quarta-feira, 29 de março de 2023

Enxaqueca causa impactos para saúde, além da perda de produtividade diária

Dor de cabeça, sensibilidade à luz, cheiros ou barulhos, náuseas e vômitos, incômodo visual, formigamento e tonturas. Esses são apenas alguns dos sintomas vivenciados por quem sofre de enxaqueca, uma doença neurológica, genética e crônica.

Dados recentes divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam a enxaqueca como a segunda maior causa de incapacidade em todo o mundo, e a primeira nos países da Europa ocidental e Austrália.

A enxaqueca é definida por uma dor de cabeça latejante, em um ou nos dois lados da cabeça. Na cefaleia em salvas, a dor forte é pulsátil em apenas um lado da cabeça, podendo afetar a parte frontal do crânio, face e fundo dos olhos, aumentando ainda mais a sensação de mal-estar.

A enxaqueca pode ser classificada de maneiras distintas. Basicamente, é possível separar a enxaqueca com aura e sem aura, segundo especialistas.

A forma com aura acomete aproximadamente 20% das pessoas. Elas têm dificuldade para enxergar, como o apagamento de um campo de visão, a presença de pontos brilhantes ou dificuldade para focar uma imagem.

Outros sintomas são formigamentos nos braços que sobem até a face ou dificuldade da fala. O tratamento desse tipo de enxaqueca requer uma equipe multidisciplinar, que pode incluir profissionais da psiquiatria.

·         Tipos de dores de cabeça

O médico neurologista Gabriel Kubota, coordenador do Centro de Dor do Hospital das Clínicas e membro do grupo de cefaleias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), explica que as dores de cabeça podem ser divididas em dois grandes grupos: primária e secundária.

“As dores de cabeça secundárias são consequência, sintoma de uma outra doença ou condição. Por exemplo: jejum prolongado, consumo de álcool, cárie dentária, sinusite, problemas oftalmológicos ou doenças mais graves como tumores, trombose venosa, aneurisma e outras situações”, afirma Kubota, em comunicado.

A dor de cabeça primária pode ser classificada como cefaleia, tipo tensão, e migrânea – dor latejante em um lado da cabeça. As dores de cabeça primárias, em conjunto, correspondem à segunda condição médica mais prevalente na população mundial, gerando um impacto significativo.

Somente a enxaqueca acomete mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, sendo de 20% a 30% mulheres e 6% a 15% de todos os homens. Os gastos podem ser diretos, no uso de recursos de saúde, ou de forma indireta por faltas ao trabalho.

Segundo Kubota, estima-se que o Brasil, a cada ano, perca por volta de R$ 67 bilhões em gastos, devido à perda de produtividade relacionada à enxaqueca. A melhor maneira de lidar com o problema é procurar um médico, que poderá direcionar a melhor forma de tratamento de acordo com a avaliação individual do paciente.

A doença atinge de duas a três mulheres para cada homem, iniciando-se por volta dos 20 a 30 anos de idade, podendo ser a genética um dos fatores de sua causa.

“Os filhos de pessoas que têm enxaqueca têm duas vezes mais chances de também apresentar a doença. Mas vale a pena ressaltar que a genética pode aumentar ou diminuir o risco, mas ela não é absoluta. Ter alguém com enxaqueca na família não quer dizer que você também vá ter e o fato de ninguém na família ter não quer dizer que você não vá ter”, aponta o especialista.

Exames físicos e o contexto de vida de cada paciente permitem diferenciar os tipos de dor de cabeça. Pessoas que apresentam a forma migrânea, por exemplo, podem ter o problema desencadeado por cheiros fortes. Os sintomas são bem característicos: a dor é de moderada a forte intensidade, com aspecto pulsátil, atingindo mais um lado da cabeça.

O problema pode causar náuseas e vômitos, além de intolerância à luz e sons. O período pré-menstrual é outro fator que desencadeia a dor, que pode durar de quatro a 72 horas. Já quem vive com enxaqueca crônica pode apresentar crises de mais de 15 dias por mês por pelo menos três meses.

O tratamento para a dor de cabeça secundária, aquela que é consequência de alguma doença, irá melhorar com o tratamento do problema. Por exemplo, uma pessoa com sinusite, trombose, dor de dente irá melhorar com a solução do transtorno. Já a cefaleia primária, também conhecida como enxaqueca, não tem cura e conta com um tratamento diferenciado.

 

Ø  Enxaqueca ou dor de cabeça: saiba as diferenças e o que fazer para amenizar

 

Dor de cabeça, sensibilidade à luz, cheiros ou barulhos, náuseas e vômitos, incômodo visual, formigamento e tonturas. Esses são apenas alguns dos sintomas vivenciados por quem sofre de enxaqueca, uma doença neurológica, genética e crônica.

Dados recentes divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam a enxaqueca como a segunda maior causa de incapacidade em todo o mundo, e a primeira nos países da Europa ocidental e Austrália.

Diferenciar a enxaqueca da dor de cabeça comum pode ser fundamental para amenizar os sintomas e prevenir novas crises. O assunto foi abordado pelo programa CNN Sinais Vitais, apresentado pelo cardiologista Roberto Kalil.

“A gente pode resumir a enxaqueca dizendo que é um distúrbio do processamento neurossensorial. Esse distúrbio é cíclico, ou seja, ele acontece em crises e pode se tornar crônico com uma frequência muito maior. Mas o que está em jogo na fisiopatologia da enxaqueca é uma disfunção na forma como funcionam alguns centros que regulam a percepção. Por exemplo, da dor”, explica Marcio Nattan, neurologista do Grupo de Cefaleias do Hospital das Clínicas de São Paulo.

“Cerca de 15% da população do mundo tem enxaqueca, coisa de um bilhão de pessoas. No Brasil, 31 milhões de pessoas sofrem com enxaqueca. Esse adensamento no mundo é bastante parecido com o Brasil. Exceto, quando a gente fala de enxaqueca crônica, que é a enxaqueca que a pessoa tem 15 dias ou mais de dor por mês. Ela passa mais tempo com dor do que sem. No Brasil, a taxa é mais comum do que no resto do mundo, em torno de 5% da população”, completa Nattan.

·         Diferentes tipos de enxaqueca

A enxaqueca pode ser classificada de maneiras distintas. Basicamente, é possível separar a enxaqueca com aura e sem aura, segundo os especialistas.

A enxaqueca com aura acomete mais ou menos 20% das pessoas. Elas têm dificuldade para enxergar, como o apagamento de um campo de visão, a presença de pontos brilhantes ou dificuldade para focar uma imagem. Outros sintomas são formigamentos nos braços que sobem até a face ou dificuldade da fala. O tratamento desse tipo de enxaqueca requer uma equipe multidisciplinar, que pode incluir profissionais da psiquiatria.

“Apesar de ser um diagnóstico neurológico, os aspectos psiquiátricos que a enxaqueca desencadeia, seja a dor crônica, incapacidade laboral, a incapacidade social, causam ansiedade, podem causar depressão ou outras questões. Assim como quadros psiquiátricos como depressão e estresse, que podem agravar a enxaqueca. Então, a gente sempre olha com muito cuidado, e com muita cautela quando alguém chega com esse diagnóstico, ou com uma queixa de dor de cabeça crônica, ou cefaleia, que a gente ainda não tem o diagnóstico fechado”, diz Inah Proença, médica psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

·         Avanços no tratamento

No episódio, especialistas alertam que apesar da angústia que a enxaqueca traz para o paciente, é necessário evitar a automedicação.

“A pessoa que sofre com dor de cabeça tende a achar que isso é uma coisa normal e acaba recorrendo a tomar um analgésico. Muitas vezes, ela desconhece que há o risco de desenvolver o que a gente chama de cefaleia por uso excessivo do analgésico. Com o tempo, a pessoa começa a perceber que ela não responde mais tão bem ao analgésico, cada vez precisa de mais. O objetivo do tratamento não é só parar de usar analgésico, mais do que isso, é que a pessoa não precise recorrer tão frequentemente ao analgésico”, explica Nattan.

“A automedicação descontrolada é sempre um sinal de alerta para enxaqueca, para depressão, para qualquer outra questão. Esses medicamentos tomados de forma errada ou administrados em posologia errada podem trazer grandes consequências para o organismo. E o uso crônico dessas medicações pode muitas vezes agravar o quadro da enxaqueca”, destaca Inah.

A medida utilizada pela medicina considera que qualquer pessoa que use analgésicos dez dias ou mais durante um mês, está fazendo um uso excessivo.

“Também tem a quantidade de comprimidos por dia. Nós temos pacientes que usam de 6 a 10 comprimidos de analgésico ao dia. Isso, além de piorar a frequência das dores de cabeça também traz um risco para o estômago, para o fígado, porque esses medicamentos são metabolizados e acabam influenciando no sistema do trato gastrointestinal. A mensagem principal é que o tratamento preventivo vai fazer a frequência das dores diminuir”, diz Alexandre Ottoni Kaup, pesquisador e neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

O CNN Sinais Vitais revela as novidades do tratamento preventivo para a enxaqueca, como a utilização da toxina botulínica e os novos medicamentos disponíveis para os pacientes. O programa também apresenta dicas de hábitos diários que contribuem para evitar crises.

“Algumas atividades ajudam muito no tratamento da enxaqueca, como a atividade física. A gente tem dados importantes a respeito do cuidar do sono, que é fundamental. A gente vê uma associação muito próxima de distúrbios do sono, como a insônia, como a apneia do sono, na piora da enxaqueca. Distúrbios como transtorno de ansiedade e depressão também estão relacionados à piora da enxaqueca. Então, o cuidado da saúde mental, boa alimentação, é uma promoção de saúde e pode ajudar”, diz Nattan.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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