Comer mal pode aumentar risco de menstruar
antes da hora, diz estudo
Os alimentos que você coloca nas lancheiras
dos seus filhos podem influenciar se eles terão a primeira menstruação
precocemente, segundo uma nova pesquisa.
Consumir uma dieta mais inflamatória foi
associado a uma chance 15% maior de as crianças terem a primeira menstruação no
mês seguinte, enquanto uma dieta mais saudável reduziu o risco em 8%, de acordo
com um novo estudo publicado na terça-feira (6) na revista Human Reproduction.
Começar a menstruar precocemente não é apenas
inconveniente — é um indicativo de condições crônicas, segundo a autora sênior
do estudo, Holly Harris, professora associada de epidemiologia no Fred Hutch
Cancer Center, em Seattle. E as novas gerações estão começando a menstruar mais
cedo e demorando mais para ter ciclos regulares.
A menstruação precoce, que é influenciada
tanto por fatores genéticos quanto externos, está associada a um risco maior de
câncer de mama, doenças cardiovasculares e diabetes na vida adulta, segundo
Harris.
“Este pode ser um período importante para
reduzir o risco de doenças crônicas que ocorrem na fase adulta”, acrescenta.
<><> Não se trata apenas de peso
O estudo utilizou dados de mais de 7.500
crianças entre 9 e 14 anos, participantes do Growing Up Today Study (GUTS). Os
pesquisadores entrevistaram as crianças em 1996 e 2004, com acompanhamento em
2001 e 2008, respectivamente.
Os pesquisadores mediram as dietas de duas
formas: o Índice Alternativo de Alimentação Saudável (Alternative Healthy
Eating Index), que avalia alimentos e nutrientes que preveem doenças crônicas,
e o Padrão Alimentar Inflamatório Empírico (Empirical Dietary Inflammatory
Pattern), um índice que avalia o potencial inflamatório da dieta.
O estudo utilizou modelos estatísticos bem
elaborados para avaliar a relação entre a qualidade da dieta e a idade de
início da menstruação, segundo Zifan Wang, pesquisador associado da Escola de
Saúde Pública T.H. Chan de Harvard, no departamento de saúde ambiental. Ele não
participou da pesquisa.
“Consumir uma dieta saudável no final da
infância e início da adolescência está associado a uma menarca mais tardia em
comparação com aquelas que consomem uma dieta menos saudável. Importante
destacar que essa associação não foi explicada pelo impacto da dieta sobre o
tamanho corporal”, afirma Harris.
A compreensão anterior era de que o consumo
excessivo de alimentos calóricos poderia levar à menstruação precoce porque o
acúmulo de gordura corporal sinaliza aos hormônios para iniciar a puberdade, de
acordo com Wang. Mas a relação ainda foi observada mesmo quando os
pesquisadores consideraram o índice de massa corporal (IMC).
Isso significa que a obesidade infantil
provavelmente não é o único fator que influencia a ligação entre menarca
precoce e dieta — outro fator relacionado à alimentação inflamatória ou não
saudável pode estar contribuindo, segundo Wang.
“Outros mecanismos podem ser possíveis e
merecem investigação adicional”, afirmou.
<><> O que fazer pelos seus
filhos
Diversos fatores ambientais influenciam a
idade de início da menstruação, incluindo a exposição a altos níveis de
poluição do ar e a produtos de cuidados pessoais que podem conter substâncias
químicas capazes de interferir no sistema endócrino, explicou Wang.
É difícil eliminar completamente a exposição
sua ou do seu filho a substâncias que desregulam o sistema endócrino, e não
existem exigências claras de rotulagem que indiquem quais produtos representam
esse risco, segundo Michael Bloom, professor de saúde global e comunitária no
College of Public Health da George Mason University, em Fairfax, Virgínia, em
um artigo anterior.
Nos Estados Unidos, por exemplo, existem
bancos de dados online confiáveis, disponíveis ao público, para procurar
produtos de cuidados pessoais mais seguros, como o SkinSafeProducts.com,
desenvolvido por alergistas e dermatologistas da Mayo Clinic, e o Skin Deep, do
Environmental Working Group, de acordo com Bloom, que também não participou do
estudo mais recente.
Existem diretrizes para padrões alimentares
associados à redução do risco de menstruação precoce. Neste estudo, os
pesquisadores classificaram como saudáveis as dietas que incluíam frutas,
vegetais, gorduras saudáveis, grãos integrais, nozes e leguminosas, explicou
Harris.
As dietas com padrão inflamatório incluíam
carnes vermelhas e processadas, grãos refinados e bebidas adoçadas com açúcar,
como refrigerantes, sucos industrializados e refrigerantes diet.
“Nossas descobertas destacam a necessidade de
todas as crianças e adolescentes terem acesso a refeições saudáveis, e a
importância de cafés da manhã e almoços escolares baseados em diretrizes
embasadas em evidências”, afirma Harris.
Mudar a alimentação do seu filho ou
adolescente pode parecer uma tarefa difícil, mas pequenas mudanças fazem
diferença.
“Sabemos que as calorias de alimentos
ultraprocessados representam cerca de 70% da ingestão típica de um
adolescente”, afirma Natalie Muth, pediatra e nutricionista da WELL Clinic, do
Children’s Primary Care Medical Group, em San Diego, em uma reportagem anterior
da CNN Internacional. “Qualquer mudança que reduza o consumo de coisas como
salgadinhos, bolachas e refrigerantes, e aumente a ingestão de frutas e
vegetais, já é uma grande vitória.”
• Psyllium
emagrece? Entenda os benefícios desse alimento
Embora seja utilizado há séculos por sua ação
em prol do intestino, o psyllium tem aparecido em uma avalanche de posts nas
redes sociais pelos apregoados efeitos “emagrecedores”. Tal atuação, inclusive,
tem sido equiparada com a de medicamentos modernos que promovem a perda de peso
– aqueles que contêm moléculas como a semaglutida, presente no Ozempic, e a
tirzepatida, do Mounjaro.
Seu nome vem do grego, psulla, que significa
“pulga”. Tal designação tem tudo a ver com o formato e o tamanho da semente da
Plantago ovata Forssk, uma planta nativa da Ásia, mas que aparece também na
região mediterrânea.
O grãozinho oferece pequenas quantidades de
proteínas, sais minerais, entre outros nutrientes, mas seu maior tesouro está
na casca. “Ela contém fibras solúveis”, diz a nutricionista Deborah Masquio,
professora do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo.
Devido a essa característica, o alimento já
era empregado na Antiguidade, por chineses e indianos, para combater males
intestinais. No século 16, segundo relatos históricos, foi disseminado na
Europa pelas mesmas atribuições.
A partir da década de 1970, estudos
envolvendo o psyllium começaram a aparecer na literatura científica. “Além da
atuação no intestino, há evidências de impactos positivos no equilíbrio dos
níveis de colesterol, no controle da glicemia e na saciedade”, enumera Masquio.
Mas, ainda que existam evidências de que o
psyllium possa ajudar a prolongar a saciedade, há uma grande discrepância entre
seus efeitos e os resultados obtidos via medicação. “As pessoas querem um
milagre”, comenta o nutrólogo Celso Cukier, do Hospital Israelita Albert
Einstein. E de preferência, que seja algo o mais próximo do natural.
Assim, muita gente acaba consumindo a fibra
por conta própria. Só que o excesso tende a desencadear desconfortos
abdominais, gases e até mesmo a prisão de ventre. Bem indicado, porém, o
psyllium pode ser um aliado. “É utilizado na prática clínica, como suplemento
nutricional, para melhorar a constipação intestinal”, diz Cukier.
<><> O poder das fibras
Por trás desses efeitos estão as aclamadas
fibras solúveis. Como o nome denuncia, essas fibras se dissolvem em água,
formando uma espécie de gel no trato digestivo. “Elas têm a capacidade de
aumentar o bolo fecal”, explica o nutrólogo.
Melhoram o trânsito intestinal e estimulam a
contratilidade, o que movimenta a musculatura da região. Daí os efeitos contra
a constipação. Sem uma boa hidratação, no entanto, nada funciona a contento.
“Beber água ao longo do dia é uma estratégia essencial”, recomenda Cukier.
Ainda sobre a saúde do intestino, as fibras
são fermentadas pelas bactérias benéficas da microbiota, em um mecanismo que
aumenta a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), caso do butirato e
propionato. Os AGCC são excelentes fontes de energia para os colonócitos, que
são as células do intestino grosso, colaborando para a integridade da mucosa na
região.
Também há indícios de que fibras como as do
psyllium contribuam para o equilíbrio dos micro-organismos que habitam o cólon.
Essa harmonia, como se sabe, favorece não somente o intestino, mas o sistema
imune e até o humor.
Atualmente, boa parte da popularidade do
psyllium se dá pela possível atuação no controle do apetite. “A formação dos
géis, proveniente do contato das fibras com a água, interfere no esvaziamento
gástrico”, explica Masquio. Assim, sinais são enviados ao cérebro, em um
processo que ajuda a prolongar a saciedade.
O gel também tem relação com a proteção
cardiovascular. Isso porque ele pode se ligar aos ácidos biliares — compostos
envolvidos na digestão das gorduras —, arrastando-os pelas fezes. Com essa
eliminação, há uma necessidade do organismo de repor os tais ácidos, resultando
na retirada do colesterol da circulação e reduzindo, portanto, seus níveis no
sangue.
Esses efeitos, entretanto, não são exclusivos
das fibras do psyllium: alimentos como a aveia e a maçã também contam com as
solúveis e apresentam as mesmas funções.
E não custa lembrar o de sempre: para
garantir que não faltem fibras no dia a dia, o ideal é apostar em um cardápio
variado e recheado de vegetais, priorizando frutas, hortaliças, grãos
integrais, leguminosas (feijões, lentilhas, ervilhas…) e oleaginosas, ou seja,
castanhas, amêndoas, nozes e afins.
Para recorrer ao psyllium, seja em cascas
(husk) ou mesmo na versão em pó, o ideal é buscar orientação médica e de
nutricionista, que devem recomendar sobre as dosagens, de acordo com o perfil.
<><> Outras fontes de fibras
solúveis
>>> Betaglucana
A aveia é sempre o primeiro alimento a ser
lembrado quando se fala em betaglucana, mas essa fibra solúvel também aparece
no centeio e no cogumelo shitake. Há muitas evidências de seu papel
cardioprotetor por ajudar a equilibrar os níveis de colesterol.
>>> Inulina
Uma de suas fontes mais conhecidas é a raiz
da chicória. Entre seus feitos em prol do intestino, destaca-se o de zelar pela
microbiota, estimulando o crescimento das bifidobactérias, que são
micro-organismos benéficos
>>> Mucilagem
O psyllium, a chia e a linhaça são exemplos
de alimentos que apresentam esse tipo de fibra solúvel envolvida com o aumento
da saciedade.
>>> Pectina
Abundante em frutas, sobretudo na polpa da
maçã, essa fibra também tem sido empregada como espessante em receitas de
geleia, por exemplo. Mas os feijões também oferecem. No organismo humano, a
pectina é fermentada no cólon e contribui para o volume das fezes.
Fonte: CNN Brasil

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