Parlamentares ucranianos veem condições
para negociar o fim do conflito com a Rússia
Deputado ucraniano
preso por traição diz que número de parlamentares dispostos a se demitir é alto
e muitos já consideram as condições necessárias para negociar o fim do
conflito.
As condições
necessárias para discutir o fim do conflito ucraniano estão aumentando a cada
dia. A afirmação foi feita pelo deputado ucraniano da Suprema Rada, o
parlamento unicameral da Ucrânia, Aleksandr Dubinsky, atualmente preso pelo
governo ucraniano por suspeita de traição.
Em relatos postados
por seus advogados no Telegram, Dubinsky comentou as declarações feitas
recentemente por David Arakhamia, líder do partido Servo do Povo, do presidente
ucraniano Vladimir Zelensky, que alertou que o parlamento se aproxima de uma
grave crise devido à intenção de vários deputados de se demitirem. Segundo
Arakhamia, 17 integrantes do Servo do Povo, além de parlamentares de outras
legendas, manifestaram essa intenção.
Segundo Dubinsky, o
motivo dessa tendência é o medo. "Se li bem os sinais, estão a ser criadas
cada vez mais condições necessárias a fim de começar a discutir os parâmetros
para acabar com a guerra", afirmou o deputado.
Na opinião do
deputado, a posição irreconciliável de Zelensky está ligada ao término de seus
cinco anos de mandato, o que torna as declarações categóricas do presidente um
slogan político.
As eleições
presidenciais estavam programadas para ocorrer na Ucrânia na primavera europeia
de 2024. No entanto, as autoridades do país prorrogaram a lei marcial,
portanto, a votação não será realizada.
• Em meio a contradição de versões,
porta-voz de Zelensky nega demissão de chefe do Exército ucraniano
Parlamentares
ucranianos repercutiram uma suposta demissão do comandante das Forças Armadas
da Ucrânia, Valery Zaluzhny, em meio aos atritos dele com o governo de
Vladirmir Zelensky, nesta segunda-feira (29).
Ainda que o porta-voz
do presidente, Sergei Nikiforov, tenha negado a demissão, o correspondente do
The Economist no país, Oliver Carroll, disse que a notícia "parece ser
verdadeira".
Os rumores da possível
saída de Zaluzhny do comando das tropas em meio à operação militar especial
russa no país, diante da falta de efetividade das operações ucranianas no campo
de batalha, são ventilados há semanas no país, mas ganharam força hoje (29).
Porém, o Ministério da
Defesa ucraniano, além do porta-voz do presidente, classificou como 'falsos' os
relatos sobre a demissão, enquanto o jornalista britânico do The Economist na
Ucrânia, Oliver Carroll, escreveu em sua conta que a saída de Zaluzhny parece
ser verdadeira. O secretário de imprensa presidencial, Sergei Nikiforov, também
negou a informação.
Porém, os problemas se
intensificaram ainda mais após o ataque ao avião com prisioneiros do país que
seriam liberados após acordo com a Rússia. Na ocasião, 65 ucranianos morreram
após a aeronave ser abatida com mísseis que, segundo investigações de Moscou,
foram disparados pelas próprias Forças Armadas do país.
Conforme declarou o
deputado Aleksei Honcharenko, em troca da destituição, foi oferecido ao
ex-comandante o cargo de embaixador para um dos países da União Europeia, porém
ele recusou.
De acordo com as
informações ventiladas previamente por deputados e pela mídia ucraniana, o
presidente Zelensky teria cogitado o nome de Kirill Budanov como novo
comandante-geral das Forças Armadas da Ucrânia, em uma suposta troca de
Zaluzhny.
<< Ucrânia:
tensões na cúpula preocupavam até aliados
A crescente rixa entre
o presidente da Ucrânia e o comandante Valery Zaluzhny estava prejudicando a
campanha militar de Kiev, defendia o principal aliado do país, os Estados
Unidos.
As tensões vieram a
público em novembro do ano passado, quando o general deu uma entrevista à mídia
britânica The Economist, em que afirmou que a situação no front do conflito
estava em um impasse.
A declaração enfureceu
Zelensky, que depende da narrativa de que está vencendo o confronto para
angariar fundos das nações ocidentais.
Em conversa telefônica
com o comandante supremo das forças da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) na Europa, general Christopher Cavoli, Zaluzhny falou no início
deste mês sobre a difícil situação no front do conflito com a Rússia.
"Mantive uma
conversa telefônica com o comandante supremo das forças conjuntas da OTAN na
Europa e comandante das Forças Armadas dos EUA na Europa, general Christopher
Cavoli. Falei sobre a situação no front. A situação operacional e estratégica
segue sendo difícil, mas controlada", escreveu Zaluzhny em sua conta no
Telegram na época.
Recentemente, Zaluzhny
ficou extremamente irritado durante uma discussão sobre a lei de mobilização na
Suprema Rada, parlamento unicameral da Ucrânia.
"Eu preciso de
pessoas […]. Com que tropas eu devo lutar? Ou voltem-se para o mundo e peçam
pessoas de lá, ou vão lutar vocês mesmos", disse o líder militar.
<<<< Veja
um resumo sobre a crise no comando da Ucrânia:
▪️ Após o fracasso da
contraofensiva da Ucrânia no ano passado, diversos veículos de mídia começaram
a relatar uma aparente ruptura entre o presidente e seu comandante. A situação
aparentemente foi complicada após Zelensky considerar Zaluzhny como um possível
rival nas próximas eleições.
▪️ Zaluzhny foi
nomeado comandante das Forças Armadas da Ucrânia em julho de 2021.
▪️ A imagem de
Zaluzhny como um general capaz sofreu um golpe durante a segunda metade de
2023, quando a muito esperada contraofensiva terminou em desastre total, com
milhares de soldados morrendo em vão.
▪️ Em novembro, o
assessor próximo de Zaluzhny foi morto em circunstâncias suspeitas enquanto
celebrava seu 39º aniversário.
▪️ Em dezembro,
dispositivos de escuta inativos foram supostamente descobertos no escritório de
Zaluzhny.
Ministro da Defesa ucraniano admite
violações no valor de US$ 1,3 milhão em unidade militar
O Ministério da Defesa
da Ucrânia, durante inspeções surpresa, descobriu violações relativas ao
fornecimento de produtos em uma das unidades militares das Forças Armadas no
valor de US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 6,4 milhões), disse o ministro da Defesa
ucraniano, Rustem Umerov, nesta segunda-feira (29).
No dia 8 de janeiro,
Umerov disse que nos últimos quatro meses, inspeções internas no setor de
compras de defesa resultaram na descoberta de "muitas violações" no
valor de mais de US$ 263 milhões (aproximadamente de R$ 1,3 bilhão).
"A equipe do
ministério continua as inspeções não planejadas de armazéns com produtos em
unidades militares. Descobrimos a não entrega de alimentos no valor de mais de
50 milhões de grívnias [US$ 1,3 milhão]. Monitoramos as violações e tratamos
cada caso separadamente. Como resultado da viagem anterior, na semana passada,
o Ministério da Defesa mudou o fornecedor de algumas unidades militares",
disse Umerov nas redes sociais.
No início de janeiro,
o procurador-geral ucraniano Andrei Kostin disse que em 2023 foram abertos 220
processos criminais relacionados à corrupção no registro militar, o que é
quatro vezes superior ao de 2022, acrescentando que também foram abertos processos
criminais contra sete funcionários do Ministério da Defesa.
As autoridades
ucranianas têm realizado inspeções aos gabinetes de recrutamento militar a
todos os níveis visando atos de corrupção, tendo o gabinete de investigação
estatal afirmado que existem mais de 110 casos contra pessoal suspeito de
violações.
Em setembro de 2023,
Umerov foi nomeado ministro da Defesa da Ucrânia, designando a luta contra a
corrupção como a sua principal prioridade.
A lei marcial foi
introduzida na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. No dia seguinte, o
presidente ucraniano Vladimir Zelensky assinou um decreto sobre a mobilização
geral. Sob a lei marcial, homens de idades entre 18 e 60 anos estão proibidos
de deixar a Ucrânia.
• Serviços de Emergência russos obtêm
dados preliminares das caixas pretas do Il-76 abatido por Kiev
Informações
preliminares já foram obtidas das caixas pretas do avião de transporte militar
Il-76 abatido por um míssil ucraniano perto da cidade russa de Belgorod,
informou um representante dos Serviços de Emergência russos à Sputnik.
"Os dados
preliminares já foram obtidos, o processo técnico de desencriptação demora
cerca de meia hora, depois começa a interpretação", explicou o
representante.
As caixas pretas —
registradores dos parâmetros de voo e das conversas da tripulação — encontradas
no local do acidente foram levadas para um laboratório especial. Segundo o
serviço, o seu estado técnico era bom e permitia sua decifração.
Na última quarta-feira
(24), o Exército ucraniano abateu o avião militar russo Il-76 que transportava
65 prisioneiros ucranianos sobre a região russa de Belgorod para uma missão de
troca, coordenada de antemão. Todos os ocupantes da aeronave, incluindo seis
tripulantes e três oficiais acompanhantes, perderam suas vidas.
Segundo o presidente
da russo, Vladimir Putin, o Serviço de Inteligência Ucraniano (SBU, na sigla em
ucraniano) tinha conhecimento de que prisioneiros ucranianos viajavam a bordo
do Il-76.
"Foi um ataque
premeditado ou lançado por engano, em qualquer um dos casos é um crime",
afirmou.
A julgar pelas
evidências, o míssil foi lançado a partir de um sistema de defesa aérea francês
ou norte-americano. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que
a derrubada do Il-76 põe em causa a possibilidade de se chegar a um acordo com
Kiev.
A mídia ucraniana
escreveu primeiro que o Il-76 foi abatido pelo seu Exército, mas depois removeu
essa informação de seus sites.
A Ucrânia reconheceu
indiretamente ter abatido o Il-76 quando sua Inteligência disse lamentar que a
Rússia "não tenha notificado a necessidade de garantir a segurança do
espaço aéreo" perto de Belgorod. A mídia ucraniana chegou a divulgar a tese
de que o Il-76 carregava mísseis para os sistemas S-300.
Kiev se declarou
oficialmente a favor da realização de uma investigação internacional para
esclarecer as circunstâncias do incidente.
"Se se trata de
uma investigação internacional sobre as ações criminosas do regime de Kiev, é
necessário realizá-la", comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
• Fragata da Rússia treina destruição de
submarino 'inimigo' no mar do Sul da China
A fragata Marshal
Shaposhnikov executou uma operação com um helicóptero Ka-27 para testar um
ataque a um possível inimigo, que ocorreu na região Ásia-Pacífico.
A fragata da Frota do
Pacífico da Rússia identificou e destruiu um submarino "inimigo"
durante exercícios no mar do Sul da China como parte de uma missão de longo
alcance, informou o ramo militar.
O cruzador de mísseis
Varyag, navio-almirante da Frota do Pacífico, e a fragata Marshal Shaposhnikov,
partiram na última segunda-feira (22) de Vladivostok, no Extremo Oriente russo,
para manobras na região da Ásia-Pacífico.
"A tripulação da
fragata Marshal Shaposhnikov, do destacamento de navios de guerra da Frota do
Pacífico, que executa tarefas designadas na região da Ásia-Pacífico, realizou
um exercício antissubmarino no mar do Sul da China. Durante a busca por um submarino
do inimigo condicional, as tripulações da fragata trabalharam em interação com
o helicóptero embarcado Ka-27 da Aviação da Frota do Pacífico na variante
antissubmarino", disse o comunicado.
Após a detecção do
submarino alvo na área especificada e a confirmação de suas coordenadas pela
tripulação do helicóptero, foi simulado um bombardeamento com torpedos e bombas
de profundidade antissubmarino, utilizando o algoritmo completo de ação nestas
situações.
UE cogita sabotar a economia da Hungria
para forçar o país a aprovar ajuda militar a Kiev, diz mídia
Documento acessado
pelo Financial Times revela que o bloco delineou uma estratégia para atacar as
fraquezas econômicas da Hungria, forçando o governo do país a reconsiderar sua
decisão.
A União Europeia (UE)
estuda cessar todo o financiamento à Hungria caso o governo do país não
concorde em levantar seu veto ao fornecimento de ajuda militar a Kiev pelo
bloco, em uma cúpula marcada para ocorrer em 1º de fevereiro, em Bruxelas. A
informação foi divulgada pelo jornal Financial Times.
Em dezembro de 2023, a
Hungria vetou a ampliação do orçamento da UE para 2024-2027 para acomodar 50
bilhões de euros (cerca de R$ 265 bilhões) em ajuda macrofinanceira à Ucrânia.
Na ocasião, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse aos jornalistas
que esperava que os líderes da UE aprovassem por unanimidade a ajuda financeira
à Ucrânia no início de 2024, com a próxima cúpula extraordinária da UE marcada
para 1º de fevereiro.
Segundo um documento
acessado pelo Financial Times, Bruxelas delineou uma estratégia para atacar as
fraquezas econômicas da Hungria, colocar em risco a sua moeda e causar um
colapso na confiança dos investidores, em uma tentativa de prejudicar o emprego
e o crescimento econômico do país, de modo que Budapeste reconsiderasse a sua
decisão de fornecer fundos da UE à Ucrânia.
"No caso de não
haver acordo na [cúpula] de 1º de fevereiro, outros chefes de Estado e de
governo declarariam publicamente que, à luz do comportamento não construtivo do
primeiro-ministro húngaro [Viktor Orbán], não poderiam imaginar que fundos da UE
poderiam ser fornecidos a Budapeste", diz o jornal, citando o documento.
Sem o financiamento,
"os mercados financeiros e as empresas europeias e internacionais poderão
estar menos interessados em investir na Hungria" e tais medidas
"poderiam desencadear rapidamente um novo aumento no custo de
financiamento do déficit público e uma desvalorização da moeda",
acrescenta o jornal.
Além disso, de acordo
com o jornal, o documento do Conselho da UE expôs as vulnerabilidades
econômicas da Hungria, incluindo o seu déficit público muito elevado, a
inflação, a moeda fraca e os maiores pagamentos da dívida em proporção do PIB
na UE. O documento destaca também que o emprego e o crescimento da Hungria
dependem, em grande medida, do financiamento estrangeiro, que se baseia em
elevados níveis de financiamento da UE.
O ministro húngaro
para os Assuntos da UE, Janos Boka, disse ao jornal que Budapeste enviou uma
nova proposta a Bruxelas no sábado (27) para chegar a um consenso, dizendo que
o governo estava, agora, aberto a usar o orçamento da UE para a ajuda à Ucrânia
se fossem adicionadas outras cláusulas que dariam a Budapeste a oportunidade de
mudar sua decisão mais tarde.
Boka acrescentou ainda
que se a tentativa de chegar a um consenso falhar, Budapeste dará preferência à
proposta inicial da Hungria de criar um fundo separado para a Ucrânia fora do
orçamento da UE.
Os países ocidentais,
incluindo os Estados-membros da UE, têm fornecido ajuda financeira e militar a
Kiev desde o início da operação militar da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de
2022. A UE forneceu até agora um total de quase 85 bilhões de euros (cerca de
R$ 453 bilhões) em apoio humanitário, econômico e militar à Ucrânia e ao seu
povo, afirmou a Comissão Europeia no final de dezembro de 2023.
Fonte: Sputnik Brasil
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