Moisés Mendes: Bolsonaro, agora influencer
milionário, precisa socorrer Mauro Cid e os manés do 8 de janeiro
Gleisi Hoffmann disse
que Bolsonaro anda por aí, reunindo-se com seguidores em botecos e atacando
Lula, porque lhe falta serviço. Mas Bolsonaro pode se dedicar ao ócio e gastar
energia apenas nas desavenças com Valdemar Costa Neto.
Inelegível, agora ele
é influencer. O maior fenômeno do PIX dispõe do que nenhum político tem hoje no
Brasil. São R$ 17 milhões no banco desde julho, fora os acréscimos dos juros.
São pelo menos mais R$ 800 mil.
Poucos empresários
têm, em conta com liquidez imediata, R$ 17 milhões. Bolsonaro se diverte porque
tem dinheiro para pagar advogado, recomprar milhares de relógios das arábias e
até para fazer doações a manés que estiveram presos e já foram ou serão condenados.
Esse seria, numa
situação normal, o dilema moral de Bolsonaro, um sujeito que juntou mais de R$
17 milhões em PIX, enquanto a turba que invadiu Brasília não tem como pagar
advogado e psicólogo.
Bolsonaro empurrou
milhares de manés para o desatino e depois recolheu doações até de gente que
recebe Bolsa Família. Manés com tornozeleira podem ter ajudado Bolsonaro a
ficar rico.
Então, quando Gleisi
diz que ele deve procurar serviço, está apenas repetindo uma frase antiga e
hoje sem sentido para a extrema direita.
O fascismo não está
preocupado com a ociosidade cansativa de Bolsonaro. Ninguém dirá: vai carregar
lenha, Bolsonaro.
Mesmo sem poder
disputar eleição, ele continua sendo modelo para pelo menos um terço dos
brasileiros, até porque agora faz parte da elite endinheirada.
Como milionário,
precisa ser forçado pelo seu entorno a ajudar os envolvidos no golpe tabajara
de 8 de janeiro. É a hora de se mostrar benemerente.
Bolsonaro também
precisa socorrer Mauro Cid, o coronel que estava a caminho de ser general e
acabou se envolvendo com joias, vacinas e golpes, como recruta da família.
Cid está pedindo PIX
para pagar advogado, porque teria uma dívida de R$ 600 mil. Bolsonaro, Carla
Zambelli e Deltan Dallagnol arrecadaram muito dinheiro com o PIX.
Mas ela e eles também
são influencers. Mauro Cid é apenas um ex-ajudante de ordens que pagava as
contas de Michelle e foi abandonado pelos que o induziram a ser o leva-e-traz
do esquema que conduziria ao golpe.
Não se tem notícia de
que os apelos pela vaquinha de Mauro Cid tenham dado certo. Não há nada sobre a
cifra que teria sido arrecadada.
Bolsonaro precisa
saber do que Cid necessita e se informar sobre as demandas de pessoas de idade
às vésperas de cumprir penas de até 17 anos de cadeia.
O sujeito que diz se
resignar ao comando de Valdemar, por se considerar seu “marido”, tem circulado
com a desenvoltura de um milionário, para quem dinheiro deixou de ser problema.
Mas, se desprezar a
situação de quem se mobilizou por ele como líder daquele 8 de janeiro, a conta
será cobrada mais adiante. Bolsonaro precisa enfiar a mão no bolso.
Mauro Cid merece de
Bolsonaro o dinheiro de que precisa para sair do sufoco. O coronel não pode ser
abandonado pela família que o manteve no Planalto como se fosse um serviçal
sempre disponível.
Ø
Domingos Brazão: os elos entre Flávio
Bolsonaro e o suposto mandante do assassinato de Marielle
Os passaportes
diplomáticos dados por Jair Bolsonaro (PL) à esposa e ao filho do
deputado federal Chiquinho Brazão (União) é apenas um dos laços que ligam as
duas famílias, que têm laços históricos com a milícia que atua na região de Rio
das Pedras, na zona Oeste do Rio de Janeiro.
Apontado por Ronnie
Lessa como mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista
Anderson Gomes, Domingos Brazão atuou em dobradinha com Flávio Bolsonaro
(PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a quem tinha como
uma espécie de pupilo.
"Vossa excelência
é um deputado jovem e, mesmo assim, percebe-se, não somente pelas suas
afirmações de hoje, mas pela sua postura em plenário, que vossa excelência
procura preservar o que há de melhor, a maior instituição, que é a família.
Infelizmente, há aqueles que apostam no contrário. Vejo parlamentares
apresentarem projetos que visam liberar casamento de homem com homem, mulher
com mulher e outras coisas. V.Exa., embora sendo jovem, ainda mantém essa
postura firme, que, com certeza, é fruto da educação de seus pais, uma questão
de criação", disse Brazão dirigindo-se a Flávio Bolsonaro na sessão de 4
de março de 2006 da Alerj.
O elogio ocorreu após
o filho de Bolsonaro elogiar o projeto de Brazão para conceder o título de
cidadão ao pastor Sebastião Ferreira, da Primeira Igreja Batista de Vila da
Penha, que morreu em 2017.
A dobradinha entre
Brazão e Flávio Bolsonaro se deu em diversas propostas na Alerj. Em 2014,
Brazão foi o relator do projeto de Flávio para criar o programa Escola Sem
Partido no sistema de ensino fluminense. No mesmo ano, os dois atuaram juntos
na Comissão de Constituição e Justiça da casa.
·
Milícia e escritório
do crime
Além das pautas de
costumes, Flávio Bolsonaro e Domingos Brazão faziam dobradinha na defesa das
milícias do Rio de Janeiro. Em 2006, quando Marcelo Freixo criou a CPI das
Milícias, somente os dois se posicionaram contra.
Delator de Brazão,
Ronnie Lessa morava a cerca de 100 metros da residência do clã Bolsonaro no
condomínio Vivendas da Barra. Em "A República das Milícias", o
escritor Bruno Paes Manso diz que Lessa era "um matador avulso, mas
mantinha contatos com o Escritório do Crime e com milicianos de Muzema, ligados
ao capitão Adriano".
No livro, o jornalista
ainda fala da relação de Lessa "com figurões, como Rogério de Andrade e
Domingos Brazão"
"Capitão
Adriano", a que se refera, é Adriano da Nóbrega, que comandava o
Escritório do Crime e empregou a mãe, Raimunda Veras Magalhães, e a ex-esposa,
Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, no gabinete de Flávio Bolsonaro na
Alerj. Segundo MP-RJ, as duas faziam parte do esquema de "rachadinha"
no gabinete.
Morto em 2020, o
miliciano foi apresentado ao clã Bolsonaro por Fabrício Queiroz, que também tem
ligações com a milícia de Rio das Pedras.
Durante as
investigações sobre a morte de Marielle, o Ministério Público do Rio de Janeiro
(MP-RJ) apreendeu uma agenda com a esposa de Queiroz, Márcia Oliveira de
Aguiar.
Na agenda-guia, que
deveria ser usada por Márcia para ajudar a família caso Queiroz você detido, há
um coronel identificado como amigo de Queiroz e "braço direito do Bração
(sic)", uma possível referência a Domingos Brazão.
Na caderneta ainda
haviam nomes de pessoas ligados ao clã Bolsonaro e também a Adriano da
Nóbrega.
Outro elo entre Flávio
e Brazão, que faziam parte da bancada da "segurança pública" na
Alerj, é ex-assistente de câmera Luciano Silva de Souza.
Souza foi colocado em
2019 pelo padrinho, Domingos Brazão, o cargo de subdiretor da TV Alerj, o mais
alto da hierarquia do departamento, e ficou responsável por gerir um contrato
de cerca de R$ 800 mil mensais (quase R$ 10 milhões anuais) com uma empresa
terceirizada, a Digilab.
No curriculo, Souza
listou atuações em recentes campanhas eleitorais do PSL, como de Flávio
Bolsonaro ao Senado.
Ø
Jordy agitou golpe e assessor frequentava
GSI e acampamento do QG
O deputado federal
bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ), um dos alvos da 24ª etapa da Operação Lesa Pátria, desencadeada
pela PF, no auge do golpismo instalado no governo
anterior, agitava extremistas e permitia que um de seus principais assessores
fosse à sede do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), dirigido à época
pelo general Augusto Heleno e localizado dentro do Palácio do Planalto. O órgão foi peça central na gestação e operação da tentativa
frustrada de golpe de Estado de 8
de janeiro de 2023.
Frequentador do
acampamento instalado na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília,
Tacimar Hoendel, secretário parlamentar de Jordy e seu principal assessor, teve
sua presença confirmada no ajuntamento da extrema direita que congregava
criminosos de todo o país para tentar impedir a posse do então presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Hoendel postou ameaças claras à
democracia brasileira nas redes e já era conhecido da PF e do inquérito que
tramita no Supremo Tribunal Federal e investiga os atos de banditismo dos
bolsonaristas na capital da República.
“Se for preciso a
gente acampa, mas o l@drãO [sic] não sobe a rampa”, publicou Hoendel nas redes
sociais, uma hora depois de sair do GSI, acompanhado de um sujeito identificado
como “Cabo Ivan Araújo”, que seria policial militar no Rio de Janeiro. De novembro
a dezembro de 2022, o secretário parlamentar de Jordy era figura conhecida a
confraternizar com golpistas no acampamento ilegal instalado na área militar do
Comando do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília.
Num vídeo registrado
no 2º andar do Palácio do Planalto, onde está localizado o GSI, no fim de 2022,
Hoendel aparece em tom claramente ameaçador e golpista se dirigindo à bolha
bolsonarista. “Infelizmente não posso falar as coisas que passam pela minha cabeça,
senão vou acabar sendo preso. Mas vocês podem ter certeza: bandido nenhum vai
subir essa rampa”, diz o assessor do deputado que foi alvo de mandados de busca
e apreensão hoje.
Jordy, por sua vez,
foi um dos participantes de uma “sessão” inequivocamente golpista convocada
para ser realizada dentro do Senado Federal, em 30 de novembro de 2022, na qual
inúmeros parlamentares bradaram por várias horas as maluquices criminosas do bolsonarismo
bufo, clamando pela não diplomação de Lula, o vencedor legítimo da eleição.
Inúmeros participantes desse ato passaram, após o 8 de janeiro, a serem
investigados por participação na bandalheira que devastou as sedes dos Três
Poderes em Brasília no começo do ano seguinte.
·
Carlos Jordy se vitimiza e reclama de
"ditadura"
Em vídeo divulgado nas
redes sociais, o deputado bolsonarista Carlos Jordy (PL-RJ) se vitimizou e
reclamou de "estarmos vivendo uma Ditadura" após receber um bom dia
de agentes da Polícia Federal, que cumpriram mandado de busca e apreensão na casa
do parlamentar em Niterói, no interior do Rio.
"Esse mandado de
busca e apreensão, que foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, isso
aí é a verdadeira constatação de que estamos vivendo uma ditadura", disse
o deputado, um defensor contumaz da Ditadura Militar no Brasil.
Com fala mansa,
diferentemente dos arroubos de ódio que tem quando ataca Lula, o bolsonarista
reclama de ter sido acordado com "fuzil na cara" e nega que tenha
incitado os atos golpistas de 8 de janeiro, alvo da 24ª fase da operação Lesa
Pátria.
"Eu, em momento
algum, no 8 de janeiro eu incitei, falei para as pessoas que aquilo era
correto. Pelo contrário, em momento algum eu estive nos quartéis generais
quando estava acontecendo todos aqueles acampamentos. Nunca apoiei nem um tipo
de ato anterior ou depois do 8 de janeiro, embora as pessoas tivessem seus
direito de fazer suas manifestações contra o governo eleito", disse Jordy,
medindo as palavras.
Em certo momento, o
bolsonarista chegou a se exaltar ao dizer que a operação Lesa Pátria "é
uma piada", mas rapidamente volta a falar mansamente e alegar
"perseguição" do governo.
Ø
Visita da PF a Carlos Jordy pelo 8/1 é
sinal de que a hora de Bolsonaro está chegando. Por Aquiles Lins
A quinta-feira 18 de
janeiro amanheceu com a 24ª fase da Operação Lesa Pátria, que agora investiga
mentores intelectuais e responsáveis por planejar, financiar e incentivar os
atos golpistas praticados por eleitores de Jair Bolsonaro em 8 de janeiro de 2023.
São 10 mandados de busca e apreensão emitidos pelo ministro Alexandre de
Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos alvos é o deputado federal
Carlos Jordy (PL-RJ), um dos mais radicais da extrema-direita
bolsonarista.
Segundo a PF, Jordy é
investigado por crimes de abolição violenta do Estado democrático de direito,
golpe de Estado, associação criminosa e incitação ao crime. A suspeita é de que
o parlamentar tenha desempenhado papel na coordenação de atos antidemocráticos
no Rio e do bloqueio de rodovias. Carlos Jordy também teria orientado os
golpistas para os ataques de 8 de janeiro em Brasília.
Embora do círculo mais
próximo de Jair Bolsonaro, sabe-se que Carlos Jordy não é o único implicado nos
atos golpistas de 8 de Janeiro. Esta constatação tem levado pânico a
bolsonaristas que sabem o que fizeram no verão passado. Segundo informação da
CNN, a expectativa entre os bolsonaristas é de que este possa ter sido apenas o
primeiro passo de uma série de ações que podem atingir outros políticos nas
próximas semanas.
Se se confirmar esta
expectativa, é um bom sinal de que a responsabilização pelo malfadado golpe de
estado, que vandalizou as sedes dos Três Poderes, esteja saindo do “baixo
clero”, ou seja, os bolsonaristas que executaram a quebradeira, e subindo para
o andar de cima, onde estão os que articularam a organização, o financiamento,
a logística e a promoção dos atos terroristas.
E, claramente, isso
chegará até Jair Bolsonaro, o líder maior da intentona golpista. O
ex-presidente da extrema-direita, que fugiu para os Estados Unidos antes de
terminar seu mandato, bem como o seu clã, têm razões de sobra para não
conseguir dormir esta noite. A prisão de Bolsonaro já é tratada com
naturalidade nos círculos da PF, com base no que já se descobriu a partir da
delação do seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid. Bolsonaro é o mentor do 8 de
Janeiro e este episódio deplorável da nossa democracia não será devidamente
superado sem que ele seja responsabilizado.
Fonte: Brasil 247/Fórum
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