Tereza Cruvinel: A
volta de Bolsonaro e a miséria do bolsonarismo
Jair
Bolsonaro desembarca em Brasília, depois do descanso de três meses nos Estados
Unidos, com custos para o erário, que bancou a permanência dos assessores a que
tem direito, afora o voo da FAB que o levou. A chegada também terá custos, com
a mobilização de um grande aparato de segurança no aeroporto e ao longo do
deslocamento que pretende fazer com apoiadores em carro aberto.
Quem
tem medo de Bolsonaro? Há quem diga que a volta dele ao país, para comandar a
oposição de extrema-direita, mudará ambiente político para o governo Lula.
Lorota. Fora do poder, aonde chegou pelas artes da Lava Jato, da polarização
movida a ódio e da demonização da política, Bolsonaro será como o leão
envelhecido, que ruge muito sem morder.
Ainda mais se for declarado inelegível pelo TSE, o que deve acontecer em
maio. A liderança política não costuma andar com políticos sem perspectivas
eleitorais.
Tivemos
um exemplo do que pode ser a oposição bolsonarista na sessão desta terça-feira
na Comissão de Constituiição e Justiça da Câmara, a que compareceu o ministro
da Justiça, Flávio Dino, para prestar esclarecimentos sobre um rosário de
questões.
Os
bolsonaristas planejaram um show de combatividade que levaria o ministro a
nocaute. O que vimos foi Dino fazendo picadinho deles, explicitando que são
balofos, despreparados, mal intencionados e até mesmo infantis. Foram tratados
com a condescendência do professor para com alunos arrogantes e ignorantes,
desprovidos de argumentos para a contestação.
Combinando
saber jurídico com experiência política, bom humor e paciência, Dino
desmistificou a oposição bolsonaristas e ensinou a seus colegas de governo como
lidar com eles. Foi de fato um show, mas do ministro. Quem quiser se divertir
procure o video da TV Câmara no Youtube.
O
que buscavam não eram explicações sobre ações da pasta e muito menos um debate
sério sobre questões relevantes da área de Justiça e Segurança. O que buscaram,
e não conseguiram, eram imagens de um ministro acuado ou ridicularizado em
vídeos que usariam nas redes sociais, terreno em que sabem combater. O
Parlamento é outra coisa mas, para enfrentá-los, o governo deve adotar o método
Dino.
Outras
refregas virão, com outros ministros. A CCJ tem maioria governista e é
presidida pelo petista Rui Falcão. Já a Comissão de Fiscalização e Controle tem
como presidente a bolsonarista Bia Kicis e a maioria do governo é nominal. A
ordem ali é manter o fogo algo sobre os ministros de Lula.
Bolsonaro,
que passou quase 30 anos no baixo clero da Câmara, não é muito diferentes de
seus aliados que deram vexame na CCJ, como o estreante Nikolas Ferreira, que
saiu da sessão com um apelido humilhante. Ou André Fernandes (PL-CE), que caiu
na asneira de acusar Dino de responder a 277 processos judiciais, com base no
site Jusbrasil, que compila citações de pessoas em ações. Reclamaram do
"deboche" de Dino, que o colocou "no continente mental de quem
acha que a terra é plana". Merecido. Um deputado não pode falar o que vem
à boca, deve abri-la com o mínimo de responsabilidade e informação.
Então,
não é com Bolsonaro que o governo deve se preocupar, e sim com aliados como o
presidente da Câmara, Arthur Lira, que paralisou a agenda legislativa na
disputa com o Senado sobre o rito das MPs, buscando o controle sobre a
tramitação delas para ampliar seu poder de barganha.
A exigência ridícula e provocativa de
Bolsonaro para sua chegada ao Brasil
Jair
Bolsonaro (PL) nunca foi conhecido por seu bom senso ou por uma aguçada noção
do ridículo. Depois de uma temporada de três meses no EUA, para onde fugiu
ainda durante o mandato, em 30 de dezembro de 2022, o ex-presidente garante que
retorna ao Brasil na quinta-feira (30) e, mais uma vez, parece querer criar
confusão na vida política do país.
O
líder extremista avisou seus seguidores e as lideranças de sua bancada de
extrema direita no Congresso que deseja um carro aberto para desfilar pelas
ruas da capital federal, do Aeroporto Juscelino Kubistchek até a casa onde
ficará instalado, uma mansão no Lago Sul. A hora prevista para o pouso do voo
onde Bolsonaro estará é 7h30.
Sem
cargo e derrotado em seu projeto de reeleição, não existe qualquer razão
política para um desfile em carro aberto do candidato que não conseguiu seguir
no mandato, exceto criar mais um constrangimento. Paranoico com segurança, o
ex-mandatário e seus representantes ainda estão esperando as orientações da
Polícia Militar do Distrito Federal sobre o esquema que será cedido a Bolsonaro
assim que pisar em solo nacional.
Até
o momento, a única confirmação é a de que Michelle Bolsonaro, sua esposa,
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Walter Braga Netto, seu candidato a
vice derrotado e secretário nacional de relações institucionais da legenda,
estarão no aeroporto para recepcioná-lo.
• Retorno de Bolsonaro a Brasília deve
mobilizar mais de 500 policiais e Esplanada fechada
O
esquema de segurança para recepcionar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve
envolver ao menos 500 policiais na próxima quinta-feira (30) e a Esplanada dos
Ministérios deve ser fechada. A CNN teve acesso com exclusividade às
informações do planejamento, que está sendo elaborado pelo Governo do Distrito
Federal.
O
voo de Bolsonaro está previsto para desembarcar às 7h10 e muitos apoiadores do
ex-presidente já confirmaram que vão recepcionar o político no saguão. Por
conta disso, todas as forças de segurança do DF estarão a postos desde a
madrugada, já às 4h.
Do
lado de dentro do aeroporto, a segurança ficará por conta da Polícia Federal,
que é responsável pela segurança aeroportuária no Brasil. O saguão também terá
esquema da PF, com reforço de agentes.
A
Polícia Militar do DF terá mais de 500 policiais no esquema de segurança, do
lado de fora do Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, no policiamento
ostensivo. A PM fechará a Esplanada dos Ministérios à meia-noite, sete horas
antes de o voo com o ex-presidente chegar.
O
motivo do bloqueio na Esplanada é evitar atos como os de 8 de janeiro, quando
as sedes dos Três Poderes foram atacadas e vandalizadas.
A
PM decidirá se o comboio de Jair Bolsonaro precisará de escolta no momento.
Isso porque não está definido se ele sairá pela base militar ou pelas vias
habituais do aeroporto. “Depende de quantos manifestantes estiverem lá, do
calor da situação, se haverá manifestação”, disse à CNN uma fonte que
participou da reunião nesta terça-feira.
A
PM terá no esquema policiais do Comando de Policiamento de Trânsito, que inclui
os batalhões Rodoviário e o de Trânsito; o Batalhão de Operações Especiais
(Bope); o Batalhão de Patrulhamento de Choque (BPChoque), as Tropas
Convencionais da Área Central; O Batalhão com Cães (BPCães); e e a Cavalaria.
O
objetivo da Secretaria de Segurança Pública do DF é repetir o esquema do 7 de
Setembro do ano passado, quando todas as forças estiveram presentes e a
operação foi considerada um sucesso. O Departamento de Trânsito do DF
(Detran-DF) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) também estão no
aeroporto de Brasília, bem como o Corpo de Bombeiros.
O
secretário de Segurança do DF, delegado Sandro Avelar, concederá uma entrevista
coletiva nesta quarta-feira às 15h para informar os detalhes do esquema à
imprensa.
• Evitar tumulto
A
média de passageiros que embarcam, desembarcam ou fazem conexão no Aeroporto
Internacional de Brasília é de 35 mil por dia. Um dos objetivos do esquema de
segurança, conforme as autoridades, é evitar ao máximo que haja tumulto no
saguão ou na área de desembarque. Ou, caso tenha, que seja resolvido no menor
tempo possível para não prejudicar os demais tripulantes.
Irado, Bolsonaro reage com xingamentos ao
saber do esquema de segurança para o seu retorno ao Brasil
Jair
Bolsonaro reagiu com impropérios e palavrões após saber do forte esquema de
segurança montado para evitar tumultos no seu retorno ao Brasil, previsto para
o início da manhã de quinta-feira (30), em Brasília. Ao todo, mais de 500
policiais militares e federais foram destacados para atuar no esquema visando
evitar tumultos por parte de apoiadores do ex-mandatário. O acesso à Esplanada
dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, além das imediações do Aeroporto
Internacional Juscelino Kubitschek, serão fechados.
Para
aliados, o forte esquema de segurança montado pelo ministro da Justiça, Flávio
Dino, e pelo governo do Distrito Federal, “tirou o doce” da boca do
ex-mandatário, que planejava até mesmo um desfile em carro aberto durante o
deslocamento do terminal até a sua residência, no Lago Sul, área nobre da
capital federal.
Segundo
a coluna da jornalista Thaís Oyama, do UOL, “o que mais irritou Bolsonaro foi a
informação de que ele não poderá desembarcar pela saída principal do aeroporto.
Pelo plano desenhado pela secretaria de Segurança do Distrito Federal, o
ex-presidente terá de deixar a área de embarque por uma via lateral, o que ele
considerou uma tentativa de humilhá-lo”.
Ainda
conforme a reportagem, Bolsonaro esperava reeditar cenas da campanha de 2018,
“em que multidões o aguardavam nos aeroportos e o aclamavam aos gritos de
"mito". Bolsonaro planejava ainda falar aos seus apoiadores montado
na caçamba de uma caminhonete, assim que deixasse o saguão do aeroporto”.
Aliados temem “choque de realidade” na
volta de Bolsonaro ao Brasil
Aliados
do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) temem que o ex-presidente sofra um “choque
de realidade” na volta ao Brasil, programada para a manhã desta quinta-feira
(30).
Bolsonaro
deixou o país em 30 de dezembro de 2022, um dia antes do fim de seu mandato, o
que significa que não esteve em território nacional fora da condição de
presidente desde então. Ele chegará em um país comandado por Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), que foi seu maior opositor durante a campanha presidencial.
Nos
bastidores, há uma percepção dos aliados de Bolsonaro que ele ainda está
abatido, o que foi visto em transmissões ao vivo que realizou durante seu
período na Flórida, nos Estados Unidos.
De
acordo com apuração da CNN, há uma estratégia para reorganizar a vida política
do ex-presidente, prevendo que ele faça muitas viagens, esteja em contato
constante com as autoridades de direita (governadores, prefeitos) e com seu
grupo no Congresso.
Em
um primeiro momento, apesar de o partido querer recebê-lo com pompa, parceiros
de Bolsonaro veem a necessidade de calma, de assentar as ideias e entender o
cenário antes de cobrar atuação pública.
Existe
a expectativa no Partido Liberal de que Bolsonaro seja o grande adversário do
presidente Lula, de que ainda seja o protagonista da direita e enfrente a
esquerda nas eleições presidenciais de 2026.
Apesar
de o nome de Michelle Bolsonaro ter aparecido como palpite para 2026, segundo
aliados, o ex-presidente ainda é o único nome previsto para a corrida
eleitoral. Ou seja, que não há segunda opção.
Aliados temem que Bolsonaro seja levado
pela PF para prestar depoimento assim que pisar no Brasil
O
círculo próximo de Jair Bolsonaro, incluindo membros de seu partido, o PL, teme
que o ex-ocupante do Palácio do Planalto possa ser convocado ou interrogado
pela Polícia Federal assim que pisar em Brasília, retornando de sua viagem de
meses aos EUA. A informação é da colunista Bela Megale do jornal O Globo.
De
acordo com assessores do presidente, não há, atualmente, intenção de prender
Jair Bolsonaro. Na opinião deles, membros do governo Lula (PT) e do Supremo
Tribunal Federal (STF) estariam inseguros se essa medida poderia gerar ainda
mais turbulências no cenário político nacional e até mesmo beneficiar
Bolsonaro. No entanto, parlamentares do PL afirmam que uma convocação para
depoimento na Polícia Federal já na chegada do ex-presidente ao Brasil seria
prejudicial, criando uma pauta negativa.
No
entanto, durante a reunião entre a Polícia Federal, a Secretaria de Segurança
do Distrito Federal e outras autoridades que organizaram o esquema de segurança
para a chegada de Bolsonaro, foi debatida inclusive a possibilidade de que uma
ordem de prisão pudesse ser cumprida.
Além
do caso das joias que foram trazidas ilegalmente da Arábia Saudita, existem
outras ações judiciais direcionadas ao ex-presidente, tanto no Supremo Tribunal
Federal quanto na Justiça comum.
Estrategista da ultradireita, Steve
Bannon vê Bolsonaro fortalecido e aposta no filho 03, Eduardo
Bannon
diz que volta do ex-presidente ao Brasil vai ser positiva e defende integração
de líderes de direita para fazer frente à gestão petista, escreve Folha de São
Paulo.
De
acordo com a Folha, os processos na Justiça que líderes da direita como o
ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) e o ex-presidente norte-americano
Donald Trump (2017-2021) enfrentam, não prejudicam o futuro do movimento
conservador, afirma Steve Bannon.
O
ideólogo da ultradireita global acredita que, ao contrário do que se imagina,
líderes como Bolsonaro são fortalecidos pelos questionamentos na Justiça.
O
controverso estrategista-chefe da Casa Branca na gestão Trump, condenado por
desacato ao Congresso norte-americano ao desrespeitar convocações para depor na
comissão que investigou o atentado ao Capitólio em 2021, elogiou os radicais no
Brasil que atacaram os três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro e os chamou
de "guerreiros da liberdade".
Em
entrevista ao jornal, Bannon insistiu em fraude nas eleições de 2020 nos EUA e
2022 no Brasil, embora não haja qualquer indício de tal fato em ambos os casos.
"Lula
tem pouco apoio popular e você percebe pela quantidade de pessoas que
protestaram contra as eleições. É óbvio que houve roubo no Brasil e
provavelmente foi mais escandaloso do que com Trump. Mas isso não vai importar.
Trump voltará em 2024 e Bolsonaro voltará, então será uma boa lição para
mostrar às pessoas o quanto as instituições podem ser corrompidas facilmente
contra o desejo do povo", teorizou o estrategista.
Para
ele, não se deve pensar no futuro da direita, mas sim no presente. Bannon
acredita que tanto Bolsonaro quanto Trump estão muito presentes nos debates
políticos e que a direita nunca esteve tão robusta. Mas no caso de Bolsonaro, o
ideólogo não pareceu feliz de que o ex-presidente tenha deixado o Brasil. Para
ele, o retorno de Bolsonaro ao Brasil "será incrível".
Bannon,
que é próximo da família Bolsonaro, afirmou que mantém contato com deputado
federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e acredita que ele ainda vai ser presidente
do Brasil.
Quando
questionado sobre o The Movement (grupo de Bannon para integrar a direita
populista no mundo) que tinha Eduardo Bolsonaro como representante na América
do Sul, Bannon garantiu que muita coisa está acontecendo nos bastidores.
"Populismo
e nacionalismo são específicos de países, você precisa fazer o que funciona
nesses países. Não somos como a Internacional Comunista, onde tudo é global e
interconectado. Somos conectados porque pensamos de modo igual, mas cada país é
um e isso toma muito tempo", explicou.
Steve
Bannon garantiu que no caso brasileiro, apesar dos processos na Justiça, a
direita segue mais forte do que nunca.
"As
pessoas estão vendo que é uma vergonha. Estamos arrecadando mais dinheiro,
subindo nas pesquisas, e a imprensa da direita é mais poderosa do que
nunca", destacou sem deixar de afirmar que, para ele, "a instituição
mais corrupta no Brasil é a Suprema Corte, foi como a eleição foi roubada. É
claro que Bolsonaro enfrenta problemas na Justiça, mas isso não importa".
Fonte:
Brasil 247/Fórum/CNN Brasil/Sputnik Brasil
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