sexta-feira, 16 de maio de 2025


 

“Não é o salário, é o ambiente”: Estudo revela o que realmente deixa funcionários felizes no trabalho

Um estudo liderado pelo pesquisador Fabrício Souza Ribeiro, com coautoria de Valdirene Ramos da Silva, Jhonata Jankowitsch e Robson Antonio Tavares Costa, acaba de colocar em xeque uma das maiores certezas do mundo corporativo: a de que o dinheiro é o principal motivador no ambiente de trabalho. A pesquisa, publicada na International Journal of Professional Business Review, conclui que fatores como suporte emocional, reconhecimento e organização do espaço têm mais peso na felicidade dos colaboradores do que o salário.

O estudo foi realizado com 72 funcionários de um cartório em Goiás e utilizou análise estatística baseada em correlação de Pearson. Entre os achados mais curiosos, está a forte correlação entre altos níveis de estresse e melhorias no ambiente de trabalho. Aparentemente paradoxal, o dado aponta que o estresse pode funcionar como um alerta para ajustes organizacionais que beneficiem todos.

Já a correlação entre suporte organizacional e saúde mental foi significativa (r = 0,71), reforçando o peso de políticas internas de bem-estar — como apoio psicológico, canais abertos de comunicação e valorização humana — na construção de um ambiente mais saudável e produtivo.

“É interessante ver como a meritocracia, quando bem aplicada, impacta positivamente na motivação”, comenta Ribeiro. O estudo identificou uma forte correlação entre reconhecimento por mérito e satisfação no trabalho (r = 0,75). Mas alerta: sem equilíbrio, esses critérios podem gerar competição tóxica e clima pesado.

Outro ponto que chama a atenção é a ausência de relação entre produtividade e melhorias no ambiente físico de trabalho (r = 0,00). Isso sugere que a motivação para produzir vai muito além de um bom mobiliário ou café de qualidade — e toca em questões subjetivas, como propósito, engajamento e liderança empática.

O estudo também explora teorias como o modelo PERMA, de Martin Seligman, que associa bem-estar a cinco pilares: emoções positivas, engajamento, relacionamentos, sentido e realização. No campo prático, os pesquisadores recomendam a implantação de programas contínuos de avaliação interna, com foco na escuta ativa e na saúde mental dos colaboradores.

Publicado em janeiro de 2025, o trabalho aponta ainda que a felicidade no trabalho deixou de ser um “plus” e passou a ser uma questão estratégica de sobrevivência e inovação no mercado corporativo. Em tempos de alta rotatividade e burnout generalizado, entender o que realmente motiva as pessoas pode ser o diferencial entre uma empresa que cresce e outra que afunda.

A pesquisa foi feita na Logos University Int dos Estados Unidos.

        Local de trabalho não deve gerar sofrimento ao empregado

As empresas públicas e privadas que têm empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) terão que criar seus próprios mecanismos para identificar e gerenciar o estresse, o assédio, a carga mental excessiva e garantir que seus colaboradores não adoeçam em função do trabalho.

O prazo para essas adequações termina em 26 de maio. A fiscalização será feita pelos auditores fiscais do Trabalho e as companhias que descumprirem as regras poderão sofrer autuações.

As medidas constam na NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), que foi atualizada em 28 de agosto de 2024 e estabeleceu prazo de 270 dias para as adaptações. O documento esclarece que as empresas são responsáveis em propiciar um lugar seguro e que preserve a saúde mental de seus colaboradores.

<><> Avanço inédito

“Essa é a primeira vez na história que a saúde mental vai integrar os relatórios de risco ocupacional. Assim como as companhias são obrigadas a fornecer Equipamentos de Proteção Individual (EPI) aos empregados quando houver riscos de acidentes, elas também deverão garantir que o local das atividades não traga sofrimento ao colaborador”, explica o advogado especialista em Direito do Trabalho, José Roberto Almeida.

O advogado trabalhista salienta que a mudança incluiu os riscos psicossociais – além dos já existentes cuidados físicos, químicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos – ao escopo da gestão para garantir o bem-estar no ambiente laboral.

<><> Motivos e números de afastamentos

Segundo a NR-1, o intuito dessa medida é prevenir doenças ocupacionais, afastamentos e ações trabalhistas.

De acordo com o INSS, só em 2024 foram 3,5 milhões de pedidos de licença por várias doenças. Desse total, 472 mil solicitações foram atendidas por questões de saúde mental. No Paraná, em 2024 foram 24.706 afastamentos por saúde mental, 6.026 por ansiedade e 5.993 por depressão.

As metas excessivas, as jornadas extensas, o estresse contínuo, a pressão por resultados, o assédio moral, conflitos interpessoais, falta de autonomia, condições precárias de trabalho e a falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional estão entre as causas mais comuns desses afastamentos.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 12 bilhões de dias úteis sejam perdidos globalmente, todos os anos, devido à depressão e ansiedade. Isso representa perda de US$ 1 trilhão por ano.

<><> Dúvidas comuns

Para esclarecer as novas obrigações das empresas sobre a NR-1, o advogado José Roberto Almeida – que é mestre em Direito Empresarial e Cidadania pelo UniCuritiba e membro da Associação dos Advogados Trabalhista do Paraná – responde às dez dúvidas mais comuns sobre o tema. Confira.

1) Quem atualizou a NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1)?

R= Essa mudança aconteceu em 28 de agosto de 2024 pelo Ministério do Trabalho e Emprego. As empresas têm 270 dias para fazerem adequações e o prazo termina em 25 de maio de 2025.

2) Essa atualização da NR-1 impacta todas empresas?

R= Essa atualização vale para todas as empresas públicas e privadas – independentemente do porte ou setor – órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério Público que tenham pelo menos um empregado que atua pelo regime de CLT, ou seja, que atua com carteira assinada e tenha vínculo empregatício.

Essa atualização não vale para prestadores de serviços terceirizados.

3) Quantos empregados com carteira assinada existem no Brasil?

R= Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), o Brasil tinha – no fim de 2024 – 47,21 milhões de trabalhadores na ativa com carteira assinada; crescimento de 16,5% em relação ao ano anterior.

4) O que são os riscos psicossociais?

R= São condições que podem afetar a saúde mental e física dos trabalhadores. Eles podem ser causados por fatores Organizacionais, Comportamentais ou Ambientais.

Entre os fatores Organizacionais mais comuns estão a carga de trabalho excessiva, falta de autonomia, cobrança excessiva, trabalho precário, insegurança no emprego, falta de apoio da liderança.

Os fatores Comportamentais mais comuns incluem assédio moral e sexual, conflitos com colegas de trabalho, discriminação, falta de reconhecimento. Já os fatores Ambientais mais comuns envolvem ruído excessivo, iluminação inadequada, problemas na ergonomia, calor extremo.

5) Quais são as consequências dos riscos psicossociais?

R= Se esses fatores não tiverem o devido cuidado, podem causar nos empregados situações de estresse, ansiedade, depressão, apatia, insegurança, fobia, falta de contração, baixa produtividade, perda de memória entre outros problemas de saúde.

6) O que as empresas podem fazer para se adequarem à atualização da NR-1 e diminuir os riscos psicossociais?

R= Podem criar pesquisas internas para “entender as dores de cada setor”. Isso inclui avaliar o volume de trabalho, a carga horária, o ajuste de metas possíveis de serem atingidas, a comunicação entre líderes e subordinados, canais específicos para contatos com a área de recursos humanos.

Também podem desenvolver um plano detalhado sobre os perigos associados às funções e as medidas preventivas específicas para cada risco identificado. Em seguida, podem capacitar os trabalhadores com palestras, treinamentos, procedimentos de segurança, manter os registros e documentações atualizadas sobre inspeções, capacitações e acidentes ocorridos.

As empresas ainda podem distribuir as tarefas de forma equitativa, garantir que os prazos sejam razoáveis, incentivar a participação dos empregados na tomada de decisões, disponibilizar acesso a serviços de apoio psicológico. Se necessário, podem solicitar a ajuda de especialistas, consultores, advogados trabalhistas.

7) Isso vai aumentar os custos para as empresas?

R= O custo não é elevado. Para adequar a documentação relacionada aos riscos ocupacionais, o valor pode ser próximo de R$ 2 mil (dois mil reais).

Vale ressaltar que caberá à empresa investir na capacitação e conscientização dos seus gestores e de todo o time. Isso vai tornar o ambiente de trabalho saudável, seguro e pode impactar diretamente na maior produtividade da empresa.

A experiência mostra que o custo da prevenção e do ajuste às regras – que tornam o meio ambiente de trabalho equilibrado – é menor do que aquele decorrente de afastamentos de empregados por doenças adquiridas na empresa, de gastos com pagamento de multas administrativas ou condenações na Justiça do Trabalho.

8) Quem vai fiscalizar as empresas? Poderá haver punições?

R= A fiscalização será feita pelos auditores-fiscais do Trabalho. As companhias que descumprirem as regras poderão sofrer autuações.

9) O empregado poderá fazer denúncias?

R= Sim. Isso pode ser feito ao superior imediato, ao RH da empresa ou até mesmo ao Ministério Público do Trabalho.

Se o Ministério Público do Trabalho entender que o caso atinge uma coletividade de trabalhadores, poderá instaurar um procedimento preparatório de investigação ou até mesmo um inquérito civil em face da empresa.

10) De modo geral, a atualização da NR-1 é benéfica para empresas e empregados?

R= Sim, é um avanço para ambos os lados. Isso vai colocar as empresas brasileiras nos patamares das melhores companhias que ajudam a cuidar da saúde física e mental dos colaboradores.

Outra vantagem nem sempre percebida por alguns gestores – mas que acontece de fato – é o ganho de produtividade. Afinal, o ambiente de trabalho saudável gera mais satisfação e melhores resultados tanto ao trabalhador, quanto ao empresário.

        Mais da metade dos jovens no Brasil associam saúde e bem-estar ao equilíbrio emocional, aponta pesquisa

Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a Neo Química, marca líder no mercado brasileiro de medicamentos em unidades vendidas¹, mostra que 52% dos jovens no Brasil entre 18 e 29 anos associam saúde e bem-estar ao equilíbrio emocional, e para 17% esse é o principal significado de saúde e bem-estar frente à alimentação saudável e dormir bem. Além disso, os jovens enxergam o acompanhamento da saúde mental como principal hábito para uma vida saudável, com 16% das menções, empatado com hidratação adequada e alimentação saudável.

Leia também – Excesso de telas pode afetar a saúde mental do idoso, revela pesquisa

O estudo também apontou que ter saúde aparece em 3º lugar (11%) como principal sonho para os jovens, ficando atrás ter casa própria (28%) e ter um negócio próprio (27%). Um em cada quatro buscam informações sobre bem-estar e hábitos saudáveis na rede social TikTok, sendo que, no total, 16% dos brasileiros de modo geral usam o meio para encontrar esse tipo de informação. Outro destaque da pesquisa é que 70% dos jovens consomem, mesmo que raramente, vitaminas ou suplementos alimentares – para 66%, a melhoria na saúde em geral e aumento de energia foram as razões para iniciar o consumo.

“Os dados dessa pesquisa comprovam uma crescente preocupação da população brasileira com a saúde neste período pós-pandemia. Os jovens brasileiros estão nos mostrando que saúde vai muito além do físico – é sobre equilíbrio emocional, prioridades reais e escolhas conscientes. Essa geração, marcada pela pandemia, ressignificou o conceito de bem-estar, trazendo a saúde mental para o centro da conversa. Mais do que nunca, vemos um movimento claro: cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo. Isso revela uma mudança de paradigma poderosa, onde a saúde se torna um pilar para sonhos maiores e mais conectados com a realidade”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

<><> Saúde na classe C

A pesquisa foi realizada com brasileiros de diversas faixas etárias e classes sociais ABC, mostrando que saúde é um dos maiores desejos da classe C brasileira, com foco em práticas de autocuidado e prevenção: 1 em cada 5 relatam que ter saúde é seu maior sonho, 87% dizem que a preocupação com a saúde aumenta ao longo do tempo, e 30% associam saúde e bem-estar a condições financeiras.

Sobre o consumo de vitaminas e suplementos, 91% dos brasileiros da classe C acreditam que a utilização de vitaminas e suplementos são importantes para uma vida saudável, sendo que 7 em cada 10 (71%) consomem, mesmo que raramente, vitaminas ou suplementos alimentares. Destes, 81% percebem melhorias de saúde após o início do consumo de vitaminas ou suplementos alimentares e 52% notam grandes melhorias de saúde.

“Uma quantidade equilibrada de vitaminas pode trazer benefícios para o corpo, ajudando no fortalecimento de músculos e ossos, reforço da imunidade, entre outros benefícios. Afinal, elas são moléculas orgânicas necessárias para o funcionamento adequado do organismo, e há casos em que realmente a suplementação ou a reposição podem ser necessárias. Mas é sempre importante buscar orientação médica”, orienta o Dr. Márcio de Queiroz Elias – CRM 82558/SP, gerente médico da Neo Química.

<><> Metodologia

A pesquisa nacional do Instituto Locomotiva foi realizada para aprofundar o entendimento de qualidade de vida e bem-estar para a população brasileira, mapeando hábitos e cuidados no contexto pós-pandemia e indicando caminhos que podem contribuir com o bem-estar da população.

O estudo foi desenvolvido em duas etapas: qualitativa e quantitativa. Na primeira, foram formados seis grupos de discussão online, compostos por homens e mulheres com mais de 25 anos, das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, pertencentes às classes sociais B e C. Na etapa quantitativa, foi realizada uma pesquisa digital com 1.408 pessoas maiores de idade, das classes A, B e C, de todas as regiões do Brasil. A margem de erro da pesquisa é de 2,6 pontos percentuais, o que significa que os resultados podem variar dentro dessa faixa.

 

Fonte: Saúde & Bem Estar


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