sábado, 10 de maio de 2025

Comer mal pode aumentar risco de menstruar antes da hora, diz estudo

Os alimentos que você coloca nas lancheiras dos seus filhos podem influenciar se eles terão a primeira menstruação precocemente, segundo uma nova pesquisa.

Consumir uma dieta mais inflamatória foi associado a uma chance 15% maior de as crianças terem a primeira menstruação no mês seguinte, enquanto uma dieta mais saudável reduziu o risco em 8%, de acordo com um novo estudo publicado na terça-feira (6) na revista Human Reproduction.

Começar a menstruar precocemente não é apenas inconveniente — é um indicativo de condições crônicas, segundo a autora sênior do estudo, Holly Harris, professora associada de epidemiologia no Fred Hutch Cancer Center, em Seattle. E as novas gerações estão começando a menstruar mais cedo e demorando mais para ter ciclos regulares.

A menstruação precoce, que é influenciada tanto por fatores genéticos quanto externos, está associada a um risco maior de câncer de mama, doenças cardiovasculares e diabetes na vida adulta, segundo Harris.

“Este pode ser um período importante para reduzir o risco de doenças crônicas que ocorrem na fase adulta”, acrescenta.

<><> Não se trata apenas de peso

O estudo utilizou dados de mais de 7.500 crianças entre 9 e 14 anos, participantes do Growing Up Today Study (GUTS). Os pesquisadores entrevistaram as crianças em 1996 e 2004, com acompanhamento em 2001 e 2008, respectivamente.

Os pesquisadores mediram as dietas de duas formas: o Índice Alternativo de Alimentação Saudável (Alternative Healthy Eating Index), que avalia alimentos e nutrientes que preveem doenças crônicas, e o Padrão Alimentar Inflamatório Empírico (Empirical Dietary Inflammatory Pattern), um índice que avalia o potencial inflamatório da dieta.

O estudo utilizou modelos estatísticos bem elaborados para avaliar a relação entre a qualidade da dieta e a idade de início da menstruação, segundo Zifan Wang, pesquisador associado da Escola de Saúde Pública T.H. Chan de Harvard, no departamento de saúde ambiental. Ele não participou da pesquisa.

“Consumir uma dieta saudável no final da infância e início da adolescência está associado a uma menarca mais tardia em comparação com aquelas que consomem uma dieta menos saudável. Importante destacar que essa associação não foi explicada pelo impacto da dieta sobre o tamanho corporal”, afirma Harris.

A compreensão anterior era de que o consumo excessivo de alimentos calóricos poderia levar à menstruação precoce porque o acúmulo de gordura corporal sinaliza aos hormônios para iniciar a puberdade, de acordo com Wang. Mas a relação ainda foi observada mesmo quando os pesquisadores consideraram o índice de massa corporal (IMC).

Isso significa que a obesidade infantil provavelmente não é o único fator que influencia a ligação entre menarca precoce e dieta — outro fator relacionado à alimentação inflamatória ou não saudável pode estar contribuindo, segundo Wang.

“Outros mecanismos podem ser possíveis e merecem investigação adicional”, afirmou.

<><> O que fazer pelos seus filhos

Diversos fatores ambientais influenciam a idade de início da menstruação, incluindo a exposição a altos níveis de poluição do ar e a produtos de cuidados pessoais que podem conter substâncias químicas capazes de interferir no sistema endócrino, explicou Wang.

É difícil eliminar completamente a exposição sua ou do seu filho a substâncias que desregulam o sistema endócrino, e não existem exigências claras de rotulagem que indiquem quais produtos representam esse risco, segundo Michael Bloom, professor de saúde global e comunitária no College of Public Health da George Mason University, em Fairfax, Virgínia, em um artigo anterior.

Nos Estados Unidos, por exemplo, existem bancos de dados online confiáveis, disponíveis ao público, para procurar produtos de cuidados pessoais mais seguros, como o SkinSafeProducts.com, desenvolvido por alergistas e dermatologistas da Mayo Clinic, e o Skin Deep, do Environmental Working Group, de acordo com Bloom, que também não participou do estudo mais recente.

Existem diretrizes para padrões alimentares associados à redução do risco de menstruação precoce. Neste estudo, os pesquisadores classificaram como saudáveis as dietas que incluíam frutas, vegetais, gorduras saudáveis, grãos integrais, nozes e leguminosas, explicou Harris.

As dietas com padrão inflamatório incluíam carnes vermelhas e processadas, grãos refinados e bebidas adoçadas com açúcar, como refrigerantes, sucos industrializados e refrigerantes diet.

“Nossas descobertas destacam a necessidade de todas as crianças e adolescentes terem acesso a refeições saudáveis, e a importância de cafés da manhã e almoços escolares baseados em diretrizes embasadas em evidências”, afirma Harris.

Mudar a alimentação do seu filho ou adolescente pode parecer uma tarefa difícil, mas pequenas mudanças fazem diferença.

“Sabemos que as calorias de alimentos ultraprocessados representam cerca de 70% da ingestão típica de um adolescente”, afirma Natalie Muth, pediatra e nutricionista da WELL Clinic, do Children’s Primary Care Medical Group, em San Diego, em uma reportagem anterior da CNN Internacional. “Qualquer mudança que reduza o consumo de coisas como salgadinhos, bolachas e refrigerantes, e aumente a ingestão de frutas e vegetais, já é uma grande vitória.”

•        Psyllium emagrece? Entenda os benefícios desse alimento

Embora seja utilizado há séculos por sua ação em prol do intestino, o psyllium tem aparecido em uma avalanche de posts nas redes sociais pelos apregoados efeitos “emagrecedores”. Tal atuação, inclusive, tem sido equiparada com a de medicamentos modernos que promovem a perda de peso – aqueles que contêm moléculas como a semaglutida, presente no Ozempic, e a tirzepatida, do Mounjaro.

Seu nome vem do grego, psulla, que significa “pulga”. Tal designação tem tudo a ver com o formato e o tamanho da semente da Plantago ovata Forssk, uma planta nativa da Ásia, mas que aparece também na região mediterrânea.

O grãozinho oferece pequenas quantidades de proteínas, sais minerais, entre outros nutrientes, mas seu maior tesouro está na casca. “Ela contém fibras solúveis”, diz a nutricionista Deborah Masquio, professora do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo.

Devido a essa característica, o alimento já era empregado na Antiguidade, por chineses e indianos, para combater males intestinais. No século 16, segundo relatos históricos, foi disseminado na Europa pelas mesmas atribuições.

A partir da década de 1970, estudos envolvendo o psyllium começaram a aparecer na literatura científica. “Além da atuação no intestino, há evidências de impactos positivos no equilíbrio dos níveis de colesterol, no controle da glicemia e na saciedade”, enumera Masquio.

Mas, ainda que existam evidências de que o psyllium possa ajudar a prolongar a saciedade, há uma grande discrepância entre seus efeitos e os resultados obtidos via medicação. “As pessoas querem um milagre”, comenta o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert Einstein. E de preferência, que seja algo o mais próximo do natural.

Assim, muita gente acaba consumindo a fibra por conta própria. Só que o excesso tende a desencadear desconfortos abdominais, gases e até mesmo a prisão de ventre. Bem indicado, porém, o psyllium pode ser um aliado. “É utilizado na prática clínica, como suplemento nutricional, para melhorar a constipação intestinal”, diz Cukier.

<><> O poder das fibras

Por trás desses efeitos estão as aclamadas fibras solúveis. Como o nome denuncia, essas fibras se dissolvem em água, formando uma espécie de gel no trato digestivo. “Elas têm a capacidade de aumentar o bolo fecal”, explica o nutrólogo.

Melhoram o trânsito intestinal e estimulam a contratilidade, o que movimenta a musculatura da região. Daí os efeitos contra a constipação. Sem uma boa hidratação, no entanto, nada funciona a contento. “Beber água ao longo do dia é uma estratégia essencial”, recomenda Cukier.

Ainda sobre a saúde do intestino, as fibras são fermentadas pelas bactérias benéficas da microbiota, em um mecanismo que aumenta a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), caso do butirato e propionato. Os AGCC são excelentes fontes de energia para os colonócitos, que são as células do intestino grosso, colaborando para a integridade da mucosa na região.

Também há indícios de que fibras como as do psyllium contribuam para o equilíbrio dos micro-organismos que habitam o cólon. Essa harmonia, como se sabe, favorece não somente o intestino, mas o sistema imune e até o humor.

Atualmente, boa parte da popularidade do psyllium se dá pela possível atuação no controle do apetite. “A formação dos géis, proveniente do contato das fibras com a água, interfere no esvaziamento gástrico”, explica Masquio. Assim, sinais são enviados ao cérebro, em um processo que ajuda a prolongar a saciedade.

O gel também tem relação com a proteção cardiovascular. Isso porque ele pode se ligar aos ácidos biliares — compostos envolvidos na digestão das gorduras —, arrastando-os pelas fezes. Com essa eliminação, há uma necessidade do organismo de repor os tais ácidos, resultando na retirada do colesterol da circulação e reduzindo, portanto, seus níveis no sangue.

Esses efeitos, entretanto, não são exclusivos das fibras do psyllium: alimentos como a aveia e a maçã também contam com as solúveis e apresentam as mesmas funções.

E não custa lembrar o de sempre: para garantir que não faltem fibras no dia a dia, o ideal é apostar em um cardápio variado e recheado de vegetais, priorizando frutas, hortaliças, grãos integrais, leguminosas (feijões, lentilhas, ervilhas…) e oleaginosas, ou seja, castanhas, amêndoas, nozes e afins.

Para recorrer ao psyllium, seja em cascas (husk) ou mesmo na versão em pó, o ideal é buscar orientação médica e de nutricionista, que devem recomendar sobre as dosagens, de acordo com o perfil.

<><> Outras fontes de fibras solúveis

>>> Betaglucana

A aveia é sempre o primeiro alimento a ser lembrado quando se fala em betaglucana, mas essa fibra solúvel também aparece no centeio e no cogumelo shitake. Há muitas evidências de seu papel cardioprotetor por ajudar a equilibrar os níveis de colesterol.

>>> Inulina

Uma de suas fontes mais conhecidas é a raiz da chicória. Entre seus feitos em prol do intestino, destaca-se o de zelar pela microbiota, estimulando o crescimento das bifidobactérias, que são micro-organismos benéficos

>>> Mucilagem

O psyllium, a chia e a linhaça são exemplos de alimentos que apresentam esse tipo de fibra solúvel envolvida com o aumento da saciedade.

>>> Pectina

Abundante em frutas, sobretudo na polpa da maçã, essa fibra também tem sido empregada como espessante em receitas de geleia, por exemplo. Mas os feijões também oferecem. No organismo humano, a pectina é fermentada no cólon e contribui para o volume das fezes.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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