Pesquisa
em bioengenharia representa alternativa ao tratamento de câncer e Chagas
Estudos
baseados em bioengenharia desenvolvidos no Instituto Oswaldo Cruz resultaram na
criação de culturas de células tridimensionais que podem apresentar avanço no
combate ao câncer e à doença de Chagas.
A
descoberta usa células 3D, também conhecidas como esferoides ou organoides, que
são capazes de reproduzir características de tecidos biológicos.
No
estudo, pesquisadores produziram organoides tumorais em laboratório a partir de
fragmentos de tumores. Quando cultivadas, essas células se organizam e formam
microtumores.
A
partir da amostra de microtumores, os pesquisadores podem avaliar qual
tratamento seria o mais eficaz para aquele paciente.
Como
resultado, o modelo permite o desenvolvimento de terapias personalizadas contra
o câncer, alternativa que ganhou o nome de quimiograma tumoral.
A
tecnologia que desenvolve a bioengenharia tecidual também é capaz de tratar a
fibrose cardíaca, resultado da infecção causada pelo parasito Trypanosoma
cruzi, causador da doença de Chagas.
“A
expertise em bioengenharia tecidual é uma vantagem para estudos sobre resposta
terapêutica e mecanismos fisiopatogênicos. Os esferoides reproduzem o que
ocorre no tecido in vivo de forma mais próxima da realidade do que uma cultura
de células bidimensional em monocamada”, explica a pesquisadora do Laboratório
de Virologia e Parasitologia Molecular e atual vice-diretora de Pesquisa,
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IOC, Luciana Garzoni, que está à
frente dos estudos.
Além de
testes em larga escala, a próxima etapa é avançar no estudo clínico de
caracterização do quimiograma tumoral como preditor de resposta terapêutica, em
ambiente que simule as condições reais de uso, o que é previsto no projeto de
pós-doutorado desenvolvido pela bióloga Gabriela Vieira.
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Minicorações
Em
relação à doença de Chagas, os pesquisadores usaram o modelo de organoide para
criar minicorações a partir das células do paciente.
“Quando
infectamos os minicorações com T. cruzi, conseguimos reproduzir o processo de
fibrose não apenas no nível molecular, mas estrutural. Isso permite testar
compostos para tentar bloquear ou reverter esse processo”, explica Luciana.
Além
disso, os minicorações podem contribuir para estudos sobre formação de vasos
sanguíneos cardíacos, uma vez que as cientistas demonstraram que os organoides
produzidos com células-tronco mesenquimais e células endoteliais desenvolvem
vasos sanguíneos, indicando potencial para estudos no campo da cardiologia
translacional.
• Estudo identifica molécula capaz de
reverter déficit cognitivo e demência
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) descobriram que a molécula hevina reverteu o déficit
cognitivo em um estudo com camundongos.
Isso
porque esta glicoproteína é produzida por células cerebrais e aumenta as
conexões entre os neurônios em roedores idosos ou com doença de Alzheimer.
De
acordo com a chefe do Laboratório de Neurobiologia Celular do Instituto de
Ciências Biomédicas da UFRJ, Flávia Alcantara Gomes, a hevina já é bastante
conhecida pela plasticidade neural.
Produzida
por células cerebrais, a molécula pode reverter casos de demência em animais
quando produzida em excesso, uma vez que promove a melhora na qualidade das
sinapses nos modelos animais.
Apesar
de promissor, os pesquisadores envolvidos no estudo alertam que ainda deve
levar um longo caminho até que se torne um protocolo de tratamento para doenças
neurodegenerativas.
Os
pesquisadores ainda têm de garantir que a hevina possa ultrapassar a barreira
hematoencefálica, que protege o cérebro.
No
entanto, já é de conhecimento dos pesquisadores que os níveis de hevina no
cérebro caem em pacientes com Alzheimer, quando comparados a pessoas saudáveis
da mesma idade.
O
estudo foi publicado na revista Aging Cell e conta com o apoio do Ministério da
Saúde, além da Fundação Carlos Chagas Filho e da Fapesp.
Fonte:
Agência Fiocruz/Agencia Fapesp

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