terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

O que se sabe sobre a nova tarifa do aço por Trump

O presidente americano Donald Trump afirmou neste domingo (9/2) que anunciará tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para o país. As novas taxas devem ser anunciadas na segunda-feira.

"Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%", afirmou Trump a repórteres no avião presidencial Air Force One.

Trump não mencionou nenhum país em sua declaração, mas, se de fato ele anunciar oficialmente essa tarifa, o Brasil poderá ser um dos afetados.

Depois do petróleo, o ferro e o aço são os principais produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos, representando 14% das exportações brasileiras para os EUA em 2024. O país comandado hoje por Trump é o segundo maior parceiro comercial com o Brasil, atrás somente da China.

Outro importante produto brasileiro para os EUA são as aeronaves, que representaram 6,7% das exportações do Brasil para território americano em 2024, com destaque para a Embraer.

O governo brasileiro ainda não se manifestou, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já disse que manterá uma relação de "reciprocidade" e taxará as importações americanas, caso Trump decida por taxar os produtos brasileiros no país.

"É muito simples, se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos. Simples", disse Lula no início de fevereiro.

O aço e o alumínio já estiveram no alvo de Trump em seu primeiro mandato, quando ele impôs tarifas de 25% sobre o primeiro, e 10% sobre o segundo produto. No entanto, acabou concedendo cotas isentas de impostos a vários parceiros comerciais, o Brasil entre eles, além de Canadá e México.

A bordo do avião presidencial, Trump também afirmou que vai igualar as tarifas cobradas por outros países aos Estados Unidos, mas não mencionou quais.

"É muito simples, se eles cobram de nós, nós também cobramos deles", afirmou, em mais uma escalada na guerra comercial estabelecida por ele desde que tomou posse no mês passado.

Sua intenção de implementar tarifas recíprocas cumpriria uma promessa de campanha eleitoral de cobrar tarifas nas mesmas taxas impostas aos produtos dos EUA.

Ele também disse que os impostos de importação para veículos permaneceram na mesa após relatos de que ele estava considerando isenções para tarifas universais.

Trump reclamou repetidamente que as tarifas da União Europeia (UE) sobre importações de carros americanos são muito mais altas do que as taxas dos EUA.

Na semana passada, Trump disse à BBC que as tarifas sobre produtos da UE poderiam acontecer "muito em breve" - ​​mas sugeriu que um acordo poderia ser "feito" com o Reino Unido.

O anúncio de Trump ocorre dias depois de ele fechar acordos com o Canadá e o México. Os pactos com os dois países ocorreram para evitar tarifas de 25% que ele havia ameaçado sobre todos os produtos mexicanos e canadenses.

Em sua rede Truth Social, Trump afirmou que aceitou o adiamento depois que o Canadá se comprometeu a intensificar o combate à entrada de drogas ilegais nos EUA — um dos principais argumentos do americano para impor as tarifas.

Como contra-partida, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, prometeu gastar 1,3 bilhão de dólares canadenses (cerca de R$ 5,2 bilhões) em segurança na fronteira, nomear um "czar" para supervisionar os esforços para impedir o tráfico de fentanil e "classificar cartéis como grupos terroristas".

Já em relação ao México, o presidente americano afirmou que teve uma"conversa muito amigável" com a presidente do país, Claudia Sheinbaum, na semana passada.

A presidente mexicana anunciou o compromisso de reforçar a fronteira com 10 mil soldados da Guarda Nacional mexicana, os quais terão como missão principal de conter o tráfico de drogas, incluindo novamente o fentanil.

"Tivemos uma boa conversa com o presidente Trump, com muito respeito pela nossa relação e soberania", escreveu Sheinbaum na rede X.

Tarifas retalitórias na China

Já com a China não houve negociação. Depois de passar dias alertando sobre medidas retaliatórias e conclamando Washington a iniciar negociações para "chegar a um meio-termo com a China", o governo chinês anunciou sua contra-ofensiva.

Os impostos retaliatórios sobre alguns produtos americanos devem entrar em vigor já nesta segunda-feira (10/2), depois que Pequim anunciou o plano, em 4 de fevereiro, minutos após novas taxas dos EUA de 10% sobre todos os produtos chineses entrarem em vigor.

A partir de 10 de fevereiro, a China cobrará um imposto de fronteira de 15% sobre importações de carvão dos EUA e produtos de gás natural liquefeito. Há também uma tarifa de 10% sobre petróleo bruto americano, máquinas agrícolas e carros de motor grande.

Na semana passada, as autoridades chinesas lançaram uma investigação anti monopólio sobre o gigante da tecnologia Google, enquanto a PVH, proprietária americana das marcas de grife Calvin Klein e Tommy Hilfiger, foi adicionada à chamada lista de "entidades não confiáveis" de Pequim.

A China também impôs controles de exportação sobre 25 metais raros, alguns dos quais são componentes-chave para muitos produtos elétricos e equipamentos militares.

No dia seguinte à entrada em vigor das últimas tarifas dos EUA, Pequim acusou Washington de fazer "alegações falsas e infundadas" sobre seu papel no comércio do opioide sintético fentanil para justificar a medida.

Em uma queixa apresentada à Organização Mundial do Comércio (OMC), a China disse que os impostos de importação dos EUA eram "discriminatórios e protecionistas" e violavam as regras comerciais.

Mas especialistas alertaram que é improvável que a China garanta uma decisão a seu favor, já que o painel da OMC que resolve disputas continua incapaz de funcionar.

Esperava-se que Trump falasse com seu colega chinês Xi Jinping nos últimos dias, mas o presidente dos EUA disse que não tinha pressa em manter conversas.

Algumas das muitas medidas trazidas por Trump desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro estão sujeitas a alterações.

Na sexta-feira, ele suspendeu as tarifas sobre pequenos pacotes da China, que, junto com as tarifas adicionais de 10%, entraram em vigor em 4 de fevereiro.

A suspensão permanecerá em vigor até que "sistemas adequados estejam em vigor para processar e coletar receitas tarifárias de forma completa e rápida".

¨      Tarifas de Trump sobre o aço tornarão economia estadunidense ainda menos competitiva

As tarifas de 25% impostas pelo presidente Donald Trump sobre o aço e o alumínio importados podem tornar a economia dos Estados Unidos ainda menos competitiva, alertam especialistas. De acordo com o Global Times, o protecionismo excessivo enfraquece a capacidade industrial do país, elevando os custos de produção e tornando os produtos estadunidenses menos atraentes no mercado global.

Com a decisão de Trump, setores como a indústria automobilística, construção civil e manufatura serão diretamente afetados pelo aumento dos custos de insumos essenciais. Isso pode levar à redução da produção, demissões e maior pressão inflacionária. Segundo o Global Times, medidas semelhantes adotadas pelo governo Trump já provocaram retaliações comerciais, prejudicando exportadores dos EUA e resultando em efeitos negativos para a economia.

Especialistas citados pelo jornal chinês destacam que, enquanto os EUA adotam uma postura protecionista, outros países, como a China, expandem sua participação no mercado global ao oferecer materiais a preços mais competitivos. O risco, segundo os analistas, é que a política de Trump acabe isolando ainda mais a economia estadunidense e comprometendo sua liderança no comércio internacional.

¨      Brasil já é o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos

Em 2024, o Brasil consolidou-se como o segundo maior fornecedor de aço para os Estados Unidos, superando o México e ficando atrás apenas do Canadá. O aço brasileiro representou 15,5% das importações totais dos EUA no setor, enquanto o México contribuiu com 14,7%. O Canadá manteve a liderança, fornecendo 25,3% do aço importado pelos norte-americanos.

A ascensão do Brasil nesse ranking ocorre em um contexto de mudanças significativas no comércio global de aço. A imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos sobre o aço chinês, visando proteger a indústria doméstica contra práticas consideradas desleais, levou a uma reconfiguração dos fluxos comerciais. Com isso, países como o Brasil e o México ampliaram sua participação no mercado norte-americano.

No entanto, essa dinâmica pode sofrer alterações em 2025. O governo dos EUA anunciou a intenção de revisar suas políticas comerciais, incluindo a possível implementação de novas tarifas sobre o aço importado. Essas medidas podem impactar significativamente os principais fornecedores, incluindo o Brasil, que atualmente desfruta de isenções tarifárias em certos produtos siderúrgicos.

A lista dos principais fornecedores de aço para os Estados Unidos em 2024 é composta por:

1. Canadá: 25,3%

2. Brasil: 15,5%

3. México: 14,7%

4. Coreia do Sul: 9,8%

5. Rússia: 5,1%

Esses cinco países juntos responderam por 70,4% das importações de aço pelos EUA no ano passado.

O setor siderúrgico brasileiro deve acompanhar atentamente as próximas decisões da administração norte-americana, avaliando estratégias para mitigar possíveis impactos e manter sua competitividade no mercado internacional.

¨      Quais empresas brasileiras serão afetadas pelas tarifas de Trump

O governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, anunciou novas tarifas sobre a importação de aço, afetando diretamente a indústria siderúrgica brasileira. A decisão inclui sobretaxas e limites de exportação para produtos siderúrgicos, com o objetivo de proteger a produção americana da concorrência estrangeira.

A medida impacta grandes siderúrgicas brasileiras como Gerdau, Usiminas e CSN, que têm os Estados Unidos como um de seus principais mercados de exportação. Com a nova política tarifária, essas empresas podem enfrentar restrições para manter suas vendas no país norte-americano, o que pode comprometer sua competitividade e afetar seus planos de investimento.

Atualmente, o Brasil é um dos maiores fornecedores de aço para os EUA, exportando principalmente produtos semiacabados usados pela indústria americana. A decisão de Trump se baseia na justificativa de que o aumento das importações ameaça a segurança nacional dos EUA, argumento que já foi utilizado em medidas anteriores contra parceiros comerciais.

Além das siderúrgicas, indústrias consumidoras de aço no Brasil também podem ser afetadas, pois a redução das exportações pode gerar impactos no setor e no emprego. O governo brasileiro avalia estratégias para minimizar os danos e pode buscar negociações para reverter ou amenizar as tarifas impostas.

¨      Governo Lula se prepara para responder a possíveis tarifas impostas por Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que, a partir desta segunda-feira (10), pretende impor uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, incluindo aquelas vindas do Canadá, do México e do Brasil. A medida, que faz parte de uma estratégia protecionista para fortalecer a indústria norte-americana, pode gerar impactos significativos no comércio global, especialmente para países exportadores desses produtos, e afetará o Brasil.

De acordo com informações do Valor Econômico, além da tarifa sobre o aço e o alumínio, ele também planeja implementar um sistema de tarifas de reciprocidade, aplicando taxas equivalentes às que outros países impõem sobre produtos americanos.

A decisão já gerou preocupação em diversos países que dependem do mercado norte-americano para exportação de metais. No Brasil, o governo está avaliando os impactos da medida e buscando alternativas para mitigar possíveis prejuízos. O país é um dos principais fornecedores de aço para os Estados Unidos, e uma barreira tarifária desse porte pode afetar tanto a indústria siderúrgica quanto a balança comercial brasileira.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já vinha se preparando para possíveis restrições comerciais impostas pelos EUA, deve intensificar as negociações diplomáticas para tentar evitar danos severos à economia brasileira. 

Diante da possibilidade de que os Estados Unidos imponham novas tarifas contra exportações brasileiras, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já estuda medidas para defender os interesses comerciais do país. 

De acordo com informações do Valor Econômico, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está se preparando para responder às possíveis tarifas que podem ser impostas por Donald Trump. O governo está avaliando avaliando medidas para mitigar os impactos dessas tarifas sobre as exportações do país. Além disso, o governo está buscando fortalecer parcerias comerciais com outros países para diversificar os mercados de exportação e reduzir a dependência dos Estados Unidos. Especialistas alertam que as tarifas podem afetar setores-chave da economia brasileira, como o agronegócio e a indústria manufatureira. O governo Lula está empenhado em proteger os interesses econômicos do Brasil e manter um diálogo aberto com a administração norte-americana para evitar uma escalada nas tensões comerciais.

A possível imposição de tarifas afeta diretamente setores estratégicos da economia nacional, como o agronegócio e a indústria manufatureira. Exportadores brasileiros temem que uma nova escalada protecionista prejudique produtos como aço, alumínio e commodities agrícolas, impactando a balança comercial do país.

A resposta do Brasil passa pela negociação com Washington, e também envolve um esforço mais amplo para fortalecer sua posição no cenário global, reforçando sua participação em organizações multilaterais e consolidando parcerias no Mercosul, BRICS e outras instâncias de cooperação. 

A necessidade de uma política comercial independente e assertiva se torna ainda mais evidente diante de um mundo multipolar em formação. Para garantir a soberania nacional, o Brasil precisa afirmar sua capacidade de decidir seus rumos econômicos sem se submeter a pressões externas que possam comprometer sua estratégia de desenvolvimento. O governo Lula sinaliza que está disposto a enfrentar esse desafio, mantendo uma política externa baseada no respeito mútuo e na defesa dos interesses nacionais.

 

Fonte: BBC News Brasil/Brasil 247

 

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