Balão deglutível:
entenda como funciona novo método de emagrecimento
A
obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. De acordo com o
atlas da Federação Mundial da Obesidade divulgado esse ano, 51% da população
será obesa ou terá sobrepeso até 2035. Para tentar resolver esse cenário,
existem diversas alternativas disponíveis no mercado para auxiliar o paciente
no emagrecimento: a mais nova é o balão em forma de cápsula, que é engolido
pelo usuário.
O
balão intragástrico deglutível foi aprovado pela Anvisa em outubro de 2022 e
chegou ao Brasil em fevereiro deste ano. O médico Fábio Miranda, pós graduando
em cirurgia geral e endoscopia digestiva, foi um dos primeiros profissionais a
se qualificar e iniciar o procedimento no país. Segundo ele, o método é indicado
não só para obesos, mas também para pessoas com leve sobrepeso.
·
Como
funcionam os balões deglutíveis?
Entre
as inovações do tratamento, o balão deglutível se destaca primeiramente por ser
uma cápsula que o paciente engole. O dispositivo sofreu uma alteração em seu
formato e agora é elíptico, proporcionando melhor adaptação no estômago.
Miranda explica que o procedimento para a implantação é feito de maneira
simples, sem a necessidade de endoscopia, anestesia e nem internação
hospitalar.
“O
paciente engole a cápsula, que vem ligada a um catéter, com um gole de água.
Após a deglutição, é realizado um raio-x no próprio local para verificar a
posição da cápsula no estômago e, através do catéter, o balão é preenchido com
550 ml de um líquido específico”, explica o profissional.
Após
essa etapa, outro raio-x é feito para confirmar a posição do objeto. Todo o
procedimento dura em média 15 minutos. Já no estômago, o balão passa a ocupar
em média 30% do órgão, promovendo saciedade e facilitando a realização de
dietas hipocalóricas para um emagrecimento mais efetivo.
Após
quatro meses, o objeto se rompe sozinho e é eliminado por meio das fezes do
paciente, segundo Miranda.
·
Acompanhamento
e adaptação
Aliado
ao balão, o programa de emagrecimento conta com o
auxílio de um smartwatch e uma balança inteligente para monitorar a evolução do
tratamento. Os dispositivos são conectados a uma plataforma digital, onde a
equipe médica pode auxiliar e acompanhar o paciente de forma mais personalizada.
Segundo
o médico, o emagrecimento pode chegar a 33% do peso total. “No primeiro mês, a
perda de peso fica em média de 6% do peso corporal total. Em casos específicos,
o tratamento poderá ser prolongado em até 18 meses e chega a ter uma perda de
aproximadamente 33%, de acordo com a disciplina de cada paciente”, afirma
Miranda.
O
programa de emagrecimento com o balão deglutível dura seis meses e custa em
torno de R$ 18 mil reais. Além disso, todos os pacientes que optam pelo método
são acompanhados por uma equipe multidisciplinar envolvendo o médico,
nutricionista e psicólogo.
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Conforto
e bem-estar
A
empresária Érica Seabra, de 39 anos, conta que chegou a pesar 94 quilos. Ela já
tinha usado o balão intragástrico tradicional anteriormente, e emagreceu 33 kg
em um ano. Recentemente, ela optou por colocar o balão deglutível com Miranda.
O
período de adaptação das versões tradicionais dura em média três a cinco dias.
Já com os balões deglutíveis, esse ajuste tende a ser mais favorável. Érica
conta que sentiu a diferença, e lembra que passou muito mal na fase de
adaptação anteriormente.
“No
sexto dia com o outro balão, eu sentia muitas dores abdominais, uma enorme
pressão na boca do meu estômago, além de apresentar muito enjoo e episódios de
vômito. Com o deglutível, eu tive desconforto apenas nos três primeiros dias
até a adaptação. Depois disso, eu nem lembrava mais que estava com ele”,
revela.
A
empresária conta que, com apenas dez dias de uso da versão deglutível,
conseguiu eliminar 6 kg.
Ø
Sutura
gástrica: técnica sem corte promete efeito de bariátrica
A
bariátrica, conhecida como redução do estômago, é um dos procedimentos mais
conhecidos por pessoas obesas que
precisam perder uma quantidade significativa de peso. A cirurgia é
bastante invasiva e, por isso, é recomendada apenas para casos onde o paciente tem um
quadro grave de obesidade ou não teve bons resultados com outros
tratamentos.
Mas
uma alternativa pode começar a ser utilizada no lugar da operação: a
gastroplastia endoscópica, ou sutura gástrica. Ela foi aprovada pela Agência
Nacional de Saúde (Anvisa) no final de 2016 e é indicada para pessoas com Índice de Massa
Corporal (IMC) acima de 30. Ao contrário da bariátrica, a sutura pode ser
realizada até mesmo em pacientes com obesidade leve, e é feita sem cortes.
“A
maior vantagem do procedimento é que, ao contrário da cirurgia de redução de
estômago, ele é realizado sem que haja nenhum corte no paciente, evitando
complicações no pós-operatório e possibilitando uma melhor recuperação”,
explica o cirurgião do aparelho digestivo Eduardo Grecco, coordenador do
Serviço e da Residência Médica de Endoscopia da Faculdade de Medicina do ABC,
em São Paulo.
Ele
conta que o paciente recebe alta no mesmo dia e já pode voltar às atividades
normais após dois ou três dias, apesar de precisar de dieta pastosa por até um
mês. Já na cirurgia bariátrica, o indivíduo requer mais cuidados, especialmente
devido ao tempo de internação e recuperação.
Diferenças
entre procedimentos
A
sutura gástrica é realizada por meio de um tubo flexível, o endoscópio, que é
introduzido pela boca do paciente sob anestesia geral. O cirurgião utiliza a
câmera embutida no aparelho para ver as imagens do estômago em tempo real,
fazendo costuras no órgão para diminuir a sua capacidade.
“Na
cirurgia bariátrica, o indivíduo não terá só o tamanho do estômago reduzido,
mas também pode ter dificuldade com a absorção de nutrientes, produzindo uma
alteração das ações metabólicas. A pessoa absorve menos nutrientes, gorduras e
açúcares, e irá precisar de cuidados constantes, como suplementação de
ferro e vitaminas.
Na sutura endoscópica, você não tem esse tipo de alteração vitamínica porque o
estômago continua exercendo todas as suas funções”, afirma Grecco.
O
cirurgião comenta que o procedimento ajuda a diminuir a fome e aumentar a
saciedade com menor ingestão de alimento da mesma forma que a bariátrica. Mas o
mais importante é manter uma dieta balanceada antes e depois da cirurgia, além
de ter uma equipe multidisciplinar e apoio psicológico trabalhando junto com o
paciente.
Ele
ressalta que a redução de peso é menor na gastroplastia endoscópica: enquanto
na bariátrica a redução é de até 40% do peso corporal, o emagrecimento
resultante do procedimento menos invasivo é de até 25%.
Para
quem é indicado
As
indicações clássicas da cirurgia endoscópica são para pessoas com quadro de
obesidade leve e sobrepeso, mas o médico afirma que existem pacientes que
deveriam realizar a bariátrica e optam pelo procedimento menos invasivo para
“não mexer com o intestino”, ou devido aos riscos da operação.
“Esses
pacientes podem realizar a gastroplastia endoscópica, porém, devem estar
cientes da questão do resultado. Para um paciente com 100 kg que deveria pesar
60kg, o ideal é uma cirurgia bariátrica. Porém, com a sutura gástrica, ele sai
desse patamar de 100kg e vai para 80kg, e, com isso, inicia o processo de
emagrecimento”, explica.
Grecco
lembra que há contraindicações para pessoas com algum tipo de distúrbio
psiquiátrico importante, como compulsão alimentar, ou doenças que prejudiquem a
coagulação do sangue. Pacientes com gastrite, esofagite ou outras doenças podem
realizar o procedimento, desde que ele seja comunicado e tratado previamente.
Fonte: Metrópoles
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