Em seu primeiro
discurso após retorno, Bolsonaro ameaça derrubar governo Lula
No
seu primeiro discurso de volta ao Brasil após três meses de autoexílio nos
Estados Unidos, Jair Bolsonaro deu um recado ao governo Lula, dirigindo-se a
parlamentares do PL e aliados de outros partidos.
Em
um evento fechado, na sede do partido em Brasília, o ex-presidente disse que a
legenda tem praticamente 20% das bancadas na Câmara e no Senado, que a oposição
é a maioria dentro do Congresso e vai mostrar para “esse pessoal que, por ora e
por pouco tempo está no poder, eles não vão fazer o que bem quer (sic) para o
futuro da nossa nação”. “
Deu
pra ter uma visão do nosso país lá de fora. É aprendizado, é um acompanhamento
do que acontece aqui, é orgulhar-se de vocês. Eu lembro, lá atrás, quem é mais
velho lembra disso, né?, quando alguém criticava o Parlamento, Ulysses
Guimarães dizia: espere o próximo. Dessa vez, o próximo melhorou, e muito”,
disse Bolsonaro, em um trecho da sua fala divulgada pelo deputado Pastor Marco
Feliciano (PL-SP).
“E,
mostrando para esse pessoal que, por ora e por pouco tempo está no poder, eles
não vão fazer o que bem quer (sic) para o futuro da nossa nação. Nós somos
praticamente 20% das bancadas, além de outros colegas nossos que tem aqui, de
vários outros partidos. Nós somos a maioria dentro do Congresso. E nós queremos
o melhor para o nosso país. E, hoje em dia, a bola está com vocês. Tenho
certeza que vocês conduzirão o Brasil para um porto seguro”, complementou o
ex-presidente, em outro momento — o vídeo divulgado por Feliciano tem cortes.
No
último trecho da fala de Bolsonaro disponibilizada pelo parlamentar, ele diz
que retornou ao Brasil com “orgulho muito grande” e vai cumprir expediente no
PL, receber muita gente para conversar.
“O
nosso chefe aqui é o Valdemar [Costa Neto]”, concluiu, referindo-se ao
presidente do seu partido, que estava ao seu lado.
• Silveira paga preço por confiar em
Bolsonaro
Preso
há quase dois meses por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal, o ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira tem
enfrentado sucessivas derrotas jurídicas. Atualmente vivendo no presídio de
Bangu 8, no Rio de Janeiro, ao lado de outros políticos, como Roberto Jefferson
e o ex-vereador Gabriel Monteiro, Silveira tenta de várias formas ser
transferido para o Batalhão Especial Prisional (BEP) de Niterói, local que
abriga militares e ex-militares.
No
último dia 24 de março, o banho de água fria partiu da Justiça fluminense, que
negou mais uma vez a solicitação de transferência. Sem entrar no mérito da
questão, a desembargadora Suimei Cavalieri disse que a decisão cabe ao Supremo.
“Expondo a impetração que a prisão cautelar do impetrante foi decretada pelo
STF, qualquer decisão a ela relacionada está submetida, por uma questão de
competência funcional”, afirmou a magistrada.
O
pedido de transferência partiu do advogado de Silveira, Paulo César Rodrigues
de Faria, enquanto seu cliente estava na cadeia de Benfica. “Sem tomar banho há
quatro dias, sem uso de produtos de higiene, sem alimentação adequada, sua cela
tem a presença de roedores”, afirmou. Após a alegação do defensor, Daniel
partiu dali para Bangu três dias depois, mas não para Niterói, como queria.
Da
Justiça fluminense, a defesa do bolsonarista foi ao Supremo. Desde então, Faria
tem feito sucessivos e quase diários pedidos para que Silveira seja não apenas
transferido, como para que o STF decida pela soltura do réu, com base no
indulto que o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu a ele, em abril do ano
passado. “O decreto é cristalino ao indultar pessoas condenadas ou submetidas a
medida de segurança, não se vislumbrando a expressão trânsito em julgado como
condição de validade, bastando simplesmente ser condenado para ter direito à
clemência presidencial”, afirma Paulo Faria.
Além
de requerer o arquivamento da ação penal que condenou Daniel Silveira, seu
advogado quer a revogação da prisão preventiva e das medidas cautelares
impostas a ele, a restituição dos valores apreendidos e a liberação de todas as
redes sociais do ex-parlamentar.
O
ex-deputado foi condenado a oito anos e nove meses de prisão, em 21 de abril de
2022, por incitação da prática de tentar impedir ou restringir, com emprego de
violência ou grave ameaça, o exercício dos Poderes constitucionais. O indulto
de Bolsonaro foi publicado no Diário Oficial no dia seguinte à condenação.
Salles: 'Se o PL ficar com Nunes, a
eleição está perdida'
Um
dos mais aguerridos defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro
do Meio Ambiente Ricardo Salles, de 47 anos, recebeu 604.918 votos e foi o 4°
deputado federal mais votado de São Paulo em 2022. O capital eleitoral o
estimula a se movimentar para tentar se cacifar como candidato do campo
bolsonarista à Prefeitura em 2024. Os planos, porém, esbarram na relação
próxima que seu partido, o PL, mantém com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) - que
vai disputar a reeleição.
"Por
mais que o prefeito queira os votos da direita, ele não tem essa relação com o
presidente Bolsonaro. Ricardo Nunes nem sequer apoiou o Bolsonaro no 2°
turno", disse ele, nesta entrevista ao Estadão.
Salles
foi ministro entre 2019 e 2021. Sua gestão foi marcada por polêmicas. Em uma
reunião ministerial em abril de 2020, ele sugeriu a Bolsonaro que aproveitasse
o momento em que atenção da imprensa estava voltada para a pandemia da covid-19
para ir "passando a boiada" na área ambiental, flexibilizando regras.
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A seguir os principais trechos da entrevista:
• O sr. quer ser candidato a prefeito da
capital, mas o seu partido, o PL, está na gestão Ricardo Nunes e cogita
apoiá-lo. Espera se firmar como representante do bolsonarismo em SP?
Sim,
com certeza a minha expectativa é ser o candidato do presidente em São Paulo
pelo fato de ter uma ligação com ele e ter sido seu ministro. Por mais que o
prefeito queira os votos da direita, ele não tem essa relação com o presidente
Bolsonaro. Ricardo Nunes nem sequer apoiou o Bolsonaro no 2° turno.
• Essa é a intenção de Nunes? Ele diz que
não é de direita...
Ele
quer os votos da direita, mas declarou para o Estadão que não será o candidato
da direita. Se ele não quer ser o candidato da direita, por que quer os votos
dela? Eu sou o candidato da direita. Ricardo Nunes foge dessa posição. O
partido dele está na base do Lula e tem ministérios.
• No ano passado, Lula e Haddad venceram a
eleição na capital paulista. Um nome com perfil moderado teria mais chance
nesse campo da direita?
João
Doria venceu na capital em 2016 com um discurso bem à direita. Existe esse
espaço. Não digo que meu discurso será radical. Ser de direita não é ser
radical. Não existe essa correlação. Essa coisa de radicalismo no fundo é usada
para desqualificar. Não tem problema nenhum em ter um candidato da direita. São
Paulo vive um momento de desordem e caos. Isso abre espaço para uma candidatura
de direita que tenha um choque de civilidade como o do Rudolph Giuliani em Nova
York em 1993. Aquela regra da lei e ordem, ou da tolerância zero, foi um choque
de civilidade. São Paulo está precisando disso. A cidade está um horror, e não
é por falta de dinheiro. Tem R$ 30 bilhões em caixa.
• Como está sua articulação no PL? O presidente
do partido, Valdemar da Costa Neto, esteve recentemente com o prefeito e
sinalizou um possível apoio...
Ricardo
é o prefeito, por isso tem a máquina a seu favor. O PL tem a Secretaria de Meio
Ambiente e duas subprefeituras, do Campo Limpo e Butantã. Há um certo cuidado
do Valdemar, e é natural que seja assim, dele tomar qualquer decisão ou dar
sinais de que pode não estar com o prefeito. Isso pode implicar na perda do
espaço que o partido já tem na Prefeitura.
• Se o PL apoiar o Nunes, o sr. pode mudar
de partido para disputar a Prefeitura?
Essa
é uma discussão que vamos ver. Não estou vendo o PL com o Ricardo. Só há uma
chance disso acontecer: se o Ricardo Nunes melhorar muito a ponto de ser
viável. Hoje ele não é. O prefeito não é conhecido e tem uma alta taxa de
rejeição. A maioria das pessoas não o conhece. E quem o conhece o rejeita.
• Conta com apoio de Tarcísio em 2024?
Estive
com ele semana passada. A posição dele é ter uma parceria administrativa com o
prefeito. É correto que mantenha isso. Mas, se nós mostrarmos viabilidade
eleitoral, é óbvio que ele vai preferir ficar com o campo que o elegeu, que
foram a direita e os bolsonaristas.
• O sr. acha que teria viabilidade fora do
PL?
Se
o PL ficar com o Ricardo Nunes, a eleição está perdida. O Nunes não ganha do
(Guilherme) Boulos. Isso abre espaço para minha candidatura. O presidente
(Bolsonaro) não vai apoiar o Ricardo Nunes. Entre ele e eu é óbvio que vai
apoiar a mim.
• Bolsonaro lhe disse isso?
Nem
precisa dizer. O ministro dele era eu. Ricardo Nunes não apoiou Bolsonaro no 2°
turno.
• A escolha do Boulos como candidato do
PSOL com apoio do PT facilita a sua estratégia?
Se
tem alguém que é a face invertida dessa moeda sou eu. Para mim é fácil debater
com ele. Temos 100% de divergência.
• Michelle Bolsonaro terá voo próprio na
política?
O
capital político é do Bolsonaro. Michelle fez um bom trabalho como
primeira-dama, especialmente nos assuntos de voluntariado. Mas ninguém vai
fazer nenhum movimento sem que o presidente esteja de acordo ou incentive.
• Bolsonaro vai ficar inelegível?
Há
claramente uma linha de atuação do TSE que prepara um processo nesta direção de
torná-lo inelegível.
• Nesse cenário, quem seria o herdeiro (ou
herdeira) dele em 2026?
Está
cedo para dizer. Tem muita gente no páreo: Michelle, Tarcísio, (Romeu) Zema...
'Se deixar Ricardo Salles no Jd. Ângela
ele não sabe voltar para casa', diz presidente do PL
O
PL paulistano reagiu à entrevista do deputado federal e ex-ministro Ricardo
Salles (PL-SP) ao Estadão nesta quarta-feira, 29, na qual o deputado federal se
lançou como pré-candidato a prefeito e fez duras críticas à gestão de Ricardo
Nunes (MDB).
"Somos
da base do governo Ricardo Nunes e não vamos virar as costas para o prefeito.
Esse grupo do Salles é estrangeiro no PL e iniciante na política. Se deixar o
Ricardo Salles no Jardim Ângela ele não sabe voltar para casa", disparou o
vereador Isac Felix, líder do PL na Câmara Municipal e presidente da sigla na
capital.
Ainda
segundo o dirigente, a ideia de lançar o deputado federal Eduardo Bolsonaro à
Prefeitura, ventilada pelo ex-ministro Fabio Wajngarten em entrevista na rádio
Jovem Pan, é uma "fumaça" que estão soltando. "Eduardo Bolsonaro
não sabe nem onde fica Parelheiros", disparou o líder do PL.
Ao
Estadão, Salles disse que se o PL ficar com Nunes a eleição está perdida em SP.
"Ele quer os votos da direita, mas declarou para o Estadão que não será o
candidato da direita. Se ele não quer ser o candidato da direita, por que quer
os votos dela? Eu sou o candidato da direita. Ricardo Nunes foge dessa posição.
O partido dele está na base do Lula e tem ministérios", disse o
ex-ministro, que tenta reunir os bolsonaristas em torno do seu nome.
Fonte:
Veja/Agencia Estado
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