Eduardo
Bolsonaro se desespera após relatório da OEA não apontar censura no Brasil
O
deputado licenciado Eduardo Bolsonaro
(PL-SP),
que está morando nos Estados Unidos para conspirar contra a Justiça brasileira,
divulgou nesta quinta-feira (15) um vídeo em tom de desespero. O motivo
foi o relatório publicado
pela Organização dos Estados Americanos (OEA), por meio da Comissão Interamericana
de Direitos Humanos (CIDH), que frustrou as expectativas da extrema
direita brasileira.
O alvo
da crítica foi o documento elaborado por Pedro Vaca Villarreal, relator
especial para a liberdade de expressão da CIDH. Villarreal visitou o Brasil em
fevereiro com uma agenda voltada à análise da situação da liberdade de
expressão no país. Na ocasião, se reuniu com parlamentares de extrema direita —
muitos deles investigados por participação na tentativa de golpe de Estado e
disseminação de desinformação.
A
visita gerou entusiasmo entre bolsonaristas, que passaram a propagar a ideia de
que o relatório da OEA denunciaria uma suposta “censura” praticada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). Esperava-se que o documento servisse como instrumento
de pressão internacional contra os ministros da Corte.
No
entanto, o relatório publicado nesta semana não menciona o STF nem utiliza
o termo "censura" para descrever a situação no Brasil. Pior
ainda para os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro: o texto faz
críticas diretas a Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos principais expoentes da nova
direita.
“Chama
atenção a denúncia de que um deputado teria adotado conduta e discursos
transfóbicos em sessão plenária”, afirma o documento da CIDH, referindo-se ao
episódio em que Nikolas usou uma peruca amarela no plenário e declarou “se
sentir como uma mulher”.
O texto
ainda ressalta que Nikolas foi denunciado por 14 parlamentares e entidades
LGBTQIA+ por incitação ao ódio, ao afirmar que “as mulheres estão perdendo seu
espaço para homens que se sentem como mulheres”.
A OEA
também criticou o arquivamento das denúncias, justificadas pela imunidade
parlamentar. Segundo o relatório:
“Em
nenhuma circunstância a imunidade parlamentar poderá ser transformada em um
mecanismo de impunidade, uma questão que, se acontecer, corroerá o Estado de
Direito e será contrária à igualdade perante a lei”.
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“Até agora, nada”
Diante
da frustração, Eduardo Bolsonaro passou a desqualificar o organismo que antes
era exaltado como possível aliado na luta contra o STF. No vídeo divulgado, ele
ataca a OEA.
“Até
quando eles vão esperar pra começar a agir? Hoje em dia, eu mesmo tô exilado
aqui nos Estados Unidos, não tenho segurança pra retornar no Brasil e até agora
nada da OEA”, declarou, referindo-se à visita de Villarreal.
“Foram
ao Brasil muito pressionados porque o Trump, a nova administração Trump, tinha
acabado de sair da Organização Mundial da Saúde e eles teriam medo também que
os Estados Unidos saíssem da OEA, já que cerca de 50% do orçamento da OEA é
pago pelos cofres públicos norte-americanos”, acrescentou.
Eduardo
ainda ironizou o papel da organização, chamando-a de “irrelevante”:
“Então,
fica aqui nossa reclamação e o conselho para que não se dê mais moral pra OEA,
né. É realmente um órgão irrelevante que não atua em direção de defender as
liberdades (…) não vale a pena continuar mandando o dinheiro de vocês, pagador
de imposto brasileiro, para um órgão ineficiente, incompetente e que na prática
só tá servindo de cabide de emprego para muita gente ter uma vida boa aqui em
Washington”.
Com a
ausência de críticas ao STF e a condenação das atitudes de Nikolas Ferreira, o
relatório da OEA gerou um revés significativo para os bolsonaristas, que
agora atacam a instituição que, até então, consideravam uma aliada na ofensiva
contra o Supremo e as instituições democráticas brasileiras.
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Haddad cria "surpresa e apreensão" em bolsonaristas por pesquisa
eleitoral contra Eduardo Bolsonaro
Sem
mesmo se pronunciar sobre o desejo de Lula, de lançá-lo candidato ao Senado em
2026, o ministro da Fazenda Fernando Haddad causou "surpresa e
apreensão" entre apoiadores e aliados de Jair Bolsonaro (PL) ao ser
incluído no levantamento divulgado pelo Paraná Pesquisas nesta sexta-feira
(16).
O
pânico se dá em razão dos bolsonaristas acreditarem em uma praticamente certa
eleição de Eduardo Bolsonaro (PL) para o Senado em 2026. No entanto, a fuga do
"03" de Bolsonaro para os Estados Unidos fez a pré-candidatura perder
tração e Haddad surgir num cenário aterrorizante.
Pesquisa
estimulada, quando são citados os nomes dos candidatos, mostra Haddad com 32,3%
das intenções de votos, apenas 4,2 pontos atrás de Eduardo, que soma 36,5%. Com
a margem de erro de 2,4 pontos para mais ou para menos, o estudo mostra uma
situação de empate técnico entre os dois.
Outra
aposta da ultradireita bolsonarista, o secretário de Segurança Pública do
governo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), Guilherme Derrite (PL), surge
em terceiro, nove pontos atrás de Haddad. Em seguida, estão Ricardo Salles
(Novo) com 13,6%, Luiz Marinho (PT) com 10,7%, Mara Gabrilli (PSD) com 10,4%,
Renata Abreu (Podemos) com 6,7%, Cezinha da Madureira (PSD) com 3,7% e Giordano
(MDB) com 1,1%.
Eduardo
também não se sai bem na pesquisa espontânea, quando os nomes não são
apresentados. Nesse cenário, a liderança é de Eduardo Suplicy (PT) e Márcio
França (PSB), lembrados por 1,2% dos eleitores paulistas. Eduardo Bolsonaro vem
em seguida, com 1,1% de menções.
Na
sequência estão Derrite (0,5%), Haddad (0,4%), Salles (0,2%) e Renata (0,1%).
Nesse cenário, no entanto, 82,4% dizendo não saber ainda em quem votarão em
2026.
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Apreensão
De
acordo com Bela Megale, no jornal O Globo, a apreensão dos bolsonaristas se deu
pela distância, praticamente inexistente, entre Eduardo e Haddad. Ainda mais
sendo pelo Paraná Pesquisas, um instituto que tem feito diversos estudos para o
PL, de Valdemar da Costa Neto e Bolsonaro.
Aliados
do clã Bolsonaro acreditam ainda que Eduardo deve cair ainda mais nas pesquisas
por ter fugido para os EUA, perdendo a conexão e a representatividade de seus
eleitores.
Haddad,
por sua vez, ainda não decidiu o que fará em 2026. Lula já teria conversado com
o ministro e incentivado ele deixar o ministério em abril do ano que vem para
sair candidato ao Senado.
Como
Eduardo disse que só voltará ao Brasil após sanções de Donald Trump a Alexandre
de Moraes, algo improvável para acontecer, Haddad teria uma avenida para
desfilar e um álibi - do adversário fujão - para virar votos.
¨ Relatório da OEA
frustra extrema direita e traz críticas a Nikolas Ferreira
O novo
relatório da Organização
dos Estados Americanos (OEA), órgão ligado à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), frustrou bolsonaristas ao não
citar o Supremo
Tribunal Federal (STF). Pelo contrário, o documento faz críticas a um
dos políticos mais populares da extrema direita: o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
Divulgado
no dia 9 de maio, o documento analisa a situação dos direitos humanos nos
Estados membros da OEA, apresentando os progressos e os desafios.
Impulsionadores do falso discurso de uma "censura" promovida pelo STF
devido às condenações aos golpistas de 8 de janeiro, a extrema direita buscou
colocar expectativas na OEA para atacar a Corte.
No
começo deste ano, os bolsonaristas
estavam ansiosos pela visita ao Brasil do relator especial para a liberdade de
expressão da CIDH,
o colombiano Pedro Vaca Villarreal, para reforçarem esse discurso. No entanto,
a reunião não ocorreu como os bolsonaristas gostariam, o que fez com que eles
também acusassem a OEA de "censura".
Agora,
além da falta de apoio da OEA, o novo relatório da organização ainda trouxe
críticas contra Nikolas Ferreira em relação à sua atitude
transfóbica na Câmara dos
Deputados em 2023,
em que utilizou uma peruca no Dia da Mulher para debochar de mulheres
trans.
No
documento, a relatoria da OEA afirma que "chama atenção a denúncia de que
um deputado teria adotado conduta e discursos transfóbicos em sessão
plenária", se referindo ao episódio protagonizado por Nikolas.
"O
parlamentar foi indiciado por 14 parlamentares e associações representantes da
comunidade LGBTQIA+ de incitar o ódio ao usar uma peruca amarela e declarar que
"se sentia como uma mulher" e que "as mulheres estão
perdendo seu espaço para homens que se sentem como mulheres", destaca o
documento.
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Imunidade parlamentar
A OEA
ainda criticou o fato de as denúncias terem sido arquivadas devido à imunidade
parlamentar. “Por sua parte, a corte considera que em nenhuma circunstância a
imunidade parlamentar poderá ser transformada em um mecanismo de impunidade,
uma questão que, se acontecer, corroerá o Estado de Direito e será contrária à
igualdade perante a lei”, afirma o relatório.
Nikolas
foi processado no STF por parlamentares e entidades, mas o ministro André
Mendonça arquivou, no ano passado, as denúncias, alegando imunidade
parlamentar. No entanto, na esfera cível, o deputado foi condenado, no dia 30
de abril deste ano, ao pagamento de R$ 200 mil por danos morais coletivos.
Ainda cabe recurso.
¨ OEA reforça
compromisso do Brasil com direitos humanos e liberdade de expressão
A Organização dos Estados Americanos (OEA), por meio
da Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), confirmou o compromisso do
Brasil com a democracia e os direitos humanos após uma série
de encontros com representantes do governo, da sociedade civil, da imprensa e de
parlamentares, incluindo políticos bolsonaristas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A
missão oficial, liderada pelo relator Pedro Vaca Villarreal, ocorreu entre
os dias 9 e 14 de fevereiro, abrangendo visitas a Brasília, Rio de Janeiro
e São Paulo. O objetivo foi avaliar o estado da liberdade de expressão no país
e consolidar um relatório detalhado sobre os desafios e avanços no tema.
Entretanto, conforme revelado anteriormente pela Fórum, a visita teve
momentos de desconforto devido a declarações iniciais do
relator, que foram interpretadas como descontextualizadas e indevidas,
gerando atritos com autoridades brasileiras.
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Encontros e principais preocupações
Durante
a visita, a delegação da OEA reuniu-se com membros do governo federal,
incluindo o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da
Justiça e Segurança Pública, além de representantes do STF. Também participaram
jornalistas, organizações da sociedade civil e parlamentares da oposição,
como Marcel van Hattem (Novo-RS), Gustavo Gayer (PL-GO), Bia Kicis (PL-DF)
e Carla Zambelli (PL-SP).
O
relator destacou que um dos temas centrais da missão foi o equilíbrio
entre liberdade de expressão e discurso de ódio, ressaltando preocupações com
a falta de regulamentação clara sobre desinformação e o impacto das
redes sociais no debate público. Vaca também pontuou que houve relatos de
agressividade e ameaças contra jornalistas e defensores dos direitos
humanos.
O Itamaraty,
que tradicionalmente acompanha missões desse porte com uma postura diplomática
discreta, demonstrou incômodo com o tom adotado pelo relator nos
primeiros dias da visita. Segundo fontes da diplomacia brasileira, a falta
de contexto adequado em algumas falas de Vaca Villarreal
gerou interpretações equivocadas sobre a realidade do Brasil,
resultando em um esforço extra por parte das autoridades para
reequilibrar o tom do diálogo e evitar uma crise diplomática desnecessária.
Segundo
a relatoria, há uma preocupação crescente com discursos que
contestam a democracia e atacam instituições, além da disseminação de
informações falsas que comprometem o direito à informação. O relatório
preliminar também apontou para a necessidade de fortalecimento de
políticas públicas que garantam a segurança de comunicadores e ativistas.
Avaliação
do relator e expectativas para o relatório final
Ao
final da visita, Vaca Villarreal ressaltou o compromisso do
Brasil com a proteção da liberdade de expressão e
dos direitos humanos, destacando o diálogo aberto com diferentes
setores da sociedade. No entanto, alertou para desafios persistentes, como
a polarização política e os impactos da desinformação no
ambiente democrático.
A OEA
ainda irá consolidar todas as informações colhidas para um relatório
final, que será publicado nos próximos meses, apresentando recomendações
formais ao governo brasileiro e às instituições responsáveis pela garantia
dos direitos fundamentais.
Diplomatas
ouvidos pela Fórum indicam que o relatório poderá incluir sugestões
de medidas concretas para fortalecer a liberdade de imprensa e combater
ameaças a jornalistas. No entanto, há um receio de que o documento
acabe reproduzindo uma visão externa enviesada, sem considerar as
especificidades do contexto político e institucional do Brasil.
Nos bastidores,
integrantes do governo avaliam que a visita foi produtiva, mas que
a condução inicial do relator poderia ter sido mais
cuidadosa para evitar ruídos desnecessários. A expectativa agora é que o
relatório traga um panorama equilibrado e contribua para
o aperfeiçoamento das políticas de proteção à liberdade de
expressão no país.
¨ Carla Zambelli presa
e cassada: os próximos passos
A
deputada bolsonarista Carla Zambelli
(PL-SP) foi condenada à prisão e
à cassação do
mandato pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na última
quarta-feira (14), por crimes gravíssimos contra o Estado democrático de
Direito, envolvendo a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) em parceria com o hacker Walter Delgatti.
Na
denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, Paulo Gonet afirma
que Zambelli foi a autora intelectual da invasão e contratou Delgatti para
executar o crime, com objetivo de inserir nos sistemas do CNJ um mandado
de prisão falso e em aberto contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF,
entre outras manipulações ilegais.
O PGR
relacionou os crimes à incitação de atos antidemocráticos e escreveu que eles
foram cometidos visando a obtenção de “vantagem midiática e política” e “com o
fim de prejudicar a credibilidade e o regular funcionamento do Poder
Judiciário”.
Gonet
avaliou que os crimes foram de “gravidade acentuada”, pois tiveram “o propósito
espúrio de tentar colocar em dúvida a legitimidade e a lisura da administração
da Justiça, como estratégia para incitar a prática de atos antidemocráticos e
tentar desestabilizar as instituições republicanas".
De
forma unânime, os ministros da Primeira Turma decidiram condenar a deputada
bolsonarista a 10 anos de prisão em regime fechado, inelegibilidade com
base na Lei da Ficha Limpa e pagamento de R$ 2 milhões por danos morais e
coletivos.
Mas,
afinal, o que acontece agora?
Enquanto
a parlamentar dramatiza em entrevistas e seu partido tenta tumultuar o processo
constitucional, o caso segue os trâmites jurídicos finais no STF. Para entender
os próximos passos, Fórum entrevistou o advogado Israel Filipe
Fonseca Rosa, especialista em Direito Penal, que respondeu às principais
perguntas sobre o caso. Confira abaixo.
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Zambelli pode ser presa imediatamente?
Não.
Apesar da sentença, a prisão não será imediata. Como explica o advogado Israel
Rosa: “Enquanto houver possibilidade de recurso, Zambelli tem o direito de
permanecer em liberdade, amparada pelo princípio constitucional da presunção de
inocência que vigora até o trânsito em julgado. Conforme o entendimento atual
do STF, a pena só pode ser executada após o trânsito em julgado, ou seja,
apenas quando não couber mais nenhum recurso contra a condenação.”
Até lá,
mesmo condenada, a deputada pode seguir normalmente no mandato, salvo se houver
medidas cautelares decretadas ou cassação por parte da Câmara.
<><>
Há como reverter a decisão do STF?
Na
prática, não. A condenação foi unânime e, segundo o advogado, não cabe recurso
capaz de alterar esse quadro: “Cabe à defesa de Zambelli a possibilidade de
apresentar embargos de declaração após a publicação do acórdão. Esse tipo de
recurso serve para esclarecer pontos obscuros, omissões ou contradições no
julgado, mas não tem o poder de reverter ou alterar a condenação – seus efeitos
práticos se restringem a adiar o trânsito em julgado.”
Portanto,
a decisão deve ser confirmada após essa fase e seguir para execução.
<><>
A Câmara dos Deputados pode impedir a cassação?
A
tentativa do PL de blindar Zambelli é inconstitucional, segundo o entendimento
atual do STF, que indica que a cassação do mandato ocorre de forma automática
após o trânsito em julgado: “O entendimento consolidado do STF é de que a
perda do mandato, nesses casos, opera-se de forma automática, em razão da
suspensão dos direitos políticos do condenado. [...] A Mesa Diretora da Câmara
apenas formaliza a declaração de vacância do cargo.”
Ou
seja, diferentemente do que vocifera o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, não há
prerrogativa do plenário da Câmara para reverter o processo após decisão
judicial transitada em julgado.
<><>
O que falta para que Zambelli vá para a cadeia?
A
execução da pena e a prisão da deputada só podem ocorrer após o trânsito em
julgado da sentença, quando não couber mais nenhum recurso, como detalha o
especialista: “Concluído o julgamento desses embargos, e não sendo cabível
nenhum outro recurso, haverá o trânsito em julgado da condenação. A partir de
então, o STF poderá emitir o mandado de prisão para início da execução da pena
privativa de liberdade em regime fechado, e notificará a Câmara dos Deputados
para que formalize a perda do mandato.”
Nesse
momento, Zambelli deixará o cargo e passará a cumprir todos os efeitos da
condenação, incluindo a prisão.
<><>
Zambelli ainda pode se candidatar?
Não.
Após o trânsito em julgado, a deputada estará automaticamente inelegível por
oito anos, como determina a Lei da Ficha Limpa. Isso significa que ela não
poderá disputar eleições, nem mesmo em 2030, salvo mudança na legislação ou
revisão judicial improvável.
“A
condenação criminal em órgão colegiado também torna a parlamentar inelegível
por 8 anos, conforme a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135/2010). Esse
efeito de perda dos direitos políticos igualmente só se aplicará após o
trânsito em julgado da condenação.”
<><>
Por que o caso é tão grave?
Zambelli
foi condenada por crimes de falsidade ideológica, invasão de sistemas públicos
e associação com atos antidemocráticos. O STF considerou que as ações dela
tiveram como objetivo "colocar em dúvida a legitimidade e a lisura da
administração da Justiça, como estratégia para incitar a prática de atos
antidemocráticos e tentar desestabilizar as instituições republicanas”.
Além
disso, Zambelli teria ordenado que Delgatti inserisse no sistema do CNJ um
mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, numa tentativa
de golpe institucional digital sem precedentes.
<><>
E as doenças alegadas por Zambelli podem evitar a prisão?
Durante
coletiva de imprensa, a deputada alegou ter doenças como depressão e Síndrome
de Ehlers-Danlos, afirmando que morreria na cadeia se fosse presa.
“Não me
vejo capaz de ser cuidada da maneira como eu devo ser cuidada [...]. Eles
[médicos] são unânimes em afirmar que eu não sobreviveria na cadeia",
declarou.
Tais
declarações, que soam mais como estratégia de vitimização do que argumento
jurídico, não têm peso legal automático para evitar a prisão. Cabe à defesa
requerer medidas alternativas, que serão analisadas judicialmente. Até o
momento, não há qualquer decisão que suspenda a pena por razões de saúde.
<><>
O que acontece agora?
O caso
segue para a publicação do acórdão, abrindo prazo para os embargos de
declaração. Finalizada essa fase, a condenação será definitiva, e o STF poderá
emitir o mandado de prisão e determinar a perda do mandato, conforme explica o
advogado Israel Rosa:
“Na
sequência, será convocado o suplente da coligação para assumir a vaga no
Congresso, e Carla Zambelli passará a cumprir integralmente os efeitos da
condenação, inclusive no tocante à suspensão dos direitos políticos e
inelegibilidade.”
<><>
Conclusão
A
condenação de Carla Zambelli não é apenas um caso jurídico, mas um divisor de
águas na responsabilização de parlamentares por ataques à democracia. Enquanto
a extrema direita tenta transformar a deputada em mártir, o STF reafirma os
limites da atuação parlamentar frente à Constituição. O caso agora segue para
sua fase final — e tudo indica que Zambelli deverá, sim, ser cassada, presa e
afastada da vida pública.
Fonte:
Fórum

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