Os golpes que mais fazem os brasileiros
perder dinheiro
Fraudes digitais custaram em 2024 mais de R$
10 bilhões às vítimas, salto de 17% frente a 2023. Segundo pesquisa, uma em
cada quatro pessoas com mais de 16 anos já foi lesada. Veja quais os golpes
mais frequentes.
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"Mãe, tudo bem? Tive um problema com meu
cartão, você consegue me enviar um pix de R$ 800 agora?”. Foi essa mensagem que
a aposentada Lourdes Diana, de 77 anos, recebeu em seu WhatsApp em agosto do
ano passado e a fez perder R$ 1 mil. O contato, que usava a foto de sua filha
de 36 anos, fez o pedido justamente na semana em que a mulher estava viajando.
Sem desconfiar, a idosa fez a transferência pensando que estava ajudando a
filha num momento de imprevisto. Mas era golpe.
Assim como Lourdes, 153 mil pessoas foram
vítimas do "golpe do WhatsApp", no Brasil em 2024, segundo dados da
Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O golpe das falsas vendas (150 mil
vítimas) e do falso funcionário de banco (105 mil vítimas) completam o ranking
das três abordagens mais comunicadas por clientes às instituições bancárias.
Prejuízo que, segundo o órgão, chega a R$10,1
bilhões, em 2024. Volume 17% maior do que o registrado no ano anterior quando
essa perda foi de R$8,6 bilhões.
Mas porque tantas pessoas ainda caem em
golpes que não são novos? Segundo especialistas ouvidos pela DW, há três
fatores principais: a capacidade de a internet atingir milhões de pessoas; o
imediatismo e a capacidade dos golpistas de manipular as pessoas.
"Estatisticamente quanto mais pessoas
você atinge, maior a possibilidade de essas pessoas caírem em golpes. O segundo
ponto é a rapidez. A internet dá essa necessidade de ser tudo mais rápido,
fazendo com que as pessoas nem pensem no que estão fazendo. E a terceira é a
questão da tecnologia. Apesar de as pessoas usarem a internet diariamente, elas
não têm noção da força que ela tem. Consequentemente, se usar algumas técnicas
psicológicas, vai ser muito fácil manipular as pessoas”, explica Wanderson
Castilho, perito em crimes digitais.
Outra pesquisa feita sobre os golpes digitais
no Brasil, aponta que 24% dos brasileiros com mais de 16 anos afirmaram já
terem perdido dinheiro em golpes no último ano. Ou seja, isso representa quase
um a cada quatro pessoas com mais de 16 anos.
Segundo o Instituto DataSenado, responsável
pelo levantamento, são mais de 40,8 milhões de pessoas que perderam dinheiro em
função de algum crime cibernético, como clonagem de cartão, fraude na internet
ou invasão de contas bancárias.
A pesquisa foi feita por telefone, o que
significa que muitas dessas vítimas podem não ter procurado a polícia ou a
instituição bancária para relatar o golpe.
Os dois tipos de perfis que mais são
vulneráveis aos golpes de crimes eletrônicos são as pontas das pirâmides, ou
seja, os mais novos e os mais velhos, segundo os especialistas ouvidos pela DW.
"Os mais velhos não têm tanta intimidade
com a tecnologia, porque o seu raciocínio está um pouco mais lento, são coisas
completamente novas e eles tendem a acreditar mais, principalmente quando os
criminosos se passam por alguém da família. Os mais novos, por outro lado, têm
um excesso de confiança, porque estão nascendo dentro da tecnologia, e eles
acreditam que sabem tudo, mas o conhecimento é muito raso, normalmente. E os
criminosos sabem muito bem disso e sabem que esse público quer agilidade, facilidade
e o [produto] mais barato", acrescenta Castilho.
>>>> Como são os golpes mais
comuns
<><> Golpe do Whatsapp
O golpe do WhatsApp acontece quando
criminosos clonam a conta de WhatsApp da vítima.
Para obter o código de segurança que o
aplicativo envia por SMS sempre que é instalado em um novo dispositivo, o
golpista envia uma mensagem se fazendo passar por algum tipo de serviço de
atendimento ao cliente. Nessa mensagem é solicitado o código para a vítima,
que, ao fornecê-lo, tem o número clonado.
Para evitar que o WhatsApp seja clonado é
necessário habilitar no aplicativo a opção "verificação em duas etapas”.
Assim, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo
app. Essa senha não deve ser enviada para outras pessoas ou digitada em links
recebidos.
<><> Falsa venda
No golpe de falsa venda, os criminosos criam
sites e páginas falsas de lojas nas redes sociais, e enviam promoções
inexistentes por e-mails, SMS e mensagens de WhatsApp.
Para não cair nesse tipo de golpe, é
importante ficar atento a preços praticados muito abaixo dos cobrados pelo
mercado. Também é importante tomar cuidado com links recebidos em e-mails e
mensagens.
<><> Falsa central bancária ou
falso funcionário
Já nesse golpe, os criminosos passam por
funcionários do banco ou empresa com a qual o cliente já tem um relacionamento.
O estelionatário faz contato por telefone e diz haver algum tipo de problema na
conta ou relata alguma compra irregular usando o cartão bancário.
A partir daí, ele solicita os dados pessoais
e financeiros da vítima. Em alguns casos, ele também pede para que a pessoa
realize transferências financeiras alegando a necessidade de regularizar
problemas na conta ou no cartão.
Para evitar cair nesse golpe, o cliente deve
sempre verificar a origem das ligações e mensagens recebidas. Os bancos podem
entrar em contato com os clientes para confirmar transações suspeitas, mas
nunca solicitam dados pessoais, senhas, atualizações de sistemas, chaves de
segurança, ou ainda que o cliente realize transferências ou pagamentos.
Ao receber uma ligação suspeita, o melhor é
desligar e ligar nos canais oficiais do banco ou entrar em contato diretamente
com o seu gerente.
<><> Dados pessoais expostos
Vazamentos de dados que expõem informações
pessoais e até mesmo senhas acendem um alerta ainda maior para os golpes
virtuais. Munidos de mais informações importantes sobre pessoas e empresas,
cibercriminosos aproveitam para agirem e fazerem mais vítimas.
Nos últimos cinco anos, o governo federal
registrou quase 58 mil incidentes cibernéticos ou alertas de vulnerabilidade
digital, sendo mais de 9 mil casos envolvendo vazamentos de dados em sistemas
da União.
Em novembro de 2024, a Polícia Civil de São
Paulo descobriu uma quadrilha responsável por vender dados de, ao menos, 120
milhões de pessoas, ou seja, mais da metade da população brasileira teve os
dados acessados e vazados pelo grupo, que operava como um call center do crime.
"Os vazamentos de dados impulsionam
muito os golpes, na medida em que o que os golpistas precisam de informações
que tornem o contato deles crível. Se alguém te contacta, tem uma boa
comunicação, um tom de voz adequado e quer confirmar nome completo, endereço,
ela vai dando essas informações que conseguiu, por exemplo, através de um
vazamento. E do outro lado a pessoa tende a acreditar que é um contato de
verdade. Por isso que esses vazamentos são tão ruins, porque dão muita munição
para os golpistas", diz Arthur Igreja, especialista em tecnologia e
inovação.
• Como
se proteger dos golpes
Medidas simples de "higiene
digital" podem ajudar a evitar uma parcela expressiva das fraudes, como:
ativar a verificação em duas etapas nos aplicativos; desconfiar de preços muito
abaixo dos praticados no mercado; checar se um perfil comercial é recente e tem
poucas opções de pagamento; e nunca compartilhar dados por mensagens ou
ligações suspeitas.
"É importante lembrar que instituições
financeiras jamais solicitam senhas ou códigos de autenticação. Ainda, como
hoje grande parte dos dados cadastrais dos cidadãos já se encontram expostos,
além de outras informações que podem ser coletadas em redes sociais pelos
criminosos, somado ao uso da Inteligência Artificial, a prática de engenharia
social tornou-se significativamente mais fácil. Isso exige um grau de atenção e
cautela muito maior por parte das pessoas em suas interações", diz Rony Vainzof,
professor especializado em direito digital, proteção de dados e segurança
cibernética e conselheiro titular do Comitê Nacional de Cibersegurança
(CNCiber).
Ainda segundo Vainzof, tomar os cuidados
pessoais é importante, mas superar esse cenário exige mais do que medidas
pontuais ou reações isoladas.
"É necessário estruturar uma política
nacional de cibereducação, fortalecer os mecanismos de normatização e garantir
que a Lei Geral de Proteção de Dados seja aplicada, bem como a repressão
contundente contra os criminosos", diz.
• Alvo
da PF por fraude de R$ 1,6 bi com Bitcoin comprou 139 imóveis
O principal investigado pela Polícia Federal
(PF) na operação Fantasos, que apura uma fraude bilionária por meio de
bitcoins, comprou 139 imóveis em menos de dois anos.
Douver Braga, atualmente preso nos Estados
Unidos, é apontado pela PF como suspeito de liderar uma fraude de US$ 290
milhões, cerca de R$ 1,6 bilhão.
Os imóveis, segundo apurou a coluna, eram
utilizados para lavar o dinheiro angariado nas fraudes e começaram a ser
adquiridos após Braga entrar na mira das autoridades americanas.
Natural de Petrópolis (RJ), ele é undador do
Trade Coin Clube (TCC), empreendimento de criptomoedas que oferecia altos
lucros aos investidores. Atualmente, ele está preso nos EUA, para onde foi
extraditado em fevereiro após ser detido na Suíça.
Segundo a investigação, a TCC oferecia um
serviço com base em robô que supostamente realizava milhões de microtransações
com Bitcoins por segundo.
De acordo com os investigadores americanos,
não havia plataforma de investimento nem o software sofisticado oferecido pelo
TCC.
Braga é alvo da Comissão de Valores
Mobiliários norte-americana por suspeita de integrar um grupo responsável por
um esquema internacional de fraudes. Ele morou nos EUA entre 2016 e 2021,
quando executou as fraudes.
Depois dos golpes investigados, ele voltou ao
Brasil para fugir de eventuais processos nos Estados Unidos. Aqui, ele teria
passado a realizar ações voltadas à lavagem de dinheiro vindo de operações
ilícitas.
Para tanto, de acordo com a apuração, ele
constituiu diversas empresas de fachada, registradas em nomes de terceiros,
além de estabelecer parcerias com empresários.
Como mostrou a coluna, três membros da
família Eloy, dona de vinícola na serra fluminense, também foram alvos da
operação da Polícia Federal por supostamente ajudarem Douver Braga na lavagem
de ativos. Eles são apontados como parceiros de Braga na lavagem de dinheiro.
• Fraude
com Bitcoin levou PF a donos de vinícola de luxo no RJ
Três integrantes da família Eloy, dona de uma
vinícola no Rio de Janeiro, foram alvos da Polícia Federal (PF) na operação
Fantasos, deflagrada na manhã de quarta-feira (30/4).
Eles são suspeitos de atuar junto a Douver
Braga, preso atualmente nos Estados Unidos, ajudando-o a lavar dinheiro
proveniente de esquema de pirâmide com Bitcoin.
Durante a ação contra a família Eloy, a PF
apreendeu dois veículos, cada um avaliado em R$ 1 milhão cada.
Os três familiares administram a vinícola da
família Eloy, em Areal, na serra fluminense, e atuam recebendo visitantes para
tours guiados de enoturismo e degustação de vinhos.
A ideia de criar a vinícola, segundo o site
do local, surgiu a partir de uma viagem à Toscana, na Itália, onde “se
apaixonaram” pela vinicultura, fazendo com que quisessem “trazer na mala a
experiência vivida”.
A tradição italiana está presente inclusive
na arquitetura do empreendimento, composto por construções que são chamadas de
“Vila Toscana”, onde também fica uma pizzaria e a “enoteca” da Família Eloy.
Eles possuem 8,5 hectares de área plantada e
trabalham com uma série de uvas. A visitação e degustação, conduzida por um
sommelier, custa de R$ 95 a R$ 220 por pessoa na alta temporada, a depender do
tipo de serviço contratado.
A família também está preparando a
inauguração de um hotel na propriedade, que deve ser aberto ao público em
meados de 2025.
<<>Operação Fantasos
A operação investiga uma suposta fraude
bilionária com o uso de bitcoins. Os alvos de busca e apreensão desta
quarta-feira têm relação com Douver Braga, que está preso nos Estados Unidos em
decorrência de processos abertos pelo Departamento de Justiça por esquema de
pirâmide financeira.
Ele teria atraído mais de 100 mil clientes
americanos e causou prejuízo estimado de US$ 290 milhões ou R$ 1,6 bilhão na
cotação atual do dólar.
Braga é de Petrópolis (RJ) e fundador do
Trade Coin Clube (TCC), empreendimento de criptomoedas que oferecia altos
lucros aos investidores.
Segundo as apurações, a TCC oferecia um
serviço com base em robô que supostamente realizava milhões de microtransações
com Bitcoins por segundo.
De acordo com os investigadores americanos,
não havia plataforma de investimento nem o software sofisticado oferecido pelo
TCC.
Atualmente, Braga está preso nos EUA, para
onde foi extraditado em fevereiro após ser detido na Suíça. A investigação da
PF conta com a cooperação do FBI, a polícia federal americana.
Após entrar na mira das autoridades
americanas, Braga chegou a retornar ao Brasil e, segundo investigadores, passou
a empreender ações para lavar o dinheiro angariado nas fraudes com
criptomoedas.
Além de criar várias empresas de fachada em
nome de familiares, ele também estabeleceu parcerias com empresários
brasileiros visando a lavagem dos valores, segundo a investigação.
Os integrantes da família Eloy são alguns
desses parceiros e, por isso, foram alvos da operação da PF.
Batizada de Operação Fantasos, a ação, diz a
PF, tem como objetivo “combater a prática de crimes financeiros e lavagem de
dinheiro por meio de criptoativos.”
Cerca de 50 policiais federais cumprem 11
mandados de busca e apreensão domiciliar nas cidades de Petrópolis (RJ) e Angra
dos Reis (RJ).
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Fonte: DW Brasil/Metrópoles

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