O
que é o câncer de próstata escore 9
Joe
Biden, ex-presidente dos Estados Unidos, foi diagnosticado com um câncer de
próstata avançado.
Um
comunicado divulgado pelo gabinete do político democrata no domingo (18/5)
informa que ele foi avaliado na semana anterior, ao apresentar sintomas
urinários.
"Na
sexta-feira (16/5), Biden foi diagnosticado com câncer de próstata,
caracterizado por um escore de Gleason 9 (grau 5), com metástase nos
ossos", detalha o texto.
"Embora
isso represente uma forma mais agressiva da doença, o câncer parece ser
sensível aos hormônios, o que permite um manejo efetivo", complementa a
nota.
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Mas o
que significa "escore de Gleason" ou "câncer sensível aos
hormônios"?
Entenda
a seguir os detalhes sobre o câncer de próstata e os prognósticos para casos
como o do ex-presidente americano.
• O que é o câncer de próstata?
A
próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor do homem.
Ela é
responsável pela produção do líquido que compõe o sêmen e permite o trânsito
dos espermatozoides durante a ejaculação.
Essa
estrutura fica na parte inferior do abdômen, no caminho entre os testículos e o
pênis.
Ela
fica logo abaixo da bexiga e "abraça" a uretra, o canal por onde a
urina e o sêmen são expelidos.
O
câncer nada mais é que a proliferação acelerada e descontrolada de células
doentes numa parte específica do corpo.
Essas
células podem se acumular em uma determinada região (como a próstata) e formar
um tumor, que cresce e toma cada vez mais espaço.
Conforme
a doença evolui, algumas dessas unidades podem "escapar" e parar em
outras partes do corpo, em um processo conhecido como metástase.
Biden,
por exemplo, apresenta metástase nos ossos — ou seja, células doentes da
próstata saíram de seu local de origem e passaram a formar novos focos no
esqueleto.
• Os sintomas do câncer de próstata
O
Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) destaca que
"o câncer de próstata não costuma causar nenhum sintoma até que a doença
tenha crescido o suficiente para pressionar o tubo que carrega a urina da
bexiga para o pênis".
Os
sintomas mais frequentes desse tipo de tumor incluem:
• Necessidade de fazer xixi muitas vezes,
frequentemente durante a noite;
• Urgência para urinar;
• Dificuldade para começar a fazer xixi;
• Levar muito tempo para urinar;
• Jato de urina muito fraco;
• Sensação de que a bexiga não foi
completamente esvaziada;
• Aparecimento de sangue ou sêmen na
urina.
Como
esses sintomas demoram a aparecer, existe uma discussão entre especialistas
sobre a necessidade de fazer o rastreamento do câncer de próstata — ou seja,
realizar exames periódicos em homens saudáveis para checar se há algo de errado
nessa glândula.
Os dois
métodos mais usados com esse propósito são o PSA (um exame de sangue) e o toque
retal.
Desde
2023, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde mudaram as
recomendações e passaram a contraindicar o rastreamento do câncer de próstata
para a população geral.
O
principal argumento é que essa estratégia aumenta o número de diagnósticos sem
necessariamente melhorar a taxa de sobrevida ou a mortalidade dos pacientes.
Há
também o risco de sobretratamento, quando indivíduos são submetidos a
intervenções que não trazem algum benefício direto à saúde deles.
Já a
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) defende individualizar as recomendações
sobre o rastreamento desse tipo de tumor.
"Os
homens, a partir de 50 anos e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um
profissional especializado, para avaliação tendo como objetivo o diagnóstico
precoce do câncer de próstata", aponta a entidade.
"Os
homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro
grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a
partir dos 45 anos. Após os 75 anos, somente homens com perspectiva de vida
maior do que 10 anos poderão fazer essa avaliação", sugere a SBU.
• A gravidade do câncer de próstata
Se o
médico suspeita que há algo de errado na próstata durante o PSA ou o toque
retal, ele pode pedir uma biópsia para investigar.
Esse
exame consiste em inserir uma agulha na glândula e retirar pedacinhos dela. O
material é encaminhado ser avaliado em laboratório por um patologista.
Esse
profissional é treinado para observar as amostras no microscópio e avaliar a
saúde das células que aparecem ali.
A
partir disso, com base no chamado escore de Gleason (uma escala validada
cientificamente neste contexto), o especialista atribui uma nota que vai de 1 a
5 — quanto mais alto o número, mais grave a situação.
Uma
célula avaliada com nota 1 se assemelha muito ao tecido normal da próstata.
Já uma
nota 5 representa uma célula danificada, com risco de se infiltrar em outros
tecidos do organismo.
O que
os patologistas fazem é destacar no laudo os dois padrões de células que foram
mais observados durante a avaliação no laboratório.
É por
isso que o resultado geralmente vêm com a soma de dois números, por exemplo, 4
+ 3. Isso significa que o especialista viu mais células com uma pontuação 4,
seguidas por unidades nota 3.
A
partir daí, a soma dos números vai estabelecer o escore de Gleason — e, mais
uma vez, quanto mais baixo o número, melhor o prognóstico.
Esse
resultado também ajuda a determinar o grau de agressividade do tumor, que é
dividido em cinco categorias principais.
O
Cancer Research UK, uma associação que arrecada fundos para pesquisas em
oncologia no Reino Unido, pondera que "pode ser bem difícil entender o que
todos esses escores e graus significam", então é importante sempre
conversar com profissionais da saúde após um diagnóstico.
Ainda
segundo a entidade, esses escores e graus podem ser combinados da seguinte
maneira:
• Escore de Gleason 6 (3+3), grau 1 (risco
muito baixo): as células cancerosas se parecem muito às células normais da
próstata. O tumor provavelmente vai crescer muito devagar ou nem irá se
desenvolver;
• Escore de Gleason 7 (3+4), grau 2 (risco
baixo): a maioria das células cancerosas se parecem às células normais da
próstata. O tumor deve crescer bem devagar;
• Escore de Gleason 7 (4+3), grau 3
(intermediário favorável): as células cancerosas já se assemelham menos às da
próstata saudável. O tumor possivelmente vai crescer numa taxa moderada;
• Escore de Gleason 8 (4+4), grau 4
(intermediário desfavorável): as células cancerosas estão em maior quantidade e
devem crescer numa taxa moderada a rápida;
• Escore de Gleason 9 ou 10 (4+5, 5+4 ou
5+5), grau 5 (alto risco): as células cancerosas estão bem alteradas e é
provável que a doença evolua com mais rapidez.
No caso
do ex-presidente Biden, o comunicado detalha que ele foi diagnosticado com um
escore 9 grau 5 — o que significa uma doença avançada.
Vale
lembrar que este é um dos métodos de avaliar esse tipo de enfermidade. Médicos
também levam em conta fatores como o nível de PSA no sangue, a localização e a
extensão do tumor, a presença de nódulos em outras partes do organismo, entre
outros.
• O tratamento do câncer de próstata
As
terapias disponíveis para lidar com esse tipo de tumor evoluíram
consideravelmente nos últimos anos — e, hoje, médicos e pacientes conseguem
decidir qual a melhor abordagem de acordo com o estágio da doença.
Nos
casos menos graves, classificados como grau 1 ou 2, a estratégia pode envolver
até a chamada "vigilância ativa", ou seja, não fazer nenhum
tratamento ou cirurgia, apenas acompanhar como o quadro se comporta.
Como
nesses casos o tumor praticamente não cresce (ou evolui bem devagar), há um
consenso de que intervenções podem trazer mais prejuízos do que a doença em si.
Já para
os quadros mais avançados, com score de Gleason elevado ou grau 3, 4 e 5, há
uma série de opções terapêuticas disponíveis.
A
escolha depende das características do paciente e também do câncer. Afinal,
pode ser que as células cancerosas que ele carrega sejam mais suscetíveis a um
tratamento ou outro.
Para
decidir o melhor caminho a seguir, o médico costuma solicitar uma série de
testes, que vão desde o PSA e a biópsia até o sequenciamento genético do tumor
ou exames de imagem mais elaborados.
Um dos
tratamentos mais usados nesse contexto é a cirurgia. Há também os métodos que
tentam eliminar as células cancerosas por meio da radiação (radioterapia), do
frio (crioterapia) ou do calor (ultrassom de alta intensidade).
Se o
tumor for sensível aos hormônios, como é o caso de Joe Biden, é possível também
partir para a hormônioterapia.
O
objetivo aqui é inibir a produção de testosterona, que serve como um
combustível para a proliferação das células doentes.
A
Sociedade Americana de Câncer explica que a maioria dos casos mais avançados,
onde foi detectada metástase, não podem ser curados, mas são tratáveis.
"Os
objetivos do tratamento nessas situações é manter o câncer sob controle pelo
tempo que for possível e melhorar a qualidade de vida", detalha a
entidade.
Entre
as alternativas disponíveis para esse estágio, é possível fazer a
hormônioterapia, a radioterapia, a cirurgia para aliviar sintomas (como
sangramento ou obstrução urinária) ou a observação dos sintomas.
Outra
possibilidade é participar de estudos clínicos que avaliam o potencial de novas
drogas e intervenções cirúrgicas.
O Inca
estima 71,7 mil novos casos de câncer de próstata e 16,3 mil mortes em
decorrência dessa doença todos os anos no Brasil.
Fonte:
BBC News Brasil

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