segunda-feira, 19 de maio de 2025

Malafaia admite receber doações em dinheiro vivo

O pastor Silas Malafaia admitiu, em um áudio enviado ao ICL Notícias, que ele próprio recebeu doações em dinheiro vivo para a Associação Vitória em Cristo (Avec), a entidade que sustenta seu programa de televisão e é ligada a sua igreja, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Advec). O pastor, porém, não informou os valores dessas doações e sustenta que recebeu a maior parte por boletos. Até esse momento, ele dizia que só recebia doações por boleto.

“Só para deixar bem claro: a grande, grande, grande, parte para contribuições para a Avec tem CPF ou CNPJ e são feitas através de boleto. Poucos são depósitos em dinheiro, que foram feitos, porque eu recebo, eu viajo, viajo para lá e para cá, aí me dão oferta para a associação e que eu entreguei para depositar ou na igreja. Não dá nem para comparar com a arrecadação que vem através de boletos”, afirmou Malafaia.

Esse são alguns dos dados exclusivos de “Império Malafaia”, reportagem especial do site do ICL Notícias e também do podcast de quatro episódios, disponível semanalmente desde o dia 9 de maio no canal do ICL no YouTube e nas plataformas de áudio. O segundo episódio foi publicado nesta sexta-feira (16).

Em um processo na Receita Federal, em 2010, os auditores verificaram que a Avec tinha recebido R$ 98 milhões, no ano de 2010, e que 60% do dinheiro veio de doações acima de R$ 100 mil, parte delas oriundas do exterior. Juntas, essas contribuições de alto valor representavam quase R$ 55,7 milhões em valores da época. A Receita cobrou a identificação dessas doações e a Avec se recuou a fazer isso.

Paulo Corval, professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense, explicou que “o adequado e de boa governança é você ter transparência de quem te doou. E mais, é o que eu te disse, movimentações dessa ordem tem regras do Bacen, tem regras da própria Receita que tem ser identificadas quando tramitam no âmbito bancário. O único jeito de não ser identificado é se ela for em dinheiro vivo”.

A admissão de Malafaia de que recebeu dinheiro vivo ocorreu depois de uma contradição. Em novembro, na primeira entrevista ao ICL Notícias, ele não mencionou ter recebido dinheiro vivo. “Que conversa fiada é essa? Se o dinheiro que entra não é dinheiro na mão, é boleto bancário. Prestação no Imposto de Renda, isso é papo! Olha o jogo como é perverso. Igreja ou entidades sem fins lucrativos não pagam imposto de renda. Mas é obrigado a declarar à Receita, então isso é conversa fiada. E ainda mais a minha entidade! Sabe como a gente recebia oferta? Boleto bancário! Na época a força era boleto. Depois mudou, Pix e o escambau. Mas na época das arrecadações grandes, que é isso aí, boleto bancário”, afirmou Malafaia.

•        A indireta de Malafaia para Eduardo Bolsonaro: “Para de falar asneira”

Crise no petit comité do bolsonarismo? Como se sabe, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado do cargo e vivendo nos EUA, tem sido um dos maiores defensores das políticas anti-migração do presidente estadunidense Donald Trump.

Em vídeo que circula pelas redes, Eduardo Bolsonaro defende que imigrantes brasileiros que forem presos nos EUA sejam enviados para a mega-prisão de El Salvador, comandada a mão de ferro pelo Nayib Bukele e que está repleta de denúncias de violações de direitos humanos.

Logo após este vídeo circular, o pastor Silas Malafaia publicou um vídeo onde, sem citar diretamente Eduardo Bolsonaro, detona o deputado e outros bolsonaristas que têm defendido a política anti-imigração de Donald Trump.

"Eu estou vendo gente da direita defendendo Donald Trump [...] o que ele está fazendo, eu não vi outros fazendo. Parar carro na rua para ver se é imigrante. Entrar em casas aleatórias para saber se é imigrante legal. Nunca vimos isso. Essa perseguição, nessa modalidade, nesse tempo."

Em outro momento, o pastor sai em defesa dos imigrantes nos EUA: "A grande força do trabalho pesado na América é feita por imigrantes. Os serviços, também o trabalho pesado na agricultura e vai por aí afora. Não é feita por americanos não."

"E não é brincadeira também alguém do trabalho pesado se legalizar na América. Tem gente lá 20, 25 anos trabalhando e não consegue se legalizar [...] por que interessa manter milhões na ilegalidade? Subemprego. Pagar menos [...] grande parte dos que foram para lá, não foram para roubar nem nada disso não [...] então vamos devagar, não fica falando asneira."

No final do vídeo, Malafaia fala sobre o papel da Polícia Federal em torno dos imigrantes que vivem no Brasil: "Você já viu a Polícia Federal perseguir imigrantes ilegais aqui da África e da Bolívia? Não, muito pelo contrário. A PF intervém quando essa gente está sendo escravizada."

•        Eduardo Bolsonaro se alia ao pai em fogo contra Tarcísio, cortejado pela Terceira Via como anti-Lula

O levante de Michel Temer (MDB), que busca unir a direita sem Jair Bolsonaro (PL) em torno de uma candidatura da terceira via, implodiu a base bolsonarista e provocou um motim no núcleo mais próximo do ex-presidente, que mira no ex-ministro e governador paulista, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), a principal aposta da terceira via, que une uma parcela do Centrão, mídia liberal e Faria Lima, para enfrentar Lula em 2026.

Tarcísio tem correspondido aos flertes e, em Nova York nesta semana, conseguiu apoio de uma parcela significativa da burguesia brasileira e do sistema financeiro em encontro promovido pelo banco Citi - antigo Citibank.

O movimento de Tarcísio ao encontro do projeto de Temer despertou a ira do clã Bolsonaro que, primeiramente, acionou o guru Silas Malafaia - desafeto histórico do governador paulista - para atacar o emedebista e ventilar uma candidatura caseira para 2026.

"MENSAGEM PARA TEMER! Se existe uma articulação para um candidato da direita, caso o vergonhoso impedimento de Bolsonaro persista, o senhor esqueceu do candidato mais bem avaliado na pesquisa depois de Bolsonaro. MICHELLE! Ela reúne os votos dos bolsonaristas, direita, mulheres e evangélicos", disse Malafaia no X no último domingo (11).

Na quarta-feira (14), em entrevista ao Uol, Jair Bolsonaro sinalizou o fogo contra o aliado ao se esquivar de responder se apoiaria Tarcísio em uma disputa presidencial contra Lula.

Indagado sobre o movimento da terceira via - com o apoio da mídia liberal, inclusive do Uol - de lançar Tarcísio como candidato à Presidência em 2026. O ex-presidente gaguejou, mas não respondeu de forma direta.

"O Tarcísio acabou de dizer que direita sem Bolsonaro não existe. O que eu vejo são outros possíveis candidatos, numa linha que é direito deles, cada partido discute sua proposta", afirmou, tentando sair do assunto.

Bolsonaro, então, passou a desqualificar Tarcísio, dizendo que o governador não teria a experiência política que ele tem.

"E eu tenho [uma dívida] com Tarcísio também. Ele foi um excepcional ministro, um gestor fenomenal, que enfrenta seus problemas e não teve a vivência que eu tive de 28 anos de parlamento. Ele não tem essa experiência política e não é fácil essa experiência política porque, por vezes, você tem que engolir sapo pela fosseta lacrimal. O Tarcísio está aprendendo isso ai", disparou.

Para tentar fugir do tema, Bolsonaro sobre a possibilidade de lançar Michelle, em dobradinha com Malafaia.

"A Michelle não pediu para entrar em pesquisas. Botaram o nome dela e ela tem aparecido na frente do Lula. Quem é a Michelle? É uma pessoa que como primeira-dama, foi exemplar. Cuidou da questão social, das pessoas com doenças raras, da comunidade surda. E fez um trabalho, no meu entender, fantástico. Agora, ela é uma mulher, fala bem, é evangélica, então tem um carinho de uma parte considerável da população. Então, ela pode ser candidata? Não sei", afirmou.

Bolsonaro, então, falou de outro membro do clã que tem sido sondado para ser seu sucessor: o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP). "O outro é o Eduardo que está nos EUA. Aparece em pesquisa, perdendo para o Lula, mas aparece".

<><> Fogo em Tarcísio

Morando nos EUA, Eduardo se reuniu com representantes do Centrão para centrar fogo em Tarcísio, enquanto o governador paulista articulava apoios em Nova York, onde a burguesia financista brasileira participou de convescotes durante toda a semana com as eleições de 2026 como principal pauta.

Eduardo se reuniu com uma comitiva de deputados bolsonaristas, que aproveitaram o recesso forçado na Câmara - já que o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) também estava nos EUA - para definir estratégias eleitorais e de ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Eduardo também fez questão de divulgar nas redes uma foto com o deputado federal Maurício Neves (PP-SP), presidente paulista do Progressistas, principal partido em disputa pela terceira via.

Neves é um dos principais aliados de Tarcísio, que pode influenciar o pêndulo a favor do governador, influenciando o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, que tem negociado o apoio da sigla.

Segundo Bela Megale, no jornal O Globo, nas conversas com aliados, Eduardo Bolsonaro disparou críticas contra Tarcísio, mostrando-se irritado com as "demandas" apresentadas pelo clã ao governador, que não teriam sido atendidas.

O filho "03" de Bolsonaro ainda mirou Valdemar da Costa Neto, que simpatiza com a candidatura Tarcísio, reclamando não ter apoio financeiro do PL para levar adiante a conspiração que trama nos EUA.

Neste combo, Eduardo teria dito que Tarcísio não é o melhor candidato da direita para as eleições de 2026, sinalizando novamente a candidatura caseira que opõe ele próprio e a madrasta, Michelle Bolsonaro.

•        Eduardo articulou nos EUA designação de facções como terroristas para enviar imigrantes brasileiros às masmorras de El Salvador

Autoexilado nos Estados Unidos desde fevereiro, o deputado federal licenciado, Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, sugeriu à administração de Donald Trump que imigrantes brasileiros detidos nos Estados Unidos e suspeitos de envolvimento com o PCC e o Comando Vermelho sejam enviados para cumprir pena na megaprisão de El Salvador, o CECOT, denunciada por violações de direitos humanos.

As informações são do Mother Jones, que destacou em publicação na última semana o risco para a comunidade brasileira como um todo no país norte-americano.

Após analisar os acordos de extradição entre Brasil e EUA, Eduardo sugeriu que poderia ser possível fazer com que “criminosos brasileiros cumpram suas penas em prisões em El Salvador”. Tais "criminosos", segundo o Mother Jones, estariam presos nos EUA apenas por "supostas ligações" com as facções.

A proposta, que inclui a classificação desses grupos como organizações terroristas estrangeiras e já rechaçada pelo governo brasileiro, foi inspirada em ações anteriores de Trump contra gangues latino-americanas.

Apesar do apoio de Eduardo e de conversas com autoridades americanas, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende que a legislação brasileira não permite tal classificação.

 

Fonte: ICL Notícias/Fórum/Brasil 247

 

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