sábado, 17 de maio de 2025

Pesquisa em bioengenharia representa alternativa ao tratamento de câncer e Chagas

Estudos baseados em bioengenharia desenvolvidos no Instituto Oswaldo Cruz resultaram na criação de culturas de células tridimensionais que podem apresentar avanço no combate ao câncer e à doença de Chagas.

A descoberta usa células 3D, também conhecidas como esferoides ou organoides, que são capazes de reproduzir características de tecidos biológicos.

No estudo, pesquisadores produziram organoides tumorais em laboratório a partir de fragmentos de tumores. Quando cultivadas, essas células se organizam e formam microtumores.

A partir da amostra de microtumores, os pesquisadores podem avaliar qual tratamento seria o mais eficaz para aquele paciente.

Como resultado, o modelo permite o desenvolvimento de terapias personalizadas contra o câncer, alternativa que ganhou o nome de quimiograma tumoral.

A tecnologia que desenvolve a bioengenharia tecidual também é capaz de tratar a fibrose cardíaca, resultado da infecção causada pelo parasito Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas.

“A expertise em bioengenharia tecidual é uma vantagem para estudos sobre resposta terapêutica e mecanismos fisiopatogênicos. Os esferoides reproduzem o que ocorre no tecido in vivo de forma mais próxima da realidade do que uma cultura de células bidimensional em monocamada”, explica a pesquisadora do Laboratório de Virologia e Parasitologia Molecular e atual vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, Luciana Garzoni, que está à frente dos estudos.

Além de testes em larga escala, a próxima etapa é avançar no estudo clínico de caracterização do quimiograma tumoral como preditor de resposta terapêutica, em ambiente que simule as condições reais de uso, o que é previsto no projeto de pós-doutorado desenvolvido pela bióloga Gabriela Vieira.

<><> Minicorações

Em relação à doença de Chagas, os pesquisadores usaram o modelo de organoide para criar minicorações a partir das células do paciente.

“Quando infectamos os minicorações com T. cruzi, conseguimos reproduzir o processo de fibrose não apenas no nível molecular, mas estrutural. Isso permite testar compostos para tentar bloquear ou reverter esse processo”, explica Luciana.

Além disso, os minicorações podem contribuir para estudos sobre formação de vasos sanguíneos cardíacos, uma vez que as cientistas demonstraram que os organoides produzidos com células-tronco mesenquimais e células endoteliais desenvolvem vasos sanguíneos, indicando potencial para estudos no campo da cardiologia translacional.

•        Estudo identifica molécula capaz de reverter déficit cognitivo e demência

 Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram que a molécula hevina reverteu o déficit cognitivo em um estudo com camundongos.

Isso porque esta glicoproteína é produzida por células cerebrais e aumenta as conexões entre os neurônios em roedores idosos ou com doença de Alzheimer.

De acordo com a chefe do Laboratório de Neurobiologia Celular do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, Flávia Alcantara Gomes, a hevina já é bastante conhecida pela plasticidade neural.

Produzida por células cerebrais, a molécula pode reverter casos de demência em animais quando produzida em excesso, uma vez que promove a melhora na qualidade das sinapses nos modelos animais.

Apesar de promissor, os pesquisadores envolvidos no estudo alertam que ainda deve levar um longo caminho até que se torne um protocolo de tratamento para doenças neurodegenerativas.

Os pesquisadores ainda têm de garantir que a hevina possa ultrapassar a barreira hematoencefálica, que protege o cérebro.

No entanto, já é de conhecimento dos pesquisadores que os níveis de hevina no cérebro caem em pacientes com Alzheimer, quando comparados a pessoas saudáveis da mesma idade.

O estudo foi publicado na revista Aging Cell e conta com o apoio do Ministério da Saúde, além da Fundação Carlos Chagas Filho e da Fapesp. 

 

Fonte: Agência Fiocruz/Agencia Fapesp

 

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