Indígenas de
Rondônia e Acre sofrem com inundações de hidrelétricas
As
águas continuam avançando e inundando Terras Indígenas (TIs) em Rondônia e no
Acre. Há pelo menos duas semanas, o transbordamento dos rios tem afetado
comunidades indígenas, que estão perdendo casas, plantações e bens materiais
sem que nada possa ser feito. O desastre, denunciam os indígenas, não é
considerado natural.
A
Terra Indígena (TI) Rio Branco, em Alta Floresta D’Oeste, no interior de Rondônia,
está sendo invadida pelas águas desde o último fim de semana. Walderir Tupari,
líder indígena, aponta a culpa das enchentes para as oito Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs) construídas ao longo do rio Branco. “As usinas ficaram
superlotadas com a água das chuvas. Eles abriram as comportas e a água invadiu
o território. Tem aldeia que nunca alagou e tem aldeia que tem o nível certo
até onde a água vai, e esse ano ultrapassou o limite. É uma preocupação que a
gente sempre teve, cobramos as autoridades, mandamos cartas cobrando os
empreendedores, sempre falando que ia ter um impacto devastador no território”,
afirmou.
A
TI Rio Branco nunca havia sido alagada antes, segundo Luiz Tupari, pai do líder
indígena Walderir. “Eu tenho 51 anos e nunca vi o rio Branco chegar nesse ponto
de transbordamento, passou muito do limite”. Com a cheia do rio, os poços de
água da região foram contaminados e ficaram impróprios para consumo, além da
destruição de casas, cafezal, roçado e perda de alimentos e roupas. Parte da
comunidade foi obrigada a deixar suas casas.
“É
muito triste ver a situação do nosso povo perdendo as coisas de uma hora para
outra. A água vai enchendo e vai invadindo e isso está acontecendo, no meu
ponto de vista, por culpa das usinas do rio Branco”, desabafou Luiz.
Outros
povos indígenas de Rondônia atingidos pelas enchentes são os Oro Win, que vivem
na TI Uru-Eu-Wau-Wau e os Wari, da Terra Indígena Pacaás-Novas. A aldeia
Panorama, localizada na Terra Indígena (TI) Karipuna, entre os municípios de Porto
Velho e de Nova Mamoré, já havia sido inundada pelo transbordamento do rio Jaci
Paraná neste mês. Os Karipuna acusaram a operação das Usinas de Santo Antônio e
Jirau como culpados pelo alagamento que colocou suas terras debaixo d’água,
embora a empresa negue a responsabilidade.
No
último domingo (26), a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de Rondônia
realizaram uma ação emergencial na TI Rio Branco, após as famílias serem
afetadas pela cheia do rio Branco. As aldeias Rio Branco, Serrinha, Distrito de
Nazaré, Três Irmãos, Nova Esperança, Trindade e Terra Nova receberam o apoio
inicial. Ao todo, cerca de 26 famílias foram atendidas, segundo informaram os
órgãos estaduais.
O
governo do Estado de Rondônia disse em nota que está adotando todas as medidas
para atender aos municípios que estão em situação de alerta, e confirmou que já
foram atendidas famílias da aldeia Panorama, na TI Karipuna, na região de Porto
Velho, com cestas básicas, água mineral e hipoclorito de sódio.
A
Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) informou em nota publicada no
site oficial, que “acompanha a situação dos indígenas atingidos pelas cheias no
estado do Acre e vem adotando medidas de emergência voltadas a essa população”.
De acordo com a Funai, as famílias indígenas que tiveram suas moradias
inundadas estão sendo atendidas em abrigos temporários organizados pelo poder
público local. As populações indígenas afetadas estão em contexto urbano e em
terras indígenas nos municípios de Assis Brasil, Brasiléia e Rio Branco. Entre
os povos atingidos estão os Jaminawa, Manchineri e Kaxinawá.
Na
segunda-feira (27), os servidores da Funai foram à Brasiléia onde participaram
da Sala de Situação das Enchentes. O trabalho está sendo acompanhado pela
Coordenação-Geral de Promoção dos Direitos Sociais (CGPDS) da Diretoria de
Promoção ao Desenvolvimento Sustentável (DPDS) da Funai. “A Fundação segue
atenta à situação a fim de garantir que todos os esforços serão envidados no
sentido de garantir a proteção dos direitos dos povos originários”, afirmou o
órgão.
As
PCHs e os danos ambientais
Seis
das oito PCHs pertencem ao Grupo Cassol Energia, da família do ex-governador de
Rondônia entre 2003 e 2010, Ivo Cassol. Outras duas pertencem a dois grupos de
sócios diferentes, Hidroluz Centrais Hidrelétricas e Eletron Eletricidade.
As
PCHs começaram a ser instaladas no rio Branco, afluente do rio Guaporé, em
1993. Desde lá, os Tupari e outros povos denunciam os impactos ambientais
causados pelo empreendimento, como a mortalidade de peixes e quelônios, a mudança
do curso natural das águas e até a destruição do cemitério indígena do povo
Djeoromitxi.
“Eles
trouxeram muitos danos ambientais, principalmente para espécies de peixes e
quelônios. No período que era para o rio estar cheio, eles fecham as comportas
e tem mortalidade de peixes. E quando o rio seca, eles liberam água e os ovos
de tracajás morrem todos”, disse Walderir.
Sete
povos habitam a TI Rio Branco: Aikanã, Arikapú, Aruá, Djeoromitxí, Kanoê,
Makurap e Tupari. Eles não tiveram compensação dos prejuízos sofridos ao longo
de quase três décadas desde a instalação da primeira das oito usinas.
Luiz
Tupari alega que nunca houve consulta às comunidades indígenas durante o
processo de construção. “Meus tios e avós, quando eram vivos, sempre
protestaram falando que isso (as usinas) trariam um impacto bem grande, e no
entanto, não fomos consultados do jeito que queríamos e nunca aceitamos esse
empreendimento”, disse.
Desde
o início, os Tupari passaram a fazer denúncias ao Ministério Público Federal
(MPF), à Funai e à Sedam-RO (Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de
Rondônia). Foram ignorados. “Isso nunca vai adiante e nunca teve resultado. Não
tivemos indenização e o impacto sempre chega em grande proporção em nosso
território, tanto a natureza quanto as pessoas estão sofrendo na Terra Indígena
Rio Branco”, denunciou Walderir.
Em
junho de 2011, o MPF emitiu uma recomendação à Sedam-RO e à Funai, solicitando
estudos mais amplos sobre os impactos do conjunto das hidrelétricas. O órgão
pediu que nenhum outro processo de licenciamento para a construção de novas
PCHs na bacia do rio Branco fosse feito antes que os estudos estivessem
concluídos. “Os estudos sobre os impactos só levaram em conta as barragens
isoladamente uma a uma e desconsideram que, do ponto de vista ambiental, o
conjunto de PCHs equivale a um grande empreendimento“, disse o MPF à época.
Contenção
de danosAs PCHs e os danos ambientais
Em
abril de 2018, a Sedam chegou a realizar
um fórum de discussão para definir medidas de contenção de danos na sub-bacia
do rio Branco. “O potencial hidroenergético de todas elas [as PCHs] totaliza
39,3 megawatts – ultrapassando o máximo de 30 MW limitado em estudos e
relatório de impacto ambiental. A construção desses empreendimentos causou
prejuízos à fauna, flora e ictiofauna na sub-bacia, constataram analistas
ambientais no 1º Fórum em 2015“, relatou o órgão.
Em
junho de 2022, as Associação dos Produtores Rurais Indígenas WIT’I-Apriw,
Associação Indígena Wãypa-AIW, Associação Indígena DOA Txáto-Aidt e Associação
Fluvial Õtay’bit, da TI Rio Branco, lançaram um manifesto denunciando a
morosidade da Sedam-RO e da Funai em cumprirem o término dos estudos para a
Avaliação Ambiental Integrada/Componente Indígena da sub-bacia do Rio Branco.
No manifesto, as organizações acusam os órgãos de não punir devidamente as
ações das empresas donas das PCHs.
“Esses
empreendimentos impactam frontalmente as TIs Rio Branco e Massaco (povos
indígenas em isolamento voluntário), bem como a Reserva Biológica Guaporé. A
primeira delas foi construída no início da década de 1990 e, a partir daí,
passamos a sofrer prejuízos de ordem social, cultural, econômica, ambiental e
de risco de morte, sem que nenhuma medida para evitar e/ou diminuir essas
violências fossem tomadas pelos empreendedores. Lamentavelmente, o órgão
licenciador, Sedam, e o órgão indigenista, Funai , fizeram vistas grossas a
essas agressões, permitindo que elas continuassem ao longo dessas quase três
décadas”, dizem as organizações no manifesto.
Os
indígenas citaram no documento os prejuízos irreversíveis e permanentes ao
território, tais como: erosão e assoreamento do rio, e oscilação do nível de
água em decorrência da abertura e fechamento de comportas, o que afeta a desova
dos peixes e quelônios, e dificuldade no transporte de membros das comunidades.
“Isso já causou morte de indígena por falta de navegabilidade no leito do rio e
má qualidade da água do rio, sendo imprópria para consumo, pois causa diarréia
e coceira”, denunciaram.
Componente
Indígena
Diante
das inúmeras violações, as organizações apresentaram medidas para a diminuição
e mitigação dos impactos da construção das PCHs. Entre elas, a participação
ativa das comunidades indígenas da região em todas as etapas da Avaliação
Ambiental Integrada/Componente Indígena e na definição de todas as medidas a
serem adotadas.
“Exigimos
que a Avaliação Ambiental Integrada/Componente Indígena seja imediatamente
concluída, contemplando a identificação de todos os danos causados e as medidas
a serem adotadas. Para isso, apelamos ao MPF em Ji-Paraná/RO que cumpra com seu
papel de defesa dos direitos indígenas”, cobrou o manifesto. O documento também
reafirmou que as organizações não aceitarão que nenhuma PCH ou empreendimento
seja realizado na sub-bacia do Rio Branco, “porque, para nós, o rio não é
capital, mas nossa fonte de vida.”
A
indigenista Neidinha Suruí afirma que, após os diversos danos ambientais e de
insegurança alimentar causados aos indígenas com a construção das PCHs, é
necessário que a denúncia feita ao MPF tenha resultado final e que os indígenas
sejam indenizados.
“As
empresas e os órgãos responsáveis deveriam indenizar há muitos anos os
indígenas que aguardam uma posição do governo. Importante ainda dizer que a
denúncia que consta no MPF precisa ter um resultado final, e que os indígenas
devem ser indenizados pelos danos ambientais e sociais sofridos, levando em
consideração as modificações causadas no modo de viver de cada comunidade”,
disse Neidinha.
A
reportagem procurou o MPF, a Funai e a Sedam, mas não obteve resposta de nenhum
dos órgãos. O Grupo Cassol Energia e as empresas Hidroluz e Eletron também
foram procuradas, mas não responderam aos questionamentos até a publicação
desta reportagem.
Povos
isolados e ameaçados
Na
mesma região vive o povo Massaco, indígenas em isolamento voluntário, que, de
acordo com as associações que assinaram o manifesto, também está sendo afetado.
Segundo os representantes indígenas, a empresa e os órgãos responsáveis não
levaram em consideração a existência dos isolados e ignoram os impactos que
esses povos podem estar sofrendo a partir da construção das PCHs. “A TI Massaco
vem sofrendo pressão agropecuária sem que nenhuma medida seja tomada”.
A
TI Massaco, localizada entre Alta Floresta D’Oeste e São Francisco do Guaporé,
sofre com a constante presença de grileiros, posseiros e garimpeiros. O
desmatamento acelerado é outro problema no território, segundo dados do Boletim
Anual do Sistema de Alerta de Desmatamento em Terras Indígenas com Registro de
Povos Isolados (Sirad), desenvolvido pelo Instituto Socioambiental (ISA).
O
monitoramento identificou 12 hectares desmatados em 2021, último dado
disponível. O número é 263% maior que em 2020, e já apontava para os possíveis
danos que as PCHs poderiam causar. “O lado leste do território já está totalmente
tomado pelo desmatamento. Além da pressão pelo desmatamento, a TI sofre com o
potencial impacto de duas obras de infraestrutura: as PCH Figueira e Saldanha.”
Segundo
Neidinha Suruí, as PCHs destroem as áreas de caça e coleta dos Massaco. “No
entanto, não sabemos ainda o que ocorre com à saúde desse povo, haja vista
estarem isolados”, afirma.
Além
disso, existem cerca de cinco requerimentos em tramitação para exploração de
ouro e cassiterita nos arredores da TI Massaco. Atualmente existe apenas uma etnia
conhecida vivendo na TI, os “Massaco Isolados”, e o ISA não possui informações
sobre a sua quantidade populacional.
O
pesquisador Luis Fernando Novoa Garzon, da Universidade Federal de Rondônia,
atesta que as enchentes não correspondem a uma cheia natural que está afetando
os povos da região do Acre e Rondônia. “Esse caso merece ser investigado e as
devidas responsabilizações devem ser dadas a aqueles que têm produzidos esses
efeitos adicionais as cheias naturais, no caso as hidrelétricas”, disse. Para
Novoa, as condições de precariedade existentes nas TIs, como a falta de acesso
à saúde, ficam ainda mais realçadas nas enchentes. “Os povos indígenas estão
muito ameaçados, com uma série de invasões, destruições e missões religiosas.
Isso tudo enfraquece a capacidade de resposta diante dessas tragédias, que de
naturais têm muito pouco”, explicou.
O
MPF foi questionado pela reportagem sobre as acusações e denúncias feitas pelas
comunidades da TI Rio Branco contra as empresas responsáveis pelas PCHs, e
declarou que atualmente tramita na Procuradoria da República no Município de
Ji-Paraná um processo administrativo com objetivo de “promover o acompanhamento
das conclusões do Estudo do Componente Indígena, bem como das respectivas
medidas compensatórias e/ou mitigatórias, relacionadas aos impactos causados
pelos empreendimentos hidrelétricos instalados na sub-bacia do Rio Branco à
comunidade indígena da TI Rio Branco.”
No
Ministério Público do Estado de Rondônia (MP-RO), foi instaurado um inquérito
civil destinado a constatar as irregularidades na implantação das PCHs
instaladas em Alta Floresta d’Oeste, além de apurar os danos e medidas de
compensação pelos prejuízos causados as comunidades indígenas.
As tragédias climáticas são um crime dos
grandes projetos do capital na Amazônia
São
as águas de março fechando o verão ….
A
realidade vivenciada pela região amazônica, hoje, não é isolada e casual. A
fúria em que as mudanças climáticas aterrizam no Acre, Amazonas, Pará,
Rondônia, Tocantins e Maranhão carregam em si tragédias anunciadas e
destruições em massa para os mais pobres. As enchentes, alagamentos,
derrubamentos estão longe de serem consideradas fenômenos naturais.
No
Amazonas, são muitas as imagens e vídeos que mostram casas sendo transportadas
por inteiro pelas enchentes que ocupam as ruas de Manaus. No Acre, já chegam a
3.000 famílias desabrigadas ou desalojadas. Em pelo menos 37 bairros e 27
comunidades rurais atingidas pelas cheias do Rio Acre, foram decretadas
situação de emergência em Rio Branco. No Pará, na região nordeste (Cametá e
Moju) e sudeste (Marabá), as enchentes estão deixando centenas de pessoas fora
de suas casas.
Pelo
menos quatro aldeias da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau ficaram alagadas a partir
do rio Pacaás Novos, na região de Guajará-Mirim em Rondônia, mais de 300 km da
capital Porto Velho. Indígenas tiveram que se acomodar em barcos ou improvisar
abrigos. No Tocantins, indígenas foram resgatados de helicóptero, depois do alagamento
da aldeia e em todo o estado 382 pessoas tiveram que sair de suas casas por
causa da inundações. No Maranhão, 49 cidades estão em situação de emergência,
31 mil famílias sofrem pelas enchentes e quase 6 mil precisaram deixar suas
casas. Seis pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas.
Em
comum, estas catástrofes deixam milhares de famílias submetidas ao sofrimento
social da negação do direito de existir. Transformam-se em sem teto, sem
roupas, sem comida, sem cobertas, sem móveis, sem documentos. As águas de
março, tão afetuosamente cantadas por Elis Regina, não são as responsáveis por
esta avalanche de destruições. Estas famílias estão em zonas de sacrifício
necessárias para o sistema capitalista, onde a precarização de infraestruturas
de moradia e saneamento combinada a ocorrência de extremos climáticos produzem
afetações e violações que estão na esteira das desigualdades predominantes
deste período.
Os
problemas climáticos se multiplicam e tornam-se cada vez mais recorrentes. Em
cada pessoa desalojada e em todas as vidas perdidas, devemos enxergar o
resultado de um modelo em que a descartabilidade humana é central para a sua
reprodução. A Amazônia é incorporada a esse modelo cumprindo o papel de
supridora de bens naturais, produtora de commodities para exportação, com
vantagens locacionais próprias da geografia dos rios que ali estão. Até quando
a Amazônia será uma zona de sacrifício em que as pessoas não são consideradas e
a morte é dada como factual?
O
agronegócio, a mineração e o hidro negócio são sustentáculos fundamentais desse
modelo e são gigantes demandadores de terra e territórios. Mas, o que isso tem
a ver com os problemas do clima de hoje?
A
progressão na emissão de gases de efeito estufa – dióxido de carbono, metano e
óxido nitroso – elevou a temperatura média do planeta de 14,2 °C para os atuais
15,5 °C. Pode parecer insignificante, mas a elevação de 1,2 °C no decorrer das
últimas décadas promovem consequências já sentidas (IPCC, 2022). O aumento no
nível do oceano, a intensidade das chuvas, secas severas, temperaturas incomuns
em determinados períodos do ano são sentidas, literalmente, na pele daqueles
que resistem nas zonas de sacrifício.
O
pacote fundiário, empresarial e financeiro que envolvem o tripé – agronegócio,
mineral negócio e hidro negócio – são os maiores emissores de gases de efeito
estufa no mundo. São fortes indutores de desmatamento e artificializam a
natureza como modus operandi. Para citar alguns exemplos, segundo o IBGE, em
2022, a produção de soja no Brasil atingiu novos recordes, pela primeira vez na
história, mais de 46% dos 88 milhões de hectares plantados no país são
destinados à produção do grão. O monocultivo de grãos, a mineração em larga
escala, o garimpo ilegal, a pecuária, a exploração madeireira, a construção de
hidrovias, ferrovias, portos, hidrelétricas e outras infraestruturas logísticas
que viabilizam os grandes projetos do capital estão no centro da
responsabilização ambiental que envolvem os problemas climáticos de hoje.
• Racismo ambiental e mudanças climáticas
É
comum escutarmos que as mudanças climáticas são ou serão sentidas por toda a
sociedade. De certo, ninguém está blindado de qualquer evento climático ou
catástrofe ambiental, mas, mais certo ainda é compreendermos que os grupos
econômicos que aprofundam a crise climática, não vivenciam de forma igual as
consequências desastrosas da instabilidade climática dominante, porque apesar
de global, seus efeitos afetam de maneira desigual mais fortemente pobres, as
mulheres e o sul global. Os chamados refugiados climáticos são trabalhadores e
trabalhadoras que sustentam o campo e a cidade, negros e negras presentes nas
indústrias, na prestação de serviços, no comércio, nos trabalhos informais mais
diversos.
• Reforma Agrária Popular como alternativa
para o enfrentamento às mudanças climáticas
Para
reverter o cenário da crise climática instalada, é necessário um conjunto de
ações emergenciais de assistência que busquem a reconstrução das condições
necessárias para a reprodução da vida, bem como ações de solidariedade que
alcancem os/as sujeitos/as em situação de vulnerabilidade. Mas, mais do que
ações emergenciais, são necessárias políticas estruturais capazes de
transformar a realidade com base em sistemas produtivos sociobiodiversos e,
para isso, a democratização da terra e território são precondição para que os
povos continuem, fortaleçam e ampliem as alternativas em curso para a redução
de gases de efeito estufa.
Fonte:
Amazônia Real/Página do MST
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