Dono da fazenda de “Terra e Paixão”
assessorou Tereza Cristina e sua empresa venceu contratos na era Bolsonaro
A novela “Terra e
Paixão”, escrita por Walcyr Carrasco, reproduz uma narrativa comum às tramas
rurais exibidas pela Rede Globo. O roteiro cria uma dualidade entre dois
personagens ideais do campo brasileiro. De um lado, o latifundiário Antônio La
Selva, um homem violento, inescrupuloso e símbolo do atraso, vivido por Tony
Ramos. De outro, seu filho Caio, interpretado por Cauã Raymond, como um
empresário consciente, uma visão idealizada do agronegócio moderno.
Em determinado ponto
da novela, os dois personagens discutem sobre o apoio de La Selva a políticos
sul-mato-grossenses, com o propósito de livrá-lo de quaisquer acusações.
Nos últimos capítulos, o tema
novamente volta à tona, com o fazendeiro sendo liberado da cadeia após acionar
seus contatos em Brasília.
Na vida real, os donos
do imóvel onde foi gravada “Terra e Paixão” também nutrem uma relação de
proximidade com a política. Em uma série de reportagens, De Olho nos Ruralistas
revelou o histórico de violações ambientais da Fazenda Annalu, que vai do desmatamento e criação de gado em área de Reserva Legal ao desvio do curso de um afluente do Rio Dourados para atender um megaprojeto de piscicultura de tilápias. A
série detalha a dimensão do império agropecuário erigido
pela família Rocha, para além da propriedade que inspirou a La Selva da novela.
A Fazenda Annalu está
registrada em nome de Aurélio Rolim Rocha, o Lelinho. Aos 30 anos, o diretor da
Valor Commodities, um dos maiores grupos de comercialização de grãos, bois e
pescado do Mato Grosso do Sul, formou-se em Administração Pública pela Fundação
Getúlio Vargas, fala inglês fluente e dedicou-se desde cedo ao desenvolvimento
no comércio exterior. Ainda durante a graduação, especializou-se em Relações
Internacionais e foi assessor para missões internacionais nos governos de João
Dória e Bruno Covas na prefeitura de São Paulo.
Atualmente, Lelinho é
diretor-suplente da Associação de Criadores do Mato Grosso do Sul (Acrissul), principal organização de classe dos pecuaristas do estado. Em
2013, a Acrissul esteve entre as organizadoras do “Leilão da Resistência“, que
reuniu dezenas de empresários e políticos para arrecadar recursos para a
contratação de “serviços de segurança” visando combater as retomadas de
fazendas pelos povos Guarani Kaiowá e Terena. Ao todo, as vendas de gado
geraram R$ 860 mil, mas o dinheiro foi bloqueado por decisão da Justiça, que julgou que o
leilão teria “o poder de incentivar a violência” e colidia “com os princípios
constitucionais do direito à vida, à segurança e à integridade física”.
O empresário também
atua como consultor de Relações Internacionais para a Federação das Indústrias
de Mato Grosso do Sul (Fiems), tendo liderado a missões do grupo à
Índia e ao Paraguai.
EMPRESÁRIO
VIAJOU COM A MINISTRA PARA ÁSIA E EUROPA
Entre 2019 e 2021,
Lelinho Rocha ocupou os cargos de assessor internacional e de coordenador de
Promoção de Imagem e Cultura Exportadora do Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (Mapa), acompanhando a ex-ministra Tereza Cristina (PP-MS) em viagens
internacionais à China, Alemanha, Inglaterra, Índia e Arábia Saudita.
A relação com a
senadora sul-mato-grossense inclui a adesão de Lelinho à campanha bolsonarista
da Semana da Pátria, em 2020.
A ação, deflagrada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
e pela própria Tereza Cristina, convocava fazendeiros a hastearem a bandeira do
Brasil na entrada de suas propriedades para celebrar o Dia da Independência em
meio à pandemia de Covid-19. Em sua conta no Instagram, o diretor da Valor
Commodities parabenizava a ação com uma foto da própria Fazenda Annalu.
Durante o período em
que Lelinho atuou no governo de Jair Bolsonaro, uma das empresas do grupo foi
agraciada em contratos públicos dos Ministérios da Defesa e da Economia.
Segundo dados do Portal da Transparência, a Mirage Aero Combustíveis Ltda, dona
de seis postos de abastecimento de aeronaves, espalhadas por Mato Grosso do
Sul, Paraná e Santa Catarina, recebeu R$ 414.478,76 do governo federal. As
contratações são relativas a 32 operações de compra de querosene e combustíveis
pelo Comando da Aeronáutica e
pela 9ª Superintendência da Receita Federal, em Curitiba (PR).
A aviação agrícola é
um dos principais filões de negócios da Valor Commodities, além de principal
meio de transporte entre as fazendas do grupo. Em uma foto no Instagram,
Lelinho posa dentro de um jatinho ao lado do avô, Nilton Rocha Filho, o
fundador do grupo empresarial e dono original da Fazenda Annalu. Em 2020, o
empresário recebeu da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a autorização para instalação de um
aeródromo na Fazenda Salto, em Nioaque (MS), somando-se à pista privada
existente na fazenda de “Terra e Paixão”.
“ORIENTANDO”
DE FHC, LELINHO VISA CARREIRA POLÍTICA
Antes de assumir os
negócios da família, Lelinho Rocha foi um dos 250 herdeiros de grupos
empresariais brasileiros selecionado para ingressar no programa Legado para a
Juventude. Segundo a página no Linkedin, o projeto visava
conduzir “as novas gerações da elite empresarial brasileira a conhecer a fundo
o Brasil”, encontrando “seu próprio caminho de protagonismo no país”.
O nome da plataforma
vem do livro homônimo de Fernando Henrique Cardoso e da educadora Daniela
Rogatis, que atuaram como conselheiros do programa. Encerrado em 2019, o Legado
para a Juventude foi dirigido por Marina Cançado, ex-integrante do Conselho
de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência, durante o governo de
Michel Temer, e que atualmente presta consultoria relativa a créditos de carbono. Entre os
professores, três ex-ministros de FHC — Armínio Fraga, Pedro Malan e Gustavo
Franco —, além do colunista Joel Pinheiro da Fonseca, da Folha.
A relação com o
ex-presidente foi celebrada por Lelinho em sua conta no Instagram, desativada
após a publicação da série deste observatório sobre a Fazenda Annalu. O diretor
da Valor Commodities chama FHC de “orientador” e declara sua admiração pelo
político.
Ele também possui
fotos com Michel Temer e com o dono da Havan, Luciano Hang, a quem considera
uma “fonte de inspiração”. “É uma pessoa que acredita no Brasil, uma pessoa
excepcional”, afirma Lelinho, em vídeo publicado ao lado do empresário.
O jovem não disfarça a
vontade de ingressar na política. Em entrevista ao podcast Publi & Cast, o
herdeiro detalha seus propósitos:
— Eu gosto
muito de política. Eu acho que hoje, se você perguntasse assim: ‘Lelinho você
quer ser candidato?’ Hoje, eu não gostaria de ser. Por quê? Porque eu acho que
tem muita coisa que tem que mudar. Fora que eu tenho uma coisa muito positiva
que é a idade que eu tenho. Para eu ser candidato, o que eu penso: eu quero ter
uma história para apresentar.
VÍDEO
DETALHA HISTÓRICO DE VIOLAÇÕES AMBIENTAIS
Ao longo da série de
reportagens, De Olho nos Ruralistas identificou um longo histórico de
irregularidades ambientais na Fazenda Annalu, que sediou as gravações de “Terra
e Paixão”, e nas outras propriedades do grupo Valor Commodities, controlado
pela família Rocha.
Essas histórias são
contadas em um vídeo publicado no no canal do De Olho nos Ruralistas no YouTube, que mostra, em imagens, os impactos do desmatamento e da
degradação causadas pelos drenos e pela criação de gado em Deodápolis (MS).
Ø Donos da fazenda de “Terra e Paixão” têm terra flagrada com
trabalho paraguaio escravo e infantil
A novela “Terra e
Paixão” chegou ao fim na última sexta-feira (19). No último capítulo da trama
de Walcyr Carrasco, o vilão Antônio La Selva (Tony Ramos) é morto por seu
ex-capanga Ramiro (Amaury Lorenzo), após fugir da cadeia e tentar invadir o
casamento de seu filho Caio (Cauã Raymond) com a professora Aline (Bárbara
Reis). O folhetim encerra com um final feliz dos mocinhos, em meio à narração
do pajé Jurecê, vivido pelo ator e escritor indígena Daniel Munduruku.
Na vida real, os
finais nem sempre são felizes para quem vive cercado pelo latifúndio. Em 2020,
uma inspeção na Fazenda Salto, no município de Nioaque (MS), conduzida pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT), encontrou quinze trabalhadores em
situação degradante — sendo oito menores de 18 anos e três paraguaios. Três
deles tinham 15 anos, o que configura trabalho infantil. O imóvel pertence à
Valor Commodities, um dos maiores grupos comercializadores de grãos, carne e
pescados do Mato Grosso do Sul, e dono da Fazenda Annalu, que recebeu as
gravações da novela “Terra e Paixão”.
Em uma série de
reportagens, De Olho nos Ruralistas mostrou o histórico de violações ambientais na fazenda usada pela Rede Globo e em outras propriedades
da família Rocha, dona do Grupo Valor. A investigação
mostrou as conexões políticas do diretor da empresa Aurélio Rolim Rocha, ex-assessor da ministra Tereza Cristina, além de expor as dívidas milionárias da empresa junto às
multinacionais Bunge e Seara, que
pediram a penhora dos valores pagos pela emissora carioca para gravar na
Fazenda Annalu.
A lista de violações
encontrada pelo MPT em Nioaque é extensa. As vítimas não recebiam equipamentos
adequados para o manejo de agrotóxicos, tampouco tinham acesso a água e sabão
para se lavarem após o contato com as substâncias tóxicas. Segundo o texto da
denúncia ao qual a reportagem do De Olho nos Ruralistas teve acesso, os
trabalhadores eram “forçados a viver em barracos de lona, numa estrutura
totalmente improvisada em um curral, dormindo em camas feitas com tábuas e
fazendo suas necessidades fisiológicas num buraco, ou então no mato”.
O documento revela que
o banheiro, improvisado com lonas plásticas e sem teto, estava bastante sujo no
momento da inspeção, tornando seu uso inviável. De acordo com o relato dos
trabalhadores, a situação sem higiene e segurança deixava-os expostos ao ataque
de animais peçonhentos, como cobras e escorpiões, comumente encontrados na
região.
Em uma segunda
vistoria, realizada em outubro de 2022, os fiscais encontraram alojamentos
ainda precários. Os quartos, divididos por várias pessoas, eram cubículos mal
ventilados e com quase nenhum espaço entre as camas. Paredes sem pintura e
ausência de armários completavam o cenário insalubre.
Pela jornada diária de
até nove horas de trabalho — de segunda a sábado — os empregados recebiam entre
R$ 50 e R$ 60 por dia. Somado o tempo de deslocamento, ficavam à disposição dos
contratantes por quase 12 horas diárias. O MPT constatou ainda que os empregadores
não realizavam o depósito mensal do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS). Entre as obrigações dos trabalhadores, estava a limpeza do solo para o
plantio de soja. Para isso, eles recolhiam pedras e raízes com as próprias
mãos.
DONOS DA
FAZENDA SABIAM DAS CONDIÇÕES DEGRADANTES, DIZ MPT
Desde julho de 2020, a
Fazenda Salto vinha sendo arrendada por Maísa Rodrigues da Costa, que teve seu
nome inserido na “lista suja” do trabalho escravo. O imóvel de 2.882 hectares
pertence a Aurélio Rolim Rocha, o Lelinho, diretor da Valor Commodities, que
não foi ouvido durante as investigações. No entanto, de acordo com o relatório
final do Inquérito Policial, apresentado em abril de 2023, “ficou também
evidenciado que o gerente e os proprietários da Fazenda Salto sabiam das
precárias condições dos trabalhadores”.
Em depoimento à
Polícia Federal, a agropecuarista contou que sua família é responsável por
terras em outros estados e alegou não ter conhecimento das condições precárias
de trabalho na Fazenda Salto porque não visitava o local. Aos policiais, Maisa
afirmou trabalhar ao lado dos irmãos Wanderley e Wanilton Rodrigues da Costa,
que assinam como fiadores o contrato de arrendamento da Fazenda Salto. “A gente
tem área em Roraima, no Maranhão e aqui no Mato Grosso do Sul”, revelou. “A
gente toca 35 mil hectares, eu não tenho como ir nas fazendas”.
A reportagem teve
acesso ao vídeo do depoimento, onde Maisa afirma que um dos funcionários seria
o responsável pela contratação dos demais trabalhadores. No entanto, o nome
dele aparece na lista de vítimas no processo de investigação.
O contrato de
arrendamento rural tem duração de dez anos e garante ao proprietário do imóvel
uma participação sobre o produto da colheita. Iniciado como uma parceria
agrícola, o acordo previa a limpeza da propriedade e a conversão da pastagem em
lavoura. Os arrendatários haviam se comprometido a iniciar o plantio com a área
limpa — normalmente um eufemismo para o desmatamento — em até um ano a partir
do início da vigência do contrato.
No processo, que corre
na Vara de Trabalho de Jardim (MS), do Tribunal Regional do Trabalho da 24º
Região, Maisa firmou um acordo de pagamento das verbas rescisórias acrescidas
de R$ 5 mil a título de indenização por danos morais para cada trabalhador. O
valor total é de R$ 146.286,00, a ser pago em cinco parcelas de R$ 29.257,20.
Após a conclusão do inquérito policial, o MPF ofereceu a denúncia em agosto de
2023, sem incluir os proprietários da Fazenda Salto entre os réus. A denúncia
foi aceita pela Justiça Federal em agosto do ano passado, pela 3ª Vara Federal
de Campo Grande. O processo está em curso.
Em 2022, após a
segunda vistoria, Maísa voltou a ser autuada pela fazenda permanecer
transgredindo uma série de leis trabalhistas. Ela firmou um novo acordo em
março de 2023 para pagamento de R$ 13 mil devido às novas irregularidades
constatadas.
Em seu site oficial —
retirado do ar após o início da publicação desta série de reportagens —, o
Grupo Valor incluía a Fazenda Salto entre as propriedades ligadas à empresa. Em
2021, um ano após a vistoria que identificou trabalho infantil na propriedade,
Aurélio Rolim Rocha conseguiu junto ao governo Bolsonaro a permissão para
instalar um aeródromo privado na
Fazenda Salto.
De Olho nos Ruralistas
tentou novamente contato com os representantes de Lelinho e do Grupo Valor.
Assim como nas primeiras reportagens da série, nossa equipe não obteve retorno.
O observatório também buscou ouvir a arrendatária Maisa Costa, sem sucesso.
DENÚNCIA
DE DESMATAMENTO GEROU FLAGRANTE TRABALHISTA
O inquérito para
investigar o trabalho análogo à escravidão na Fazenda Salto, aberto em 2021, se
iniciou por acaso, após o Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MPMS)
receber uma denúncia de desmatamento na propriedade. Com a ajuda de imagens de
satélites, o órgão identificou a supressão de aproximadamente 105 hectares de
Cerrado.
A primeira visita
técnica do MPMS para apurar o desmate ilegal se deu em dezembro de 2020. Na
propriedade, foi constatado o corte raso de aroeira, uma espécie nativa
protegida por lei. A portaria 83-N de 1991, do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), proíbe o corte da aroeira
— considerada uma madeira nobre — sem plano de manejo aprovado pelos órgãos
ambientais. Mesmo em caso de desmatamentos autorizados, a espécie não pode ser
cortada. Durante a operação na Fazenda Salto, foram apreendidas 415 lascas de
aroeira, avaliadas em R$ 10.436,00, bem como 36 troncos, medindo 2,2 metros,
avaliados em R$ 1.157,00.
Foi durante essa
vistoria que a equipe do MPMS foi surpreendida pela presença de adultos e
adolescentes vivendo e trabalhando em condições insalubres. O caso foi então repassado
ao MPT.
Entre as
irregularidades, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) da Fazenda Salto previa uma
Área de Preservação Permanente (APP) inferior à prevista pela legislação
ambiental. A lavoura de soja invadia a faixa destinada à preservação das
margens do Rio Apa. No processo, a atual arrendatária afirma não ter relação
com qualquer inconsistência no CAR da propriedade, atribuindo a
responsabilidade a Lelinho Rocha e ao Grupo Valor.
Em 2022, ano seguinte
à instauração do Inquérito Civil que apurou os crimes ambientais, novas imagens
de satélite identificaram o aumento da área desmatada. Segundo relatório
formulado pelo Núcleo de Geotecnologia do MPMS, a supressão vegetal na Fazenda Salto
atingiu 219,56 hectares. Mais que o dobro do que fora constatado anteriormente
em 2021.
Maisa Rodrigues da
Costa nega a responsabilidade pelo novo desmatamento. Em julho de 2023, Lelinho
foi notificado para esclarecer os danos ambientais, mas ainda não se manifestou
no processo.
SÉRIE
REVELOU IRREGULARIDADES EM SÉRIE EM IMÓVEIS DA FAMÍLIA ROCHA
Em Nioaque (MS), além da Fazenda Salto,
local do flagrante das irregularidades, o grupo Valor Commodities mantém outras
duas fazendas, a Fazenda Porteira Velha e a Fazenda Vaticano. Somadas, as
propriedades no município atingem 5.949,36 de extensão.
Segundo o site do
grupo, a companhia tem 50 mil hectares em Caracol, Deodápolis, Douradina,
Nioaque, Porto Murtinho, Corumbá, além de uma empresa de aviação, seis postos
de abastecimento de aeronaves e um setor de ativos imobiliários. O patrimônio
da família Rocha inclui ainda o megaprojeto de piscicultura da Fazenda Annalu,
que rendeu uma denúncia do MPMS pela instalação irregular de drenos.
A dimensão desse
império — comparável ao de Antônio La Selva, na novela “Terra e Paixão” — é
detalhada em vídeo publicado no canal do De Olho nos Ruralistas no YouTube.
Fonte: De Olho nos
Ruralistas
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