terça-feira, 6 de agosto de 2024

Economia dos Estados Unidos caminha para uma recessão?

Nos últimos dias, os mercados de ações globais têm despencado.

As telas de negociação nos EUA, Ásia e, até certo ponto, Europa estão inundadas com números vermelhos piscantes.

A reviravolta repentina ocorre à medida que crescem os temores de que a economia dos EUA — a maior do mundo — esteja desacelerando.

Especialistas dizem que a principal razão para esse medo é que os dados de empregos dos EUA para julho, divulgados na sexta-feira (2/8), foram muito piores do que o esperado.

No entanto, para alguns, falar de uma desaceleração econômica — ou mesmo uma recessão — é um pouco prematuro.

Então, o que os números oficiais mostraram? Como sempre acontece com a economia, há boas e más notícias.

·        A 'regra Sahm'

Más notícias primeiro. Os empregadores dos EUA criaram 114.000 empregos em julho, o que ficou bem abaixo das expectativas de 175.000 novas vagas.

A taxa de desemprego também subiu para 4,3%, uma alta de quase três anos, o que desencadeou algo conhecido como "regra Sahm".

Nomeada em homenagem à economista americana Claudia Sahm, a regra diz que se a taxa média de desemprego em três meses for meio ponto percentual maior do que o menor nível nos últimos 12 meses, o país está no início de uma recessão.

Neste caso, a taxa de desemprego dos EUA aumentou em julho, então a média de três meses foi de 4,1%. Isso se compara ao menor nível do ano passado, que foi de 3,5%.

Somando-se a essas preocupações estava o fato de que o Federal Reserve dos EUA decidiu na semana passada não cortar as taxas de juros.

Outros bancos centrais em economias desenvolvidas, incluindo o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu, cortaram recentemente as taxas de juros.

O Fed manteve os custos de empréstimos, mas seu presidente, Jerome Powell, sinalizou que há possibilidade de um corte em setembro.

No entanto, isso levou à especulação de que o Fed decidiu agir tarde demais.

Um corte nas taxas de juros significa que fica mais barato tomar dinheiro emprestado, o que deveria, em teoria, atuar como um impulso para a economia.

Se os números do emprego indicam que a economia já está caindo, então o medo é que o Fed esteja atrasado.

Além de tudo isso, estão as empresas de tecnologia e seus preços de ações. Houve uma alta de longa duração, alimentada em parte pelo otimismo sobre inteligência artificial (IA).

Na semana passada, a gigante fabricante de chips Intel anunciou que estava cortando 15 mil postos de trabalho. Ao mesmo tempo, rumores de mercado indicavam que a rival Nvidia pode ter que atrasar o lançamento de seu novo chip de IA.

O que se seguiu foi um "banho de sangue" no Nasdaq, o índice americano de tecnologia pesada. Depois de atingir uma alta há apenas algumas semanas, ele caiu 10% na sexta-feira.

Isso ajudou a aumentar o fator medo nos mercados e é aí que o perigo pode estar.

Se o pânico no mercado de ações continuar e as ações continuarem caindo, o Fed pode intervir antes de sua próxima reunião em setembro e cortar as taxas de juros.

Isso pode acontecer, de acordo com Neil Shearing, economista-chefe do grupo na Capital Economics, se houver "um deslocamento de mercado que se aprofunde e comece a ameaçar instituições sistemicamente importantes e/ou com estabilidade financeira mais ampla".

·        Recessão 'não é inevitável'

Agora, as boas notícias.

"Não estamos em recessão agora", segundo a própria Claudia Sahm, inventora da regra.

Ela disse à CNBC na segunda-feira que "o vetor aponta nesta direção". Mas acrescentou: "Uma recessão não é inevitável e há espaço substancial para reduzir as taxas de juros".

Outros são ambíguos sobre os dados de empregos. "Embora o relatório tenha sido ruim, não foi tão ruim assim", avaliou Neil Shearing.

"É provável que o furacão Beryl tenha contribuído para a fraqueza nos números de folha de pagamento de julho. Outros dados pintaram um quadro de um mercado de trabalho que está esfriando, mas não entrando em colapso", disse ele.

Ele acrescentou que não pareceu haver "aumento nas demissões", enquanto um declínio "modesto" na média de horas semanais trabalhadas em julho não é necessariamente sinal de recessão.

Para Simon French, economista-chefe e chefe de pesquisa da Panmure Liberum, depois de digerir os dados de empregos dos EUA, é hora de refletir.

"Dando um passo para trás, de repente reavaliamos a saúde da maior economia do mundo? Não, e nem deveríamos."

Mas ele acrescentou: "É apenas mais um ponto de dados em um momento em que a liquidez é escassa e há muitas coisas com que se preocupar".

 

¨      Recessão nos EUA? Entenda as quedas dos índices. Por Patricia Faermann

Os principais índices de Wall Street despencaram nesta segunda-feira (05), chegando a ativar alertas de uma possível recessão nos Estados Unidos. O candidato eleitoral Donald Trump aproveitou o ensejo para culpar o atual governo, tendo a presidenciável Kamala Harris como vice, pelo cenário econômico.

“As bolsas estão desabando. Eu avisei!!! Kamala não tem a menor ideia. Joe] Biden está dormindo profundamente. Tudo causado pela liderança inepta dos EUA”, aproveitou Trump.

Utilizando-se do medo de uma nova recessão no país, Donald Trump continuou no tom de ameaça: “os eleitores têm uma escolha – a prosperidade com Trump ou a queda e a Grande Depressão de 2024 com Kamala”, escreveu, na Truth Social.

Trump ainda disse que se permanecer a atual gestão, que segundo a lógica do ex-presidente se manteria caso Kamala se elegesse, há uma “probabilidade de uma Terceira Guerra Mundial”.

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“Sem mencionar a probabilidade de uma Terceira Guerra Mundial se essas pessoas muito estúpidas permanecerem no cargo.”

As falas de Trump ocorrem quando os índices econômicos balançam o país, mas Kamala Harris, a candidata do Democratas, vem ganhando mais intenções de votos do que Trump e as chances de derrotar o ex-presidente ficam cada vez mais próximas.

Na última sexta-feira (02), os dados de empregos em julho nos Estados Unidos foram divulgados, bem abaixo das expectativas. Segundo os índices, foram criados 114 mil novos empregos no mês, inferiro às previsões de 175 mil vagas.

O desemprego também aumentou para 4,3%, o que desencadeou a chamada “regra Sahm”, que é a teoria de que se a taxa média de desemprego nos últimos 3 meses fora maior em 0,5% do que o menor índice do último ano, o país estaria no início de uma recessão.

Com o aumento do desemprego em julho para 4,3%, gerou-se uma média de 4,1% da taxa de desemprego do último trimestre, o que é superior ao menor índice do ano anterior, de 3,5%.

Também na semana passada, a Federal Reserve dos EUA não cortou as taxas de juros, prejudicando investidores de emprestar dinheiro.

Em seguida, outros índices saíram, como o Nasdaq, o índice americano de tecnologia pesada, que caiu 10% na sexta-feira. A partir daí, os principais índices das bolsas de Nova York despencaram nesta segunda: Dow Jones abriu com recuo de 1,71% e o S&P 500 em queda de 3,66%.

 

¨      Por que bolsas de valores estão derretendo no mundo todo

Bolsas de valores na Europa e na Ásia despencaram nesta segunda-feira (5/8) diante da previsão de desaceleração da economia dos Estados Unidos.

A bolsa de Tóquio, no Japão, caiu 12%, no pior resultado em 37 anos, desde a chamada "segunda-feira negra" de outubro de 1987.

Em Londres, o índice FTSE 100 abriu 2,3% mais baixo, enquanto o Euronext 100 caiu 3,5%. Bolsas em Taiwan, Coreia do Sul, Índia, Austrália, Hong Kong e Xangai também caíram.

As criptomoedas também caíram. O Bitcoin caiu para cerca de US$ 50.000, seu menor nível desde fevereiro.

As quedas foram consequência da divulgação de dados fracos sobre a geração de empregos nos EUA, que provocou preocupações sobre a maior economia do mundo.

Ao mesmo tempo, o iene tem se valorizado em relação ao dólar americano desde que o Banco do Japão aumentou as taxas de juros na semana passada, tornando as ações em Tóquio mais caras para investidores estrangeiros.

<><> Desaceleração dos EUA

Especialistas atribuem as especulações sobre a desaceleração da economia americana como uma das causas para o derretimento das bolsas em todo o mundo.

Os temores foram gerados pela divulgação nos EUA de uma série de indicadores econômicos mais fracos do que o esperado.

Dados oficiais de emprego mostraram que os empregadores dos EUA criaram 114 mil vagas de trabalho em julho, bem abaixo da expectativa de 185 mil, enquanto a taxa de desemprego aumentou.

As previsões sobre geração de emprego para maio e junho foram revisadas para baixo.

Grandes empresas americanas como Amazon e Intel também relataram resultados financeiros que foram consideradas decepcionantes.

Os números levantaram preocupações de que o boom de empregos de longa duração nos EUA pode estar chegando ao fim.

Ao mesmo tempo, o Federal Reserve, banco central dos EUA, adiou o corte das taxas de juros na semana passada, em contraste com outros bancos centrais, como o Banco da Inglaterra.

Nesse contexto, há temores de que a economia dos EUA desacelere, apesar dos dados mais recentes mostrarem que ela se expandiu a uma taxa anual de 2,8%.

Shanti Kelemen, diretora de investimentos da M&G Wealth, explicou ao programa Today da BBC que a divulgação desses dados na última sexta-feira (2/8) assustou muitos investidores em todo o mundo.

Devido ao fuso horário, o mercado japonês já estava fechado quando os indicadores foram publicados. "Estamos vendo o Japão reagir às coisas que aconteceram na semana passada", disse.

<><> Valorização do iene

No entanto, Kei Okamura, gerente de portfólio baseado em Tóquio na empresa de investimentos Neuberger Berman, disse que na Ásia "a liquidação foi instigada pela forte valorização do [iene] à medida que os investidores globais se tornaram cautelosos com os lucros corporativos japoneses, especialmente os de exportadores como montadoras".

A moeda japonesa se fortaleceu mais de 10% em relação ao dólar americano no último mês.

Um iene mais forte torna os produtos japoneses mais caros e, consequentemente, menos atraentes para potenciais compradores estrangeiros.

O Banco do Japão elevou as taxas de juros na semana passada para o nível mais alto desde a crise financeira global em 2008.

A inflação no Japão aumentou mais do que o esperado em junho, enquanto a economia encolheu nos primeiros três meses do ano devido a um iene mais fraco e aos gastos familiares pobres.

Os mercados de ações também já estavam preocupados com os altos custos de empréstimos e perturbados por sinais de que uma alta de longa duração nos preços das ações, alimentada em parte pelo otimismo sobre a inteligência artificial, pode estar perdendo força.

 

Fonte: BBC News/Jornal GGN

 

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