os ucranianos comuns estão atolados no conflito e tentam sobreviver. No início deste ano, o ex-presidente ucraniano Pyotr Poroshenko se queixou de que ele também tinha sido impedido de deixar o país para realizar "trabalhos diplomáticos" importantes e classificou a decisão de o impedir de ser "um desvio antiucraniano" que serviria como um "golpe para as capacidades de defesa da Ucrânia".

O presidente Vladimir Zelensky assinou leis que alargam a lei marcial e a mobilização geral no mês passado e, no início de dezembro, reconheceu a necessidade de mudanças no sistema de mobilização para recrutar ainda mais soldados. Na semana passada, a liderança militar da Ucrânia propôs a mobilização de mais 450.000-500.000 pessoas, uma tarefa que alguns observadores dos EUA disseram que pode se revelar impossível, uma vez que o país já esgotou os homens em idade de lutar.

Larry Johnson ecoou esses sentimentos. "Muitos desses caras que eles estão agarrando têm a minha idade, você sabe, 68, 58 anos, eles não estão exatamente no auge da vida e são capazes de carregar um peso de 80 libras [35 quilos] nas costas e correr de 5 a 10 quilômetros", disse ele. Além disso, "muitas dessas pessoas não têm experiência militar".

Apontando para a recente admissão, mesmo pelo notório chefe da inteligência militar da Ucrânia, Kirill Budanov, de que a atual estratégia de mobilização está fadada ao fracasso, Johnson sugeriu que "isto nos permite saber que esta coisa não deve se arrastar por dois ou três anos, como alguns previram. O fim está próximo. Acho que eles terão sorte se chegarem ao verão [no Hemisfério Norte]. Porque você tem a agitação política, a intriga que está acontecendo. Como [o comandante-em-chefe das Forças Armadas ucranianas, Valery] Zaluzhny, dizendo 'meu escritório estava grampeado'. É como uma boneca russa inteira ali", disse ele. "A história é outro indicador do caos crescente dentro do governo ucraniano e da capacidade decrescente dos Estados Unidos para controlar esses acontecimentos", resumiu o observador.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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