Relembre 13 fatos que marcaram o mundo
em 2023
A coroação de um novo rei no Reino Unido, o fim da
emergência global do coronavírus, a ascensão de um líder de extrema-direita na
Argentina, uma nova guerra no Oriente Médio, protestos, novas viagens a Lua.
Nos últimos 12 meses, o mundo vivenciou momentos que ficarão marcados na
história.
No derradeiro dia de 2023, o Correio
Braziliense relembra 13 fatos que marcaram o ano; confira:
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Tensão agravada entre EUA e China
Ainda no começo do ano, em 4 de fevereiro, os
Estados Unidos abateram um balão, que sobrevoava o espaço aéreo estadunidense e
tinha 60 metros de altura. O objeto abatido rapidamente foi acusado de
espionagem e aumentou a tensão do país com a China.
Na época, a China afirmou que o balão tinha
finalidade meteorológica e que teria desviado o curso. Mesmo assim, a tensão
entre os países se manteve, tendo inclusive o secretário de Estado dos EUA,
Antony Blinken, adiado uma visita diplomática a Pequim.
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Roteristas, diretores e atores de Hollywood em
greve
Em 2023 Hollywood parou em um movimento que não era
visto desde 2008 e que durou 191 dias, a partir da paralização dos
roteiristas. O primeiro a engatar no movimento foi o Sindicato
dos Roteiristas de Hollywood (WGA, na sigla em inglês), seguidos
posteriormente pelo Sindicato dos Atores e Profissionais de mídia de Hollywood
(SAG-AFTRA, em inglês), em julho.
Entre as demandas do WGA, estavam propostas de
melhores salários em meio a grande concorrência de streamings e a
regulamentação de inteligência artificial e ferramentas como o ChatGPT,
potencial instrumento que desvalorizaria o trabalho de roteiristas.
Já o SAG-AFTRA entrou em greve após proporem a
revisão dos royalties das plataformas de streaming, para as quais as produções
são enviadas após saírem dos cinemas, e os estúdios negarem. Além disso, o uso
indiscriminado de inteligência artificial dentro das produções também era um
dos pontos essenciais para a conclusão do acordo. A greve chegou ao fim em 8 de
novembro oficialmente, quando o SAG-AFTRA aceitou os
termos de negociação.
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Fim da emergência global de covid-19
Três anos e quatro meses depois de declarar a
covid-19 uma emergência sanitária internacional, o diretor-geral da Organização
Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, decidiu
suspender a classificação em 5 de maio.
O decreto, contudo, ficou marcado pelo alerta e
ressalve de que, apesar da fase de emergência ter se encerrado, a covid ainda
existe e as recomendações de cuidados permaneceram as mesmas.
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Reino Unido coroa novo rei
Pela primeira em 70 anos, o Reino Unido presenciou
a coroação de
um novo monarca, após a morte da rainha Elizabeth II, em 8 de setembro de 2022. O
primogênito Charles, que já ocupava o cargo de rei desde o falecimento da
rainha, foi coroado, diante de 2.200 convidados, na Abadia de Westminster, em
Londres, em 6 de maio.
A cerimônia foi marcada pela coroação da esposa
dele, Camilla, como rainha consorte, pela participação do neto mais velho,
George, na cerimônia, e pela presença dos dois filhos de Charles, William e
Harry, após rumores de estreitamento da relação na família.
·
Protestos por justiça e contra a reforma da
Previdência
A França foi palco para duas longas ondas de
protestos marcados por violência. A primeira, em maio, ocorreu devido a insatisfação
da população com as reformas previdenciárias anunciadas
pelo presidente Emmanuel Macron.
A segunda, ocorreu em julho, após a morte de um
jovem de 17 anos com um um tiro à queima-roupa por um agente durante um blitz em
Nanterre, subúrbio de Paris. A onda de distúrbios foi a mais grave em 18 anos.
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Mega-acidente de trem na Índia mata 275 pessoas
Em 2 de junho um mega-acidente
envolvendo um trem matou 275 pessoas na cidade cidade de Balasore, no
estado de Odisha, na Índia. Ao todo quatro vagões do trem Coromandel Express
descarrilaram.
A causa do acidente foi divulgada dias depois pelas
autoridades e teria ocorrido por conta de uma falha no
sistema de sinalização. Mais de 900 pessoas ficaram feridas.
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A implosão do submersível da OceanGate
Em 18 de junho, o mundo se surpreendeu com a
notícia do desaparecimento do submersível Titan, da empresa OceanGate, que
fazia turismo subaquático para os destroços do Titanic. Foram quatro dias de
buscas pelo submersível até que em 22 de junho a Guarda Costeira dos EUA confirmou a
morte dos tripulantes, por causa de uma "implosão catastrófica".
5 pessoas
estavam na embarcação quando ela explodiu: Stockton Rush,
presidente da OceanGate; Shahzada e Suleman Dawood, pai e filho que faziam
parte de uma das famílias mais ricas do Paquistão; Paul-Henry Nargeolet,
especialista renomado sobre o Titanic; e Hamish Harding, presidente da Action
Aviation, empresa de serviços de vendas e operações de aviação com sede em
Dubai.
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Tomada de poder no Niger e no Gabão
O ano do continente africano ficou marcado por dos
golpes de Estado com 32 dias de diferença. O primeiro
ocorreu no Níger (em 26 de julho) com o exército derrubando o presidente do
país, Mohamed Bazoum e criticou o que chamaram de "contínua deterioração
da situação de segurança e má gestão econômica e social".
O segundo
ocorreu no Gabão, em 30 de agosto, quando um porta-voz da junta militar golpista
anunciou na televisão estatal que o então presidente Ali Bongo Ondimba estava
sendo mantido em prisão domiciliar, acompanhado da família e de médicos. Os
militares justificaram a ação de colocar um fim no regime como forma de
"defender a paz".
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Índia faz pouso histórico no polo sul da Lua
A missão indiana Chandrayaan-3 fez história ao se
tornar a primeira
a conseguir pousar uma espaçonave nos arredores do polo sul da Lua.
Até então, EUA, a antiga União Soviética e a China
haviam conseguido chegar perto do equador lunar, mas nenhuma missão com destino
ao polo sul foi bem-sucedida.
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Terremotos e desastres naturais
2023 foi um ano em que foram registrados vários
desastres naturais. Os terremotos foram um dos mais mortais. No Marrocos, em
setembro, o terremoto mais forte
em 120 anos, registrou magnitude 6,8 e matou mais
de mil pessoas.
Além deste, houve terremotos na Turquia e
Síria, em fevereiro, e na China e
nas Filipinas, em
dezembro.
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Crise humanitária na Faixa de Gaza
Em 7 de outubro, o grupo fundamentalista islâmico
Hamas, da Palestina, invadiu Israel um ataque surpresa e com mais de 2,5 mil
foguetes. Após a invasão, Israel declarou guerra contra o grupo.
O conflito, que ainda não acabou, movimentou várias
esferas da política mundial, com vários países intervindo para achar soluções
diplomáticas na troca de reféns, até discussões mais intensas sobre a origem do
conflito.
A Faixa de Gaza, território de 41 km de comprimento
e 10 km de largura entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo e que é controlada
pelo Hamas, se tornou campo de batalha no conflito, sendo a principal zona de
ataques. Mais de 10 mil pessoas já morreram na guerra.
·
Ascensão de Milei na Argentina
O povo argentino definiu em 19 de novembro quem
seria o novo presidente do país. Na disputa no segundo turno estavam o ministro
da Economia Sergio Massa e o economista da extrema direita, Javier
Milei.
Milei foi um candidato controverso com promessas de
"dinamitar" o Banco Central, cortar os gastos públicos, reduzir ao
mínimo o papel do Estado e acabar com a "casta política e ladra" e
se elegeu com
55% dos votos.
O novo presidente tomou posse em 10 de
dezembro e viu, ainda no primeiro mês de mandato, a população indo às ruas
protestar contra as primeiras medidas anunciadas pelo governo.
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COP28 e declaração que "deixou
a desejar"
A 28ª edição da Conferência de Mudanças Climáticas
das Nações Unidas ocorreu em 2023, na Arábia Saudita, e tinha previsão de
término em 12 de dezembro. No entanto, o evento foi extendido até o dia 14 para
conseguir chegar a um consenso sobre combustíveis
fósseis.
O acordo final, foi considerado um avanço ao
determinar uma redução gradual do uso de combustíveis fósseis a fim de diminuir
a emissão de gases de efeito estufa. Contudo, o texto não agradou a todos, uma
vez que não especifica com poderá ser feita a transição energética e nem sobre
quais recursos devem ser utilizados. A maior critica, no entanto, foi ao fato
de que o texto não cita metas para alcançar a redução e não fala na eliminação
total dos combustíveis fósseis.
Ø Com 2023
chegando ao fim, Putin quer que o mundo pense que ele está vencendo a guerra na
Ucrânia
À medida que 2023 chega ao fim, o presidente russo, Vladimir
Putin, tem tudo a ver com uma vibração: projetar confiança enquanto navega
para a inevitável reeleição em março.
As eleições presidenciais na Rússia talvez sejam
melhor descritas como uma espécie de teatro político.
Putin não tem rivais sérios; seu oponente mais
proeminente, Alexey Navalny, está numa prisão 64 quilômetros ao norte do
Círculo Polar Ártico; e os meios de comunicação flexíveis retratam o presidente
em exercício como o homem indispensável da Rússia.
Mas a votação desta primavera é um ritual público
importante para o líder do Kremlin, que deverá assegurar o poder até ao final
da década.
Putin anunciou a sua candidatura de uma forma quase
casual. Após uma cerimônia dos “heróis da Rússia” no início de dezembro,
Putin manteve uma conversa diante das câmaras com um grupo de militares que
tinham lutado na Ucrânia – e que, sem surpresa, imploraram ao presidente para
concorrer em 2024.
“Em nome do nosso povo, do Donbas como um todo e
das nossas terras reunificadas, gostaria de lhe pedir que participe nestas
eleições”, disse Artyom Zhoga, representante da região de Donetsk ocupada pela
Rússia.
“Afinal, há muito trabalho a ser feito. Você é
nosso presidente e nós somos sua equipe. Precisamos de você e a Rússia precisa
de você.”
A resposta horrível de Putin?
“Não vou negar que em momentos diferentes tive
pensamentos diferentes [sobre isso]”, disse ele. “Mas agora você está
certo, chegou a hora de tomar uma decisão. Vou concorrer ao cargo de
presidente da Federação Russa.”
Foi um momento claramente planejado para mostrar
Putin como um querido líder nacional. E também apontou para o que Putin gosta
de anunciar como um sinal de conquista da invasão em grande escala da Ucrânia,
a anexação pela Rússia de quatro regiões da Ucrânia, em desafio ao
direito internacional.
Mas se Putin estiver concorrendo como presidente em
tempo de guerra, ele terá de manipular os fatos.
A Rússia não controla totalmente as regiões
ucranianas que reivindicou em setembro de 2022; a guerra no terreno tem sido
extremamente dispendiosa em termos de vidas e equipamento russo; e a Frota
Russa do Mar Negro sofreu uma séria surra.
Além disso, a guerra chegou literalmente à Rússia.
Nos últimos meses, drones ucranianos atacaram profundamente o território
russo.
Sábado (30) viu mais de 20 mortos em um dos
incidentes mais mortíferos da guerra para civis russos.
Embora Kiev mantenha algum nível de negação, tais
ataques tiveram alguns efeitos psicológicos perturbadores – especialmente
quando os drones conseguiram violar o espaço aéreo em torno do Kremlin, em
maio.
Mas o maior revés da guerra na Ucrânia ocorreu em
junho, quando o chefe mercenário russo Yevgeny Prigozhin lançou uma insurreição
no meio de uma rivalidade com os altos escalões militares da Rússia e marchou
sobre Moscou.
Os paramilitares do Grupo Wagner de Prigozhin
pararam perto da capital russa, num acordo obscuro aparentemente intermediado
pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Mas as imagens das forças paramilitares avançando
praticamente sem oposição em direção a Moscou – e o abate de aviões militares
russos pelos mercenários – foram um duro golpe para a imagem de Putin como
garantidor da estabilidade interna russa.
Dois meses depois do motim, Prigozhin estava morto:
o chefe mercenário morreu num ainda misterioso acidente de avião no
final de agosto.
Putin sobreviveu ao maior desafio à sua permanência
no poder em mais de duas décadas, mas a rebelião minou um dos principais
pilares do seu governo: a aura de invulnerabilidade do presidente.
“Muitos ultrapatriotas ficaram perplexos com a
misericórdia inicialmente demonstrada para com Prigozhin e interpretaram-na
como um sinal de fraqueza: tanto do Estado como do próprio Putin”, escreveu a
analista política russa Tatiana Stanovaya no rescaldo do acidente.
“Mesmo no caso improvável de a morte de Prigozhin
ter sido um acidente genuíno, o Kremlin fará, sem dúvida, tudo o que estiver ao
seu alcance para que as pessoas acreditem que foi um ato de retribuição. Putin
vê isto como a sua contribuição pessoal para o fortalecimento do Estado russo.”
No final do ano, a máquina de relações públicas do
Kremlin parecia ter varrido todo o caso Prigozhin para debaixo do tapete.
Na maratona de Putin, na conferência de imprensa
anual, o nome de Prigozhin nunca foi pronunciado, embora Putin tenha admitido
“revezes que o Ministério da Defesa deveria ter evitado” quando se tratava de
empresas militares privadas.
Como sempre, o resumo anual foi uma aula magistral,
com Putin apresentando com confiança a mensagem de que a Rússia estava
novamente na frente e apresentando estatísticas para reforçar o seu ponto de
vista.
A economia, disse ele, regressava ao crescimento do
PIB, recuperando do declínio de 2,1% do ano anterior, e a produção industrial
da Rússia está crescendo. A taxa de desemprego do país, vangloriou-se, caiu
para um mínimo histórico, 2,9%.
A Rússia resistiu de fato às sanções e a sua
economia está em pé de guerra: de acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA,
as despesas com a defesa têm sido o principal motor do crescimento econômico.
E isso parece destinado a continuar, já que Putin
prometeu gastar tudo o que fosse necessário para levar a cabo a sua
guerra contra a Ucrânia.
E a situação no campo de batalha na Ucrânia deu a
Putin outra oportunidade de projetar autoconfiança.
A tão alardeada contraofensiva da Ucrânia não
conseguiu produzir qualquer avanço, e o pedido da administração Biden de mais
de US$ 60 bilhões em ajuda à Ucrânia ficou paralisado no Congresso devido às
exigências republicanas sobre a segurança das fronteiras e a política de
imigração.
A Hungria bloqueou a última proposta de acordo de
ajuda da União Europeia (UE) à Ucrânia.
Putin quer claramente que o mundo – bem como o seu
eleitorado – acredite que ele está ganhando e conta com o apoio para que a
Ucrânia vacile.
Questionado sobre quando haverá paz na Ucrânia,
Putin ofereceu a mesma fórmula aberta que utilizou para justificar a invasão da
Ucrânia, em fevereiro de 2022.
“Haverá paz quando alcançarmos os nossos objetivos,
que você mencionou”, disse ele. “Agora voltemos a esses objetivos – eles
não mudaram. Gostaria de lembrar como as formulamos: desnazificação,
desmilitarização e um estatuto neutro para a Ucrânia.”
Na sexta-feira (29), os militares russos lembraram
ao mundo o que “desnazificação” significa, na prática, inundar as cidades
ucranianas com o maior ataque de mísseis e drones desde o início da invasão.
Os ataques implacáveis contra civis ucranianos, contudo, podem ter um efeito não intencional.
Após a última onda de ataques, a presidente da
Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o primeiro-ministro do Reino Unido,
Rishi Sunak, e a França apelaram a um apoio contínuo à Ucrânia.
O que resta saber em 2024 é até que ponto os
aliados da Ucrânia poderão ser criativos no cumprimento desses compromissos.
Fonte: Correio Braziliense/CNN Brasil
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