Brasil
polarizado: Órfãos do neoliberalismo progressista e descontentes, explica
sociólogo
Hostilização
e falta de entendimento no campo político brasileiro não são novidade. A radicalidade
política e
a capilaridade social que tomaram corações e mentes em todo o país, no entanto,
indicam a existência de um fenômeno “completamente novo” e “inédito” no Brasil,
diz Sérgio Costa na entrevista a
seguir concedida por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
O discurso da
extrema-direita,
exemplifica, combina “indignação moral com respostas fáceis para os problemas
sociais e econômicos que surgiram” e encontra “seus sujeitos entre aqueles que
se sentiam perdidos e eram perdedores do neoliberalismo progressista”. Para que
a esquerda possa oferecer um horizonte positivo, acompanhado de transformação
social, menciona, “o primeiro passo é reconhecer que os sofrimentos e as
angústias sociais que a extrema-direita mobiliza são reais”.
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Confira a entrevista.
·
Em que aspectos o Brasil é um país desigual e dividido?
Sérgio
Costa – Desigual,
o Brasil sempre foi. As desigualdades no Brasil são ubíquas, isto é,
atravessam todas as esferas sociais, do cotidiano às instituições e envolvem
distintas dimensões ou vetores: diferenças de renda e riqueza, assimetrias
políticas, desigualdades ambientais, existenciais etc. Além disso, essas
desigualdades são marcadamente interseccionais, ou seja, é impossível separar
as desigualdades referentes a classes sociais daquelas que dizem respeito a
gênero, raça, etnicidade, região etc. Por sua vez, a divisão do país, no
sentido da formação de campos políticos que não se entendem e se hostilizam
permanentemente e não apenas na época de eleições, mesmo não sendo um fenômeno
completamente novo, adquire hoje uma radicalidade e um grau de
capilaridade social que são inéditos na história do país.
·
A que atribui a polarização política no Brasil? Qual é a
origem desse fenômeno?
Sérgio
Costa – A polarização política contemporânea,
como se sabe, não é algo que ocorre só no Brasil; é um fenômeno global.
Ela tem uma origem tripla: social, econômica e ideológica.
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Origem social
Do
ponto de vista social, a transformação dos padrões de família, do mundo do
trabalho e das formas culturais de vida, ao mesmo tempo que permitiu a
emergência e afirmação de novas subjetividades (mulheres e minorias mais
empoderadas, multiplicação das orientações de sexualidade e gênero etc.), levou
a uma relativa perda de legitimação de formas conhecidas de se posicionar no
mundo, como é o caso da masculinidade
sexista e misógina ou
da branquitude abertamente racista ou apenas “inocente”, isto é, a
branquitude incapaz de refletir sobre os privilégios de que desfruta.
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Origem econômica
Do
ponto de vista econômico, o que Nancy Fraser chamou de neoliberalismo
progressista,
qual seja, a combinação entre capitalismo espoliador e políticas sociais
pró-mercado, como as políticas de transferência de renda para os mais pobres,
não se mostrou capaz de gerar bem-estar duradouro para as massas trabalhadoras.
Serviu para aumentar as possibilidades e as expectativas de consumo das
famílias sem permitir, ao mesmo tempo, que estas pudessem ter acesso adequado a
serviços básicos de qualidade: moradia, transporte, saúde, educação. O ciclo
do neoliberalismo progressista, que em alguns países ainda persiste, gerou
também órfãos e descontentes.
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Origem ideológica
Por
último, a raiz ideológica da polarização diz respeito à ascensão
da extrema-direita capaz de
articular um discurso de plástico e escorregadio. Combinando indignação moral
com respostas fáceis para os problemas sociais e econômicos que surgiram, este
discurso da direita e particularmente da extrema-direita foi capaz de encontrar
seus sujeitos entre aqueles que se sentiam perdidos e eram perdedores do
neoliberalismo progressista. Segundo esta cartilha, a corrupção não é
um problema sistêmico situado na interseção entre economia e política, mas
fruto da degeneração moral dos governantes de esquerda. A má qualidade de
ensino não é fruto da falta de investimentos e da privatização da educação, mas
advém da instrumentalização ideológica das escolas pelos marxistas
culturais. Na mesma chave, os problemas de segurança seriam produto da defesa
pela esquerda dos direitos humanos dos bandidos e por aí vai. Ou seja, a
direita e particularmente a extrema-direita foram capazes de
identificar angústias que eram e são reais, e foram capazes oferecer uma
explicação e soluções para tais problemas que, apesar de completamente
falaciosas e inócuas, se mostraram convincentes.
·
O que está por trás da polarização? Diria que ela é
sintoma de algo que está além da política?
Sérgio
Costa – Por trás da polarização estão os movimentos de perdas e
ganhos materiais e subjetivos dos diferentes grupos. A história brasileira
recente permite descrever esses movimentos de maneira muito ilustrativa. O
ciclo que vai de 2003 a 2014 pode ser descrito como um momento de
desordenamento das hierarquias sociais: pobres se tornam um pouco
menos pobres; negros, mulheres, indígenas se tornam um pouco menos
desempoderados, e a classe média estabelecida branca perde parte de
seus privilégios e o quase-monopólio de uso de alguns bens e serviços (carro,
empregada doméstica, uso de aviões e aeroportos, acesso à universidade). Para
os muito ricos, contudo, nada muda; eles continuam aumentando seu quinhão
na renda e na riqueza. Com o avanço da crise econômica a partir de 2015 e,
sobretudo, depois do impeachment de Dilma Rousseff e da guinada à
direita com Temer e Bolsonaro, o ciclo que se segue é um período
de reordenamento das hierarquias sociais: pobres se tornam outra vez
mais pobres, mulheres e minorias se tornam outra vez menos empoderadas e
a classe média estabelecida consegue reaver parte de seus
privilégios. Por fim, o período que começa em 2023, no Lula 3, anunciava
um novo ciclo de desordenamento das hierarquias que, não obstante, não tem se
verificado na magnitude esperada. Mesmo em seus âmbitos mais exitosos, como
a redução da pobreza, o desordenamento
das hierarquias vem se dando a uma velocidade muito menor do que os eleitores
de Lula contavam.
O
confronto de opiniões e posicionamentos entre os perdedores e ganhadores de
cada um desses ciclos definem os termos, isto é, os polos, da polarização
política.
·
Qual é a oferta da extrema-direita para o Brasil e por
que ela se tornou atrativa entre uma parte significativa da sociedade? Por que
a extrema-direita de Bolsonaro ganha corações e mentes no país?
Sérgio
Costa – Do ponto de vista de seus conteúdos,
a extrema-direita foi capaz de identificar e nomear preocupações e
sofrimentos sociais reais: corrupção, criminalidade, angústias com relação às
transformações fortes dos mundos da vida (empoderamento de mulheres,
sexualidades múltiplas, destradicionalização das relações de família etc.),
expectativas frustradas de ascensão social etc. A extrema-direita logrou também
criar explicações e supostas soluções muito simples para tais problemas que são
altamente complexos, sugerindo, por exemplo, que a restauração dos modelos
tradicionais de família, a valorização do
mérito individual,
a abolição dos direitos humanos para criminosos eram a saída para
todos os impasses. Adicionalmente, esse discurso cria outra vez um lugar no
mundo e uma posição de poder para quem havia perdido materialmente e
subjetivamente com as transformações observadas. Por exemplo, para um produtor
rural ou dono de uma pequena empresa que já não pode mais humilhar mulheres,
seus empregados ou negros com a mesma falta de cerimônia que fazia até há
algumas décadas, repostar um meme que mostra gays, mulheres ou pessoas mais
pobres que eles em situações constrangedoras, mesmo que isso pareça
incompreensível para nós, pode ter algo de catártico, de libertador.
·
Quais são as transformações mais significativas ocorridas
no Brasil nos últimos 20 anos? Como era o país nos anos 2000 e como é hoje?
Sérgio
Costa – Para os termos do argumento que o livro procura desenvolver, a
saber que há uma relação contingente entre mudanças nas situações
interseccionais e as escolhas políticas, as principais mudanças que eu
destacaria são:
i) há
no período um crescimento significativo da renda per capita real que
é, contudo, acompanhado de um crescimento brutal da concentração de
renda e riqueza nas
mãos dos milionários, o 1% mais rico;
ii)
apesar das desigualdades brutais ainda existentes em termos políticos
e de direitos existenciais entre homens e mulheres, brancos e negros,
heteronormativos e grupos LGBTQIA+, o presente século viu tais assimetrias
reduzirem significativamente;
iii)
ainda que tenha havido uma queda expressiva do número de homicídios por 100 mil
habitantes no período, a sensação de vulnerabilidade à
criminalidade cresceu significativamente dados o aumento expressivo do
poder de fogo das organizações criminosas e o crescimento da criminalidade
contra grupos específicos, como negros, vítimas preferencias da violência
policial, e a população LGBTQIA+.
Eu
destaco essas mudanças porque elas são expressivas dos movimentos de
desordenamento e reordenamento das hierarquias que são condicionantes
importantes para as escolhas políticas tanto no campo
da direita quanto no campo da esquerda.
·
Como a sociedade civil foi mudando nesse processo de
transformação do país?
Sérgio
Costa – As transformações da sociedade civil são profundas e dizem
respeito tanto à diversificação das formas culturais de vida como destaquei
acima quanto às formas de organização social e política. No contexto do estudo
das divisões políticas, eu destaco uma transformação em particular: a digitalização dos
processos de mobilização. A direita e, outra vez,
a extrema-direita com mais ênfase conseguiram, muito mais rapidamente
que as forças progressistas, expandir suas competências para a comunicação
digital. Construíram redes muito capilarizadas nas várias plataformas,
desenvolveram uma linguagem eficaz, de memes divertidos a bordões capazes de
potencializar o ódio latente, e conseguiram gestar seus influenciadores com o
poder de mobilizar milhões de seguidores em curto espaço de tempo, como visto
recentemente nos casos das mentiras divulgadas sobre a planejada regulação dos
pagamentos via Pix. As forças progressistas estão muito longe desta
efetividade. Se ainda são, de algum momento, competitivas em termos de disputa
de hegemonia, mas também eleitoralmente, isto se deve ao fato de que possuem
mais enraizamento na sociedade civil, por assim dizer, analógica.
·
Que relações estabelece entre as desigualdades sociais e
a vida política no Brasil? Como a relação entre ambos ajuda a compreender as
transformações recentes em nível nacional?
Sérgio
Costa – Quando se entende desigualdades sociais não mais apenas
como diferenças de renda entre indivíduos, mas como desigualdades
multidimensionais entre grupos definidos a partir da combinação de categorias
interseccionais, tem-se nas desigualdades uma chave poderosa para explicar a
vida política. O que quero dizer é que a adesão às forças mais à direita ou
mais à esquerda do espectro político está relacionada de forma contingente com
os movimentos observados na estrutura social. O vínculo é contingente porque as
escolhas políticas dependem não apenas dos movimentos estruturais objetivos,
mas da maneira subjetiva como esses movimentos são percebidos e julgados. Se
alguém, por exemplo, se sente mais vulnerável à criminalidade porque observa
mais pessoas tendo o celular furtado à sua volta, pode atribuir essa limitação
de seus direitos existenciais tanto à desigualdade social e ao crescimento do
crime organizado quanto a uma suposta cumplicidade entre um governo de
esquerda e as organizações criminosas. Ou seja, o mesmo tipo de sofrimento
social admite possibilidades variadas de interpretação que estão, por sua vez,
associadas a escolhas políticas contrárias.
·
Como têm se articulado as mudanças na estrutura social e
as escolhas políticas no Brasil?
Sérgio
Costa – Numa aproximação grosseira, mas indicativa do que vem sendo
observado, podemos dizer que os que ganharam no primeiro ciclo de
desordenamento das hierarquias (2003-2015) e, consequentemente, perderam
no ciclo de reordenamento das hierarquias (2016-2022) tendem a votar
nas forças progressistas ou, como ficou
conhecido no debate político, na esquerda. Aqueles que percorreram a trajetória
oposta, qual seja, que perderam com o desordenamento das hierarquias e ganharam
com o reordenamento das hierarquias, tendem a preferir a direita.
·
O senhor declarou que a esquerda precisa oferecer uma
imagem de mundo melhor. Qual seria?
Sérgio
Costa – Para se contrapor a essas táticas da extrema-direita de
criar sujeitos a partir da destruição simbólica (não raro material) de outras
subjetividades, as forças progressistas não podem naturalmente usar a mesma
moeda usada pelos extremistas de direita. Não podem, por exemplo, desumanizar
ou ridicularizar as figuras e as referências da extrema-direita. Isso só
fortaleceria os vínculos entre aqueles que se sentem deixados para trás pelas
transformações contemporâneas e por uma elite progressista e elitista
com seus líderes supostamente antissistema. Não há obviamente receitas fáceis
sobre formas eficazes de reagir nesse caso. De todo modo, me parece que o
primeiro passo é reconhecer que os sofrimentos e as angústias sociais que a
extrema-direita mobiliza são reais. É preciso reconhecer como real a angústia
da família de classe média branca que se sente, por exemplo, amedrontada porque
as possibilidades de ter seus filhos estudando em universidades públicas
diminuíram efetivamente desde a introdução do sistema de cotas. É preciso
reconhecer que ter seu celular roubado é um drama existencial para uma
adolescente com poucos recursos. Em alguns casos, essas angústias podem ser
amenizadas por políticas públicas eficazes, por exemplo, ampliar as vagas no
ensino superior público ou melhorar as políticas de segurança. Em outros casos,
são necessários espaços de aprendizado coletivo que mostrem que ampliar
direitos implica reduzir privilégios, mas que a vida é melhor e mais digna numa
sociedade na qual a convivência social é baseada em direitos e não em
privilégios. A isso me refiro quando insisto na necessidade imperiosa de que
as forças progressistas busquem criar horizontes positivos de
transformação social.
·
Em que aspectos as forças progressistas, de um lado, e a
direita e ultradireita, de outro, se assemelham e se distanciam?
Sérgio
Costa – A pergunta é bastante ampla. Por isso, vou tomar a liberdade de respondê-la
a partir de uma tipologia recente que elaborei para pensar campos políticos
na América Latina e que serve bem para o Brasil. Penso que é
possível, num exercício de simplificação, pensar em quatro grandes campos
políticos: autoritarismo de esquerda, autoritarismo de
direita, liberais e progressistas. O autoritarismo de
esquerda que impera, por exemplo, na Venezuela e
na Nicarágua e que tem muitos simpatizantes no Brasil compartilha com
o autoritarismo de direita de
Bolsonaro, Milei ou Bukele o desprezo pela democracia e
pelo multilateralismo materializado no sistema das Nações
Unidas. Ambos diferem, contudo, na valorização da redistribuição de riqueza e
justiça social. Enquanto o autoritarismo de direita aposta no darwinismo
social, o autoritarismo de esquerda, ao menos discursivamente, exalta a justiça
social.
Os liberais
no Brasil são mais propriamente neoliberais. São de direita e, até
segunda ordem, aceitam o jogo democrático. Não obstante, aceitam também sem
grandes problemas alianças com a extrema-direita. Como os direitistas
autoritários, os liberais rechaçam políticas de redistribuição de renda, mas
convivem bem com o multilateralismo e, principalmente, com o livre comércio. Os progressistas consideram
o estado democrático de direito inegociável e apostam na justiça social e na
redistribuição de renda comandada pelo Estado. Defendem
um multilateralismo amplo, o que implica aceitar a regulação
multilateral de temas abrangentes como meio ambiente e clima, direitos humanos,
economia etc.
·
Quais são as teorias recentes sobre o Brasil que o senhor
revisita no livro e como as avalia hoje? Em que aspectos elas ajudaram a
compreender as transformações em curso no país e, de outra parte, quais foram
seus limites?
Sérgio
Costa – O livro está assentado em basicamente três pilares teóricos: a
sociologia compreensiva de Max Weber, a pesquisa mais
recente sobre desigualdade social e a teoria política
pós-estruturalista. Da sociologia de Max Weber, o livro retira sua aposta
na necessidade de compreensão entre os nexos objetivos e subjetivos dos
processos sociais. Isto é, para entender explicando ou explicar entendendo,
como queria Weber, é necessário compreender que mudanças estruturais
condicionam mas não determinam escolhas políticas. Tão importante quanto as
mudanças objetivas são os processos subjetivos de decodificação de tais transformações.
Da pesquisa mais recente sobre desigualdades veio a atenção para o
caráter multidimensional e interseccional das distâncias sociais. Finalmente, a
teoria política pós-estruturalista de autores como Stuart
Hall e Judith Butler ajudou a
entender o caráter contingente dos processos de subjetificação. Isto é, o mesmo
sofrimento social provocado, por exemplo, pela interrupção das perspectivas de
mobilidade social ascendente pode gerar reações regressivas como, por exemplo,
ridicularizar ou humilhar os mais pobres como meio de autoafirmação. Pode,
contudo, gerar a crítica dos excessos do individualismo e alimentar a
solidariedade com os mais vulneráveis. O outro achado do livro claramente
inspirado pela teoria política pós-estruturalista é o reconhecimento do lugar
da corporalidade na afirmação, negociação e, em alguns casos, transformação
das desigualdades sociais. É verdade que Bourdieu, com
seu conceito de habitus, já havia atentado para isso. A corporalidade
do pós-estruturalismo é, contudo, uma categoria muito mais dinâmica e
multifacetada, o que permite, por exemplo, pensá-la não só na chave de classe,
mas também na embocadura interseccional. Isso permite entender o que está em
jogo quando corporalidades (negras, queer, periféricas etc.) começam a
frequentar espaços sociais onde não são esperados.
·
No livro, o senhor diz que “as escolhas políticas de
indivíduos e grupos estão associadas à sua ‘situação interseccional’, qual
seja, o lugar que ocupam nas hierarquias de classe, gênero, sexualidade e
raça”. Pode explicar essa ideia?
Sérgio
Costa – Situação interseccional é o conceito cunhado no livro no
sentido de ampliar e atualizar o conceito de situação de classe de Max
Weber. A situação interseccional diz respeito à nossa inserção material nas
relações de classe, gênero e sexualidade, raça e etnicidades e outras que se
mostrem relevantes. Essa inserção objetiva condiciona nossas escolhas
políticas. O que, contudo, determina as escolhas políticas é a interpretação
subjetiva e contingente desta inserção e dos movimentos que ela venha a sofrer
ao longo do tempo.
·
Neste cenário político polarizado, quais as perspectivas
para a próxima eleição presidencial? O que o atual cenário indica?
Sérgio
Costa – Cientistas sociais costumam fazer bons diagnósticos, mas são, em
geral, péssimos em fazer prognósticos. Pensando nisso, eu não me arriscaria a
fazer previsões para as eleições presidenciais do próximo ano. Até
porque me parece que o jogo ainda está sendo jogado. Isto é, os resultados do
ano que vem dependerão mais do que ainda vai acontecer até outubro de 2026 do
que do quadro atual. É verdade que Lula tem hoje níveis medíocres de
aprovação e a idade avançada pesa contra ele. Não obstante, lidera ainda as
pesquisas de intenção de voto. A máquina digital da direita e da
extrema-direita está mais afiada do que nunca, mas com seu líder maior
inelegível, podem comparecer fragmentadas para a competição do próximo ano. Há
ainda a opção aberta de surgir uma chapa de presidente e vice-presidente que
concilie bolsonaristas e o campo liberal que não quer abolir a democracia.
Penso que Lula perderia para uma chapa dessas.
Se
a extrema-direita, contudo, partir para tudo ou nada e insistir numa chapa
que não leve em conta alianças com grupos mais moderados, penso que tem menos
chances de vencer. A fórmula que funcionou nos Estados Unidos para
eleger D. Trump e J.D. Vance não funcionaria, a meu ver, no Brasil.
Mas, como disse, ainda há muito jogo pela frente.
Fonte:
IHU

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