Seguidores de
Bolsonaro estão em pé-de-guerra
Com
a esperança de reacender a força da direita, abalada desde os atos terroristas
que depredaram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, os radicais apostam
todas as fichas no retorno de Jair Bolsonaro ao Brasil. Para os aliados do
ex-presidente, a volta ajudará o PL a cumprir o ambicioso plano de conseguir
mil prefeituras em 2024, o que daria uma boa plataforma para, nas eleições de
2026, a extrema direita tentar voltar ao Palácio do Planalto. Para o governo
Lula, a reaparição de Bolsonaro no país não mudará os ventos do cenário
político atual.
Bolsonaro
desembarca às 7h10, em Brasília, de um voo comercial. Há três meses nos Estados
Unidos, ele aguardou passar o impacto da tentativa de golpe em janeiro e a
possibilidade de ser preso no Brasil. Mas, mesmo assim, volta no momento em que
um terceiro estojo com bens de alto valor, este presenteado pelos Emirados
Árabes, entrou no país e foi incorporado indevidamente ao patrimônio pessoal do
ex-presidente.
Ele
deve cumprir uma agenda institucional como presidente de honra do PL e viajar o
país para conseguir novos cabos eleitorais de olho nas eleições municipais do
ano que vem. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, aposta na dobradinha
de Jair e Michelle. Mas, nos bastidores, percebem que a ascensão da
ex-primeira-dama no partido causa incômodo no clã Bolsonaro.
Costa
Neto vem tentando unificar sua base e o discurso dos parlamentares, minimizando
o conflito interno entre os bolsonaristas e os moderados do PL. Toda a
mobilização é em prol de triplicar o número de prefeituras que a sigla
controla, passando de 328 para mais de mil. Na mira, grandes cidades de três
dos principais colégios eleitorais do país — São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro.
Ex-ministro
da Casa Civil no governo Bolsonaro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) é um dos
mais entusiasmados com a volta. Ele afirmou que irá ao Aeroporto de Brasília
esperar o ex-presidente. Michelle, Valdemar e Walter Braga Neto, ex-vice dele
na chapa derrotada à reeleição, em outubro passado, também no desembarque.
“Falei
hoje com nosso capitão e já garanti que serei um dos primeiros brasileiros que
estará no aeroporto aguardando seu retorno”, garantiu Ciro em publicação nas
redes sociais.
Para
o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), porém, o ex-presidente não tem
mais a mesma força. “Ele está voltando de umas férias longas. Espero que comece
a trabalhar em alguma coisa. Sobre as eleições, acho que é uma pessoa que não
tem capacidade de organizar campanha em lugar algum”, disse ao Correio.
No
Brasil, Bolsonaro também enfrentará as pendências com o Judiciário. Sem
mandato, perdeu a prerrogativa de foro e terá de se defender nas instâncias
ordinárias da Justiça dos processos contra ele. Há, ainda, a possibilidade do
ajuizamento de novas ações. O ex-presidente é investigado em processos sobre a
atuação de milícias digitais e disseminação de fake news.
Na
avaliação do cientista político André César, Bolsonaro terá de lidar com um
país diferente daquele que deixou em dezembro. “A direita está buscando nomes.
Se ele não se mostrar digno do comando desse grupo, vai ser escanteado”,
previu.
Para
o também cientista político Leonardo Barreto, o ex-presidente volta
enfraquecido politicamente. “Esse abandono da Presidência, o caso das joias,
isso tudo traz o Bolsonaro para um patamar menor. Vai enfrentar uma série de
batalhas judiciais, que vão tornar a vida dele muito difícil. Mas continua
sendo um player importante”, disse.
O
constitucionalista Nauê Bernardo de Azevedo partilha do mesmo entendimento. “É
natural que queira fazer barulho no seu retorno ao Brasil, de modo a se colocar
como a liderança de oposição que ele poderia estar exercendo desde janeiro. Não
o fez por estar afastado do país”, ressaltou.
Bolsonaro é surpreendido por joias 3.0 e
não pode adiar volta
O
jornalista Cesar Calejon avaliou que Jair Bolsonaro (PL) erra o timing de sua
volta ao Brasil, programada para amanhã, e encontrará um cenário desfavorável.
Quem comete um erro de cálculo político é o Bolsonaro. [O plano do PCC para
matar Sergio Moro] Criou um humor ideal para que Bolsonaro entendesse que era o
momento de voltar ao Brasil. Alguns dias depois, esse humor já é bem diferente.
Moro e Deltan Dallagnol foram acusados de extorsão pelo Tacla Duran com provas
bastante contundentes e surge um terceiro estojo de joias que o Bolsonaro
recebeu. Há um conjunto de novos fatos que não é favorável a ele. Cesar
Calejon, jornalista
Em
participação no UOL News nesta terça, Calejon ressaltou que Bolsonaro tem em
mente que voltará ao país para liderar a oposição ao governo Lula. Porém, na
visão do jornalista, o cenário real aponta para um cerco ao ex-presidente por
seu envolvimento em tantos escândalos. Bolsonaro mira um determinado alvo
quando acerta a passagem de volta e acertará outro completamente diferente em
sua chegada ao Brasil. Temos que sentir a temperatura do que acontece amanhã.
Uma série de coisas conta contra ele. A situação de Bolsonaro é extremamente
complicada e entenderemos de fato a extensão destes problemas quando ele
colocar os pés em solo brasileiro.Cesar Calejon, jornalista
Josias
de Souza se indignou com a rotina de ostentação de Gladson Cameli (PP),
governador do Acre, que despertou suspeitas da Polícia Federal sobre corrupção.
O colunista do UOL lembrou que a família Cameli já havia se envolvido em outro
escândalo na década de 90 ao participar da compra de votos na emenda da
reeleição no Congresso. Essa projeção resultou em muita prosperidade. Há
suspeita de que a fortuna da família tenha sido vitaminada por meio de desvios
em contratos fraudulentos. Em qualquer estado brasileiro, uma fortuna como a
ostentada pelo governador chamaria a atenção. Em um estado pobre como o Acre,
essa fortuna amealhada por um político está próxima do escárnio. O que está na
cara não pode ser ocultado a esta altura.Josias de Souza, colunista do UOL
Ao
analisar a ida de Flávio Dino à CCJ da Câmara, Josias considerou que o “feitiço
virou contra o feiticeiro” para os deputados bolsonaristas. Para o colunista, o
ministro da Justiça não apenas soube se livrar da armadilha como virou o jogo
ao demonstrar conhecimento técnico e exibir seu senso de humor refinado. Flávio
Dino sabe que foi para essa comissão para ser exibido em um covil bolsonarista
e o objetivo era muito conhecido: queriam trucidá-lo. Os deputados
bolsonaristas caíram dentro do próprio caldeirão. Foi uma cilada que os
bolsonaristas armaram para si mesmos. É triste perceber que a atividade
legislativa se reduziu a isso. Você chama o ministro para, em tese, cobrar
explicações, mas na verdade quer impor a ele pegadinhas para depois jogar nas
redes sociais. Josias de Souza, colunista do UOL
Ø Autoridades esperam
confusão na volta de Bolsonaro
A
Secretaria de Segurança do Distrito Federal (SSP), a Polícia Federal (PF), a
Inframérica e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da
República temem que o desembarque do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no
Aeroporto Internacional de Brasília seja marcado por tumulto e provoque um “nó”
na malha aeroviária de todo o país.
A
previsão é que Bolsonaro chegue à capital federal por volta das 7h desta
quinta-feira (30/3), em voo comercial vindo dos Estados Unidos (EUA).
A
coluna apurou que os principais órgãos federais dividem a mesma preocupação e
vão agir para tentar evitar que uma possível grande quantidade de apoiadores do
ex-presidente no terminal atrapalhe a logística de pousos e decolagens em
Brasília, o que pode se transformar em efeito cascata e se refletir em
aeroportos de todo o território nacional.
“A
chegada está prevista para 7h, justamente o horário de pico no aeroporto”,
explicou uma fonte.
A
análise dos órgãos leva em consideração o fato de o aeroporto de Brasília ser
um HUB — termo usado na aviação comercial para definir um aeroporto que possui
uma rede extensa de voos — e ocupar o segundo lugar no ranking dos mais
movimentados do país. O terminal do DF chega a registrar movimento de cerca de
10 milhões de passageiros todos os anos.
O
anúncio de que Bolsonaro chegaria na quinta mobilizou a Secretaria de
Segurança. A pasta fez reuniões com órgãos diversos para elaborar um plano de
atuação que deve ser finalizado nesta quarta (29/3).
A
possibilidade de uma multidão se aglomerar para receber o ex-chefe do Executivo
nacional deixou as corporações do DF de sobreaviso, principalmente parte do
contingente da Polícia Militar. Será o primeiro grande teste da corporação após
os atentados contra a democracia de 8 de janeiro, quando muitos integrantes da
tropa foram acusados de terem sido coniventes com os golpistas que depredaram
as sedes dos Três Poderes.
Apesar
de ainda não haver qualquer manifestação registrada oficialmente na SSP-DF,
parlamentares têm convocado apoiadores para recepcionar o ex-presidente, como
os deputados federais Gustavo Gayer (PL-GO) e Mário Frias (PL-SP).
·
Para
evitar confusão, Bolsonaro será obrigado pela PF a desembarque discreto
Aliados
de Jair Bolsonaro já preveem conflito entre o ex-mandatário e integrantes da
Polícia Federal logo no desembarque do ex-presidente no Aeroporto de Brasília,
na manhã desta quinta-feira (30/3).
Em
reunião na terça-feira (28/3), delegados da PF e membros das forças de
segurança do Distrito Federal decidiram que Bolsonaro não poderá sair pelo
desembarque principal do aeroporto, mas por uma rota alternativa.
Auxiliares
de Bolsonaro dizem, porém, que ele não aceitará de forma alguma a orientação. O
ex-presidente, dizem, quer desembarcar “nos braços do povo”. Ou seja, dos
apoiadores que o estiverem aguardando no aeroporto.
Por
ora, não está previsto discurso de Bolsonaro no local. A ideia, segundo
aliados, é que ele siga do aeroporto diretamente para sua nova casa em
Brasília, localizada em um condomínio no Jardim Botânico.
·
PF
vai buscar Bolsonaro dentro do avião para ele não causar
Assim
que o voo da Gol pousar no aeroporto de Brasília amanhã, às 7h10, uma equipe de
agentes da PF vai entrar na classe executiva do avião.
Os
policiais vão buscar Bolsonaro e direcioná -lo a um carro da PF.
É
o procedimento padrão para ex-presidentes, que não saem diretamente no saguão
do aeroporto.
O
carro da PF trafegará por uma área restrita e levará Bolsonaro até o veículo
particular, disponibilizado pelo PL, para levá-lo até sua nova casa, localizada
num condomínio, no Jardim Botânico.
E
as bagagens de Bolsonaro, que sabe-se lá o que trazem depois de três meses nas
cercanias da Disney?
O
procedimento padrão nestes casos é: um assessor (e o ex-presidente terá três o
acompanhando no voo) leva as bagagens até a alfândega para serem inspecionadas.
Ø DF acaba com o
showzinho da reentrada de Bolsonaro
Foi
com uma cascata de palavrões que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu a
informação dos preparativos do governo do Distrito Federal para a sua chegada
amanhã no aeroporto de Brasília. O governo do DF decidiu fechar com barreiras a
Praça dos Três Poderes e as imediações do aeroporto. Só terá acesso ao local
quem for embarcar e apresentar o bilhete de viagem. Aliados do ex-presidente
foram informados de que as medidas eram “inegociáveis”.
O
que mais irritou Bolsonaro foi a informação de que ele não poderá desembarcar
pela saída principal do aeroporto. Pelo plano desenhado pela secretaria de
Segurança do Distrito Federal, o ex-presidente terá de deixar a área de
embarque por uma via lateral, o que ele considerou uma tentativa de humilhá-lo.
Bolsonaro atribui ao ministro da Justiça, Flavio Dino, e ao PT, as iniciativas
que, nas palavras de um aliado, se destinam a “tirar o doce” da sua boca. O
ex-presidente planejava uma chegada triunfal em Brasília. A ideia era repetir
as cenas da campanha de 2018, em que multidões o aguardavam nos aeroportos e o
aclamavam aos gritos de “mito”.
Depois
de deixar o saguão, o plano do ex-presidente era falar aos seus apoiadores
montado na caçamba de uma caminhonete. Bolsonaro crê que o governo do DF adotou
as medidas de restrição por pressão de Dino e do PT. A avaliação da secretaria
de Segurança do Distrito Federal, com base no monitoramento das redes sociais,
era de que entre 5.000 e 10 mil pessoas poderiam comparecer ao aeroporto de
Brasilia para receber o ex-capitão.
O
governo do Distrito Federal não foi o único a impor restrições a Bolsonaro em
sua chegada ao país. Sua mulher, Michelle Bolsonaro, não quer que ele vá para
casa assim que desembarcar em solo brasileiro. A ex-primeira-dama diz recear
aglomerações e tumultos diante do condomínio em que o casal agora irá morar.
Por causa disso, Bolsonaro deve seguir do aeroporto para a sede do PL.
Ø Filho 01 nega que
Bolsonaro queria causar confusão na reentrada
O
senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que seu pai, o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), pediu para que o partido não organizasse uma festa para
recepcioná-lo nessa quinta-feira (30), em Brasília. Apesar disso, Flávio
acredita que apoiadores irão ao aeroporto e, por isso, o PL avisou às autoridades.
Bolsonaro
está nos Estados Unidos desde 30 de dezembro e retorna ao país em meio ao
escândalo das joias sauditas. Para o filho, os adornos foram recebidos
legalmente, e a polêmica não passa de cortina de fumaça.
“Ele não quer fazer festa, não quer carro de
som. Ele quer chegar, dar atenção pro pessoal que vai lá receber. O que o
partido fez foi comunicar às autoridades que ele vai chegar e pediu um reforço
na segurança. Avisou a todos para que qualquer tumulto que aconteça não dê a
conotação de que o Bolsonaro tinha algum intenção”, afirmou Flávio.
O
senador informou que o pai deve cumprir agendas com correligionários na sede do
PL e conhecer a sala onde irá despachar em Brasília. “A ideia é depois ele ir
para o partido, onde ele deve tomar um café com alguns parlamentares que
estejam em Brasília e também conhecer a sala onde ele vai dar expediente”,
disse o senador.
Flávio
chamou a polêmica das joias presenteadas pela Arábia Saudita de cortina de
fumaça e sinalizou que o pai não deve se pronunciar sobre o assunto. Ele
afirmou que os presentes recebidos pelo pai são pessoais e estão catalogados.
“Os
advogados estão falando. A autoridade deu o presente foi para o Jair Bolsonaro,
não foi para o Estado. Tudo dentro da lei. Como sempre, tanto é que está
catalogado, por isso que a imprensa tem acesso, porque se fosse algo ilegal,
estava escondido”, afirmou Flávio.
Ø Michelle pede que
Bolsonaro não vá direto do aeroporto para casa
Além
de medidas restritivas do governo do DF, a volta de Jair Bolsonaro (PL) ao
Brasil teve um pedido da esposa do ex-presidente, Michelle: para que ele não
retorne para a casa em que eles passarão a morar. As informações são da
colunista Thaís Oyama,
Medo
de aglomerações e tumultos motivaram Michelle a pedir que Bolsonaro não se
dirija amanhã ao condomínio em que o casal vai residir. Com isso, o agora
presidente de honra do PL vai diretamente para a sede do partido.
As
exigências do governo na chegada deixaram Bolsonaro aos palavrões, segundo
Oyama.
Como
será:
- Barreiras
fecharão a Praça dos Três Poderes. A medida protegerá as sedes atacadas no
dia 8 de janeiro.
- Também haverá
barreiras nas imediações do aeroporto. Será permitido acesso ao local de
embarque só para quem apresentar o bilhete de viagem.
- Bolsonaro não
poderá sair pela saída principal do aeroporto. O governo do DF definiu que
ele deixará o local por uma saída lateral — e avisou que a medida é
“inegociável”.
O
que Bolsonaro queria.
- Planejava uma
chegada triunfal em Brasília, repetindo as cenas da campanha de 2018, em
que multidões o aguardavam nos aeroportos.
- Ex-presidente
planejava falar aos apoiadores montado na caçamba de uma caminhonete. Isso
ocorreria após sair do saguão principal do aeroporto.
- Havia
expectativa de presença de 5 a 10 mil pessoas. O governo do DF previa a
presença de uma multidão para a chegada de Bolsonaro, o que levou às
medidas restritivas.
<<<
Irritação.
Segundo
Oyama, a maior irritação e os palavrões de Bolsonaro foram por ser obrigado a
sair pela lateral do aeroporto e ter de desistir dos planos do discurso.
Bolsonaro
considerou que foi uma tentativa de humilhá-lo. O ex-presidente atribui a uma
suposta pressão do ministro da Justiça, Flavio Dino, e do PT ao governo do DF,
para “tirar o doce” de sua boca.
Fonte:
Correio Braziliense/UOL/O Globo/Metrópoles/Valor Econômico
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