Caitlin Johnstone: ‘Israel nunca está
"se defendendo", e os EUA nunca estão "defendendo Israel"’
Nos últimos dias,
Israel assassinou líderes em várias nações vizinhas, assassinou vários
jornalistas, deliberadamente destruiu uma instalação de água em Gaza durante um
surto de pólio, e realizou tumultos defendendo o “direito” dos soldados da IDF
de estuprar prisioneiros palestinos. Claramente o tipo de país pelo qual todos
devemos querer enviar nossos filhos e filhas para lutar e morrer.
Os oficiais ocidentais
estão sempre balbuciando sobre o “direito de Israel de se defender”, o que
provoca todos os tipos de debates sobre se uma força ocupante de fato tem o
direito de se defender sob o direito internacional. O que esses debates ignoram
é o fato de que Israel NÃO está “se defendendo”. É pura ofensiva. Puro ataque.
Israel é sempre o agressor.
Israel nunca está “se
defendendo”, e os EUA nunca estão “defendendo Israel”. Ambas as nações existem
em um estado constante de ataque e agressão, que é então enquadrado como
“defesa” pela propaganda.
Os EUA semeiam
violência e divisão no Oriente Médio como uma questão de política. A própria
criação de Israel foi um ato de agressão contra o povo sobre o qual este estado
etnonacionalista de apartheid foi imposto, e tem sido o agressor desde então.
Outras nações e grupos no Oriente Médio têm se defendido dessas agressões. Eles
são as únicas partes em tudo isso que podem alegar estar “defendendo” algo.
Até mesmo medidas que
parecem inerentemente defensivas, como o “Domo de Ferro” e as interceptações de
mísseis e drones que vimos em abril passado durante os ataques retaliatórios do
Irã, não são defensivas da maneira que Israel e os EUA as usam, porque são
usadas para proteger Israel das medidas defensivas das pessoas que Israel está
atacando. Um colete Kevlar deixa de ser uma medida defensiva quando você o usa
para não ser impedido pela polícia enquanto realiza um tiroteio em massa. Um
escudo deixa de ser uma ferramenta de defesa quando você o usa para garantir
que pode esfaquear alguém com sua espada. Elas são apenas medidas tomadas para
facilitar mais agressão israelense, removendo a capacidade de dissuasão e
defesa das pessoas que está atacando.
O senador
estadunidense Marco Rubio apresentou um projeto de lei para “contrariar
sistemas financeiros adversários”, porque “China, Rússia e Irã usam sistemas
financeiros alternativos para evadir sanções dos EUA”.
“A aplicação das
sanções é vital para fazer cumprir as nossas leis”, escreve Rubio.“Fazer
cumprir as nossas leis.” Esses monstros do pântano de Washington realmente,
verdadeiramente acreditam que possuem o planeta.
Enquanto isso, o
senador dos EUA Lindsey Graham apresentou uma legislação autorizando o uso de
força militar dos EUA contra o Irã.
As pessoas dizem que
Lindsey Graham é gay, mas ele não é gay. Não sei se existe uma palavra para a
orientação sexual onde você só pode se excitar com violência militar em massa,
mas não é gay.
Os EUA estão
casualmente atacando as forças militares do Iraque em desafio à vontade do
governo iraquiano, mas os funcionários dos EUA falam sobre o Iraque como se
fosse uma nação soberana e um “parceiro de segurança” igual e respeitado, e não
um país ocupado sujeito ao domínio de Washington.
As pessoas que dizem
“Fale com os venezuelanos!” para justificar o seu apoio às operações de mudança
de regime dos EUA estão sofrendo de pelo menos quatro delírios:
- Que todos os venezuelanos odeiam o seu governo.
- Que todos em QUALQUER país odeiam universalmente os seus
governos.
- Que apontar a existência de venezuelanos que não gostam de
Maduro é algum tipo de ponto interessante ou perspicaz.
- Que a intervenção de mudança de regime dos EUA é sempre boa
ou útil ou baseada na verdade.
Há uma música chamada
“Expert In A Dying Field” de uma banda de Auckland (Austrália) chamada The
Beths, e toda vez que a ouço, me pego pensando “Deus, espero que isso seja eu
algum dia.” Espero um dia viver em um mundo onde todas essas informações e insights
que reuni sobre imperialismo, tirania e abuso sejam obsoletos.
Anseio ser uma
especialista em um campo moribundo. Onde ninguém precisa saber quais mentiras
estão sendo comercializadas em Washington ou quem está matando quem no Oriente
Médio, porque nada disso está acontecendo mais e todos estão se dando bem e
sendo felizes. Onde os pontos mais finos da manipulação da propaganda imperial
não são mais relevantes para o mundo em que vivemos, porque não existe mais uma
máquina de propaganda imperial, e não existe um império. Onde qualquer
informação sobre as guerras nas quais fomos enganados está se tornando
rapidamente tão trivial quanto informações sobre guerras travadas por impérios
longevos e mortos na história antiga. Onde não há mais uma necessidade urgente
de despertar de nosso coma induzido pela propaganda e derrubar as estruturas de
poder que estão matando nossa biosfera e ameaçando toda a vida terrestre com o
risco nuclear, porque a grande revolta já ocorreu.
Em última análise, é
isso que todos nós que nos lançamos nessa luta realmente buscamos: nossa total
obsolescência e irrelevância. Para um dia ter todo esse conhecimento que
reunimos se tornar uma trivia obscura e todo esse trabalho que fizemos ser
esquecido, porque vivemos em um mundo saudável e harmonioso que não tem mais
utilidade para isso. E então poderemos nos dedicar à arte, à beleza, à
descoberta e ao amor, e ao projeto de colaborar para o bem de todas as
criaturas com todos os outros, em uma sociedade que finalmente está em paz
consigo mesma.
¨ Conflito Israel-Hamas: "assassinatos seletivos" são
legais?
Na quarta-feira
(31/07), o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, um dos
principais negociadores para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns na
Faixa de Gaza, foi morto em seu alojamento em Teerã, capital do Irã.
Essa morte poderia ser
descrita como um "assassinato seletivo", algo que os especialistas
jurídicos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha definem
como "o uso intencional e premeditado de força letal por um Estado ou
grupo armado organizado contra um indivíduo específico fora de sua
custódia".
Apesar de, até o
momento, nenhuma autoridade ter reivindicado a autoria do ataque, é muito
provável que o governo israelense esteja por trás dele. O país está envolvido
numa campanha militar em Gaza, onde combate o grupo Hamas, e tem também
um longo histórico de assassinatos seletivos e de – na maior parte das vezes –
negar a responsabilidade por tais atos.
Estima-se que o número
atual de mortos em Gaza esteja em torno dos 40 mil. A Alemanha, a União Europeia, os
Estados Unidos e outros países classificam como organização terrorista o grupo
Hamas, que administra esse território palestino.
·
"Frustração do terrorismo"
De acordo com o livro
acadêmico Targeted killing in international law (Assassinato
seletivo no direito internacional), lançado em 2008 por Nils Melzer, hoje
professor de Direito, Israel foi provavelmente o primeiro país a reconhecer uma
política de assassinatos seletivos, em 2000, classificada como "política
direcionada de frustração do terrorismo" pelo governo, e começou a ser
usada abertamente durante o que hoje é conhecido como a Segunda Intifada
Palestina, no mesmo ano.
Na época,
helicópteros, canhões e armadilhas israelenses foram usados nos territórios
palestinos contra indivíduos que Israel alegava serem terroristas. Em 2007, 210
desses "alvos" haviam sido mortos, juntamente com 129 inocentes,
segundo a organização israelense de direitos humanos B'Tselem.
Israel não é o único a
aplicar essa prática, adotada por muitos outros, como os Estados Unidos,
Rússia, Suíça, Alemanha e Reino Unido. Juristas afirmam que, desde o 11 de Setembro, os
assassinatos seletivos se tornaram cada vez mais aceitos globalmente.
Exemplos proeminentes
incluem o assassinato do líder da Al
Qaeda Osama Bin Laden, em
2011, pelas forças especiais dos EUA no Paquistão, e os ataques de drones mais
recentes na Síria e no Líbano. Em 2014, a revista alemã Der Spiegel afirmou
que militares alemães haviam desempenhado um papel importante nos assassinatos
seletivos de membros do Talibã no Afeganistão.
·
Divergências judiciais
Os assassinatos
seletivos geralmente são controversos porque – especialmente quando cometidos
em outra nação – são vistos como uma violação da soberania nacional. Mas ainda
não está claro se eles são ilegais.
Em 2002, o assassinato
seletivo tornou-se tema de debate em Israel quando um grupo de direitos humanos
israelense e palestino tentou coibir a prática na Justiça. A Suprema Corte
israelense levou cinco anos para decidir o caso.
"O governo de
Israel emprega uma política de ataques preventivos que causam a morte de
terroristas. Esses ataques, às vezes, também prejudicam civis inocentes. O
Estado, portanto, age ilegalmente?", questionou o juiz principal, Aharon
Barak.
A resposta do tribunal
foi: depende. "Fica decidido que não se pode determinar
antecipadamente que todo assassinato seletivo é proibido de acordo com o
direito internacional consuetudinário [surgido a partir de práticas
sociais, não necessariamente pela criação de leis]. Assim como não se
pode determinar antecipadamente que todo assassinato seletivo é permitido
conforme o mesmo direito", concluiu a sentença.
·
Estruturas jurídicas complexas
Segundo especialistas
jurídicos, diferentes questões determinam se um assassinato seletivo é
legal ou não. Uma das mais importantes seria o arcabouço jurídico dentro
do qual o assassinato é avaliado, incluindo a legislação nacional,
certas leis de guerra e o direito internacional humanitário (DIH).
Por exemplo, o DIH é
aplicado em períodos de conflito e até permite certos atos
violentos durante a guerra. Mas, de acordo com ele, o assassinato pode ser
questionado se a vítima não estava participando diretamente das hostilidades no
momento em que foi morta.
Outras questões
incluem se o Estado que cometeu o assassinato era uma potência ocupadora, se
poderia ter abordado o alvo de alguma outra forma (como, por exemplo,
detendo-o), se havia forças de segurança sólidas na área que poderiam ter
intervindo, e que tipo de perigo os civis estavam correndo.
·
Tática sem limites?
Organizações de
direitos humanos normalmente argumentam que todos os assassinatos seletivos são
ilegais e expressam preocupação por eles estarem se tornando muito comuns. Por
sua vez, os governos geralmente os veem como uma ferramenta útil. Segundo jornalistas,
o governo israelense tem empregado essa tática regularmente.
"Em minhas
reportagens, descobri que, desde a Segunda Guerra Mundial, Israel
tem usado assassinatos e execuções seletivas mais do que qualquer outro país do
Ocidente, em muitos casos colocando em risco a vida de civis", escreveu o
jornalista investigativo israelense Ronen Bergman, numa adaptação de seu livro
de 2018 Rise and kill first: The secret history of Israel's targeted
assassinations (Erga-se e mate primeiro: A história secreta dos
assassinatos seletivos de Israel) para o New York Times.
"Mas também
descobri uma longa história de profundos debates domésticos – e muitas vezes
rancorosos – sobre como o Estado deve ser protegido. Uma nação pode usar
métodos terroristas? Pode prejudicar civis inocentes no processo? Quais são os
custos? Onde está o limite?", questiona Bergman.
Fonte: Brasil 247/Deutsche
Welle
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