sábado, 24 de maio de 2025

Chocolate amargo pode ajudar no controle da hipertensão, revela novo estudo

Um novo estudo, publicado na revista científica European Journal of Preventive Cardiology, indica uma nova vantagem do consumo de chocolate amargo para a saúde. Segundo os pesquisadores, o alimento pode ajudar no controle da hipertensão, além de já contribuir para a melhora do humor e até para a saúde do intestino. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade de Surrey, na Inglaterra.

Certos alimentos, como chá e chocolate amargo, têm um efeito cardiovascular suficiente para rivalizar com os medicamentos prescritos, segundo o estudo. A equipe analisou 145 ensaios clínicos envolvendo mais de 5 mil participantes. Foram incluídos apenas ensaios clínicos planejados, o padrão ouro da pesquisa médica, que testaram alimentos ricos em flavan-3-ol em comparação com placebos.

De acordo com o resultado os estudos, alimentos ricos em compostos chamados flavan-3-ois, como chocolate amargo, chá (verde e preto), maçãs e uvas, podem reduzir a pressão arterial em níveis comparáveis aos de muitos medicamentos para hipertensão.

O consumo desses alimentos reduziu os níveis em cerca de 6 pontos na pressão sistólica (o número superior) e 3 pontos na pressão diastólica (o número inferior), semelhante ao observado pelos médicos com medicamentos convencionais. A análise incluiu alimentos reais que as pessoas podem incorporar facilmente em suas rotinas diárias.

Esses alimentos também melhoraram o funcionamento dos vasos sanguíneos, medido por meio de um teste chamado dilatação mediada por fluxo, que é o quão bem as artérias se expandem quando o sangue flui por elas. Esse efeito ocorreu independentemente das alterações na pressão arterial.

<><> Chocolate amargo: benefícios para quem mais precisa

Os pesquisadores descobriram que os benefícios para a pressão arterial foram mais pronunciados em pessoas que mais precisavam deles. Aqueles com pressão arterial normal apresentaram alterações mínimas, mas pessoas com leituras elevadas ou hipertensão diagnosticada apresentaram quedas significativas.

Estudos utilizando epicatequina purificada (o principal flavan-3-ol do cacau) ou EGCG (comum no chá verde) mostraram efeitos mais fracos do que estudos utilizando chocolate ou chá propriamente ditos. Isso sugere que os benefícios advêm da interação complexa de compostos em alimentos integrais, não apenas de ingredientes ativos isolados.

Em todos os estudos, apenas 0,4% dos participantes relataram efeitos adversos, principalmente pequenas dores de estômago ou dores de cabeça que se resolveram espontaneamente. Atualmente, a Associação Americana do Coração (AHA) e organizações similares recomendam limitar o sódio, aumentar a atividade física e seguir padrões alimentares como a dieta mediterrânea para controlar a pressão arterial.

“Embora não substitua medicamentos prescritos ou aconselhamento médico, incluir mais alimentos ricos em flavan-3-ol na rotina diária pode ser uma adição valiosa a um estilo de vida saudável, especialmente para pessoas com pressão arterial elevada. Essas são descobertas que, embora promissoras, exigem investigação contínua”, afirma o principal autor do estudo, Christian Heiss, da Universidade de Surrey, em comunicado.

•        Chocolate amargo: um aliado do coração

Tradicionalmente associado ao prazer e à celebração da Páscoa, o chocolate – especialmente o amargo – tem ganhado espaço também como potencial aliado da saúde cardiovascular. Longe de ser apenas uma indulgência, o alimento pode contribuir para a saúde do coração, desde que consumido com moderação e critério. “O cacau é uma fonte importante de flavonoides, compostos bioativos com ação antioxidante e anti- inflamatória”, afirma a nutricionista Juliana Meirelles, do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês.

Os flavonóis presentes no cacau estimulam a produção de óxido nítrico, substância que promove a vasodilatação e ajuda a controlar a pressão arterial. Além de favorecer a circulação, os flavonoides contribuem para a proteção das artérias ao combater os radicais livres, responsáveis pelo estresse oxidativo – um dos processos associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como explica a cardiologista Patrícia Oliveira, também do Centro de Cardiologia do Sírio-Libanês.

Os benefícios, no entanto, estão diretamente ligados à composição do chocolate. Dessa forma, é recomendável escolher chocolates com teor de cacau acima de 70%. “Produtos com muito açúcar, gordura saturada ou recheios acabam anulando os possíveis efeitos positivos à saúde”, atenta a cardiologista. E ainda dar preferência a versões com baixo teor de açúcar, sem gorduras trans e, se possível, enriquecidas com ingredientes funcionais como castanhas e amêndoas, que também apresentam propriedades benéficas para o sistema cardiovascular.

Embora ainda não haja consenso científico absoluto, há indícios consistentes de que o consumo regular e moderado de chocolate amargo pode contribuir para a melhora da função endotelial (a camada interna dos vasos sanguíneos), além de auxiliar no controle do colesterol e da pressão arterial.

Juliana Meirelles explica que os flavonóides também podem influenciar positivamente a sensibilidade à insulina e a resposta inflamatória do organismo. “Mas isso só é válido dentro de um contexto de alimentação equilibrada e estilo de vida saudável”, adverte ela, já que o consumo excessivo ou o uso do chocolate como ‘atalho’ para uma vida desregrada, compromete os resultados esperados.

Outro aspecto relevante é a interação entre o cacau e a microbiota intestinal – o conjunto de bactérias benéficas que habitam o trato digestivo. Um microbioma saudável favorece a absorção dos flavonoides e pode potencializar seus efeitos sobre o sistema cardiovascular. “O desequilíbrio na microbiota pode limitar a ação desses compostos bioativos, o que reforça a importância de uma alimentação rica em fibras e diversidade de nutrientes, para além do chocolate em si”, complementa.

<><> Cinco argumentos científicos para tirar o chocolate amargo da lista dos vilões:

1.       Contribui para a redução da pressão arterial;

2.       Melhora a função dos vasos sanguíneos;

3.       Combate inflamações e ajuda na defesa contra o desgaste celular;

4.       Auxilia no controle do colesterol, o que é importante para a saúde do coração;

5.       Tem leve ação anticoagulante, benéfica para a circulação.

A recomendação, reforça a especialista, é manter a porção pequena – idealmente após as refeições – e integrá-la a um plano alimentar balanceado. “Na Páscoa ou mesmo no dia a dia, trocar a culpa por consciência pode ser um gesto de cuidado com o próprio corpo. Escolher bem o chocolate é um ato de prazer e de prevenção”, diz Juliana.

 

Fonte: ICL Notícias/Sirio-Libanês

 

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