terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Por minuto, 40 pessoas são diagnosticadas com câncer no mundo, segundo OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, a cada minuto, 40 pessoas são diagnosticadas com a doença em todo o mundo – e se submetem a tratamentos oncológicos para vencer a doença.

“Elas não conseguem ser bem sucedidas sozinhas. Em todo mundo, a OMS trabalha com parceiros para criar coalisões globais, catalisar ações locais e amplificar as vozes de pessoas afetadas pelo câncer”, avaliou o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Em seu perfil na rede sociais X, Tedros destacou que a OMS atua em diversas áreas, desde o fornecimento de medicações para tratamentos oncológicos pediátricos até campanhas globais para a eliminação do câncer cervical. “Estamos trabalhando para melhorar a vida de milhões de pessoas”, escreveu.

“No Dia Mundial do Câncer, honramos a coragem daqueles afetados pela doença, celebramos o progresso científico e reafirmamos nosso compromisso de promover saúde para todos”, concluiu o diretor-geral.

Dentre as orientações publicadas pela OMS para reduzir o risco de câncer estão:

  • não fumar;
  • praticar atividade física regularmente;
  • comer frutas e verduras;
  • manter um peso corporal saudável;
  • limitar o consumo de álcool.

¨      Pouco conhecido, câncer anal levou a 38 mil internações nos últimos 10 anos

câncer de ânus e do canal anal causaram mais de 38 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos dez anos, de acordo com números do Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde (SIH/SUS) obtidos com exclusividade pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). Dados também mostram que houve mais de seis mil óbitos pela doença entre 2015 e 2023.

Segundo o levantamento, foram 38.196 internações por câncer de ânus e canal anal no país entre 2015 e outubro de 2024, e 6.814 mortes em decorrência desse tipo de tumor, entre 2015 e 2023.

 “Dados do Sistema de Informações Hospitalares do Brasil, e também de outros países, como Estados Unidos, têm mostrado que a incidência do câncer de ânus cresceu nas últimas décadas. A conscientização da população frente ao problema e o conhecimento de que a prevenção e o diagnóstico precoce são possíveis ainda são fundamentais no combate à doença”, alerta Ana Sarah Portillo, diretora de comunicação da SBCP.

De acordo com Pedro Basílio, secretário-geral da SBCP, os casos de câncer anal aumentaram nos últimos anos, principalmente desde os anos 1990. “Isso aconteceu muito por conta da epidemia que vivemos de HIV, em função de que a contaminação por esse vírus ocorre da mesma forma da contaminação por HPV, que é o principal responsável pelo câncer no canal anal. Esses pacientes, além de apresentarem uma imunossupressão que favorece o desenvolvimento do HPV, são mais suscetíveis a terem o câncer”, explica.

Para o especialista, o câncer anal é um tumor pouco conhecido por ser pouco divulgado. “Recentemente, tivemos algumas pessoas públicas contraindo essa doença e divulgando, e isso trouxe um pouco mais à tona a discussão em torno do câncer do canal anal”, observa. A maior conscientização, segundo ele, é importante para aumentar a prevenção, que inclui o uso de preservativos em relações sexuais e a vacina contra o HPV.

<><> Câncer silencioso

O câncer anal, geralmente, está relacionado à infecção pelo papilomavírus humano (HPV), transmitido por meio de relação sexual sem preservativo, contato íntimo e compartilhamento de objetos sexuais sem a devida proteção.

Pessoas com sistema imunológico enfraquecido, fumantes e indivíduos com histórico de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e de câncer de colo de útero também apresentam maior risco de desenvolver a doença, de acordo com a SBCP.

A preocupação em torno do câncer anal é que, em alguns casos, ele pode ser silencioso, ou seja, não apresentar sintomas. “No entanto, em muitos pacientes ocorre sangramento, o que, muitas vezes, pode ser confundido com a doença hemorroidária. As hemorroidas são provocadas pela dilatação das veias do ânus e do reto e podem provocar sangramento, mas não são causas de câncer”, alerta Sergio Alonso Araújo, presidente da SBCP.

“Outras condições como fissura, fístula e verrugas também podem causar sangramento anal, por isso é imprescindível consultar um coloproctologista aos primeiros sinais”, acrescenta.

Por isso, ficar atento aos principais sinais de alerta é fundamental para o diagnóstico precoce, além de manter o acompanhamento médico regular.

<><> Sintomas e sinais de alerta

As primeiras manifestações da infecção pelo HPV são as verrugas, também chamadas de condilomas, na região genital, podendo ser única ou múltiplas. No entanto, nem sempre a infecção pelo vírus causa sintomas, o que aumenta o risco de transmissão em caso de relação sexual desprotegida.

“O vírus do HPV tem uma altíssima transmissibilidade e na maioria dos pacientes se comporta sem gerar sintomas. É uma infecção que damos o nome de latente, por ficar silenciosa no paciente hospedeiro por anos até gerar algum sintoma, seja ele verrugas ou o próprio câncer anal, tendo o último um tempo médio de 10-15 anos para surgimento em pacientes com sistema imune saudável, e mais precocemente em pacientes imunodeficientes”, afirma Portilho.

Além disso, os principais sintomas do câncer de ânus incluem:

  • Sangramento retal;
  • Coceira local;
  • Nódulo ou massa no ânus;
  • Alteração na forma e/ou consistência das fezes;
  • Incontinência fecal;
  • Aumento dos gânglios linfáticos na área do ânus ou virilha.

O câncer anal pode ser diagnosticado por meio de anuscopia, exame realizado com o uso de um aparelho chamado anuscópio, inserido no ânus para avaliar o canal anal. Também pode ser realizada a biópsia de tecido da região.

“O tratamento inicial do câncer anal é dado através de quimioterapia e radioterapia. A cirurgia, antigamente considerada primeira linha de tratamento e mais agressiva, fica reservada aos pacientes que apresentaram tumor residual após tratamento quimioterápico ou retorno da lesão após tratamento”, explica Lucas de Araujo Horcel, oncologista membro da SBCP.

¨      Câncer de cabeça e pescoço tem maioria de casos avançados no país, diz Inca

A cada dez casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil, oito são identificados em estágio avançado. É o que revela pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), publicada na revista científica internacional The Lancet Regional Health Americas. A publicação é uma das mais prestigiadas do setor.

O estudo “Disparidades no estágio do diagnóstico de tumores de cabeça e pescoço no Brasil: uma análise abrangente de registros hospitalares de câncer” investigou 145 mil casos entre 2000 e 2017, e também comprovou que, quanto menor o nível de educação do paciente, maior a probabilidade de diagnóstico em estágio grave.

São câncer de cabeça e pescoço os tumores que aparecem na boca, orofaringe, laringe (a região das cordas vocais), nariz, seios nasais, nasofaringe, pescoço, tireoide, couro cabeludo, pele do rosto e do pescoço, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça a Pescoço.

A maior parte das pessoas diagnosticadas com a doença tem 60 anos de idade. No entanto, o Inca observou que, nos casos mais graves, os pacientes são mais jovens, com 50, 40 e 30 anos de idade, principalmente pessoas sem o ensino básico ou educação incompleta e os mais pobres. Homens com menos de 50 anos, de baixa escolaridade, que fumam e consomem bebidas alcoólicas, eram oito em dez dos casos graves.

Os pesquisadores também chamam atenção para as desigualdades regionais na prevalência do estágio mais avançado na Região Norte do país e defendem mais ações para favorecer o diagnóstico precoce.

 “O foco agora é tornar mais rápido o acesso às consultas e aos exames especializados, com menos burocracia, a partir do encaminhamento realizado pelas equipes de atenção primária”, disse, em nota, a epidemiologista do Inca Flávia Nascimento de Carvalho, responsável pela pesquisa, fruto de seu doutorado.

As chances de cura para o câncer de cabeça e pescoço são de 90%, se tratado desde cedo. São sinais de alerta desconforto na garganta, uma ferida que não cicatriza, alteração na voz ou rouquidão e nódulos.

Em 2011, o presidente Luiz Inácio Lula teve um câncer de laringe que, diagnosticado, foi tratado e curado.

¨      Exercícios físicos ajudam a prevenir, tratar e se recuperar de câncer

O Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, ressalta a importância das atividades físicas para prevenção e controle de câncer em comunicado divulgado na última semana. Alinhado à Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), o instituto destaca que os exercícios físicos são benéficos tanto para a saúde mental quanto coletiva, além de contribuírem para o bem-estar, a qualidade de vida, a socialização, a ampliação de autonomia e a participação social.

prática regular de exercícios, segundo recomenda o Inca, pode levar à redução do risco de diversos tipos de câncer, como os de mama, próstata, endométrio, cólon e reto.

O estímulo à atividade física, no entanto, não deve partir apenas dos pacientes.

Para o coordenador de Prevenção e Vigilância do Inca, Fábio Carvalho, a inovação da divulgação é justamente enfatizar o que a literatura científica traz em relação ao potencial da atividade física para a saúde em geral, não só relacionada ao câncer. Com a divulgação, o documento ajuda a desmistificar o senso comum de que o repouso é a melhor estratégia para pacientes oncológicos.

“O que o posicionamento está destacando também é que existem políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS) que oferecem atividades físicas para a população brasileira”, observa. “Além disso, nas unidades de saúde, outros profissionais, como fisioterapeutas, nutricionistas e enfermeiros, podem aconselhar sobre o tema e apoiar as pessoas a adaptarem a atividade física à sua realidade, de acordo com o local onde moram e o ritmo de trabalho que possuem”.

<><> Números

No Brasil, conforme dados do MS com base nos Registros de Câncer e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS), houve 71.730 casos novos de câncer de próstata, 21.970 de cólon e reto e 18.020 de traqueia, brônquios e pulmões em homens em 2023. Entre as mulheres, foram 73.610 casos novos de câncer de mama, 23.660 de cólon e reto e 17.010 de colo do útero no mesmo período.

Os dados do ministério mostram ainda a quantidade de óbitos por localização primária do tumor em 2021. Em homens, o câncer de próstata registrou 16.300 mortes, o de traqueia, brônquios e pulmões, 15.987, e o de cólon e reto 10.662. A situação se mantém semelhante entre as mulheres, com 18.139 mortes por conta do câncer de mama, 12.977 por câncer de traqueia, brônquios e pulmões e 10.598 por câncer de cólon e reto.

“Especificamente para as pessoas em tratamento de câncer, a atividade física tem potencial tanto de reduzir a mortalidade específica por alguns tipos de câncer, como também de contribuir no controle dos sintomas, como, por exemplo, a fadiga oncológica, sintoma comum para quem está em tratamento”, pontua Carvalho.

Segundo o coordenador, manter o corpo em movimento melhora igualmente a qualidade de sono e o estado psicossocial — conjunto de necessidades sociais, emocionais e de saúde mental — dos pacientes. “De forma geral, a atividade física contribui tanto na prevenção, para evitar que um caso de câncer surja, quanto para ajudar quem está em tratamento ou após ele”, acrescenta. No estudo Estimativa 2023 — Incidência de Câncer no Brasil, o Inca alertava para o surgimento de 704 mil casos novos de câncer no país por ano até 2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência da doença.

<><> Adaptações

No posicionamento divulgado no início deste ano, o Inca enfatiza que a atividade física, quando adaptada às condições específicas de cada indivíduo, é segura e eficaz para pacientes em diferentes estágios de tratamento. “É absolutamente relevante que a equipe de saúde que já acompanha o caso esteja ciente de que a pessoa vai fazer atividade física, preferencialmente com acompanhamento de um profissional de educação física ou de um fisioterapeuta”, enfatiza Carvalho.

Para os pacientes mais vulneráveis economicamente, que não têm a possibilidade de serem acompanhados por equipes especializadas, o coordenador indica que simples ações no dia a dia podem ajudar.

“Se a pessoa não tiver acesso a esse profissional, ela pode ter opções fisicamente mais ativas no dia a dia. Por exemplo, caminhar um pouco mais, trocar o carro em trechos pequenos, como para ir à padaria ou ao mercado perto de casa, por ir andando. Tudo isso vai trazer benefícios”, recomenda Carvalho.

“Se for possível, a partir do estágio de tratamento e do acesso que a pessoa tiver, frequentar uma atividade física sistematizada, como uma academia ou mesmo uma corrida com supervisão, vai ser melhor ainda, mas isso não é condição para ter os benefícios da atividade física. Opções mais fisicamente ativas no dia a dia também ajudam bastante”, defende.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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