quarta-feira, 7 de maio de 2025

Aldear direitos e trabalho: como indígenas quebram estereótipos e preconceitos no mercado

“Tem quem fique impressionado por eu ter me graduado em uma das maiores universidades do país”, conta o amazonense Robson Baré, 27, formado em jornalismo pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Ainda convivemos com estigmas sobre a nossa competência profissional e os nossos saberes em relação aos dos não-indígenas. Precisamos nos reafirmar e nos provar o tempo todo”, diz o bacharel, discurso que encontra eco tanto no serviço público quanto no privado de todo o país.

Apenas 0,37% do total de 570.590 servidores federais ativos são indígenas, segundo dados do Painel Estatístico de Pessoal do Ministério da Gestão e Inovação – parte expressiva concentrada nas áreas de educação e saúde. Entre as 1,1 mil maiores empresas privadas brasileiras, até 2024, a participação indígena em cargos de entrada e de liderança é ainda menor: 0,1%, segundo pesquisa do Instituto Ethos.

Em tempos em que há uma demanda social maior por diversidade no mercado de trabalho, as dificuldades são enfrentadas desde o primeiro contato com as empresas. “Na primeira frase da minha apresentação [no currículo], sempre destaco que sou indígena do povo Baré-Tukano. É importante lembrar de onde eu vim”, conta Baré, atribuindo ao importante detalhe parte do insucesso em tentativas frustradas de emprego no setor privado.

Embora não seja concursada, a baiana Samara Pataxó, 35, vive uma realidade mais próxima dos 2.101 servidores públicos federais indígenas em atividade no Brasil, o que envolve ineditismos. “Sou a primeira indígena a ocupar uma assessoria dentro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), instituição que completou 93 anos em fevereiro. Isso traz um impacto, quebra muitos estereótipos, paradigmas, mas também possibilita que as pessoas possam ter um novo olhar sobre as questões indígenas”, afirma.

<><> Por que isso importa?

•        Participação proporcional de indígenas no mercado de trabalho ainda não reflete a composição da população brasileira.

•        Indígenas em áreas do conhecimento que dependem de formação específica e inserção desse grupo em grandes empresas ainda precisam ser multiplicados em quase 10 vezes para atingir paridade com a população branca.

<><> Política e educação, os indutores da mudança (ainda) tardia

Em janeiro de 2023, durante a cerimônia de posse do terceiro mandato Lula, o cacique kayapó Raoni Metuktire subiu a rampa do Planalto ao lado do presidente. A presença do indígena, membro honorário da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), junto a representantes de outras minorias mandava um recado claro da expectativa de um governo com políticas de inclusão mais sensíveis.

Chefe de Participação Social e Diversidade do Ministério dos Povos Indígenas, Jecinaldo Sateré observa que os últimos 30 anos foram acompanhados de avanços significativos para essas comunidades. Ele atribui essa realidade a três fatores principais: fortalecimento do movimento indígena, fim da tutela que era exercida pelos órgãos de Estado e conquista de espaço nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Segundo o Censo 2022, 0,83% da população brasileira se declara indígena. Atualmente, durante o governo Lula, 2,1 mil indígenas estão entre os servidores públicos federais, 0,37% do total, uma marca ainda menor do que a metade da paridade da demografia nacional. Mesmo em locais como o Ministério dos Povos Indígenas, onde a concentração dessa população é naturalmente mais acentuada, o contingente não chega à metade do efetivo: 98 servidores se declaram indígenas, 45% dos 217 que atuam na pasta.

A Lei 14.553, que entrou em vigor ainda em abril de 2023, determina que as empresas, sejam elas públicas ou privadas, solicitem a autodeclaração dos trabalhadores sobre sua raça e etnia, em conformidade com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utiliza as categorias branco, preto, pardo, amarelo e indígena. A ideia é contabilizar a representatividade de grupos minoritários e de elaborar políticas afirmativas, dois eixos que já vêm ganhando espaço nos últimos anos.

No cerne de toda a mudança, segundo Sateré, está a educação: “É um pilar muito importante nesse processo, porque através da educação indígena conseguimos despertar para as nossas lutas e uma melhor organização.”

<><> A difícil ascensão em um mercado majoritariamente branco

O Instituto Ethos divulgou em 2024 uma pesquisa sobre diversidade nas 1.100 maiores empresas do Brasil e revelou que, embora haja maior consciência entre as lideranças sobre a falta de diversidade, as ações e políticas de inclusão ainda são insuficientes e focadas na entrada, não na ascensão dentro da empresa.

Os dados mostram que há 0,1% de homens indígenas em cargos de alta liderança (conselho de administração e executivo), marca que cai a zero no caso de mulheres indígenas.

O índice é o mesmo para cargos de média liderança (gerência e supervisão) e de entrada (trainee e estagiário), sendo esses postos ocupados por 0,1% de mulheres indígenas.

Em comparação, mais de 70% dos cargos de alta liderança são ocupados por homens brancos, enquanto que nos empregos de entrada, os homens brancos ocupam 9% das vagas. Por sua vez, as mulheres brancas estão em pouco mais de 20% dos cargos de alta liderança e são maioria nas vagas de entrada.

<><> Dificuldades comuns começam desde a formação

Mesmo nas universidades, que deveriam ser ambientes com maior promoção da diversidade e inclusão, há entraves que repelem a permanência indígena, sobretudo devido aos deslocamentos, distâncias, choque cultural e linguístico, representatividade e acesso à renda.

Natural de São Gabriel da Cachoeira (AM) e da Terra Indígena do Alto Rio Negro, Robson Baré decidiu ser jornalista aos 14 anos, mas não se sentia representado pelos rostos que assistia nos telejornais da TV. Com problemas familiares, não pôde cursar Comunicação Social após ser aprovado na Universidade Federal do Amazonas, em 2014. Só começou o ensino profissionalizante após dois anos, com um curso técnico em administração, com o qual não se identificou.

A carreira só teve início ao descobrir o vestibular específico para indígenas da UFPR, que eventualmente abria vagas para candidatos de outras regiões do país. Se deslocou 3.288 km até Pinhão (PR) para prestar o vestibular, que até hoje não garante que os candidatos escolham o curso de sua preferência, definido por disponibilidade de escolha a partir da classificação do candidato. Aprovado, enfrentou a angústia de ter que deixar a família para trás para investir na formação.

“Me bateu um desespero porque fiquei pensando em como ia deixar a minha mãe. Mas ela me disse para seguir meu caminho, que estava muito feliz por mim e me ajudou financeiramente nos primeiros meses”, recorda, emocionado, o jornalista, que destaca como sua origem contribui para a diferenciação do seu trabalho. “A visão indígena de dentro do território é muito importante até para falar sobre mudanças climáticas, soluções ambientais; é necessário ouvir os indígenas”, avalia.

Para a mestre e doutora em direito pela Universidade de Brasília (UnB) Samara Pataxó, as desigualdades encontradas em Salvador e na Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde ela cursou direito, faziam com que ela sentisse que não merecia estar naquele lugar.

“Numa das turmas que entrei, havia filhos de prefeitos, de políticos, que estudaram nas melhores escolas. Vinha uma frustração, porque eu estudava muito e não conseguia tirar notas boas. Não havia outra pessoa indígena, então me sentia mais próxima dos estudantes que também eram periféricos, negros, trabalhadores”, lembra.

Na Terra Indígena Coroa Vermelha, no extremo sul da Bahia, ela faz parte da primeira geração da família a ter acesso a estudos, em uma escola pública dentro da aldeia. “Meus avós eram pessoas analfabetas e meus pais tiveram pouco acesso à escola. Eu sempre ouvia muito das lideranças, avós e pais que a minha geração é privilegiada”, lembra Samara, que seguiu caminho diferente do comum para a juventude indígena, que atua como guias de turismo, artesãos, pescadores, agricultores ou professores.

“As lideranças da comunidade queriam que a gente continuasse tendo vínculo com a aldeia, e, ao mesmo tempo nos incentivavam a exercer outras profissões que trouxessem bons retornos para a própria comunidade”, completa Samara Pataxó, que disse se inspirar na ex-deputada federal Joenia Wapichana, primeira advogada indígena do Brasil, no caso da Raposa Serra do Sol, para seguir carreira, que culminou com convite do ministro e ex-presidente do TSE Edson Fachin para compor a Secretaria-Geral no cargo de assessora-chefe de Inclusão e Diversidade da presidência do tribunal, em 2022.

Samara explica que levou para sua atuação profissional o conceito de “aldear” espaços de poder, que se trata de uma estratégia de resistência e busca por direitos na política, judiciário, legislativo e demais setores. Já o conceito de “aldear direitos”, que compõe sua tese de doutorado, trata da conexão entre conhecimento jurídico e estratégias de luta tradicionais dos povos indígenas. “Estamos formando aldeamentos através da nossa presença nesses espaços que por muito tempo não fomos convidados ou nos foi negado o direito a estar e exercer”, reforça.

•        Amazônia no coração da Igreja: o legado de um papa de alma verde. Por Edison Veiga

Àquela altura, papa Francisco já havia deixado claro que a questão ambiental era uma de suas maiores preocupações. Quando estava encerrando uma missa especial de canonização de novos santos, em 15 de outubro de 2017, ele anunciou a convocação de um sínodo para o ano seguinte. O tema do encontro seria a região amazônica.

“O principal objetivo dessa convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta amazônica, pulmão de grande importância para o nosso planeta”, declarou Francisco.

A notícia animou particularmente ambientalistas, ativistas da causa indígena e, claro, os moradores do bioma. Ao trazer a Amazônia para o centro do Vaticano, Francisco dava uma dimensão do tamanho que a questão representava não só para os oito países dos quais ela faz parte — mas para o planeta e a humanidade como um todo.

Dentro do jargão católico, sínodo é uma palavra muito utilizada. É como são nomeadas as assembleias de tempos em tempos convocadas pelo papa para discutir determinado tema. A palavra vem do grego. O prefixo syn traz o sentido de “junto com”. Hodós, substantivo, significa caminho. Em grego, synodéo é um verbo: fazer um caminho com alguém, caminhar junto.

A novidade de Francisco estava em trazer um tema ambiental para esse debate. O subtítulo da convocação, à guisa de tema, dizia que o encontro buscava “novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.

De acordo com o historiador Carlos Trubiliano, professor na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e assistente técnico na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Sínodo para a Amazônia foi “um marco científico-espiritual”. “Veja, a Igreja convocou um sínodo especial, reunindo bispos, lideranças indígenas, cientistas e ambientalistas para discutir a realidade amazônica. São atores sociais discutindo problemas reais que afetam não apenas o recorte geográfico da Amazônia, mas todo o planeta”, comenta.

Ele lembra que ali “foram denunciados a exploração predatória, o desmatamento, a violação de direitos dos povos indígenas e, ao mesmo tempo, propôs-se caminhos para uma ecologia integral, indicando ao mundo uma mudança de paradigma que articulasse a justiça social, preservação ambiental e respeito à diversidade cultural”. “A Igreja passou a reconhecer que a crise ambiental é, em essência, uma crise humana, uma crise ética-espiritual”, define o historiador.

No processo de construção do encontro — os dois anos entre o anúncio e o evento propriamente dito — ocorreram diálogos e escuta com os povos da Amazônia. Assim, antes mesmo dos católicos, os povos originários foram convidados a dar suas perspectivas, seus pontos de vista.

“Ele levantou a bandeira da preservação da Amazônia e o sínodo foi um momento de muita importância. Estivemos presentes”, diz o pedagogo Alberto Terena, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros (Apib). “O papa trouxe a questão do meio ambiente e também a luta pela demarcação dos territórios dos povos indígenas, a importância de garantirmos nossos direitos.”

Ao longo do mês de outubro de 2019, o Vaticano recebeu 114 bispos para falar sobre a Amazônia. Milhares de pessoas de todas as partes do mundo também participaram de alguma forma, inclusive representantes de comunidades amazônicas. Pelo menos 50 lideranças indígenas compartilharam suas experiências com a cúpula da Igreja. Mulheres também tiveram voz: foram 40 convidadas a participar dos debates, um número considerável para uma instituição milenar que poucas vezes dá espaço para o pensamento feminino.

Para especialistas, o primeiro legado do sínodo foi a expressão que o tema ganhou. “Ele trouxe visibilidade para a Amazônia. E não foi pouca coisa”, o frade franciscano Marcelo Toyansk Guimarães, coordenador do serviço Justiça, Paz e Integridade da Criação dos Frades Capuchinhos do Brasil, coordenador nacional da Pastoral da Moradia e Favela e assessor da Comissão Justiça e Paz da seção Sul 1 da CNBB.

“Francisco colocou a pauta ambiental como um tema crucial para a humanidade. Quando a Igreja Católica faz isso, ela deixa a Amazônia em evidência, como elemento central para o século 21”, diz o teólogo e historiador Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Isso obriga que os líderes mundiais tenham de olhar para a Amazônia, desenvolver políticas públicas [para protegê-la]. Porque há uma pressão mundial e agora com um player poderoso pressionando também: a figura do papa, a figura da Igreja Católica.”

Moraes atenta que políticas públicas são derivadas de avanços das discussões. “Quando a Igreja Católica, instituição de peso, entra nesse debate e apoia essa temática, isso faz com que os holofotes estejam voltados para isso. E os ganhos concretos virão ao longo dos anos”, contextualiza ele. Em sua visão, portanto, a maior conquista para o segmento, para os ativistas e para todos os envolvidos, é o fato de a instituição então capitaneada por Francisco ter fincado o pé na causa.

“Foi o primeiro sínodo a trazer o nome de um bioma, refletindo a partir do chão, da vida”, define Guimarães.

<><> O primeiro cardeal da Amazônia

O religioso também frisa que a visibilidade trazida para a Amazônia é o primeiro legado deixado pelo evento. E menos de três anos depois, o papa conferiu ao arcebispo de Manaus, Leonardo Ulrich Steiner, uma honraria inédita a um prelado da região. “Ele se tornou o primeiro cardeal da Amazônia”, ressalta o frade. “Isso valorizou a presença eclesial a partir de realidades socioambientais, com seus desafios específicos.”

Um dos 135 membros do colégio que vai, nos próximos dias, escolher o sucessor de Francisco, Steiner é muito ciente dessa responsabilidade. Ele também preside o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), organismo vinculado à CNBB. Em sua avaliação, a principal consequência do sínodo realizado em 2019 foi a confirmação de uma caminhada que já vinha sendo feita “e que se deve fazer”.  “A Igreja na Amazônia precisa de uma participação intensa dos leigos, é missionária e leva em consideração a questão do meio ambiente, da justiça, da importância dos pobres. Está atenta às mudanças”, comenta.

Embora Francisco tenha dado uma ênfase especial ao meio ambiente, o assunto não era uma completa novidade na esfera dos pontificados. O papa Paulo 6º (1897-1978) abordou o meio ambiente em uma carta apostólica publicada em maio de 1971. João Paulo 2º (1920-2005) demonstrou preocupação semelhante em mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1990. O antecessor de Francisco, Bento 16 (1927-2022) também demonstrou postura ecológica em encíclica de junho de 2009. “O cuidado com a Casa Comum, a partir dos últimos pontífices, faz parte integrante da Doutrina Social da Igreja”, observa o CIMI, em texto publicado na época do Sínodo para a Amazônia.

Para o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o sínodo de 2019 forçou os religiosos “a terem um maior diálogo com os povos tradicionais e as questões ambientais”.

“O papa foi um grande progressista não só por pensar na diversidade ética e religiosa, mas também por avançar no pensamento que envolve os temas ambientais, principalmente quanto às questões mais urgentes da humanidade, como as mudanças climáticas e o respeito aos povos originários”, ressalta ele.

<><> Os quatros sonhos do Papa para o bioma

Todo sínodo deixa como legado um documento, chamado de exortação apostólica pós-sinodal. Baseado no relatório produzido pelos bispos, o papa produz esse texto com as mensagens de destaque do encontro e suas reflexões a partir dela. Em fevereiro de 2020 foi publicada a exortação Querida Amazônia.

No texto, Francisco compartilhou seus “quatro grandes sonhos” para a região. Ele vislumbrava uma Amazônia “que lute pelos direitos dos mais pobres”, “que preserve a riqueza cultural”, “que guarde zelosamente a sedutora beleza natural” e que as comunidades cristãs consigam ser “capazes de se devotar e encarnar na Amazônia”.

Além do magistério concentrado nesse documento, um legado concreto deixado pelo sínodo foi o entendimento que as organizações da Igreja — e, por conseguinte, de outras instituições — podem seguir os vínculos com o bioma, e não necessariamente obedecer às fronteiras político-históricas que se conformam em países.

Assim, em junho de 2020 foi criada a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), congregando episcopados de todos os países que formam o bioma. Era uma novidade, já que essas entidades que congregam bispos costumam obedecer às circunscrições territoriais de seus países de origem, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ou a Conferenza Episcopale Italiana (CEI).

“No pós-sínodo tivemos a criação da CEAMA, não pensando só a partir da divisão de estado-nação, a partir das conferências já instituídas, mas pensando a partir da realidade da vida expressa nos biomas”, afirma Guimarães.

De lá para cá, como ele conta, outros exemplos semelhantes têm sido articulados ao redor do mundo em uma “tendência da Igreja de ter olhares de redes eclesiais a partir do chão, da vida, dos biomas”.  “Os biomas são um grande agregador”, reflete o religioso. “Pensar a partir dos biomas, a partir de relações socioambientais, e não somente a partir de divisões históricas, é um avanço que o sínodo nos trouxe.”

Além da criação do Ceama, houve também o fortalecimento de organismos ligados à Igreja com atuação política, religiosa e social na Amazônia. O historiador Trubiliano elenca este ponto como um dos “efeitos práticos” pós-sinodais, lembrando da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) e do próprio Cimi. Segundo ele, tais entidades “têm apoiado projetos de defesa ambiental e de proteção social, especialmente aos povos indígenas”.

Outro ponto importante diz muito aos católicos — mas tem implicações para todo o planeta. Após o sínodo, Francisco incluiu na doutrina da Igreja um novo conceito de pecado. “Do ponto de vista espiritual, o reconhecimento do pecado ecológico introduziu o entendimento teológico de que destruir a natureza é também uma ofensa a Deus”, ressalta Trubiliano.

A partir de então, não zelar pelo meio ambiente se tornou uma questão também de confessionário. “Papa Francisco, no final das contas, propôs uma visão de mundo em que a religiosidade cristã deve estar necessariamente articulada com uma responsabilidade ambiental”, diz Ramirez.

Não é à toa o carinho manifestado a ele por representantes dos povos originários. “Queríamos agradecer a ele, agradecer por esse período”, afirma Terena. “Ele foi um elemento principal para que a nossa pauta tivesse visibilidade. Uma figura importantíssima para protagonizar a necessidade da preservação do meio ambiente, da floresta, da vida e da biodiversidade do planeta.”

“A gente só tem a agradecer por tudo o que ele fez, ajudando a nossa caminhada, dentro das lutas de preservação do meio ambiente, do nosso território, da Amazônia e também das nossas vidas, como povos indígenas”, completa. Caminhada. Em conjunto. A ideia do sínodo, afinal?

 

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Fonte: Por Luana Melody Brasil, da Agencia Pública

 

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