Múcio diz que
militar político fere hierarquia militar
O
ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta quarta-feira (29) que a
presença de militares em funções políticas pode ferir a hierarquia das Forças
Armadas. Ele deu a declaração em Brasília, após ter participado de um evento do
Superior Tribunal Militar (STM).
O
governo do presidente Lula elabora uma proposta de emenda à Constituição (PEC)
que obriga militares da ativa a se desvincularem das Forças Armadas caso
decidam ocupar cargos de natureza política. O texto, segundo Múcio, já foi
enviado para análise da Casa Civil.
“Você
não pode imaginar como isso é salutar para o país e para a democracia. O
militar tem carreira, ele serve ao Estado brasileiro, não a quem está no
governo. Se você sai para a política e tem insucesso, volta, não é nem mais o
mesmo militar e fica sonhando com uma nova eleição. Aí, perde o princípio
hierárquico das Forças Armadas”, afirmou Múcio.
“Não
estamos proibindo. Estamos dizendo: ‘Quem for, que seja feliz na política'”,
acrescentou o ministro da Defesa.
O
governo anterior, de Jair Bolsonaro, se valeu de diversas nomeações de
militares, da ativa e da reserva, em cargos de natureza política. O próprio
Bolsonaro é capitão reformado do Exército.
Entre
os militares que, ainda na ativa, aceitaram cargos no governo Bolsonaro,
estavam:
Eduardo
Pazuello, à época general da ativa, assumiu o Ministério da Saúde;
Luiz Eduardo Ramos, à época general da ativa, assumiu a Secretaria de Governo;
Walter Braga Netto, à época general da ativa, assumiu a Casa Civil;
Flávio Rocha, à época Almirante da ativa, assumiu a Secretaria de Assuntos
Estratégicos.
A presença de militares da ativa no governo Jair Bolsonaro foi alvo de
críticas. Em 2020, por exemplo, o então presidente do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse ser um “desastre” o governo
“povoar” os cargos com militares.
A
proposta defendida por José Múcio deve ser apresentada ao Congresso Nacional no
formato de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Para
serem aprovadas, PECs precisam do apoio mínimo de três quintos dos
parlamentares (308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores). As propostas
devem, ainda, ser submetidas a dois turnos de votação na Câmara e no Senado.
Segundo
o ministro da Defesa, ainda não há uma data prevista para que o governo
apresente a PEC sobre os militares.
Questionado
se os comandantes das Forças Armadas acolheram “bem” o texto proposto à Casa
Civil, Múcio respondeu que eles participaram da elaboração da proposta. “Foi
uma criação de todos eles, os comandantes, e nossa. Uma coisa muito bem
combinada”, concluiu.
Ø Múcio diz que
política rouba carreiras militares
O
ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta quarta-feira (29) que os
militares que voltam às Forças Armadas após se licenciar para disputar eleições
perdem os princípios de hierarquia e disciplina e não deveriam voltar à ativa.
A
declaração do ministro ocorre duas semanas após a pasta enviar ao Palácio do
Planalto uma minuta de PEC (proposta de emenda à Constituição) para proibir que
militares permaneçam na ativa caso tentem disputar eleições ou assumam cargo no
Executivo.
“Você não pode imaginar como isso é salutar
para o país, para a democracia. O militar tem carreira, serve ao Estado
brasileiro. Você sai para a política, tem insucesso [na eleição] e volta: você
não é mais nem militar e fica sonhando com uma nova eleição”, disse o ministro.
Múcio
ainda disse que, após a filiação partidária, o militar “começa a seguir os
princípios do partido, e as regras não seguem a hierarquia e disciplina”.
“[O
militar que tenta a política] perde os princípios hierárquicos e perde o gosto
pelas Forças Armadas. Nós não estamos proibindo. Quem for que seja feliz na
política. Quem ficar que seja forte como militar”, completou.
O
ministro ainda disse não concordar com a PEC gestada pelo PT para alterar o
artigo 142 da Constituição e tirar do Exército as operações de GLO (Garantia da
Lei e da Ordem).
“Não
há necessidade de mexer agora. Eu sou de uma tese de que quem tem o negócio de
golpe na cabeça não precisa de regras. A gente precisa conversar [com os
parlamentares] para chegar a uma solução consensual, que se estabeleça uma
resultante para o que as pessoas desejam”, afirmou Múcio.
Como
mostrou a Folha, o PT tenta desde a Assembleia Nacional Constituinte tirar das
Forças Armadas a atribuição de atuar como garantidora da lei e da ordem —o que
possibilita que militares atuem na segurança pública interna do país.
Após
a participação intensa de militares no governo Jair Bolsonaro (PL) e os ataques
golpistas de 8 de janeiro, o partido voltou a discutir uma mudança
constitucional sobre os deveres das Forças Armadas.
O
deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), que tem levantado as discussões, se
reuniu com o comandante do Exército, Tomás Paiva, e ouviu os relatos sobre a
resistência das Forças contra uma mudança mais profunda nas atribuições
militares, como deseja o PT.
Diante
da ofensiva no Congresso, os comandantes das Forças e Múcio Monteiro prepararam
uma proposta para limitar as mudanças no artigo 142 da Constituição e tirar
somente a possibilidade de militares que se candidatarem a cargos políticos
permanecerem na ativa.
Segundo
relatos de generais feitos à Folha, uma proposta do tipo busca evitar que
mudanças mais profundas, como a sugerida pelo PT, avancem no Congresso Nacional
—apesar de a assessoria parlamentar do Exército ver pouca chance de uma PEC
sobre o assunto prosperar.
Múcio
conversou com jornalistas após o fim de uma cerimônia do STM (Superior Tribunal
Militar) para a condecoração de militares e civis.
Entre
os que receberam a principal honraria estavam o presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, os comandantes
Tomás Paiva (Exército), Marcos Olsen (Marinha) e Marcelo Damasceno
(Aeronáutica) e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante
Aguiar Freire.
O
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também foi chamado para receber
a maior honraria, a grã-cruz da Ordem do Mérito Judiciário Militar, mas faltou
à cerimônia. Militares presentes afirmaram, sob reserva, que a presença do
senador foi cancelada após Arthur Lira ter confirmado a participação.
Na
lista do cerimonial, Pacheco e Lira ficariam lado a lado. Os dois estão com
problemas na relação diante das divergências sobre a tramitação das MPs
(medidas provisórias).
“Há
uma certa tensão [sobre o impasse das MPs], porque o governo tem a necessidade
de que essas coisas sejam aprovadas, mas isso vai ser resolvido”, disse Múcio
ao fim da cerimônia.
Ø Bolsonaristas
golpistas são expulsos da Força Nacional
O
governo Lula identificou 80 policiais militares e bombeiros, cedidos à Força
Nacional, que se manifestaram pró-Bolsonaro. A Força Nacional é subordinada ao
Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Por
serem militares da ativa, esses PMs e bombeiros não poderiam ter manifestado
publicamente apoio a nenhum candidato. Seja nas redes sociais ou em comícios e
manifestações.
A
coluna apurou que, após o mapeamento, esses militares deixaram de integrar os
quadros da Força Nacional. Eles foram devolvidos para seus respectivos estados.
Ou seja: de agora em diante, passarão a responder ao governo estadual.
A
Força Nacional é composta por militares, dos estados e do Distrito Federal, que
celebram convênio com a União. Profissionais de perícia e do sistema prisional,
que não são militares, também podem compor a equipe.
Ø CPI do DF sobre 8/1
receberá subsídios do STF
O
presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos
Antidemocráticos, deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF), afirmou nesta
quarta-feira que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), vai compartilhar informações de inquéritos sobre os atos golpistas do 8
de janeiro com a comissão, que ocorre na Câmara Legislativa do Distrito
Federal.
Moraes
recebeu um grupo de integrantes da CPI na sede do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), que ele preside. De acordo com Chico Vigilante, informações sigilosas
não serão compartilhadas com o grupo.
—
Dissemos para ele da necessidade de compartilhamento de dados já investigados
pelo Supremo Tribunal Federal com a CPI. Ele designou um juiz auxiliar, do
gabinete dele, para em contato com nosso procurador da CPI, doutor Rodrigo, o
que puder ser compartilhado vai ser compartilhado. O que for segredo absoluto
não será compartilhado — disse o parlamentar após o encontro.
Moraes
é o relator no STF de todos os inquéritos que investigam os atos golpistas. Um
deles é focado em autoridades do Distrito Federal, como o governador Ibaneis
Rocha e o ex-secretário de Segurança Anderson Torres.
Os
depoimentos na CPI começaram no dia 2 de março e já reuniram autoridades civis
e militares responsáveis pela segurança da capital federal. Entre os ouvidos
até agora estão o ex-secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, o
ex-comandante da Polícia Militar Jorge Naime e o ex-secretário-executivo da
Secretaria de Segurança Pública Fernando de Souza Oliveira.
·
CPI
da intentona golpista pede ajuda a Moraes
O
presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes,
recebe nesta quarta-feira os integrantes da CPI dos Atos Golpistas, na Câmara
Legislativa do Distrito Federal. Os parlamentares querem pedir o
compartilhamento de informações obtidas em investigações conduzidas pelo
ministro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo
comunicado divulgado pelo deputado distrital Chico Vigilante, presidente da
CPI, os parlamentares estão tendo dificuldades para chegar até as pessoas que
já se encontram sob investigação do STF, “uma vez que o tribunal não
compartilhou conosco o material que já possui”.
Por
isso, solicitaram o encontro para “tratar de interesses diretamente relacionados
ao objeto desta CPI, bem como, no que for possível, colaborar com a
investigação em curso no Supremo Tribunal Federal”.
“Queremos
saber quem financiou aqueles atos terroristas, quem os organizou e para quem
organizou”, diz o texto.
Além
de Vigilante, a reunião terá a presença do relator da CPI, Hermeto (MDB); e dos
deputados Jaqueline Silva (sem partido), Daniel de Castro (PP), Fábio Felix
(PSol), Robério Negreiros (PSD) e Joaquim Roriz Neto (PL).
Os
depoimentos na CPI começaram no dia 2 de março e já reuniram autoridades civis
e militares responsáveis pela segurança da capital federal. Entre os ouvidos
até agora estão o ex-secretário de Segurança Pública do DF, Júlio Danilo, o
ex-comandante da Polícia Militar Jorge Naime e o ex-secretário-executivo da Secretaria
de Segurança Pública Fernando de Souza Oliveira.
Fonte:
g1/FolhaPress/Metrópoles
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