Cubanos voltaram às ruas em 1º de maio,
pedindo ‘que a Revolução siga firme’
Milhões
de cubanos, autoridades políticas, sociais e sindicais do país, assim como
convidados de delegações internacionais, se reuniram nesta quinta-feira (1) nos
principais pontos do país para celebrar o Dia Internacional do Trabalhador. A
maior concentração ocorreu na Praça da Revolução José Martí em Havana, capital de
Cuba, que contou com cerca de 600 mil pessoas.
A
marcha deste ano foi dedicada aos médicos cubanos, o chamado “exército de
jalecos brancos”. A professora Miltadia González Giménez conversou com a
reportagem no Brasil de Fato nas ruas de Havana e disse que os
cubanos estão “interessados na paz”.
“Cuba
acredita num mundo melhor, Cuba acredita na juventude, acredita na paz, no
Brasil, no movimento pela terra. É disso que precisamos: trabalhadores, não
guerra, não bombas. Comida e médicos, não bombas”, disse.
Além
disso, a mobilização teve um caráter especial, pois marcou o 25º aniversário do
emblemático discurso de Fidel Castro durante as comemorações do 1º de Maio de
2000, quando ele definiu o significado da Revolução.
Foi a
primeira vez que Fidel fez uma definição da palavra e, naquela ocasião, diante
de milhares de pessoas, ele declarou que: “Revolução é sentido do momento
histórico, é mudar tudo o que deve ser mudado, é a plena igualdade e liberdade;
é ser tratado e tratar os demais como seres humanos; é emancipar-se por nós
mesmos e com nossos próprios esforços; é desafiar as poderosas forças
dominantes dentro e fora da esfera social e nacional; é defender os valores em
que se acredita ao preço de qualquer sacrifício; é modéstia, abnegação,
altruísmo, solidariedade e heroísmo; é lutar com audácia, inteligência e
realismo; é jamais mentir ou violar princípios éticos; é a profunda convicção
de que não há força no mundo capaz de esmagar a força da verdade e das ideias. Revolução
é unidade, é independência, é lutar por nossos sonhos de justiça para Cuba e
para o mundo, que é a base de nosso patriotismo, nosso socialismo e nosso
internacionalismo”.
Apoio à
Palestina
Além
disso, a luta palestina também foi homenageada
pelos trabalhadores e pelo governo cubano. A aposentada Irma Dulce fez questão
de estar presente no ato. Ao Brasil de Fato, ela destacou a importância de
marchar e apoiar a Palestina.
“Neste
dia, 1º de maio, exigimos que o imperialismo levante o bloqueio. Mas também
lutamos pela Palestina e por todos os povos em guerra, que estão sofrendo. É
Cuba lutando pelo mundo, lutando por nossas ideias, por nossos princípios, por
nossa revolução”, disse.
Para a
ativista estadunidense Destiny Rivera Gomez, que está em Cuba, a história do
país está “ligada a várias lutas humanas em outras partes do mundo”.
“Vemos
a correlação entre a Palestina e Cuba. Vemos a correlação entre a pilhagem e o
roubo dos recursos naturais da América Latina. Para mim, foi uma decisão óbvia
vir para cá. Eu, na verdade, sentia que talvez não soubesse o suficiente para
estar aqui e apoiar o povo cubano. Mas também estou aqui para me educar, para
aprender e, basicamente, para entender como posso ser melhor defensora do fim
das sanções e da organização em prol do povo cubano”, disse ao BdF.
Mais de
600 mil pessoas marcharam em Havana e a delegação internacional estava composta
de quase mil pessoas de 39 países diferentes. Em todo o país, estima-se que
quase 5 milhões de pessoas tenham se mobilizado.
Fim do bloqueio
Antes
do desfile, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores de Cuba, Ulises
Guilarte de Nacimiento, elencou vários motivos para a marcha deste ano.
“Celebramos
a festa do proletariado mundial em meio a um cenário internacional complexo. O
mundo sofre uma renovada e perigosa ofensiva imperialista, com expressões
neofascistas que buscam redesenhar o sistema internacional, desrespeitando os
princípios da coexistência pacífica e da igualdade soberana entre os Estados”,
disse.
O
dirigente sindical destacou que “esta celebração do Dia Internacional dos
Trabalhadores em Cuba é uma nova e inequívoca demonstração do apoio avassalador
do heroico povo cubano à sua Revolução, que representa seus interesses e, com a
participação e o compromisso de todos, busca soluções a cada dia para os
problemas e enormes desafios impostos pela batalha econômica que travamos com
nossos próprios esforços”.
O povo
cubano ainda aproveitou a ocasião para a protestar contra os EUA e exigir o
fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba, agora intensificado
com novas medidas coercitivas impostas por Donald Trump.
O líder
cubano Raúl Castro, uma das lideranças da Revolução Cubana, e o presidente
Miguel Díaz-Canel Bermúdez também estiveram presentes nos desfiles em Havana.
Segundo
o líder sindical, a manutenção da Revolução é “o resultado das contribuições de
todos os compatriotas, especialmente dos trabalhadores que apoiam a
transformação econômica e o desenvolvimento do país, focados em atender às
necessidades da população e melhorar as condições de trabalho e salários, mesmo
que isso não seja possível no ritmo que desejamos”.
“Temos
consciência de que ainda há muito a ser feito, processos a serem organizados,
distorções e tendências negativas a serem erradicadas, incluindo muitas
atitudes burocráticas, e métodos e estilos de trabalho a serem aperfeiçoados
com disciplina, esforço, criatividade, ciência e conhecimento”, acrescentou.
¨
Díaz-Canel se encontra com quase mil delegados em evento
contra bloqueio e fascismo
Quase
mil representantes de sindicatos e movimentos sociais de 39 países participaram
na sexta-feira (2), em Havana, do primeiro Encontro Internacional de Solidariedade com Cuba, pelo
Anti-imperialismo e contra o Ressurgimento do Fascismo.
A
atividade fez parte das comemorações do Dia Internacional dos Trabalhadores. Durante o encontro,
representantes de 269 organizações da Europa, América e Ásia se reuniram com o
presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez; o ministro das Relações
Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla; e Ulises Guilarte de Nacimiento,
secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba. Também esteve presente
Carolina Rangel Gracida, secretária-geral do Comitê Executivo Nacional do
Morena (México).
O
evento foi aberto pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Carlos Fernández
de Cossío, que apresentou uma análise detalhada dos impactos do bloqueio
imposto pelos Estados Unidos sobre a economia e a vida cotidiana em Cuba.
Durante
sua fala, Cossío destacou que o bloqueio se transformou em “um cerco tão
sufocante” que restam poucas ações que Washington ainda não tenha tomado para
tentar “estrangular a economia cubana”. Ele também criticou as recentes ameaças
feitas pelo senador Marco Rubio, que pretende impor sanções a quem contratar os
serviços médicos cubanos.
Afirmando
a longa tradição revolucionária da ilha, Cossío lembrou que “nada ensina mais
do que a adversidade”, e ressaltou que o povo cubano não se rende diante das
dificuldades, mas aprende com elas para fortalecer sua resistência e seguir em
frente, mesmo nos contextos mais adversos.
Ao
tomar a palavra, o presidente Díaz-Canel ironizou as versões da mídia
hegemônica que negam o amplo apoio popular à Revolução.
“Alguns
meios de comunicação vivem dizendo que a Revolução não tem apoio. Mas, diante
da imensa mobilização de ontem, esses mesmos meios passaram a afirmar que as
imagens impressionantes haviam sido geradas por inteligência artificial”,
comentou.
Sob
aplausos, Díaz-Canel agradeceu aos delegados por “serem a voz de Cuba no mundo”
e afirmou: “vivenciamos uma magnífica demonstração de unidade e resistência,
que mostra que nosso povo jamais será vencido”.
Ele
reforçou a urgência de pôr fim ao bloqueio e combater as campanhas que atacam a
colaboração médica cubana, considerada por ele “o verdadeiro orgulho da nossa
Revolução”. Como exemplo, lembrou a pandemia de covid-19. Embora Cuba tenha
desenvolvido sua própria vacina, o país foi impedido de importar agulhas por
conta do bloqueio. “Foi graças à solidariedade internacional que conseguimos
essas agulhas e salvamos milhões de vidas.”
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“A determinação de vencer”
Em
entrevista ao Brasil de Fato, Emerson, do Comitê de Ação de Michigan por
Cuba, contou que esta é a primeira vez que sua delegação visita a ilha. Vieram
dos Estados Unidos há mais de uma semana para conhecer experiências
organizativas locais e participar da mobilização do Dia dos Trabalhadores.
Emerson
destacou “o alto nível de organização do governo cubano mesmo diante da
escassez e da pobreza”. Segundo ele, “a determinação de Cuba em vencer na luta
revolucionária é justamente o que o governo dos EUA tenta suprimir”.
“O que
meu governo tenta reprimir é aquilo que mantém o povo cubano de pé: o otimismo
e o espírito revolucionário”, afirmou.
Michael,
da Rede Nacional sobre Cuba, também conversou com o Brasil de Fato e
destacou a importância das conexões entre Cuba e Palestina.
“De um
lado, o governo dos EUA acusa Cuba de não ter liberdade de expressão e a rotula
como país terrorista; de outro, envia armas a Israel que perpetuam o genocídio
contra o povo palestino e ainda reprime os que protestam contra essa política
dentro dos próprios Estados Unidos”, disse.
Michael
lembrou que, enquanto Washington envia armas e bombas para o mundo, Cuba envia
médicos.
“Uma
ferida aberta na consciência da humanidade”
A
ameaça do neocolonialismo e o avanço do fascismo – “alimentado pela política de
interferência dos EUA” – também marcaram os debates. O genocídio palestino foi
um dos temas centrais. Ao fim do encontro, os delegados aprovaram uma
“Declaração de solidariedade e apoio ao povo palestino”.
“Denunciamos
diante da história o crime que está sendo cometido”, afirma o documento, que
define o genocídio sofrido pelos palestinos como “uma ferida aberta na
consciência da humanidade”.
O texto
relata que a violência contra civis palestinos, como o incêndio de campos de
refugiados e os ataques indiscriminados a hospitais e ambulâncias, são “atos
frequentes”.
Desde 7
de outubro de 2023, mais de 51.355 pessoas foram mortas, e o número de feridos
ultrapassa 117.248. Mais de um milhão de crianças foram deslocadas à força,
vivendo em condições desumanas, sem acesso à água potável, alimentos, abrigo ou
atendimento médico.
“Não
haverá silêncio até que o heroico povo da Palestina conquiste sua liberdade
definitiva, autodeterminação, soberania nacional e o direito ao retorno de
todos os refugiados”, conclui o documento.
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‘Não somos terroristas’: o grito dos cubanos contra
bloqueio dos EUA e por retirada de lista de terrorismo
Sob os
lemas “não somos terroristas, tirem-nos da lista” e “acabem com o bloqueio”,
milhares de cubanos marcharam em repúdio ao bloqueio mantido
pelos Estados Unidos contra Cuba. A manifestação da "Marcha do Povo
Combatente" ocorreu na frente à embaixada estadunidense.
Em
breve discurso antes do início da mobilização, o presidente Díaz-Canel afirmou
que a manifestação constituía uma demonstração da luta do povo cubano pela
soberania, apesar dos obstáculos impostos pelo bloqueio.
Ele
também destacou que, apesar da promessa de campanha do presidente Joe Biden, de retirar Cuba da
unilateral “lista de países que patrocinam o terrorismo”, a menos de um mês do
fim de seu mandato, ele não tinha adotado nenhuma medida para reverter a política de “pressão
máxima” que
o governo de Donald Trump impôs contra a ilha.
“Nas
últimas semanas e dias, houve inúmeros pronunciamentos de personalidades dos
EUA e de outras partes do mundo exigindo que [Joe] Biden faça uso de sua
autoridade para pelo menos remover o nome de uma nação que nunca deveria ter
estado nessa lista espúria”, afirmou o presidente.
Referindo-se
aos setores de ultradireita sediados na Flórida, Díaz-Canel disse que “apontar
Cuba como um Estado que supostamente patrocina o terrorismo é, no mínimo, falso
e imoral, venha de onde vier a acusação. Mas o é duplamente quando a acusação
vem do território norte-americano, onde atualmente treinam grupos paramilitares
que organizam, promovem e financiam ações terroristas contra as estruturas
sociais e econômicas de Cuba”, enfatizou o presidente.
A
“marcha combatente” costumava ser tradicionalmente convocada por Fidel. No
entanto, nos últimos anos, a mobilização não tinha sido realizada.
Segundo o governo, ao menos 500 mil pessoas participaram dos atos deste
sábado.
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O direito de ter uma vida normal
Durante
várias horas, milhares de pessoas marcharam pelo tradicional Malecon de Havana,
acompanhadas de batucadas musicais e intervenções artísticas exibidas em frente
ao mar.
Sergio
Jorge Pastrala, professor universitário, que chegou à manifestação com sua
esposa, assegura que “não há como acusar Cuba de ser um país que patrocina o
terrorismo”, enquanto enumera as diferentes ações de solidariedade que o povo
cubano tem realizado, desde a luta contra o Apartheid na África até as campanhas de
alfabetização em
diferentes partes do continente latino-americano.
Para o
professor, ao contrário do que diz Washington, Cuba é vítima do terrorismo. A
política norte-americana contra Cuba é dirigida “contra todo um povo que sofre
cada uma das limitações impostas ao país e que afetam todas essas pessoas na
obtenção do necessário para a vida cotidiana, do necessário para poder manter
uma família, para que os filhos possam estudar, para que possam ser atendidos
nos hospitais, para que possamos levar uma vida normal”, pontua.
Ele
também definiu como “totalmente injusto” classificar Cuba como um “país
patrocinador do terrorismo” quando o próprio Departamento de Estado dos EUA
indica que Cuba é “um país que coopera plenamente contra o terrorismo”.
“É um
absurdo que o mesmo governo imponha duas medidas contraditórias que afetam um
povo inteiro”, disse.
Para a
médica Katria Trujillo, que participou da marcha com seus colegas do hospital,
toda vez que Cuba é acusada de ser um país "terrorista", está se
limitando o direito do povo cubano de viver em paz. Porque "eles estão
limitando a possibilidade de todas as pessoas doentes poderem adquirir seus
medicamentos", opinou.
Ela
explicou ainda que, embora os medicamentos em Cuba sejam muito baratos (uma vez
que são altamente subsidiados pelo Estado), o bloqueio torna cada vez mais
difícil para o país ter acesso aos materiais usados para fabricá-los. Como
resultado, os hospitais não estão tendo os suprimentos necessários para tratar
seus pacientes.
“Do
ponto de vista da oncologia, temos muitas limitações para tratar doenças que
ameaçam a vida. É muito, muito triste ver como isso afeta as crianças. E acho
que isso tem que acabar de uma vez por todas. É uma verdadeira calamidade o que
estão fazendo contra nosso povo”, lamentou.
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“Crime contra a humanidade”
Há mais de 60 anos, Cuba está sob um
bloqueio dos Estados Unidos, a principal potência econômica e militar do mundo.
Trata-se de uma medida de guerra não convencional, cujo objetivo explícito é
sufocar a economia da ilha e, assim, enfraquecer seu sistema econômico e social.
Atualmente, mais de 80% da população cubana tem vivido toda a sua vida sob o
embargo.
Todos
os anos, desde 1992, Cuba tem apresentado ao mais alto órgão deliberativo e
representativo das Nações Unidas um projeto de resolução intitulado “A
necessidade de pôr fim ao embargo econômico, comercial e financeiro imposto
pelos Estados Unidos”. Todos os anos, desde então, a resolução foi
aprovada por uma esmagadora maioria, com a única oposição vinda dos Estados
Unidos e de Israel, que votam contra, com algum aliado ocasional.
Este
ano, pela 32ª vez consecutiva, 187 países votaram contra o bloqueio dos EUA na
Assembleia Geral da ONU. O documento aprovado pela ONU afirma que, somente
entre 1º de março de 2023 e 29 de fevereiro de 2024, o bloqueio gerou uma perda
estimada de 5,5 bilhões de dólares para Cuba, o que significa uma perda de mais
de 421 milhões de dólares por mês.
Por sua
vez, a Assembleia Geral da ONU descreve o bloqueio como “um crime contra a
humanidade, um ato de genocídio e uma violação flagrante, maciça e sistemática
dos direitos humanos de mais de 11 milhões de cubanos. É uma política cruel de
punição”.
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Fonte: Brasil de Fato

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