sexta-feira, 16 de maio de 2025

Sete consequências das mudanças climáticas para a saúde das crianças

Mesmo antes de nascer, ainda na aparente segurança do ventre materno, bebês humanos já estão sentindo as consequências das mudanças climáticas, dizem os cientistas. Mas, embora esses efeitos já sejam dados como certos, sua extensão ainda não é totalmente conhecida pelos pesquisadores e pediatras.

De acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial, até 2050, as mudanças climáticas devem provocar 14,5 milhões de mortes. E, em um cenário trágico como esse, a saúde dos idosos e das crianças estará particularmente em risco, como explica a pediatra, neonatologista e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo Gislayne Souza Nieto. “Os extremos de idade são mesmo os que mais sofrem porque, naturalmente, o corpo tem menos recursos para se defender e se adaptar no início e no fim da vida”, pontua. O relatório “The climate-changed child”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta para essa mesma conclusão, enumerando ao menos sete consequências diretas das alterações no clima para a vida dos pequenos.

1.       Em risco antes de nascer

Diversos estudos vêm demonstrando que o aumento das temperaturas é prejudicial para os bebês ainda durante a gestação. Um deles, publicado por Alan Barreca e Jessamyn Schaller na revista Nature em 2020, afirma que “evidências sugerem que a exposição ao calor aumenta o risco de parto para mulheres grávidas. A aceleração do nascimento leva a uma gestação mais curta, o que vem sendo associado a consequências posteriores para a saúde e a cognição”. Outro, publicado por um grupo de cientistas na mesma Nature em novembro de 2024, analisou uma série de pesquisas científicas desenvolvidas em 66 países e chegou à conclusão de que as ondas de calor aumentam não apenas o risco de parto prematuro, como também de crianças nascidas mortas, anomalias congênitas e diabetes gestacional, bem como de complicações obstétricas.

“Podemos mesmo ter algumas intercorrências antes e durante o nascimento. Vem sendo provado por cientistas que as temperaturas mais altas são causa de prematuridade, que é o nascimento antes das 37 semanas de gestação. Além disso, o calor causa um desconforto significativo para a gestante, como inchaço, aumento e pressão arterial, retenção de líquido e outras condições que afetam a saúde dessa mulher e, consequentemente, do bebê que ela está gestando”, ressalta Gislayne.

2.       Doenças

“Doenças letais na infância estão se espalhando mais devido à degradação do meio ambiente e às mudanças climáticas”, afirma o relatório do Unicef. De fato, a maior frequência de eventos como enchentes e alagamentos pode causar um aumento no número de casos de viroses como dengue, zika e chikungunya. Isso acontece porque os mosquitos que servem de vetor para essas doenças precisam justamente de água para se desenvolver. Outras viroses, como as gastrointestinais, também podem aumentar nessas condições.

3.       Desnutrição

Segundo o documento do Unicef, as mudanças climáticas também têm impacto na nutrição das crianças. Safras menos abundantes, com perdas causadas por eventos climáticos extremos, como ondas de calor e chuvas mais frequentes e volumosas, fazem subir o preço dos alimentos, o que é determinante para que um sem número de crianças e adolescentes passem a ingerir uma menor quantidade e variedade de nutrientes. “A nutrição é extremamente importante para o desenvolvimento infantil, principalmente nos mil primeiros dias de vida. A falta de acesso a uma nutrição equilibrada, com todos os grupos alimentares, pode causar prejuízo até mesmo para o desenvolvimento cognitivo das crianças”, diz a pediatra.

4.       Temperatura corporal

Uma consequência direta das ondas de calor para a saúde dos pequenos é o fato de que o organismo infantil não é capaz de regular a temperatura corporal e, por isso, torna-se mais propenso à desidratação. “Os bebês, principalmente os mais novos, não transpiram como os adultos. Como resultado, eles podem ter até mesmo uma falência de órgãos importantes como os rins”, alerta Gislayne.

5.       Poluição

Bebês também têm a respiração muito acelerada, em comparação aos adultos. Isso significa que eles ficam mais vulneráveis à poluição do ar. Isso leva diretamente ao aumento nos registros de doenças respiratórias, como asma, rinite e alergias entre as crianças.

6.       Educação

O Unicef aponta, ainda, outras consequências diretas dessas alterações para o desenvolvimento infantil. Uma delas diz respeito à educação. “40 milhões de crianças têm seus estudos interrompidos todos os anos devido a desastres naturais que são agravados pelas mudanças climáticas e esse número segue crescendo”, aponta o relatório. Exemplos disso não faltam. No início de 2025, uma onda de calor que atingiu o Rio Grande do Sul adiou a volta às aulas na rede estadual de ensino, prejudicando cerca de 770 mil estudantes.

7.       Saúde mental

Além disso, o calor extremo também vem sendo associado a problemas de saúde mental em crianças e adolescentes, entre eles depressão e transtorno do estresse pós-traumático, como destaca o relatório do Unicef.

A organização assinala, ainda, que “apesar de sua vulnerabilidade única, as crianças vêm sendo ignoradas ou amplamente negligenciadas na resposta às mudanças climáticas. Apenas 2,4% do financiamento climático dos principais fundos multilaterais apoiam projetos que incorporam atividades voltadas para as crianças”. Para o relatório, essa negligência já está causando uma crise na garantia de direitos das crianças em todo o mundo, e recomenda: “As crianças devem estar no centro da resposta global”.

•        Como incluir as crianças da família na rotina de saúde e bem-estar?

Com o avanço da tecnologia, é cada vez mais comum ver crianças passando horas em frente às telas, seja assistindo desenhos na TV ou jogando no celular, tablet ou videogame. Com o entretenimento digital mais acessível, a atividade física e os hábitos saudáveis muitas vezes acabam ficando em segundo plano.

No entanto, é essencial envolver os pequenos em atividades que integrem alimentação nutritiva, bem-estar emocional e práticas de exercícios físicos. Inseri-los em uma rotina saudável, que combine movimento e diversão para toda a família, fortalece os laços e cria hábitos positivos que podem acompanhá-los ao longo da vida.

Vamos compartilhar algumas dicas simples, mas que trazem resultados superpositivos para toda a família.

•        Estimule uma alimentação saudável convidando a criança a participar do preparo das refeições e aproveite para ensinar sobre os benefícios de cada alimento. Criem juntos pratos coloridos e nutritivos, utilizando talheres e utensílios divertidos. Para os menores, cortar alguns alimentos em formatos de animais ou desenhos pode ser um incentivo extra. Além disso, permita que as crianças escolham frutas, legumes e verduras no mercado, tornando o momento mais interativo e estimulando o interesse por uma alimentação equilibrada.

•        Incentive a prática de atividades físicas como uma forma de diversão. Jogos ao ar livre, dançar, pular corda, andar de bicicleta e esportes em família podem ser ótimas opções para manter os pequenos ativos. É essencial que as atividades não se tornem uma obrigação, nem sejam algo forçado. Descubram juntos o que a criança mais gosta de fazer, tornando esse momento positivo e prazeroso em sua rotina.

•        Estabeleça uma rotina de sono equilibrada e horários regulares para as refeições. Estes dois pontos são muito importantes para o desenvolvimento saudável das crianças. Criar um ritual noturno, como uma boa leitura antes de dormir, banho relaxante e evitar telas, ajuda a garantir boas noites de descanso, que são essenciais para o crescimento, desenvolvimento e concentração no dia a dia. Além disso, é importante definir horários também para as refeições. É recomendado que elas tenham três refeições principais por dia (café da manhã, almoço e jantar), além de lanches saudáveis entre as refeições. Nos lanches, é importante evitar a ingestão de doces, salgadinhos e processados.

•        Ensinar a criança a reconhecer e expressar seus sentimentos desde cedo é fundamental para o bem-estar emocional. Incentive momentos de conversa ao longo do dia, de forma natural e sem pressão. Jogos interativos também podem ser excelentes ferramentas para ajudar os pequenos a identificarem e compreenderem suas emoções por meio de atividades que exploram a inteligência emocional e o autoconhecimento.

•        Utilize a tecnologia a favor da rotina. Aplicativos e jogos educativos, com tempo estabelecido para utilização, podem ser bons aliados. Algumas ferramentas trazem desafios que cativam a criatividade, além de conteúdos que estimulam o desenvolvimento de habilidades sensoriais e o foco.

Por fim, mas não menos importante, lembre-se que você é o exemplo. As crianças aprendem muito pelo que observam na rotina da família. Portanto, ao verem os familiares adotando hábitos saudáveis dentro de casa, elas serão naturalmente incentivadas a seguir o mesmo caminho.

Uma dica extra: considere levar seu filho à academia enquanto você treina! A rede de academias Allp Fit, por exemplo, permite isso ao disponibilizar, em todas as suas unidades, espaços dedicados às crianças com monitoramento, permitindo que elas se divirtam e se inspirem em você, enquanto você cuida da sua saúde, criando uma rotina ativa e equilibrada para todos.

 

Fonte: Saúde & Bem Estar

 

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