DP-BA e Sepromi
discutem fluxo de competências para resolver demarcação de terras indígenas
A
Defensoria Pública da Bahia (DP-BA) e a Superintendência de Políticas para
Povos Indígenas da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial
(Sepromi) estiveram reunidas para ampliar o diálogo para acelerar o recebimento
de demandas dos povos indígenas da Bahia, especialmente aquelas ligadas à
demarcação de territórios.
No
encontro, realizado na última segunda-feira (27), foi proposta a construção de
um fluxo de trabalho com a especificação de necessidades ou conflitos
existentes e também das competências – ou seja, das instituições públicas que
devem ser acionadas para a devida resolução.
Realizada
no gabinete da DP-BA, em Salvador, a reunião teve como anfitriãs a defensora
pública geral, Firmiane Venâncio, e a coordenadora do Grupo de Trabalho pela
Igualdade Étnica, Aléssia Tuxá, que receberam a superintendente de Políticas
para Povos Indígenas da Sepromi, Patrícia Pataxó. Também recepcionaram a
superintendente a subdefensora-geral, Soraia Ramos; e as assessoras especiais
de gabinete, Analeide Accioly e Cynara Fernandes.
“A
construção desse fluxo, com a fixação de competências de cada Instituição, visa
regularizar os territórios da forma mais rápida possível, uma vez que os
processos ligados a essa temática serão encaminhados para os órgãos competentes
e finalizados com celeridade”, disse Firmiane Venâncio.
A
proposta surgiu a partir de observações feitas por Patrícia Pataxó a respeito
da identificação de conflitos ligados à posse das terras ao redor do estado,
durante o mapeamento que está em construção por parte da Superintendência de
Políticas para Povos Indígenas da Sepromi. A superintendente também destacou
articulações interinstitucionais que estão sendo realizadas junto ao governo
federal, com o Ministério dos Povos Indígenas, bem como no âmbito estadual.
Situações
de insegurança alimentar (quando falta alimento para as famílias ou quando o
alimento consumido não é saudável) em comunidades indígenas também foram
relatadas pela superintendente da Sepromi. Outro ponto abordado foi a
invisibilidade decorrente da falta de registro civil ou da não inclusão do nome
indígena e da etnia no documento – alteração garantida pela Resolução Conjunta
CNJ/CNMP nº 03/2012 (art. 2º), do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho
Nacional do Ministério Público.
“Ficam
no mapa da invisibilidade. Existem muitas pessoas sem documento e, com isso,
não conseguem se inscrever no CadÚnico, nem se inserir em programas sociais”,
disse Patrícia Pataxó.
Coordenadora
do GT pela Igualdade Étnica, Aléssia Tuxá reafirmou a importância do registro
civil e anunciou que DP-BA realizará mutirão, em data a ser definida, para
inclusão do nome étnico nos documentos de identidade da população indígena.
Também
informou que, a partir de 17 de abril, o GT retornará com a Unidade Móvel de
Atendimento para o sul e extremo sul do estado – especificamente para as
comunidades indígenas de Porto Seguro, Prado e Santa Cruz Cabrália. O objetivo
será a resolução das demandas individuais identificadas após visitas técnicas
realizadas no último bimestre de 2022.
“Nos
últimos meses, realizamos visitas técnicas ao sul e extremo sul [da Bahia] para
entender o contexto das comunidades e, agora, retornaremos para resolver as
demandas já nas próximas semanas, onde também trataremos da questão documental.
Nós oficiamos o Instituto de Identificação Pedro Mello e a comarca, e as
necessidades relacionadas ao registro tardio também poderão ser atendidas na
itinerância”, detalhou Aléssia Tuxá.
As
visitas técnicas realizadas ao sul e ao extremo sul da Bahia pelo Grupo de
Trabalho pela Igualdade Étnica da DP-BA iniciaram em outubro de 2022 – pouco
mais de uma semana após a criação da respectiva estrutura. Na ocasião, foram
identificadas as demandas coletivas e discutidas questões como violações
decorrentes de conflitos pelo território, educação e saúde indígena junto ao
Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU).
O
GT também participou da I Caravana Intercultural Indígena, uma iniciativa da
Associação dos Docentes da Uneb – Aduneb, organizada em parceria com a
Ouvidoria Cidadã da DP-BA.
Governo da Bahia aprova Plano de
Enfrentamento à Violência contra Povos Tradicionais
Para
desenvolver ações preventivas e repressivas a fim de manter a integridade de
pessoas e patrimônio em áreas de conflitos decorrentes de disputas de terra, a
Secretaria da Segurança Pública publicou, na edição desta terça-feira (28), no
Diário Oficial do Estado, em portaria conjunta, a aprovação do Plano de Atuação
Integrada de Enfrentamento à Violência contra Povos e Comunidades Tradicionais.
O
documento tem vigência até 2026 e foi criado em união com as Secretarias de
Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi),
Justiça e Direitos Humanos, de Desenvolvimento Rural, além das Polícia Militar,
Civil , Técnica e do Corpo de Bombeiros Militar.
O
plano também prevê a atuação em parceria com outros órgãos como as Polícias
Federal e Rodoviária Federal, o Ministério da Justiça, Tribunais de Justiça,
Defensorias Públicas, fundações, institutos e conselhos que possam contribuir
na solução de conflitos em comunidades tradicionais.
Entre
as áreas identificadas como sensíveis para diligências integradas destes órgãos
aparecem os municípios de Eunápolis, Itabela, Itamaraju, Porto Seguro, Prado e
Santa Cruz Cabrália.
O
secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, lembrou que a Força Integrada
de Combate a Crimes Comuns Envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais continua
com ações para proteção e combate.
“Nosso objetivo é reduzir cada vez mais os crimes contra nossos povos
originários. Desde o ano passado, reforçamos as ações no extremo Sul e
continuaremos, juntos, atuando para reprimir delitos nessas áreas”, confirmou o
gestor.
Fonte:
BN
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