quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Despacho de Xandão coloca Carluxo no “núcleo político” do Abingate

A investigação em curso revela uma ação coordenada e ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), envolvendo o uso não autorizado do sistema de inteligência First Mile para monitorar dispositivos móveis sem conhecimento das operadoras de telefonia e sem autorização judicial. Este sistema foi capaz de rastrear a localização de celulares e está no centro das investigações que apontam para o desvio de conduta de agentes e altos gestores da ABIN, incluindo a identificação de diferentes núcleos operacionais ativos entre 2019 e 2021.

Carlos Nantes Bolsonaro, Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, Priscilla Pereira e Silva e Giancarlo Gomes Rodrigues são citados como membros do chamado Núcleo Político, acusados de utilizar a ferramenta para fins pessoais e políticos, incluindo o monitoramento de inimigos políticos e a busca por informações sobre investigações que envolvem os filhos do então Presidente Jair Bolsonaro.

A investigação da Polícia Federal destaca a existência de 60.734 operações realizadas pelo sistema First Mile, das quais apenas 21.309 forneceram localizações geográficas. Há indicações de que essas operações foram conduzidas com o conhecimento e a cumplicidade de Alexandre Ramagem, então Diretor-Geral da ABIN, que teria utilizado sua posição para fins ilícitos, como a impressão de informações confidenciais e a manipulação da inteligência produzida pela agência para beneficiar interesses políticos.

Os investigados Mauricio Fortunato Pinto, Alexandre Pasiani e Marcelo Furtado Martins de Paula são apontados como gestores da ferramenta First Mile e são acusados de omissão e participação ativa nos atos ilícitos. Eles teriam desvirtuado a função da ABIN para monitorar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e associá-los a atividades criminosas.

A Polícia Federal também destaca a utilização da ABIN para preparar relatórios em defesa do Senador Flávio Bolsonaro, monitorar figuras políticas como Rodrigo Maia e Joice Hasselmann, e interferir em investigações federais, como a do assassinato de Marielle Franco.

A representação policial inclui um pedido específico de busca e apreensão em residências e locais de trabalho, veículos e dispositivos eletrônicos dos indivíduos citados. A Procuradoria-Geral da República manifestou-se favorável a essas medidas, embora com reservas em relação a Priscilla Pereira e Silva. A decisão aponta para a necessidade de prosseguir com as buscas para aprofundar o acervo probatório e trazer mais evidências à luz.

O Ministro Alexandre de Moraes autorizou as buscas, ressaltando a gravidade das acusações e a importância de se resguardar as provas. As medidas de busca e apreensão são justificadas pela necessidade de coletar mais evidências sobre as infrações penais suspeitas em relação aos investigados. A autoridade policial foi instruída a apresentar um relatório parcial dentro de 30 dias, analisando o material e o conteúdo eletrônico apreendidos.

As evidências colhidas indicam um uso sistemático da ABIN para fins políticos, monitoramento ilegal de opositores e uma potencial organização criminosa operando dentro da agência de inteligência do Estado. Esta investigação continua a desvendar a extensão e a natureza das operações clandestinas e a identificar outros possíveis participantes ainda não conhecidos. A decisão ressalta a seriedade das alegações e a necessidade de uma investigação detalhada para garantir a justiça e o cumprimento da lei.

 

Ø  PF convidou Carlos Bolsonaro e outros alvos de operação a depor

 

A Polícia Federal convidou os alvos da Operação Vigilância Aproximada, deflagrada nesta segunda-feira (29/1), a prestar depoimento. Ao todo, a corporação cumpriu mandados de busca e apreensão contra quatro investigados em Brasília, no Rio de Janeiro e na Bahia. Entre eles, o filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

O objetivo da operação é investigar organização criminosa que se instalou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.

Até o momento, a PF convidou a prestar depoimento Carlos Bolsonaro; a assessora dele, Luciana Paula Garcia da Silva Almeida; a assessora do deputado federal Alexandre Ramagem, Priscila Pereira e Silva; e o militar do Exército cedido para a Abin na gestão de Ramagem, Giancarlo Gomes Rodrigues.

Todos sofreram mandados de busca e apreensão em investigação que mira núcleo político beneficiado pela chamada “Abin paralela” de Jair Bolsonaro (PL). O convite para depoimento é diferente de intimação. Como o próprio nome diz, é um convite. Opcional. Carlos e os outros alvos podem responder em até três dias.

 

Ø  Ramagem mapeou para Carlos rivais políticos do Rio, dizem fontes da PF

 

A investigação que levou a Polícia Federal (PF) a cumprir mandados de busca e apreensão contra o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) descobriu ao menos duas situações em que o político foi beneficiado pela chamada Abin paralela, conforme disseram ao Metrópoles fontes ligadas à investigação.

Em um dos casos, Luciana Almeida, assessora de Carlos que também foi alvo da operação desta segunda-feira (29/1), foi flagrada em mensagem pedindo a Alexandre Ramagem, então diretor da Abin, para descobrir inquéritos sigilosos em que membros da família Bolsonaro estariam envolvidos.

Em uma troca de mensagens, Luciana diz a Ramagem que “está precisando muito de uma ajuda”. De acordo com as investigações, a “ajuda” se referia a informações sobre inquéritos em andamento na PF.

Outra prova colhida pelas autoridades foi um pedido, supostamente ligado a Carlos ou a seus assessores, para que Ramagem fizesse um levantamento de todos os inquéritos eleitorais em curso na PF do Rio contra possíveis rivais políticos do vereador na cidade. Segundo uma fonte do caso, essa pesquisa teria sido feita e entregue ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O vereador Carlos Bolsonaro foi alvo da Operação Vigilância Aproximada, que investiga um esquema ilegal de espionagem dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro.

Os agentes apreenderam o celular do vereador e três computadores na casa do ex-presidente, em Angra dos Reis (RJ).

Logo no começo da manhã, equipes da PF cumpriram mandados de busca na residência de Carlos e no gabinete dele na Câmara dos Vereadores, na capital do Rio de Janeiro. Em seguida, os policiais foram à casa de praia da família, em Angra dos Reis, onde Carlos Bolsonaro estava com outros irmãos e com o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

 

Ø  Movimentação de promotora do caso Marielle foi monitorada pela ABIN

 

A operação da Polícia Federal na última quinta-feira (25) revelou que a chamada “ABIN Paralela” tinha como um dos alvos de interesse a promotora do caso Marielle Franco. A Controladoria-Geral da União havia identificado um resumo do currículo de coordenadora de força-tarefa que investigou morte de Marielle Franco, Simone Sibilio. Na ocasião, a decisão emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, esse documento teria deixado clara a instrumentalização da ABIN. Porém, ao que tudo indica, o monitoramento não parou apenas na impressão do currículo da promotora.

Segundo a decisão da operação desta segunda-feira (29), assinada também por Alexandre de Moraes, o programa First Mile também foi usado para monitorar a movimentação da promotora.

O First Mile é um software usado para localizar aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G, além disso, o programa também é capaz de identificar a localização aproximada dos dispositivos e gerar alertas sobre a rotina de movimentação dos alvos de interesse.

Simone Sibilio deixou a investigação em 2021 alegando receio e insatisfação com “interferências externas”.

A promotora também teve participação na Operação Intocáveis, que teve o miliciano Adriano da Nóbrega entre os denunciados, além de outras investigações envolvendo as milícias no Rio de Janeiro.

O episódio se soma a tantos outros que até hoje seguem sem uma justificativa plausível para as sucessivas aproximações entre o ex-presidente e sua família e o caso de duplo homicídio.

Resta agora que as diligências da PF respondam o motivo de Simone ser alvo dos monitoramentos.

 

Ø  Valdemar teria sido monitorado pela ABIN paralela

 

Segundo fontes ouvidas pela coluna, não foram apenas os opositores do presidente, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e jornalistas que teriam sido alvo da chamada ABIN Paralela.

O presidente do PL (atual partido de Jair Bolsonaro), Valdemar Costa Neto, teria sido um dos alvos dos monitoramentos feitos pela célula clandestina de vigilância e monitoramento instalado no seio da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).

O programa de monitoramento de localização de celulares First Mile adquirido no governo temer, teria funcionado até o início de 2021

Segundo fontes, houve neste final de semana uma verdadeira operação de interlocutores do ex-presidente para “acalmar” aliados e ex-aliados de Bolsonaro no Rio de Janeiro.

Segundo uma apuração do jornalista Octávio Guedes, até mesmo o general Mourão, atual senador da República, também teria sido procurado nesta operação. Outro possível alvo da rede de monitoramentos seria também o senador Ciro Nogueira que foi o ministro-chefe da Casa Civil entre agosto de 2021 e dezembro de 2022, segundo o canal Globo News.

Por enquanto a lista de monitorados pela agência clandestina segue sob sigilo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e organizações da sociedade civil já solicitaram ao STF acesso à lista dos monitorados.

Também segundo fontes da coluna, a Polícia Federal teria, na semana passada, solicitado a remoção do sigilo da lista, pedido que não foi atendido pelo STF.

A PF não confirma oficialmente qualquer informação sobre os nomes que constam na lista.

Conforme a coluna também já havia revelado, segundo fontes na PF as apurações sobre a ABIN paralela estariam apenas no início e muita coisa estaria por vir.

 

Fonte: O Cafezinho

 

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