Por minuto, 40 pessoas são
diagnosticadas com câncer no mundo, segundo OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, a
cada minuto, 40 pessoas são diagnosticadas com a doença em todo o
mundo – e se submetem a tratamentos oncológicos para vencer a doença.
“Elas não conseguem ser bem sucedidas sozinhas. Em todo
mundo, a OMS trabalha com parceiros para
criar coalisões globais, catalisar ações locais e amplificar as vozes de pessoas
afetadas pelo câncer”, avaliou o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom
Ghebreyesus.
Em seu perfil na rede sociais X, Tedros destacou que a
OMS atua em diversas áreas, desde o fornecimento de medicações para tratamentos oncológicos pediátricos
até campanhas globais para a eliminação do câncer cervical. “Estamos
trabalhando para melhorar a vida de milhões de pessoas”, escreveu.
“No Dia Mundial do Câncer, honramos a coragem daqueles
afetados pela doença, celebramos o progresso científico e reafirmamos nosso
compromisso de promover saúde para todos”, concluiu o diretor-geral.
Dentre as orientações publicadas
pela OMS para reduzir o risco de câncer estão:
- não fumar;
- praticar atividade física
regularmente;
- comer frutas e verduras;
- manter um peso corporal saudável;
- limitar o consumo de álcool.
¨ Pouco conhecido, câncer anal levou a
38 mil internações nos últimos 10 anos
O câncer de ânus e do canal
anal causaram mais de 38 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS) nos
últimos dez anos, de acordo com números do Sistema de Informações Hospitalares
do Ministério da Saúde (SIH/SUS) obtidos com exclusividade pela Sociedade
Brasileira de Coloproctologia (SBCP). Dados também mostram que houve mais de
seis mil óbitos pela doença entre 2015 e 2023.
Segundo o levantamento, foram 38.196 internações
por câncer de ânus e canal anal
no país entre 2015 e outubro de 2024, e 6.814 mortes em decorrência desse tipo
de tumor, entre 2015 e 2023.
“Dados do
Sistema de Informações Hospitalares do Brasil, e também de outros países, como
Estados Unidos, têm mostrado que a incidência do câncer de ânus cresceu nas
últimas décadas. A conscientização da população frente ao problema e o
conhecimento de que a prevenção e o diagnóstico precoce são possíveis ainda são
fundamentais no combate à doença”, alerta Ana Sarah Portillo, diretora de
comunicação da SBCP.
De acordo com Pedro Basílio, secretário-geral da SBCP,
os casos de câncer anal aumentaram nos últimos anos, principalmente desde os
anos 1990. “Isso aconteceu muito por conta da epidemia que vivemos de HIV, em
função de que a contaminação por esse vírus ocorre da mesma forma da
contaminação por HPV, que é o principal responsável pelo câncer no canal anal.
Esses pacientes, além de apresentarem uma imunossupressão que favorece o
desenvolvimento do HPV, são mais suscetíveis a terem o câncer”, explica.
Para o especialista, o câncer anal é um tumor pouco
conhecido por ser pouco divulgado. “Recentemente, tivemos algumas pessoas
públicas contraindo essa doença e divulgando, e isso trouxe um pouco mais à
tona a discussão em torno do câncer do canal anal”, observa. A maior
conscientização, segundo ele, é importante para aumentar a prevenção, que
inclui o uso de preservativos em relações sexuais e a vacina contra o HPV.
<><> Câncer silencioso
O câncer anal, geralmente, está relacionado à infecção
pelo papilomavírus humano (HPV), transmitido por
meio de relação sexual sem preservativo, contato íntimo e compartilhamento de
objetos sexuais sem a devida proteção.
Pessoas com sistema imunológico enfraquecido, fumantes
e indivíduos com histórico de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e de câncer de colo de
útero também
apresentam maior risco de desenvolver a doença, de acordo com a SBCP.
A preocupação em torno do câncer anal é que, em alguns
casos, ele pode ser silencioso, ou seja, não apresentar sintomas. “No entanto,
em muitos pacientes ocorre sangramento, o que, muitas vezes, pode ser
confundido com a doença hemorroidária. As hemorroidas são provocadas pela
dilatação das veias do ânus e do reto e podem provocar sangramento, mas não são
causas de câncer”, alerta Sergio Alonso Araújo, presidente da SBCP.
“Outras condições como fissura, fístula e verrugas
também podem causar sangramento anal, por isso é imprescindível consultar um
coloproctologista aos primeiros sinais”, acrescenta.
Por isso, ficar atento aos principais sinais de alerta
é fundamental para o diagnóstico precoce, além de manter o acompanhamento
médico regular.
<><> Sintomas e sinais de alerta
As primeiras manifestações da infecção pelo HPV são as
verrugas, também chamadas de condilomas, na região genital, podendo ser única
ou múltiplas. No entanto, nem sempre a infecção pelo vírus causa sintomas, o
que aumenta o risco de transmissão em caso de relação sexual desprotegida.
“O vírus do HPV tem uma altíssima transmissibilidade e
na maioria dos pacientes se comporta sem gerar sintomas. É uma infecção que
damos o nome de latente, por ficar silenciosa no paciente hospedeiro por anos
até gerar algum sintoma, seja ele verrugas ou o próprio câncer anal, tendo o
último um tempo médio de 10-15 anos para surgimento em pacientes com sistema
imune saudável, e mais precocemente em pacientes imunodeficientes”, afirma
Portilho.
Além disso, os principais sintomas do câncer de ânus
incluem:
- Sangramento retal;
- Coceira local;
- Nódulo ou massa no ânus;
- Alteração na forma e/ou consistência
das fezes;
- Incontinência fecal;
- Aumento dos gânglios linfáticos na
área do ânus ou virilha.
O câncer anal pode ser diagnosticado por meio de
anuscopia, exame realizado com o uso de um aparelho chamado anuscópio, inserido
no ânus para avaliar o canal anal. Também pode ser realizada a biópsia de
tecido da região.
“O tratamento inicial do câncer anal é dado através de
quimioterapia e radioterapia. A cirurgia, antigamente considerada primeira
linha de tratamento e mais agressiva, fica reservada aos pacientes que
apresentaram tumor residual após tratamento quimioterápico ou retorno da lesão
após tratamento”, explica Lucas de Araujo Horcel, oncologista membro da SBCP.
¨ Câncer de cabeça e pescoço tem maioria
de casos avançados no país, diz Inca
A cada dez casos de câncer de cabeça e pescoço no
Brasil, oito são identificados em estágio avançado. É o que revela pesquisa do
Instituto Nacional do Câncer (Inca), publicada na revista científica
internacional The Lancet Regional Health Americas. A publicação é uma das mais
prestigiadas do setor.
O estudo “Disparidades no
estágio do diagnóstico de tumores de cabeça e pescoço no Brasil: uma análise
abrangente de registros hospitalares de câncer” investigou 145
mil casos entre 2000 e 2017, e também comprovou que, quanto menor o nível de
educação do paciente, maior a probabilidade de diagnóstico em estágio grave.
São câncer de cabeça e
pescoço os
tumores que aparecem na boca, orofaringe, laringe (a região das cordas vocais),
nariz, seios nasais, nasofaringe, pescoço, tireoide, couro cabeludo, pele do rosto e
do pescoço, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça a Pescoço.
A maior parte das pessoas diagnosticadas com a doença
tem 60 anos de idade. No entanto, o Inca observou que, nos casos mais graves,
os pacientes são mais jovens, com 50, 40 e 30 anos de idade, principalmente
pessoas sem o ensino básico ou educação incompleta e os mais pobres. Homens com
menos de 50 anos, de baixa escolaridade, que fumam e consomem bebidas alcoólicas, eram oito em dez
dos casos graves.
Os pesquisadores também chamam atenção para as
desigualdades regionais na prevalência do estágio mais avançado na Região Norte
do país e defendem mais ações para favorecer o diagnóstico precoce.
“O foco agora é
tornar mais rápido o acesso às consultas e aos exames especializados, com menos
burocracia, a partir do encaminhamento realizado pelas equipes de atenção
primária”, disse, em nota, a epidemiologista do Inca Flávia Nascimento de
Carvalho, responsável pela pesquisa, fruto de seu doutorado.
As chances de cura para o câncer de cabeça e pescoço
são de 90%, se tratado desde cedo. São sinais de alerta desconforto na
garganta, uma ferida que não cicatriza, alteração na voz ou rouquidão e
nódulos.
Em 2011, o presidente Luiz Inácio Lula teve um câncer
de laringe que, diagnosticado, foi tratado e curado.
¨ Exercícios físicos ajudam a prevenir,
tratar e se recuperar de câncer
O Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão vinculado
ao Ministério da Saúde, ressalta a importância das atividades físicas para
prevenção e controle de câncer em comunicado divulgado na última semana.
Alinhado à Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), o
instituto destaca que os exercícios físicos são benéficos tanto para a saúde
mental quanto coletiva, além de contribuírem para o bem-estar, a qualidade de
vida, a socialização, a ampliação de autonomia e a participação social.
A prática regular de exercícios, segundo recomenda
o Inca, pode levar à redução do risco de diversos tipos de câncer, como os de
mama, próstata, endométrio, cólon e reto.
O estímulo à atividade física, no entanto, não deve
partir apenas dos pacientes.
Para o coordenador de Prevenção e Vigilância do Inca,
Fábio Carvalho, a inovação da divulgação é justamente enfatizar o que a
literatura científica traz em relação ao potencial da atividade física para a
saúde em geral, não só relacionada ao câncer. Com a divulgação,
o documento ajuda a desmistificar o senso comum de que o repouso é a melhor
estratégia para pacientes oncológicos.
“O que o posicionamento está destacando também é que
existem políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS) que oferecem
atividades físicas para a população brasileira”, observa. “Além disso, nas
unidades de saúde, outros profissionais, como fisioterapeutas, nutricionistas e
enfermeiros, podem aconselhar sobre o tema e apoiar as pessoas a adaptarem a
atividade física à sua realidade, de acordo com o local onde moram e o ritmo de
trabalho que possuem”.
<><> Números
No Brasil, conforme dados do MS com base nos Registros
de Câncer e no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS), houve 71.730
casos novos de câncer de próstata, 21.970 de cólon e reto e 18.020 de traqueia,
brônquios e pulmões em homens em 2023. Entre as mulheres, foram 73.610 casos
novos de câncer de mama, 23.660 de cólon e reto e 17.010 de colo do útero no
mesmo período.
Os dados do ministério mostram ainda a quantidade de
óbitos por localização primária do tumor em 2021. Em homens, o câncer de
próstata registrou 16.300 mortes, o de traqueia, brônquios e pulmões, 15.987, e
o de cólon e reto 10.662. A situação se mantém semelhante entre as mulheres,
com 18.139 mortes por conta do câncer de mama, 12.977 por câncer de traqueia,
brônquios e pulmões e 10.598 por câncer de cólon e reto.
“Especificamente para as pessoas em tratamento de
câncer, a atividade física tem potencial tanto de reduzir a mortalidade
específica por alguns tipos de câncer, como também de contribuir no controle
dos sintomas, como, por exemplo, a fadiga oncológica, sintoma comum para quem
está em tratamento”, pontua Carvalho.
Segundo o coordenador, manter o corpo em movimento
melhora igualmente a qualidade de sono e o estado psicossocial — conjunto de
necessidades sociais, emocionais e de saúde mental — dos pacientes. “De forma
geral, a atividade física contribui tanto na prevenção, para evitar que um caso
de câncer surja, quanto para ajudar quem está em tratamento ou após ele”,
acrescenta. No estudo Estimativa 2023 — Incidência de Câncer no Brasil, o Inca
alertava para o surgimento de 704 mil casos novos de câncer no país por ano até
2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70%
da incidência da doença.
<><> Adaptações
No posicionamento divulgado no início deste ano, o Inca
enfatiza que a atividade física, quando adaptada às condições específicas de
cada indivíduo, é segura e eficaz para pacientes em diferentes estágios de
tratamento. “É absolutamente relevante que a equipe de saúde que já acompanha o
caso esteja ciente de que a pessoa vai fazer atividade física,
preferencialmente com acompanhamento de um profissional de educação física ou
de um fisioterapeuta”, enfatiza Carvalho.
Para os pacientes mais vulneráveis economicamente, que
não têm a possibilidade de serem acompanhados por equipes especializadas, o
coordenador indica que simples ações no dia a dia podem ajudar.
“Se a pessoa não tiver acesso a esse profissional, ela
pode ter opções fisicamente mais ativas no dia a dia. Por exemplo, caminhar um
pouco mais, trocar o carro em trechos pequenos, como para ir à padaria ou ao
mercado perto de casa, por ir andando. Tudo isso vai trazer benefícios”,
recomenda Carvalho.
“Se for possível, a partir do estágio de tratamento e
do acesso que a pessoa tiver, frequentar uma atividade física sistematizada,
como uma academia ou mesmo uma corrida com supervisão, vai ser melhor ainda,
mas isso não é condição para ter os benefícios da atividade física. Opções mais
fisicamente ativas no dia a dia também ajudam bastante”, defende.
Fonte: CNN Brasil
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