terça-feira, 13 de maio de 2025

Corte Suprema argentina encontra material nazista no porão

Várias caixas contendo centenas de documentos, material de propaganda nazista e fichas de filiação a organizações nazistas foram encontradas nos arquivos da Corte Suprema de Justiça da Argentina, comunicou o tribunal neste domingo (11/05).

O material foi descoberto por acaso, em meio aos trabalhos de criação do museu da Corte Suprema e transferência de documentação de seus arquivos. As caixas estavam no porão do Palácio da Justiça da capital argentina, onde são arquivadas documentações não digitalizadas de processos antigos.

Segundo o tribunal, ao ser aberta uma das caixas, foi identificado "material destinado a consolidar e propagar a ideologia" de Adolf Hitler na Argentina durante a Segunda Guerra Mundial. Alguns documentos estão muito deteriorados, enquanto outros estão em bom estado.

As caixas, sete no total, foram abertas na sexta-feira passada e seu conteúdo foi colocado em depósito para ser classificado, documentado e preservado para investigar se ele poderia fornecer informações relevantes sobre eventos ligados ao Holocausto ou à fuga de nazistas para a Argentina.

O Museu do Holocausto está envolvido no trabalho de inventário e preservação, e seus representantes estavam presentes na abertura das caixas, junto com o presidente da Corte Suprema, Horacio Rosatti.

Segundo o jornal Clarín, uma inspeção inicial do conteúdo revelou itens de propaganda nazista, fotografias e centenas de cadernetas de filiação pertencentes à chamada Unión Alemana de Gremios (uma organização nazista clandestina), com uma suástica na frente rodeada por uma roda dentada.

<><> Caso de 1941

A história dessas caixas remonta a 20 de junho de 1941, com a chegada a Buenos Aires de 83 pacotes enviados pela embaixada alemã em Tóquio a bordo de um navio japonês.

A missão diplomática alemã na Argentina declarou o conteúdo da remessa como "bens pessoais" da equipe da embaixada, solicitando sua "liberação gratuita".

Mas a alfândega suspendeu sua entrada no país e contatou o então ministro das Relações Exteriores, Enrique Ruiz Guiñazú, alertando-o sobre "possíveis inconvenientes, dada a quantidade e a natureza potencial do material, que poderiam afetar a neutralidade da Argentina no conflito", como comunicou a Corte Suprema neste domingo.

Naquela época, a Argentina era governada pelo presidente Roberto Marcelino Ortiz, que em setembro de 1939 baixara um decreto declarando a neutralidade do país sul-americano diante da guerra desencadeada na Europa.

Com a chegada das caixas a Buenos Aires, a Comissão Especial de Investigação sobre Atividades Antiargentinas, que fazia parte da Câmara dos Deputados e funcionou entre 1941 e 1943, entrou em ação.

O deputado Raúl Damonte Taborda, presidente da comissão, solicitou informações à alfândega sobre os embarques no navio japonês. Em 8 de agosto de 1941, representantes da alfândega, do Ministério das Relações Exteriores e da comissão parlamentar abriram cinco caixas aleatoriamente.

Nelas, eles encontraram cartões-postais, fotografias e material de propaganda do regime nazista, além de milhares de cadernetas de filiação à organização do partido nazista no exterior e à Unión Alemana de Gremios.

Os representantes diplomáticos da Alemanha nazista solicitaram que as caixas lhes fossem devolvidas para que pudessem ser encaminhadas à embaixada em Tóquio.

O governo argentino apoiou o pedido, mas a comissão recorreu à Justiça para impedir a devolução devido à presença de "propaganda antidemocrática prejudicial às nações aliadas da Argentina", e um juiz federal determinou a apreensão dos pacotes em 13 de setembro de 1941.

Três dias depois, em 16 de setembro de 1941, o juiz encaminhou o caso à Corte Suprema, pois se tratava de uma questão que envolvia diretamente um país estrangeiro e, portanto, era de competência da mais alta corte.

<><> Argentina na Segunda Guerra Mundial

Embora a Argentina tenha permanecido neutra durante grande parte da Segunda Guerra Mundial, o site European Holocaust Research Infrastructure observa que uma "parcela significativa da população argentina era de origem alemã" e que "a propaganda nazista era altamente influente" no país.

Poucos meses antes do fim do conflito, no entanto, a Argentina declarou guerra ao Japão e à sua aliada, a Alemanha.

Em fuga da perseguição nazista na Europa, cerca de 24 mil judeus entraram na Argentina entre 1933 e 1943, de acordo com a Enciclopédia do Holocausto. Outros 20 mil judeus entraram ilegalmente no país.

Mas a Argentina também se tornou um refúgio para os criminosos de guerra da Alemanha nazista após o fim da Segunda Guerra Mundial. Estima-se que milhares de nazistas passaram pela Argentina ou se refugiaram no país depois da guerra. Entre eles estão criminosos como Josef Mengele e Adolf Eichmann.

Os casos de maior repercussão foram os de Eichmann, capturado em Buenos Aires em 1960 e julgado e executado em Israel; de Mengele, um médico conhecido por seus experimentos com prisioneiros, que se escondeu na Argentina e depois fugiu para o Paraguai e o Brasil, onde morreu; e de Erich Priebke, responsável pelo massacre das Cavernas Ardeatinas em 1944, durante a ocupação alemã da Itália.

Priebke foi preso na Argentina e extraditado para a Itália em 1995, onde morreu na prisão em 2013, cumprindo pena perpétua.

<><> O dia em que o Brasil declarou guerra à Alemanha nazista

Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1942. Getúlio Vargas se reúne com seus ministros no Palácio Guanabara. Depois de uma hora e meia de reunião, o governo anuncia que o Brasil estava em "estado de beligerância" com a Alemanha Nazista e a Itália Fascista. Na prática, era uma declaração de guerra. E foi essa última palavra que foi usada por alguns jornais brasileiros em suas edições extras publicadas no mesmo dia. "Guerra!", anunciou O Globo em letras garrafais.

"Foi uma resposta à pressão que o governo vinha sofrendo da população, de ministros simpáticos à causa aliada e dos próprios americanos", afirma o historiador Rodrigo Trespach, autor do livro Histórias não (ou mal) contadas: Segunda Guerra.

Nos dias que precederam a decisão de Getúlio, o país ainda estava sob o choque causado por uma série de ataques a navios brasileiros em sua costa. Seis foram afundados em um espaço de apenas cinco dias por um único submarino alemão, o U-507. O total de mortes passou de 600.

"Foi nossa Pearl Harbor", afirma Marcelo Monteiro, autor do livro U-507: o submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra Mundial, se referindo ao ataque japonês a uma base naval que marcou a entrada dos EUA no conflito.

Nos dias seguintes aos ataques contra os navios, os jornais brasileiros foram tomados por notícias sobre os naufrágios, ilustradas por fotos dos mortos e feridos e relatos de que algumas vítimas chegaram a ser atacadas por tubarões. Apenas no afundamento do navio Baependi, na costa do Sergipe, morreram 270 pessoas. "O impacto junto ao público foi imenso", afirma Trespach.

Os ataques foram apenas o empurrão final que levou o Brasil a passar totalmente para a órbita dos Aliados, em especial os americanos. O Brasil já havia se alinhado com os EUA em janeiro de 1942, após a Conferência do Rio de Janeiro, quando decidiu romper relações com o Eixo – formado por Itália, Alemanha e Japão –, que já estava em guerra com os americanos.

Desde então, o governo Getúlio Vargas havia concedido a permissão para que os Aliados usassem portos e bases aéreas no Brasil. Apesar de o governo ter na prática declarado guerra ao Eixo em 22 de agosto, o decreto que oficializou o Estado de Guerra só foi publicado no dia 31 de agosto.

Antes disso, a Alemanha havia sido um parceiro comercial importante do Brasil. "Vários militares e membros do governo também eram simpáticos à Alemanha e preciso salientar que o próprio Vargas era um ditador com elementos fascistas", diz Trespach. "Mas, no final, Vargas optou por seguir as orientações do seu ministro das Relações Exteriores, Osvaldo Aranha, que era pró-americano."

<><> Indiferença alemã

A declaração do estado de beligerância de 22 de agosto satisfez o presidente americano, Franklin Delano Roosevelt, que imediatamente enviou um telegrama para Getúlio. "Em nome do governo e do povo dos Estados Unidos, manifesto a V. exa. a profunda emoção com que esta ação foi recebida neste país. (...) O Brasil acrescenta poder e força material aos exércitos da liberdade."

Já na Alemanha, a reação inicial foi praticamente indiferente, considerando que o Brasil já estava alinhado com os EUA antes do episódio. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores nazista afirmou a correspondentes internacionais não ter recebido nenhuma comunicação oficial. Já uma rádio alemã informou que se tal notícia fosse confirmada, "não existiria nenhum motivo para surpresa, dada a tendência ultimamente observada do governo do Brasil".

<><> O papel inicial do Brasil

Ainda demoraria dois anos para que o Brasil enviasse tropas para lutar contra os alemães na Europa. Até lá, o papel do país no esforço aliado seria de tirar as últimas restrições para a operação de uma base aérea americana em Natal e arregimentar voluntários para colher borracha na Amazônia, os "soldados da borracha". Cinquenta mil deles – em sua maioria nordestinos – passaram a ser arregimentados após agosto de 1942 para colher borracha em seringais na Amazônia.

"Quando os japoneses ocuparam o Sudeste Asiático, em dezembro de 1941, os Estados Unidos perderam sua principal fonte de borracha. Nada menos que 97% de toda a borracha natural do globo caíram em mãos nipônicas. Sem essa matéria-prima, a máquina de guerra Aliada seria paralisada", afirma Trespach.

Os americanos financiaram o transporte dos voluntários para a Amazônia e concederam outros cinco milhões de dólares para construir a infraestrutura necessária para acomodá-los. "O papel desses soldados da borracha foi estrategicamente mais importante para o esforço de guerra do que aquele desempenhado pelos pracinhas na Itália", conta Trespach. Ao todo, 26 mil desses voluntários acabaram morrendo na selva, principalmente por doenças. 

Em um acordo firmado dois meses depois da declaração de beligerância, os EUA forneceram ao Brasil 200 milhões de dólares em armas e munição de guerra destinadas à Marinha e ao Exército, além de linhas de crédito para ajudar na industrialização do país.

<><> A frente interna

Mesmo com o Brasil longe dos combates na Europa, a máquina de propaganda do governo tratou de alimentar o temor de possíveis ataques alemães e italianos em solo brasileiro. Foi um imposto um blecaute nas cidades brasileiras a partir de 21h. Propagandas apontavam que luzes poderiam servir de alvo para aviões da Luftwaffe (a Força Aérea alemã).

"Mas nunca houve um plano alemão para invadir o Brasil. O regime nazista não conseguiu nem mesmo invadir a Inglaterra. Afirmações nesse sentido são apenas teorias conspiratórias", garante Trespach.

Segundo o historiador, o único plano ambicioso aventado pelos alemães foi o de colocar em prática a tática de alcateias por submarinos na costa brasileira, antes mesmo da declaração de guerra pelo Brasil. Nessa modalidade de ataque, vários submarinos agem em conjunto para atacar comboios ou navios ancorados em portos.

Em junho de 1942, um plano chegou a ser autorizado pelo comando nazista, mas o então embaixador alemão no Brasil, Karl Ritter, se posicionou contra, achando que um ataque desses iria complicar ainda mais as relações com o Brasil e potencialmente com vizinhos simpáticos à Alemanha, como Argentina e Chile. Documentos da Marinha alemã comprovam que a ação foi cancelada "por motivos políticos".

Ainda apenas limitado a um papel coadjuvante no combate a submarinos alemães e italianos em sua costa, o Estado brasileiro se voltou então contra os imigrantes de países do Eixo. A campanha de nacionalização colocada em prática com o Estado Novo em 1937, que já havia praticamente abolido o sistema de escolas e publicações locais em língua estrangeira no país antes mesmo da guerra, foi redobrada. Falar alemão e italiano já havia sido proibido em vários estados em janeiro de 1942, quando o Brasil rompeu relações com os países do Eixo, mas a restrição passou a ser reforçada depois da declaração de guerra.

Logo depois dos afundamentos provocados pelo U-507, também ocorreram vários episódios de violência contra imigrantes alemães e italianos. Em Petrópolis, no estado do Rio, lojas e restaurantes com nomes alemães tiveram suas placas trocadas por outras, com os nomes dos navios afundados. No Rio Grande do Sul, estabelecimentos de alemães e italianos foram depredados por multidões que gritaram "Viva Getúlio Vargas!".

Três anos após esses episódios, a guerra chegou ao fim na Europa e na Ásia. Ao final, cerca de dois mil brasileiros haviam morrido no conflito, entre eles 443 pracinhas. 

Já o submarino U-507, o grande responsável pela entrada do Brasil na guerra, foi afundado no litoral do Piauí em janeiro de 1943 por um avião americano. Nenhum tripulante sobreviveu.

¨      Documentos revelam que Mengele queria ir à Alemanha em 1959

Reportagem da emissora de televisão pública alemã MDR veiculada na terça-feira (06/05) revelou documentos da polícia argentina inéditos indicando que em fevereiro de 1959 o médico e assassino em massa nazista Josef Mengele queria viajar da Argentina para a Alemanha Ocidental usando seu nome verdadeiro.

Mengele foi apelidado de "anjo da morte” por sua atuação no campo de concentração de Auschwitz, onde tinha a palavra final sobre o destino de prisioneiros. No local, o médico e oficial nazista realizou experimentos macabros, inspirado pelo ideal de eugenia que guiou a pesquisa médica durante o Terceiro Reich.

O fichário da polícia argentina até agora desconhecido contém uma solicitação do alemão dirigida às autoridades argentinas, que não havia sido documentada anteriormente. Na Alemanha, Mengele aparentemente queria visitar seu pai, que estava doente na época.

"Isso tem um significado histórico, um significado muito alto", disse o historiador alemão Bogdan Musial à emissora MDR. "Saber esses detalhes sobre o que aconteceu com ele depois de 1945 é muito interessante. É algo que ainda não tinha sido investigado com tantos detalhes."

Os documentos argentinos foram encontrados e fotografados pela reportagem da MDR na casa de um colecionador. "Esses documentos vêm do acervo da Polícia Federal Argentina", diz o colecionador, que deseja permanecer no anonimato. "Aqui está escrito como as coisas aconteceram, com fatos e datas exatas."

Segundo a MDR, nos vários arquivos de Buenos Aires não há cópias dos arquivos policiais revelados agora. Mas trechos de texto idênticos podem ser encontrados em outros documentos – o que seria um indício de que os papéis agora revelados são genuínos.

<><> Argentina sabia da ida de Mengele ao Paraguai

O arquivo também mostra que a polícia argentina foi aparentemente informada já em janeiro de 1960 que Mengele havia fugido para o Paraguai. "É interessante que a Argentina soubesse onde ele estava. Eu também não sabia", diz o especialista Bogdan Musial. Naquele mesmo ano, Mengele fugiu em seguida para o Brasil.

Mengele teria recebido, no final da década de 50, uma denúncia de que alguém estava em seu encalço. Ele fazia parte de uma rede de ex-nazistas que apoiavam uns aos outros. Enquanto Mengele fugiu para o Paraguai em 1959, Adolf Eichmann – um dos principais organizadores do Holocausto – permaneceu em Buenos Aires, onde foi capturado pelo Mossad, o serviço secreto israelense.

<><> Polícia brasileira pediu documentos sobre Mengele

O arquivo argentino mostra que em 1963 a polícia brasileira solicitou todos os dados sobre Mengele, como impressões digitais e fotografias, à polícia argentina. Aparentemente, as autoridades brasileiras tinham suspeitas concretas de que Mengele estava no país.

O arquivo revelado também esclarece a conduta questionável das autoridades investigativas da Alemanha Ocidental e a falta de vontade de rastrear o notório criminoso nazista. "Vemos no caso de Mengele que a vontade, na verdade, não havia [...] O objetivo era simplesmente não persegui-lo", continuou Bogdan Musial.

Os documentos teriam desaparecido há 20 anos. Seu conteúdo mostra que Mengele aparentemente não tinha muita preocupação em ser preso na Argentina. E isso levanta a suspeita de que as autoridades investigativas alemãs vinham conduzindo a busca por ele com pouco entusiasmo. E a polícia argentina aparentemente não tinha interesse em prender o criminoso de guerra.

Depois de fugir da Europa, Mengele foi primeiro para a Argentina, onde viveu sob a proteção de redes que ajudavam ex-nazistas a escapar de processos. No país, Mengele levou uma vida relativamente discreta e trabalhou em vários cargos, incluindo o de diretor administrativo de uma empresa que fabricava máquinas agrícolas.

Na década de 60, com o aumento da pressão das autoridades – incluindo do Mossad – e o perigo de ser descoberto, Mengele mudou-se para o Paraguai. Lá ele recebeu a cidadania paraguaia, o que lhe ofereceu uma certa segurança. Naquela época, o Paraguai estava sob a ditadura de Alfredo Stroessner, um regime que não era hostil aos antigos nazistas. Mengele continuou a viver sob um nome falso e evitava aparecer em público.

<><> Mengele escapou das autoridades criminais

Mais tarde, Mengele se mudou para o Brasil, onde viveu por 18 anos, com nome falso, até sua morte em 1979. No Brasil, ele encontrou refúgio com uma família alemã que o ajudou a se esconder. Apesar da caçada internacional e dos esforços de caçadores de nazistas como Simon Wiesenthal para localizá-lo, Mengele conseguiu evitar a prisão.

Ele viveu em vários lugares remotos e levou uma vida reclusa, sempre com medo de ser descoberto. Mengele morreu de um derrame no Brasil em 1979 enquanto nadava na praia de Bertioga, em São Paulo.

Seu túmulo só foi descoberto em 1985. O arquivo policial redescoberto agora levanta novas questões sobre a responsabilidade compartilhada da Argentina, do Brasil e da Alemanha no fracasso do processo contra um dos mais brutais criminosos nazistas.

¨      Como criminoso nazista ajudou a criar cartel de drogas, na Bolívia

criminoso de guerra nazista Klaus Barbie esteve profundamente envolvido na criação de um dos cartéis de drogas mais importantes da América do Sul, segundo uma reportagem publicada na última sexta-feira (09/05) pela revista alemã Der Spiegel.

Conhecido como o "açougueiro de Lyon" pela prática de tortura aos prisioneiros durante a Segunda Guerra Mundial, o ex-chefe da Gestapo nazista na cidade francesa ocupada fugiu para a América do Sul após o fim do conflito.

Barbie foi extraditado da Bolívia para a França em 1983 e condenado à prisão perpétua em 1987 sob a acusação de crimes contra a humanidade. Ele morreu na prisão em 1991.

Segundo a reportagem da Der Spiegel, Barbie – que vivia sob o pseudônimo de Klaus Altmann – se tornou conselheiro de segurança do chefe do tráfico Roberto Suarez depois que ambos se conheceram na década de 70.

O filho de Suarez, Gary, disse à revista que Barbie era "uma pessoa importante para meu pai". "Ele entendia de segurança, estratégia militar e trabalho com o serviço secreto", contou.

<><> Consultor dos serviços de segurança

Barbie também atuou ativamente como consultor dos serviços de segurança bolivianos, ajudando a montar um esquadrão da morte para o ditador Luis García Meza.

Gary Suarez disse que "Barbie esteve profundamente envolvido nos regimes militares durante décadas" e teria ajudado a "organizar as milícias que derrubariam o governo" durante as preparações para o violento golpe de Estado de 1980 que levou García Meza ao poder.

Entre os milicianos estava um grupo de mercenários neonazistas chamado "Noivos da morte", que ostentava uma suástica em sua sede, chamada Clube Baviera, na cidade de Santa Cruz.

Após o golpe, o grupo foi mobilizado para ajudar a esmagar a oposição política e os rivais de Suarez na produção de cocaína.

<><> Papel como agente da CIA

Um documento da CIA de maio de 1974 visto pela Spiegel revela que os agentes americanos já suspeitavam do envolvimento de Barbie no tráfico de drogas.

O genro de Roberto Suárez, Gerardo Caballero, disse à revista que "Barbie nos ajudou muito, inclusive trabalhando em conjunto com Pablo Escobar", o célebre líder do tráfico colombiano.

Barbie foi recrutado como agente anticomunista pelos serviços secretos americanos após a guerra. Os Estados Unidos, posteriormente, pediram desculpas à França por ajudar Barbie a escapar da Justiça.

Spiegel já havia relatado que Barbie também atuava como agente secreto da inteligência da Alemanha Ocidental na Bolívia. Segundo a revista, ele foi recrutado no final de 1965 na capital boliviana, La Paz, e recebeu o codinome Adler ("Águia").

 

Fonte: DW Brasil

 

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