O
novo inferno astral de Rui Costa. Jerônimo, o governador reborn e a viagem do
improdutivo à China
O
ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), vive um novo inferno astral em Brasília
após ser acusado de vazar para a imprensa o fatídico episódio da primeira-dama
Janja da Silva com o presidente da China, Xi Jinping, sobre o Tik Tok, durante
agenda do presidente Lula (PT) no país asiático. Nas rodas de conversa na
capital federal, o caso não é novidade, visto que Rui já era suspeito de ter
vazado para a mídia outros episódios envolvendo Janja e até “tretas” internas
no Palácio do Planalto, especialmente aquelas relacionadas a desafetos dele.
Diante do caso, o ministro vem sendo chamado de “plantador de notas oficial da
República”. O mais curioso, apontam parlamentares, sob reserva, é que Rui
sempre foi avesso ao trabalho da imprensa, vide sua passagem pelo governo da
Bahia, onde costumava dar tratamento hostil a profissionais da comunicação.
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Depois da queda, o coice
Para
completar a nova fase turbulenta, Rui viu a Controladoria-Geral da União (CGU)
constatar possíveis irregularidades dele no uso de verbas do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC) para obras nos municípios Ipiaú e Itagibá, na
região onde ele supostamente tem uma fazenda registrada no nome de uma aliada
política local. O caso, entretanto, foi arquivado pela Comissão de Ética
Pública (CEP) da Presidência. A CGU, por outro lado, identificou “situações que
podem configurar, em tese, conflito de interesses ou infração ao Código de
Conduta da Alta Administração”. Congressistas já dizem que a oposição vai
explorar o caso para desgastar ainda mais o ministro, que, de fato, vive um
novo inferno astral.
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Governador Reborn
Um
comentário espirituoso fazendo menção à tendência dos “bebês reborn” arrancou
risos de uma roda de políticos esta semana. O comparativo com os bonecos
realistas, que parecem de verdade, mas não o são, mirou o desempenho do
governador Jerônimo Rodrigues (PT). “É o nosso governador reborn, parece que é,
mas não governa”, disse um crítico ácido do petista. Até aliados que ouviram a
piada não conseguiram evitar a gargalhada.
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Turismo oficial
Por
falar em Jerônimo, a nova viagem do governador à China, integrando a comitiva
de Lula, rendeu muitos vídeos para as redes sociais, é verdade, mas deve
terminar sem nada de concreto para a Bahia. Não houve nenhum avanço em relação
à Ponte Salvador-Itaparica, projeto tão alarmado por Jerônimo, mas que segue
indefinido. Inclusive, numa reunião com o presidente chinês Xi Jinping, Lula
levou seus ministros, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o deputado
federal Elmar Nascimento, que representou a Câmara, mas Jerônimo ficou de fora.
Ou seja, aparentemente, nem mesmo Lula está interessado no projeto da prometida
ponte.
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Realidade à porta
Tem
sido cada vez mais raro ver aliados do governador Jerônimo Rodrigues na tribuna
da Assembleia Legislativa defendendo ações da administração estadual,
principalmente depois do próprio governador ter admitido publicamente que sua
gestão não anda nada bem. Não foi diferente esta semana, quando o Atlas da
Violência mostrou que pela nona vez consecutiva a Bahia segue no topo do
ranking nacional de homicídios com quase sete mil ocorrências em 2023. O que se
ouviu nos bastidores entre os governistas foi que o cenário não oferece mais
margem para relativizar os números nem blindar o governador. “A realidade bateu
à porta”, disse um apoiador do petista.
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Envelheceu mal
Desta
vez, o PT também não conseguiu sequer explorar aquela antiga tese de que o
combate à violência não se faz apenas com polícia, mas com políticas sociais,
educação, cultura, lazer e geração de empregos. Isso porque a Bahia também está
com os piores indicadores sociais do Brasil: com a maior taxa de desempregados,
com a segunda pior educação do país, com o maior número de pessoas analfabetas
acima de 15 anos e com espaços culturais e de lazer completamente degradados, a
exemplo do antigo Centro de Convenções, do Parque Metropolitano de Pituaçu e do
Teatro Castro Alves - fechado desde janeiro de 2023 após um princípio de
incêndio. O discurso petista envelheceu mal junto com um pacote de programas
sociais que não entregaram o resultado esperado.
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Futuro incerto
Integrantes
da base governista na Bahia preveem que o PDT pode passar por maus bocados nas
eleições do ano que vem com o retorno à aliança com o PT. Analistas apontam que
a formação das chapas de parlamentares estaduais e federais pode ser
comprometida, a ponto de colocar em risco a reeleição do deputado Félix
Mendonça Jr, presidente da legenda no estado. Caciques da base dizem que as
diferenças entre Félix e Rui Costa são históricas e que o ministro não pretende
mover uma palha para ajudar o pedetista. “Pelo contrário. Rui nunca engoliu a
mudança de Félix no passado e se tiver a oportunidade vai matá-lo
politicamente”, avaliou um influente parlamentar baiano.
• Oposição foca em empréstimos de
Jerônimo: ‘Poderia construir duas pontes’
A
aprovação de mais dois pedidos de empréstimos pelo governo de Jerônimo
Rodrigues (PT) voltou a gerar críticas da oposição na Assembleia Legislativa da
Bahia (ALBA). Nesta semana, com votos contrários da bancada oposicionista, o
plenário aprovou a solicitação de R$ 4,5 bilhões em novos financiamentos. O
líder da oposição, deputado estadual Tiago Correia (PSDB), criticou o que
classificou como pressa na tramitação dos projetos e falta de transparência
sobre a destinação dos recursos.
“Hoje o
governo, com a mesma pressa de sempre, mobilizou sua bancada para aprovar mais
R$ 4,5 bilhões em empréstimos em regime de urgência, sem discutir a matéria nas
comissões temáticas da Casa nem explicar o que exatamente será feito com tanto
dinheiro”, afirmou Tiago Correia, apontando o ritmo acelerado com que os
pedidos vêm sendo encaminhados ao Legislativo.
“De
2023 para cá já são 18 pedidos enviados à Assembleia, que formam o total de R$
18,2 bilhões — o que dá uma média de um pedido de R$ 1 bilhão a cada 45
dias", acrescentou o deputado estadual.
Segundo
o tucano, o governador Jerônimo Rodrigues estaria esvaziando o papel da
Assembleia Legislativa ao transformar a Casa “em um mero balcão de crédito”.
“Nos parece uma condução completamente inapropriada e que cria um endividamento
assombroso para o futuro da Bahia. O governador transformou a Assembleia em um
mero balcão de crédito, sem a menor transparência”, declarou.
Na
mesma linha, o vice-líder da oposição, deputado Alan Sanches (União Brasil),
também criticou o volume acumulado de empréstimos durante a atual gestão. Ele
comparou os R$ 18,2 bilhões já autorizados em dois anos e quatro meses de
governo com o orçamento estimado da ponte Salvador-Itaparica, avaliado em R$
10,42 bilhões pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
“Pela
quantidade de empréstimos solicitados, Jerônimo já poderia construir duas
pontes Salvador-Itaparica. Será que ele não está sabendo utilizar esses
recursos ou será que é apenas para fazer política?”, questionou Alan Sanches.
Ele
também alfinetou as tratativas do governo com investidores chineses para a
construção da ponte. “Com esse recurso já aprovado pela Casa, ele não
precisaria de chinês nenhum, porque ele já tem o recurso que essa Casa
autorizou”, disse.
Para o
parlamentar, o entrave não é financeiro. “Eu estou provando que a questão não é
financeira, o governo já tem esse recurso. O que falta é vontade política. O
que falta no governo do Estado é vontade política para resolver, para pegar
aquele Recôncavo todo e levar um grande desenvolvimento para aquela região. É o
que falta, porque o recurso já chegou”, completou o deputado Alan Sanches.
• Rui Costa vê “fogo amigo” em vazamento
sobre fala de Janja na China
O
ministro da Casa Civil, Rui Costa, viu “fogo amigo” contra si ao ser apontado
como principal suspeito de ter vazado a fala da primeira-dama Rosângela da
Silva, a Janja, em reunião com o presidente da China, Xi Jinping. Segundo
relatos feitos à Coluna do Estadão por integrantes da comitiva que viajou para
o país asiático, Costa disse que o problema não são apenas os bolsonaristas,
mas também “traíras” no próprio governo Lula. Procurado, o ministro não
comentou.
Aliados
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva relataram à Coluna um clima de total
desconfiança na viagem após vir à tona que Janja gerou constrangimento ao pedir
a palavra para falar com Xi Jinping sobre o TikTok, rede social chinesa
apontada pela primeira-dama como instrumento da extrema-direita no Brasil.
Irritado,
Lula comentou o assunto em entrevista coletiva e disse que foi ele quem trouxe
o TikTok à tona na reunião com Xi Jinping. “Alguém teve a pachorra de ligar
para alguém e contar uma conversa de um jantar muito confidencial e pessoal”,
disse o presidente da República. O petista disse que estavam no encontro apenas
o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o deputado Elmar Nascimento
(União-BA) e alguns ministro.
Rui,
então, virou o principal suspeito entre os ministros, de acordo com relatos nos
bastidores. Integrantes da comitiva dizem ver uma tentativa de outros membros
do governo de “queimar” o petista com Lula e Janja.
O
ministro da Casa Civil protagonizou diversos embates no governo Lula ao longo
dos últimos anos. O mais emblemático foi a disputa com o ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, sobre os rumos da política econômica. A Casa Civil também
travou por meses a PEC da Segurança, apresentada pelo ministro da Justiça,
Ricardo Lewandowski, e a Autoridade Climática, defendida pela ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, que até hoje não saiu do papel.
• O fofoqueiro de Pequim: quem vazou a
reunião que gerou constrangimento após
fala de Janja sobre o TikTok
A
exitosa visita de Luiz Inácio Lula da Silva à China foi alvo de uma tentativa
de criação de falsa polêmica a partir de um boato divulgado em artigo pela
jornalista Andreia Sadi de um suposto “climão” durante um jantar reservado
entre o presidente brasileiro e o mandatário chinês, Xi Jinping. Segundo o
boato, a primeira-dama, Janja, teria causado desconforto ao comentar sobre o
TikTok. No entanto, Lula desmentiu veementemente a história e esclareceu os
fatos.
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A versão de Lula
Lula
rebateu as especulações e explicou que foi ele mesmo quem introduziu o tema da
regulação digital no encontro com Xi Jinping. “Eu perguntei ao companheiro Xi
Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele
para a gente discutir a questão digital, e sobretudo o TikTok”, disse o
presidente.
Lula
ainda afirmou que a participação de Janja foi pertinente e respeitosa, sendo
ela uma das principais vozes no debate sobre a regulamentação das redes
sociais, especialmente após o trágico caso da morte de uma criança de oito anos
relacionada ao TikTok.
Lula
criticou a tentativa de criar um clima negativo, saindo em defesa da
primeira-dama. Ele também destacou que a conversa no jantar era confidencial e
que a divulgação dos detalhes causou estranheza. "A primeira coisa que eu
acho estranho é como essa pergunta chegou à imprensa, porque estavam só meus
ministros lá", afirmou Lula, sugerindo que alguém dentro da comitiva teria
vazado as informações.
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Quem vazou?
Informações
de bastidores dão conta de que o principal suspeito de espalhar o boato de
suposto "climão" no jantar com Xi Jinping seria Elmar Nascimento
(União-BA). Durante a coletiva, Lula mencionou nominalmente Elmar e o
presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) como os presentes no jantar,
deixando claro que ambos estavam acompanhando a reunião em nome da Câmara dos
Deputados e do Senado. No entanto, ao citar primeiro o nome de Elmar, Lula
sinalizou que o deputado poderia ser o responsável pelo vazamento.
Essa
especulação ganha força diante da postura recente de Elmar Nascimento: apesar
de, teoricamente, compor a base de Lula na Câmara, ele votou favoravelmente à
suspensão da ação penal por tentativa de golpe de Estado contra Alexandre
Ramagem (PL-RJ), diretamente da cabine do avião presidencial, praticamente ao
lado de Lula, quando a comitiva estava a caminho da Rússia, dias antes da
visita à China. O voto de Elmar para trancar a ação penal de Ramagem no Supremo
Tribunal Federal (STF), naturalmente, vai contra os interesses do governo,
visto que tal medida visa beneficiar Jair Bolsonaro e os golpistas que tentaram
um golpe para impedir a posse de Lula.
• Primeiro ano do governo Jerônimo foi
mais violento que início da gestão Rui Costa
O
primeiro ano do governo de Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia registrou mais
violência do que o início da gestão do seu antecessor, Rui Costa (PT). Os dados
são do Atlas da Violência 2024, divulgado nesta semana pelo Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea).
Em
2023, primeiro ano da gestão Jerônimo, foram registrados 6.616 homicídios no
estado. O número é 10% maior que o registrado em 2015, primeiro ano de Rui
Costa à frente do governo, quando houve 6.012 assassinatos.
Ao
longo dos oito anos de Rui no comando do Executivo baiano (2015 a 2022), o
estado contabilizou 54.633 mortes violentas, conforme os dados mais recentes do
levantamento.
Fonte:
Correio/Tribuna da Bahia/Fórum

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