TOC TOC:
Carlos Bolsonaro - por que a PF deu bom dia ao filho de Bolsonaro mais próximo
de Ramagem
A operação de busca e
apreensão que acontece nesta segunda-feira (29) na casa de Carlos Bolsonaro
(Republicanos-RJ) tem um potencial explosivo sobre o clã tanto na questão
criminal, quanto na estratégia de cooptação política.
A investigação sobre a
"Abin paralela" revela que Jair Bolsonaro (PL) e os filhos montaram
uma organização criminosa para espionar adversários políticos e até mesmo
aliados próximos, como o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, um dos estrategistas
da tentativa de golpe desencadeada após a derrota para Lula nas eleições de
2022.
Carlos Bolsonaro tem
uma ligação estreita com Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi seu homem de
confiança dentro do governo.
A investigação da PF
deve revelar que era o filho "02" de Jair Bolsonaro - e não Ramagem -
o líder da Organização Criminosa que criou uma estrutura paralela de
arapongagem, que abastecia o Gabinete do Ódio, quem também é uma criação de
Carlos.
Com a decisão de
autorizar a busca e apreensão na casa e no gabinete de Carlos Bolsonaro,
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) vê uma forma de unificar
os inquéritos da "Abin Paralela" e das milícias digitais.
Em delação, o
tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, já teria
afirmado que Carlos definia as estratégias de Bolsonaro nas redes sociais e
dava ordens para a equipe do gabinete do ódio, que era formada por Tércio
Arnaud Tomaz, Mateus Matos Diniz e José Matheus Sales Gomes.
Com o avanço das
investigações sobre a Abin Paralela, a PF e Moraes identificam o uso do sistema
de arapongagem ilegal para determinar os alvos dos extremistas nas redes
sociais.
·
Ramagem e Carlos
Bolsonaro
Formado em Direito,
Ramagem entrou para a Polícia Federal (PF) em 2005 e, como delegado, se
especializou no combate ao tráfico de drogas, antes de entrar para a equipe da
PF que atuava na operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, em 2017.
No posto, começou a se
interessar pelo submundo da política e e coordenou a operação “Cadeia Velha”
que prendeu a cúpula do MDB na Alerj: os ex-deputados estaduais Jorge Picciani,
Paulo Melo e Edson Albertassi.
Após a vitória de
Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, Ramagem foi escalado para
coordenar a segurança pessoal do presidente eleito, quando se aproximou de
Carlos Bolsonaro.
A proximidade com o
vereador - com quem passou o reveillon de 2018 para 2019 - fez com que Ramagem
fosse alçado, em março como assessor da Secretaria de Governo, subordinado ao
então ministro, o general Carlos Alberto Santos Cruz.
Enquanto montava o
chamado Gabinete do Ódio no Palácio do Planalto, Carlos Bolsonaro ficou cada
vez mais íntimo do delegado da PF.
À época, a instalação
de uma "Abin paralela" já fazia parte dos planos do filho
"02" de Jair Bolsonaro.
O desejo de Carlos
Bolsonaro foi revelado em entrevista ao Roda Viva pelo ex-secretário geral da
Presidência, Gustavo Bebianno, no dia 3 de março de 2020. Bebianno morreu 11
dias depois da entrevista.
Na ocasião, o
ex-secretário geral da Presidência revelou que o filho de Bolsonaro articulava
com "um delegado da PF" a montagem da Abin paralela logo nos
primeiros meses de governo.
"Um belo dia o
Carlos Bolsonaro aparece com um nome de um delegado federal e três agentes que
seriam uma Abin paralela. Isso porque ele não confiava na Abin".
Ainda segundo o
ex-secretário, ele e o general Santos Cruz afirmaram a Bolsonaro que eram
contra a ideia.
"O general Heleno
(chefe do gabinete Institucional da presidência) foi chamado. Ficou preocupado.
Mas ele não é de confronto e o assunto acabou comigo e o general Santos Cruz.
Nós aconselhamos o presidente a não fazer aquilo porque também seria motivo de
impeachment. Eu não sei se isso foi instalado porque depois eu acabei saindo do
governo".
Questionado se o
delegado seria o atual diretor da Abin, Alexandre Ramagem, Bebianno preferiu
não responder. “Eu lembro o nome do delegado. Mas não vou revelar por uma
questão institucional e pessoal”, afirmou.
Na mesma entrevista,
Bebianno revelou que Carlos Bolsonaro comandava o Gabinete do Ódio.
“Eu disse ao
presidente que as notícias falsas não podiam estar dentro do Planalto porque
poderiam dar em impeachment. Mas a pressão que o Carlos faz é tão grande que o
pai não consegue se contrapor ao filho. É como aquela criança que quer um
presente no shopping, esperneia e o pai não tem pulso para dizer não”, contou.
·
Gabinete do ódio e
"Abin paralela"
Após se aproximar de
Ramagem e em meio à tentativa de criar a "Abin paralela" para atuar
junto ao Gabinete do Ódio, Carlos Bolsonaro instalou a primeira grande crise no
Planalto.
O alvo era justamente
o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que se opôs aos planos do filho
de Bolsonaro e foi demitido em 13 de junho de 2019.
Menos de um mês
depois, Ramagem foi nomeado por Bolsonaro como diretor-geral da Abin e, sob o
aval de Augusto Heleno, iniciou a instalação da Organização Criminosa que virou
alvo da PF - e resultou na ação contra o agora deputado federal nesta
quinta-feira (25).
A investigação da PF
segue a mesma linha de raciocínio exposta por Bebbiano e escancara a relação
espúria com o clã Bolsonaro que fez Ramagem alavancar sua carreira política e
se lançar pré-candidato à prefeitura do Rio - tendo como coordenador de redes sociais,
Carlos Bolsonaro.
Cabe destacar alguns
fatos que levam luz ao que Bebianno deixou de revelar com sua morte 11 dias
após revelar a atuação de Carlos Bolsonaro no Gabinete do Ódio e dos planos de
implantar, juntamente com Ramagem, uma Abin paralela.
Vamos a eles:
O software FirstMile,
usado pela "Abin Paralela", foi comprado com dispensa de licitação
pelo general Walter Braga Netto no final de 2018, ainda durante o governo
Michel Temer (MDB), quando o militar comandava o Gabinete de Intervenção
Federal no Rio de Janeiro;
- A compra do software junto à empresa israelense Cognyte,
que integra o grupo Veinrt Systems Inc e tinha como representante no
Brasil Caio Santos Cruz, filho do general Santos Cruz;
- Segundo a PF, a estrutura foi montada para obter, entre
outras informações, dados de investigações envolvendo os filhos de
Bolsonaro, especialmente Flávio Bolsonaro - no caso do esquema de
corrupção das "rachadinhas" - e de Jair Renan.
- Segundo as investigações, "o estado brasileiro,
portanto, efetuou o pagamento de R$ 5 milhões para que empresa estrangeira
realizasse ataques sistemáticos contra a rede de telefonia nacional para
comercializar dados pessoais sensíveis que resultaram na disponibilização
da geolocalização de diversos brasileiros sem qualquer ordem
jurídica”.
- Presos em outubro, os agentes Rodrigo Colli e Eduardo
Arthur Yzycky teriam coagido colegas que tinham conhecimento do suposto
esquema de arapongagem para evitar uma possível demissão.
- Ainda de acordo com as investigações, Alexandre de Moraes
era um dos alvos do sistema de arapongagem e a espionagem teria sido
feita, inclusive, durante o período da pré-campanha eleitoral.
Com a investigação
contra Ramagem, a PF aprofunda o que Bebianno revelou antes de morrer e coloca
os dois pés no gabinete do ódio montado pelo clã Bolsonaro no coração do
Palácio do Planalto.
Ø
Carlos Bolsonaro pode ter recebido
informações obtidas ilegalmente pela Abin
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) é um dos alvos de uma operação de busca e apreensão
da Polícia Federal (PF) na manhã desta segunda-feira (29).
A operação se refere a
um suposto uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro, quando Alexandre Ramagem (PL-RJ) dirigia o órgão.
A operação mira
aliados de Ramagem na época em que ele estava na Abin e também no atual mandato
como deputado federal, o chamado "núcleo político" do ex-delegado da
PF.
A suspeita da PF é que
Carlos Bolsonaro, teria recebido "materiais" obtidos ilegalmente
pela Abin.
·
A operação
Investigação da
Polícia Federal aponta que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e
governadores foram espionados de maneira ilegal pela Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) sob o comando de Alexandre Ramagem, que hoje é deputado
federal pelo PL do Rio de Janeiro.
Os ministros do STF
que foram alvo de espionagem ilegal da Abin são: Gilmar Mendes e Alexandre
de Moraes. O governador espionado foi Camilo Santana, à época da araponga
em Santana comandava o estado do Ceará, hoje ele é ministro da Educação do governo Lula.
Outros governadores foram espionados, mas os nomes não foram revelados.
Quem também foi
espionado de forma ilegal foi o ex-deputado federal e ex-presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
·
Alexandre Ramagem é o principal alvo da
operação da PF
O deputado federal
Alexandre Ramagem (PL-RJ) é um dos principais alvos da Operação Vigilância da
PF deflagrada na quinta-feira (25). O gabinete, o apartamento funcional no
DF e a casa do deputado no Rio são alvos de busca e apreensão da PF. Até este
momento, o parlamentar não se pronunciou.
No total, a Polícia
Federal cumpre 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares
diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções
públicas de sete policiais federais. As diligências ocorrem em Brasília/DF
(18), Juiz de Fora/MG (1), São João Del Rei/MG (1) e Rio de Janeiro/RJ (1).
·
Continuação da Operação Última Milha
Esta operação é uma
continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em
20/10/2023. As provas obtidas na época indicam que o grupo criminoso
estabeleceu uma estrutura paralela na Abin, utilizando ferramentas e serviços
da agência para ações ilícitas. Isso inclui a produção de informações com fins
políticos e midiáticos, visando benefícios pessoais e até mesmo interferência
em investigações da Polícia Federal.
Os investigados podem
responder, conforme suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de
dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de
comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas sem autorização judicial
ou com objetivos não autorizados por lei.
Ø
Assessora de Carlos acionou Ramagem para
‘ver’ inquérito contra família Bolsonaro
A decisão do ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que autorizou a operação da Polícia Federal que cumpriu mandados de
busca e apreensão contra o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na manhã desta
segunda-feira (29), revelou que uma assessora do parlamentar, que atua na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pediu auxílio direto ao ex-diretor da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência), o hoje deputado Alexandre Ramagem
(PL-RJ), para “ver” um inquérito da PF que investiga “o PR (presidente da
República) e três filhos”. O fato teria ocorrido no final de 2022.
“A solicitação de
realização de ‘ajuda’ relacionada à Inquérito Policial Federal em andamento em
unidades sensíveis da Polícia Federal indica que o NÚCLEO POLÍTICO
possivelmente se valia do Del. ALEXANDRE RAMAGEM para obtenção de informações
sigilosas e/ou ações ainda não totalmente esclarecidas”, diz o despacho do
ministro do STF.
Após uma mensagem
enviada em 11 outubro de 2022, parabenizando Ramagem por sua eleição à Câmara
dos Deputados, Luciana Almeida retoma contato dias depois com o ex-responsável
pelo órgão de arapongagem, e suspeito de operar a criminosa ‘Abin paralela’, solicitando
“ajuda” para a tal empreitada ilegal.
“Bom diaaaa. Tudo bem?
Estou precisando muito de ajuda”, escreve a assessora, para na sequência enviar
o nome completo de uma delegada, Isabela Muniz Ferreira, da Delegacia de
Polícia Federal de Inquéritos Especiais, junto com números que seriam de inquéritos
que investigam o clã Bolsonaro, assim como o nome do escrivão responsável pelos
autos. Ela fala sobre uma investigação “contra o PR e três filhos”. PR é a
forma como os bolsonaristas, chegados a um jargão militarizado, chamam o cargo
de presidente da República.
O inquérito da PF
aponta ainda que Ramagem, em 2020, quando estava à frente da Abin, teria
realizado impressões de páginas constantes em inquéritos da PF sobre questões
eleitorais de vários políticos do Rio de Janeiro, estado que serve de base
eleitoral para a família Bolsonaro.
Ø
Mourão “defende” Carlos Bolsonaro o
chamando de “incompetente” e “incapaz”
O senador Hamilton Mourão e
ex-vice de Jair Bolsonaro, inverteu
o ditado: “a melhor defesa é o ataque”. Para defender o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), alvo de operação de busca e apreensão da
Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (29), o chamou de “incompetente” e “incapaz”.
Mourão foi perguntado
pela coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, se ele sabia do suposto
plano do vereador para fundar uma “Abin paralela” no governo Bolsonaro. A
denúncia foi feita pelo ex-ministro Gustavo Bebianno em entrevista ao
programa Roda Viva, da TV Cultura. Mourão, então, lascou:
“Não tenho
conhecimento disso, por outro lado julgo que o Carlos não tem competência e
capacidade para isso”.
·
Bebianno
Carlos Bebianno,
ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro, afirmou em 2 de
março de 2020, em entrevista ao programa Roda Viva:
“Um belo dia o Carlos
me aparece com um nome de um delegado federal e de três agentes que seriam uma
Abin paralela, porque ele não confiava na Abin. O general
Heleno [então ministro do GSI, a quem a Abin é subordinada] foi chamado,
ficou preocupado com aquilo, mas Heleno não é de confronto. A conversa acabou
comigo e com o Santos Cruz [então ministro da Secretaria de Governo].
Aconselhamos ao presidente que não fizesse aquilo de maneira alguma. Muito pior
que o gabinete de ódio, aquilo também seria motivo para impeachment. Depois eu
saí, não sei se isso foi instalado ou não”.
O vereador Carlos
Bolsonaro (Republicanos) é um dos alvos de uma operação de busca e apreensão da
Polícia Federal (PF) na manhã desta segunda-feira (29).
·
A operação da PF
A operação se refere a
um suposto uso ilegal da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o
governo Jair Bolsonaro, quando Alexandre Ramagem (PL-RJ) dirigia o órgão.
A operação mira
aliados de Ramagem na época em que ele estava na Abin e também no atual mandato
como deputado federal, o chamado "núcleo político" de Ramagem.
A suspeita da PF é que
Carlos Bolsonaro, teria recebido "materiais" obtidos ilegalmente pela
Abin.
Investigação da
Polícia Federal aponta que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e
governadores foram espionados de maneira ilegal pela Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) sob o comando de Alexandre Ramagem, que hoje é deputado
federal pelo PL do Rio de Janeiro.
Fonte: Fórum
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