sexta-feira, 31 de março de 2023

Sealand, a plataforma de guerra que virou o 'menor país do mundo'

Esta história começa com um e-mail que eu nunca vou esquecer.

Numa manhã de primavera no final de maio, o príncipe Michael de Sealand, líder de uma micronação chamada Principado de Sealand, me enviou uma mensagem com cinco palavras bem claras: “Você pode falar comigo”.

Foi um prólogo particularmente curto para uma história quase inacreditável que me levaria a uma jornada por reinos de monarcas autoproclamados, reivindicações territoriais, anomalias históricas e grandes guerras.

E, por mais improvável que pareça, pela história de estações de rádio piratas e pesca de mariscos.

Outro dado importante sobre essa troca é que me ela me empolgou. Eu nunca tinha recebido um e-mail de um príncipe antes e era improvável que acontecesse novamente.

·         Terra do Mar

Claro, eu conhecia a história de Sealand (ou terra do mar, em tradução livre) - um minúsculo principado na costa inglesa de Suffolk que afirma ser o menor país do mundo. A micronação, na verdade uma solitária plataforma de defesa antiaérea da Segunda Guerra Mundial, foi erguida em 1942 como HM Fort Roughs, nome dado ao forte marítimo armado situado fora do então limite territorial da Grã-Bretanha no Mar do Norte.

Depois de reunir até 300 membros da Marinha Real no auge da guerra e ser completamente evacuado após 1956, o posto de armas foi abandonado e ficou em ruínas.

Foi assim até 1966, quando um ex-major do Exército britânico ocupou o espaço, dando origem a uma nação minúscula.

Hoje, o território permanece a 12 km da costa inglesa e é visível apenas de barco. A vista não é nada especial: uma plataforma de aparência semidestruída com um punhado de estruturas semelhantes a contêineres no topo. Para desembarcar, é preciso ser içado por um guindaste em meio a ventos fortes e muitas ondas.

Mas havia muito mais que eu não sabia.

Histórias sobre ataques de helicópteros ao amanhecer, por exemplo. Outras sobre gângsters e uma tentativa de golpe por obscuros empresários europeus. Ou mesmo uma revelação de um documento que perdeu o status de secreto do governo do Reino Unido descrevendo a fronteira como uma “Cuba ao largo da costa leste da Inglaterra”.

Tudo parecia o enredo de um filme nascido da caneta de um roteirista de Hollywood: da determinação de uma família trabalhadora de Essex que transformou este posto avançado em uma micronação à concretização de um sonho.

Aqui, neste local solitário no Mar do Norte, eles conquistaram a liberdade e fizeram reinar a excentricidade britânica - com toda a sua pompa e ostentação.

·         ’Não esperamos nada’

Quatro dias depois do e-mail, o príncipe Michael de Sealand atendeu minha ligação. O líder da micronação estava munido de histórias fascinantes, muitas dos quais aparecem em seu livro de memórias. Ele estava pronto para divulgar a história de Sealand, que em grande parte permanece desconhecida pelo resto do mundo.

“Eu tinha só 14 anos quando vim para cá pela primeira vez em minhas férias escolares de verão para ajudar meu pai. Eu achava aquela seria apenas uma aventura de seis semanas”, afirmou, falando de sua casa principal, um bangalô na costa de Essex.

“Certamente não pensei que seria uma história que se prolongaria por mais de 50 anos. Foi uma criação estranha, pois às vezes ficávamos meses a fio esperando o barco trazer suprimentos do continente. Eu olhava para o horizonte e tudo que eu conseguia ver desde a manhã até a noite era o Mar do Norte.”

Essa nostalgia não deve ofuscar as complexidades geopolíticas que contestam a existência de Sealand. Nenhum país do mundo reconhece formalmente Sealand.

O Príncipe Michael, por sua vez, diz que a micronação nunca pediu reconhecimento.

 “Também não esperamos nada”, disse ele, sem rodeios. “Lembre-se que a plataforma foi construída ilegalmente fora das águas territoriais britânicas durante um tempo de guerra - mas todos estavam ocupados demais para se importar com isso. Os britânicos deveriam tê-la destruído quando eles tiveram chance, mas nunca chegaram a tal. Hoje, décadas depois, Sealand ainda está aqui.”

·         Comunidade de micronações

Em virtude de seu tamanho - apenas 0,004 km2 no caso de Sealand - as micronações exigem que uma redefinição em nosso senso de escala.

Mas o que atrai as pessoas a criarem seus próprios países? Para George Dunford, coautor de um guia sobre “nações feitas em casa” (Micronations: The Lonely Planet Guide to Home-Made Nations), trata-se de uma combinação entre insatisfação com governos e vontade de ”querer fazer as coisas à sua maneira".

“Sealand é um caso especial porque se safou por muito tempo e conseguiu evitar o cumprimento das leis”, disse Dunford.

“Nos Estados Unidos, a família seria vista como dissidente, mas o Reino Unido era um lugar mais tolerante na década de 1960 - e os burocratas provavelmente pensaram que seria mais problemático do que positivo atacar o problema. Eles fizeram algumas tentativas e houve empreitadas de resgate, mas o território sobreviveu. Sealand é um verdadeiro sobrevivente da comunidade de micronações.”

Como regra, a maioria das micronações teve seu reconhecimento legal em 1933, quando a Convenção de Montevidéu sobre os Direitos e Deveres dos Estados foi assinada por líderes internacionais, incluindo o então presidente dos Estados Unidos, Franklin D Roosevelt. Nela, a legislação estabelece quatro critérios principais para a condição de Estado.

 “A Convenção de Montevidéu é comumente usada para definir uma micronação, que requer uma população, território, governo e relações com outros Estados”, explicou Dunford.

“É o último que torna as micronações mais eufóricas, porque elas muitas vezes tentam fazer com que outros Estados as reconheçam. Sealand, por sua vez, evita isso dizendo que é um Estado soberano com seu próprio governante. ”

·         História

Cada nação tem sua complicada história de origem, e a de Sealand é mais kafkiana do que a maioria.

Tudo começa em 1965 quando o pai do príncipe Michael, Paddy Roy Bates, um ex-major do Exército britânico que se tornou pescador, começou a Radio Essex. Essa estação de rádio pirata estava localizada ao largo da costa em Knock John, outro forte naval abandonado perto de HM Fort Roughs.

A popularidade das estações offshore ilegais na época era tamanha que o governo do Reino Unido lançou a Lei de Crimes de Transmissão Marítima de 1967. O propósito era encerrar todas as rádios.

Nesse contexto, Bates decidiu mudar sua operação para o HM Fort Roughs - mais distante da costa e, o que é mais importante, em um local de águas internacionais disputadas. Como Knock John, a plataforma não tinha inquilinos e estava em estado de total abandono.

Legalmente ou não, Bates assumiu o controle do posto avançado na véspera de Natal de 1966. Nove meses depois, em 2 de setembro de 1967, ele o declarou Principado de Sealand - um gesto romântico no aniversário de sua esposa Joan. Pouco depois, toda a família se mudou para lá.

Em seu auge, no início da década de 1970, Sealand tinha 50 pessoas morando na plataforma, incluindo parentes, amigos e pessoal de manutenção.

Ao mesmo tempo, tornou-se um símbolo improvável de protestos anti-autoridades no Reino Unido - mas, nos bastidores, a operação era executada de maneira boêmia e em um nível político bem mais básico.

·         E Mare, Libertas

“Nada funcionou”, disse o príncipe Michael. “Começamos com velas e depois atualizamos para lâmpadas e geradores de bombeamento. O bom é que o lugar é seco como um barco; se você não soubesse que estava suspenso no mar, nunca suspeitaria. Passei anos e anos lá - você sabe, era meu lar. ”

De lá para cá, o Estado artificial abraçou a ideia de nação. Introduziu seu próprio brasão e constituição. Tem bandeira, time de futebol e hino. A moeda traz o retrato da “Princesa Joana” e cerca de 500 passaportes foram emitidos. O lema da micronação, sobre o qual o príncipe Michael e seus três filhos (James, Liam e Charlotte) e a segunda esposa (Mei Shi, uma ex-major do Exército de Libertação do Povo Chinês) continuam a dinastia Sealand, reflete o amor pela independência.

“E Mare, Libertas” está escrito. Ou “Do mar, liberdade”.

“Meu pai nunca planejou abrir seu próprio país”, explicou o príncipe Michael, que também é dono de uma empresa de pesca de mariscos que exporta frutos do mar para a Espanha.

“Ele ficou principalmente ofendido com o governo do Reino Unido, que queria fechar sua estação de rádio pirata. E desde então, lutamos contra o governo britânico - e vencemos. Sealand ainda mantém sua independência. ”

·         Mercenários

O episódio mais polêmico da história de Sealand aconteceu em 1978, quando um grupo de mercenários alemães e holandeses invadiu Sealand em uma noite de agosto. Os invasores foram capturados e mantidos presos sob a mira de armas pela família Bates.

“Isso fez com que o embaixador alemão e uma delegação oficial viessem de helicóptero da embaixada em Londres para negociar a libertação”, disse o príncipe Michael com indiferença, minimizando o incidente.

“Então, ao negociar, eles acabaram nos dando o reconhecimento de fato.”

Mas a independência custa caro. Para financiar os custos operacionais de Sealand - incluindo os dois seguranças em tempo integral que vivem na micronação o ano todo - a loja online de Sealand vende camisetas, selos e títulos reais. Um título de nobreza de Lorde, Lady, Barão ou Baronesa custa 29,99 libras (ou aproximadamente R$ 210).

As normas usuais de alfândega e imigração também não se aplicam, é claro. Só é possível fazer uma visita com um convite oficial do príncipe, que vai até lá três vezes por ano.

Além do pequeno contingente, ninguém mora em Sealand atualmente.

“Sealand sempre lidou com a precariedade mas o príncipe atual administra o lugar com mais equilíbrio hoje em dia”, disse Dunford. “É isso que adoro nas micronações. A forma como eles parodiam a pompa do nacionalismo real é fabulosa.”

Por exemplo, Sealand recebe mais de 100 e-mails por dia com pedidos de aspirantes a cidadãos vindo de Nova Déli a Tóquio para jurar fidelidade à bandeira.

“Nossa história ainda estimula as pessoas”, concluiu Michael. “Não vivemos em uma sociedade onde as pessoas gostam de ouvir o que fazer. Todo mundo adora a ideia de liberdade e autonomia do governo. O mundo precisa de territórios inspiradores como o nosso - e não existem muitos lugares como este.”

 

Ø  Ilha de Lamb: os mistérios que deram origem à mais nova candidata a micronação

 

Conta-se que, quando Robert Louis Stevenson escreveu o clássico livro de aventuras A Ilha do Tesouro, ele se inspirou nas visitas que fez quando criança à ilha de Fidra, que faz parte de um conjunto de três afloramentos rochosos no estuário do rio Forth, no litoral da Escócia.

Mas o jovem Stevenson não conhecia os mitos, lendas e mistérios atribuídos a uma outra ilha do estuário perto da cidade de North Berwick.

Localizada a apenas 1,9 km a leste de Fidra, a ilha conhecida como Lamb ("Cordeiro") sempre atraiu pouca atenção, exceto pelos canoístas, observadores de pássaros ocasionais e voluntários da vida selvagem.

Mas pode vir a tornar-se uma ilha do tesouro da vida real. Pelo menos, é o que indica seu exótico dono - o lendário, carismático e controverso místico Uri Geller, famoso por dobrar colheres na televisão, nos anos 1970.

Treze anos após a compra da ilha, Geller - mestre dos gestos grandiosos - decidiu elevar o status de Lamb de ilha particular na Escócia para país independente, com bandeira, constituição e hino.

Enquanto a Escócia segue ocupada debatendo seu próprio caminho para uma possível independência do Reino Unido, o surgimento da "República de Lamb", com o tamanho de um campo de futebol, significa que seu gigante vizinho, em tese, ficou um pouco menor.

"Lamb é um lugar único", afirma Geller, na sua casa na Cidade Velha de Jaffa, em Israel, "e merece ter sua própria identidade. Esta é uma forma adequada de fazê-lo."

A ilha de Lamb não é a primeira micronação do mundo, como são chamados esses países minúsculos. Já houve dezenas delas com independência declarada desde o século 19. Algumas delas são sérias, mas muitas não são.

Algumas chegaram a criar seus próprios selos, moedas e cidadanias. Um exemplo foi o Reino de Lovely, inspirado em um programa de TV e com sede em um apartamento no leste de Londres. Ele teve vida curta, mas pode reivindicar o título de micronação com o maior número de cidadãos, com mais de 58 mil pessoas inscritas online.

Geller também oferece cidadania da ilha de Lamb a quem se interessar. Toda a renda será doada para a organização israelense Save a Child's Heart, que cuida de crianças com problemas cardíacos em todo o mundo.

Ele afirma que Lamb deve ser um símbolo de paz, e a única exigência para a cidadania é a "disposição de viver em harmonia com os compatriotas de Lamb".

Mas não é permitido morar na ilha. Seus únicos habitantes são os papagaios-do-mar, airos e outras aves marítimas. E, até recentemente, um rato solitário.

"Sempre quis ter minha ilha, ser como James Bond", afirma Uri Geller, agora com 75 anos de idade. Ele ouviu falar de Lamb pela primeira vez quando soube que a ilha estava à venda pelo jornal.

Mas foi a curiosa - alguns diriam duvidosa - afirmação de um pesquisador de história amador que capturou a imaginação de Geller e o convenceu a comprar a ilha. Segundo o escocês Jeff Nisbet, Lamb apresenta semelhanças inexplicáveis com as pirâmides de Gizé, no Egito.

Na verdade, Nisbet não foi o primeiro a defender possíveis ligações entre a Escócia e o antigo Egito. Uma crônica escocesa do século 15, descrita pela Biblioteca Nacional da Escócia como "provavelmente o mais importante relato medieval do início da história escocesa", afirma que o Egito foi responsável pela criação do país.

A crônica - chamada Scotichronicon - afirma que a Escócia, na verdade, foi fundada pela princesa Scota, filha exilada do faraó cujo exército, no relato bíblico, afundou ao perseguir Moisés e os israelitas através do Mar Vermelho.

Um personagem notável que considera essa história muito importante é o magnata Mohamed Al Fayed, nascido no Egito, que mora no Reino Unido desde meados dos anos 1960. Al Fayed é um apoiador fervoroso da independência escocesa e já se ofereceu para ser o primeiro presidente de uma possível Escócia independente.

Antigo dono da loja de departamentos de luxo Harrods, em Londres, Al Fayed guardava uma cópia da Scotichronicon no seu escritório. Quando conheceu Geller, perto de 2010, contou a ele entusiasticamente tudo sobre a crônica - e depois presenteou Geller com outra cópia.

Uri Geller afirma que, até onde se lembra, Al Fayed contou a ele a história de que Scota ancorou seu navio na costa de Lamb e ali enterrou um tesouro. Não há evidências que documentem esta história, mas Geller, que supostamente fez fortuna com prospecção para companhias petrolíferas e mineradoras usando a antiga prática da radiestesia, afirma que empregará o mesmo método para procurar o tesouro.

Como Lamb faz parte de uma Área de Proteção Especial, escavar está fora de questão - mas uma equipe de arqueólogos de campo se voluntariou para explorar a ilha.

O tesouro não é a única coisa que Lamb tem a oferecer. Geller, que se autodescreve como místico, acredita que os ossos das vítimas dos infames julgamentos de bruxaria de North Berwick nos anos 1590 podem também ter acabado ali, transportados do continente por autoridades supersticiosas. Mas especialistas afirmam que todas as evidências conhecidas apontam para o enterro dos restos mortais perto do local onde as vítimas foram queimadas.

Um dos objetos preferidos de Geller no seu museu em Jaffa é um antigo conjunto de seis esferas de vidro fino pintadas de verde, prata e ouro, conhecidas como as bolas das bruxas. Esse tipo de objeto era pendurado nas casas das ilhas britânicas no século 17 para afastar espíritos malignos.

·         'Sincronicidade'

A ideia de tornar Lamb uma micronação ocorreu para Uri Geller depois de estudar a possibilidade de comprar o título de barão que vem com o território que, historicamente, incluía a ilha.

Mas Lamb foi excluída do baronato quando foi vendida para Geller pelo atual Barão de Dirleton - Camilo Agasim-Pereira, um empresário luso-brasileiro judeu ortodoxo - a quem o título havia sido transferido pelo dono anterior.

"Eu não consegui o título, então decidi fazer melhor e criar meu próprio país", afirma Geller. "Mas o que faz [Lamb ser] particularmente especial são todas essas poderosas e significativas conexões espirituais. Não é um lugar comum."

Algumas dessas conexões foram identificadas por Nisbet, que afirma que Lamb fica em uma confluência de linhas de Ley - supostos caminhos de energia que ligam locais com significado histórico. Uma dessas linhas segue direto através de Lamb desde a ilha de May - o local onde supostamente está enterrado o lendário rei Artur - até a colina de Tara, na Irlanda, considerada um antigo local de coroação de monarcas, repleto de mitologia.

A tradição irlandesa afirma que a famosa Pedra do Destino, ou Pedra da Coroação, foi trazida de Jerusalém para Tara no século 6° a.C. pelo profeta Jeremias e pela filha do último rei de Judá. Esta história foi contada em um discurso na Câmara dos Lordes do Reino Unido por Lorde Brabazon de Tara, em 1951.

Afirma-se que a pedra foi usada como travesseiro por Jacó no relato bíblico e depois guardada no templo do rei Salomão.

Afirma-se que a pedra foi levada da Irlanda por invasores escoceses, antes de ser roubada e trazida para a Inglaterra por ordem do rei inglês Eduardo 1° em 8 de agosto de 1296. Esta foi a data escolhida por Uri Geller "em reconhecimento da gloriosa história da Escócia" para declarar a independência de Lamb.

Geller também acredita que há um sinal na curiosa descoberta feita pelos arqueólogos embaixo da construção da era otomana que agora abriga o seu museu, na Cidade Velha de Jaffa.

Entre centenas de artefatos, eles desenterraram um tijolo escocês de Forth, produzido no litoral da ilha de Lamb, depois que ele afirmou ter sentido algo enterrado no local, usando suas declaradas capacidades de radiestesia. Geller chama a descoberta do tijolo de "sincronicidade".

É possível afirmar que a sincronicidade também fez parte da busca de Uri Geller por um hino para seu Estado "semi-independente" (ele afirma que não se trata de um ato político e que as leis do seu novo país serão as mesmas já em vigor antes da sua criação).

Em 2021, o telepata escocês Drew McAdam, amigo de Geller - do condado escocês de East Lothian, que inclui a ilha de Lamb - fez a primeira gravação de uma música chamada Our Land ("Nossa terra", em tradução livre). Ela foi composta pelo seu bisavô James Russel em 1909 e agora tinha uma nova letra.

"Cerca de dois dias depois, Uri perguntou se eu conhecia algum compositor, pois ele estava procurando um hino para sua ilha... e ele [o hino] estava ali, apenas esperando", afirma McAdam, que ofereceu a música para Geller. "Estava feliz apenas por ouvir a melodia depois de todos esses anos e adoro [saber] que ela está sendo usada neste tremendo projeto perto de casa."

Desde então, McAdam descobriu que seu bisavô, que morreu em 1928, está enterrado no cemitério Larkhall, no sudeste de Glasgow, na Escócia. E, por sugestão de Geller, ele planeja tocar o hino (agora com o nome My Island, "Minha ilha") no túmulo de Russell.

Uri Geller ficou em Lamb por uma noite em 2010 com seu cunhado Shipi Shtrang e com o aventureiro Andy Strangeway, conhecido por ter dormido em todas as 162 ilhas da Escócia. Geller descreveu aquele pedaço de rocha basáltica como "duro, congelante e desconfortável - mas [a experiência] valeu todas as dores".

Os navios não conseguem ancorar em Lamb, o que lhe valeu o apelido macabro de "ilha do suicídio", já que todos os que se aventuram por ali acabam encalhando. O trio foi recolhido no dia seguinte. Geller deixou na ilha um cristal que pertenceu a Einstein, como marca da sua visita.

Lamb não é a única ilha particular do estuário do rio Forth. A ilha de Fidra pertence à Sociedade Real de Proteção das Aves, enquanto Craigleith e Bass Rock pertencem à família aristocrática Dalrymple há séculos.

"Quando levo as pessoas a passeio, o fato de que Uri Geller é o dono de Lamb é sempre o que causa maiores reações", diz o veterano comandante local Dougie Ferguson, que passou décadas cruzando as ilhas e trabalhando nas águas do estuário com seu barco, o Braveheart.

"Conheci todos os donos anteriores e nunca havia ouvido falar da ligação com as pirâmides de Gizé. Mas são áreas importantes para a vida selvagem e, se isso traz as pessoas para ver, só pode ser bom", afirma ele.

 

Fonte: Por Mike MacEacheran, para BBC Travel/BBC News

 

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